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(Aulas) Conteúdo, Metodologia e Prática do Ensino de História e Geografia

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Conteúdo, Metodologia e Prática do Ensino de História e Geografia
Aula 01 - Tempo de Mercúrio e o Tempo de Vulcano
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Identificar as principais correntes de pensamento da Geografia; 
Reconhecer a importância da Geografia Crítica para o entendimento do Espaço/Sociedade em que vivemos; 
Relacionar os diferentes métodos de ensino da História com as linhas de pensamento que nortearam a matéria ao longo dos tempos; 
Verificar a importância das escolas de Annalis e do Marxismo para uma reflexão histórica mais completa.
 
O Pensamento Positivista 
O Positivismo foi uma doutrina que englobou tanto perspectivas filosóficas como científicas do século XIX. 
Surgiu com o desenvolvimento do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Médi e do nascimento da sociedade industrial.
O Positivismo pregava a redução dos fenômenos a um conteúdo físico e a um encadeamento, que faz as ciências interagirem ao redor desse conteúdo físico, fragmentando-o por seus dados em diferentes campos e métodos específicos.
Tudo isso tinha como meta obter resultados claros, objetivos e completamente corretos. 
Ciência
Defendia a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsiderava todas as outras formas do conhecimento humano que não podiam ser comprovadas cientificamente.
Crença
Tudo aquilo que não pudesse ser provado pela ciência era considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. 
Os seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade, isto é, na separação entre o pesquisador/autor e sua obra. Para os Positivistas, o progresso da humanidade dependia única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra. 
Augusto Comte, autor do movimento, afirmava que o homem passou por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade: 
Teológico
O ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?".
Metafísico
É uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses, há entidades abstratas para explicar a realidade: o Éter, "o Povo", "o Mercado financeiro" etc. Continua-se a procurar responder a questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?" e procurando o absoluto.
Éter - Para os antigos gregos, o éter seria a matéria que permeava o cosmos, o quinto elemento, o ar brilhante superior, de densidade menor que a do ar, assim definido em substituição ao vácuo.
Positivo
Etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como", através da descoberta e do estudo das leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas pelo observável e concreto.
O positivismo na Geografia e na História
Você aprendeu que a essência do Positivismo foi a redução de todos os fenômenos a um conteúdo físico, ou seja, só se tornava verdade o que pudesse ser observado. E, nisso, a Geografia acompanhou o plano referencial da época. 
Deixou de ser holística (ser indivisível, não podendo ser entendida através de uma análise separada de suas diferentes partes) para se tornar uma ciência pulverizada e especializada com seus saberes fragmentados. 
Surgem várias “Geografias” como a geomorfologia, a biogeografia, a climatologia etc. A descrição, a enumeração e a classificação dos fatos referentes ao espaço constituem o seu método. 
Os homens passam a ser estudados na Geografia Humana, através do tema população pelos dados quantitativos de crescimento, distribuição, expectativa de vida, natalidade e mortalidade. Mas, o mais grave, é que todas essas “Geografias” não se interrelacionavam. 
No que concerne a Geografia dos professores (a que era ensinada) apresentava um conhecimento meramente informativo, com uma coleção de dados quantitativos que exigiam muito mais a memorização do que a análise. Daí a velha fala de que “a Geografia é pura decoreba”. 
 
Muitos autores classificaram essa forma de ensinar como um sacrifício para os alunos, pois exigia a retenção de muitas informações, que na maioria das vezes não possuía significado para eles. O programa usado era formado das famosas “gavetinhas” ou seja, saberes que se bastavam por si só aplicados aos estados, países e continentes:
Recursos Naturais e Produção
População
Vegetação-Hidrografia
Clima-Relevo
Dados Políticos
Quanto à História, poderíamos iniciar pela expressão que retrata muito bem o seu momento positivista: “História não é arte, mas uma ciência pura”.
Para os positivistas, a História é formada pela cronologia e o que esta realmente significa em si, ou seja, a busca incessante de fatos históricos e sua comprovação empírica. 
Utilizavam na pesquisa/análise o máximo de documentos possíveis para obter a totalidade sobre os fatos e não deixar nenhuma margem de dúvida no que se refere à sua compreensão.
A busca desses fatos deveria ser feita por mentes neutras, pois qualquer juízo de valor na pesquisa ou análise alteraria o sentido e a verdade, modificando pois, a própria História.
Excluía as tensões, os conflitos e todas as manifestações da vida social que não concorressem para a ordem e funcionamento da sociedade.
A abordagem positivista do ensino da História implicou numa metodologia fundamentada na aula expositiva, na qual os alunos eram ouvintes passivos e contemplativos. O sujeito da aprendizagem tornava-se então, um receptáculo que deveria registrar os conteúdos transmitidos pelo professor e reproduzi-los de modo mais fiel possível. 
Os conteúdos, geralmente, os “grandes acontecimentos históricos e políticos” eram apresentados como fatos prontos e acabados, não passíveis de reflexão e interpretação por parte dos alunos. A História portanto, era factual e sequencial, que em geral se iniciava na data mais remota possível até chegar aos dias de hoje. O pressuposto básico da História dessa época é que “só se entende o presente a partir dos fatos passados”. 
Questão para reflexão: 
Será que essa modalidade de ensino da Geografia e História do século XIX (Positivista) ainda é feita em pleno século XXI?
O Pensamento Marxista
O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção do materialismo histórico e da dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva (o trabalho) das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. 
Materialismo histórico - Doutrina sociofilosófica que considera as formas de produção econômica como os únicos fatores realmente determinantes do desenvolvimento histórico social.
Dialética - É um método de diálogo cujo foco é a contraposição de ideias que leva a outras ideias. Para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento: nenhuma coisa está "acabada", encontrando-se sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo de outro.
O marxismo compreende o homem como um ser social histórico que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade pela sua atividade, o que o diferencia dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação. 
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. 
Questão para reflexão: 
O trabalho é um conceito muito importante na teoria marxista. Explique as razões.
O marxismo na Geografia e na História 
A Geografia sob a ótica do Marxismo, também chamada de GeografiaCrítica, pode ser bem entendida pela afirmativa de Yves Lacoste: “É necessário pensar o espaço, para saber nele se organizar, para saber nele combater”. 
Yves Lacoste - É um geógrafo e geopolítico francês. Em março de 1976, escreveu: "A Geografia - Isso serve, em Primeiro Lugar, para Fazer a Guerra". A partir dos anos 1980, Yves Lacoste e os membros da revista Heródote se dedicaram aos problemas de geopolíticas internas e externas, em escala regional, nacional, continental e internacional.
A proposta é construir uma visão integrada do espaço, numa perspectiva popular, e socializar este saber, pois ele possui fundamental valor estratégico nos embates políticos. Essa corrente propõe romper com a ideia de neutralidade científica para fazer da Geografia uma Ciência apta a elaborar uma crítica radical à sociedade capitalista pelo estudo do espaço e das formas de apropriação da natureza. 
O marxismo traz a seguinte questão aos geógrafos: ou a Geografia é uma ciência da sociedade ou uma ciência da natureza. Nesse sentido, escolhe-se a Geografia como ciência social (da sociedade) e os fenômenos da natureza são destacados enquanto recursos para a vida humana. Para tal, enfatiza a necessidade de engajamento político dos geógrafos e defende a diminuição das disparidades socioeconômicas e regionais. 
Quanto ao ensino, a Geografia Crítica surge, no Brasil, na década de 1980 em contraposição às escolas anteriores, trazendo diversas inovações, como o uso do método materialista histórico dialético, a análise humana e a crítica social, de modo a promover, no ensino, a criticidade do educando. Estabelece uma educação que estimule a inteligência e o espírito crítico, ao contrário da memorização de informações. Enfim, não se trata de ensinar fatos, mas de levantar questões. O ensino, na perspectiva de uma geografia crítica, não se localiza no professor ou na ciência a ser "ensinada" ou vulgarizada, e sim no real, no meio em que aluno e professor estão situados e que é fruto da praxis coletiva dos grupos sociais. 
Praxis - Na filosofia marxista, é o conjunto de atividades que visam a transformar o mundo e, particularmente, os meios e as realizações de produção, sobre a qual repousam as estruturas sociais.
A teoria marxista da História compreende entre várias teses a teoria da História Materialista, (materialismo histórico), que foi uma proposição efetuada por Marx e que institui uma abordagem economicista para a história da Humanidade. A historiografia marxista ofereceu uma perspectiva importante para a compreensão do passado. Esta mostrou a importância das massas nos feitos históricos e mostrou que grandiosos homens hoje homenageados não fizeram a história. Indicou que todos os fatos históricos foram motivados pela luta entre as classes existentes na sociedade. 
As classes dominantes exploravam as classes menos favorecidas, obtendo assim ganhos econômicos. Por isso, elas desejavam manter o poder, enquanto as classes que realmente produziam a riqueza, não usufruindo dela, desejavam mudar a situação. Segundo a visão marxista, tudo que aconteceu na história da humanidade foi motivado, direta ou indiretamente, pelo dinheiro ou busca de privilégios de um grupo minoritário sobre os demais, majoritários sozinhos. 
O ensino da História mediado pela concepção histórico-social possibilita ao aluno situar e entender a sociedade na época atual, apreendendo o seu movimento, a sua historicidade. Relacionando com questões do presente, professores e alunos procuram entender o passado e outras realidades em espaços diferentes sob a luz da crítica da nossa sociedade. Só quando entendemos criticamente a sociedade burguesa, isto é, quando a entendemos como história, é que podemos compreender as sociedades anteriores, o passado. 
Historicidade - Colocar em perspectiva temporal e espacial as ações humanas que podem ser depreendidas da análise dos documentos.
Aula 02 - De Onde Viemos? Para Onde Vamos?
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Relacionar as Ciências Sociais e o estudo da sociedade em sua organização no espaço e no tempo;
Reconhecer a inclusão da Geografia e da História no conjunto das Ciências Sociais; 
Identificar os objetivos e conteúdos de Geografia e História na 1ª fase do Ensino Fundamental.
As Ciências Sociais e o estudo da Sociedade
O mundo em que vivemos hoje é dominado pela técnica. As máquinas estão presentes no cotidiano da vida do homem facilitando a sua sobrevivência. Mas nem sempre foi assim.
Quando analisamos a história da humanidade, constatamos que, inicialmente, o homem temia a natureza, mas a foi transformando pelo seu trabalho, segundo as suas necessidades. Para sobreviver, precisava atender a certas urgências como: comer, vestir, beber, dormir, habitar. E para isso iniciou uma atividade de coleta e caça. Buscando um melhor desempenho nessas atividades, elaborou alguns instrumentos de trabalho como o arco, a flecha e o machado de pedra.
O homem começou a se relacionar com outros homens seja na defesa de seus achados, seja no melhor desempenho das atividades. Ele foi elaborando a própria identidade no confronto com outros homens e com o mundo. Essas necessidades nem sempre foram as mesmas para todos os homens, em todos os tempos. Elas foram e são condicionadas cultural e historicamente.
A reflexão sobre esse inventário cultural é a matéria-prima das Ciências Sociais estudadas a partir da História e Geografia, Sociologia (enfoque no sistema de relações sociais dentro do qual se dará a ação humana), Antropologia Social (organização social e política, parentesco, instituições sociais), Antropologia Cultural (sistemas simbólicos, religião, comportamento), Política (organização, direção e administração de nações ou Estados) etc.
Questão para reflexão:
Analisando a forma como foram compostas as Ciências Sociais, qual seria o seu foco principal?
A Geografia e a História no conjunto das Ciências Sociais
A Geografia sempre esteve presente como prática cotidiana da vida dos homens. Viver significa conhecer o espaço circundante e produzir interpretações a partir das mais simples experiências. Mesmo tendo surgido como ciência no séc. XIX, a curiosidade intrínseca à natureza humana a fez existir muito antes disso.
O principal elemento da Geografia é o espaço que envolve a natureza na medida em que homem, vivendo em sociedade, ao longo do processo histórico, dela se apropriou e a utilizou de acordo com o seu estágio de desenvolvimento econômico e com as particularidades do meio físico em que situava.
A Geografia procura também compreender a dinâmica da sociedade que cria, produz e vive esse espaço, e a dinâmica da natureza, a qual é apropriada e utilizada pelos grupos humanos em seu processo de transformação social.
O Trabalho, característica mais essencial da produção das sociedades, possibilita a interação do homem com o meio natural. A Geografia ajuda o cidadão a pensar o espaço, a começar pelo local em que vive, para participar das decisões e agir sobre ele.
A História, construção científica do campo das Ciências Sociais, estuda as transformações ocorridas nos diversos aspectos das sociedades ao longo do tempo.
Segundo o historiador Henri Pirenne "o historiador nada mais é que um homem que se dá conta da mudança das coisas e que procura as razões dessa mudança".
A História aparece como um fenômeno que atravessa os tempos e nos ajuda a responder:
De onde viemos?
O que somos?
Para onde vamos?
É a herança que todos temos ao nascer.
A História ainda serve de arcabouço para a reflexão sobre as possibilidades/necessidades de transformação e continuidade. Põe em destaque o conteúdo social da vida dos homens, criando condições para a compreensão das diferenças entre as sociedades humanas.
Todos nós fazemos história, mesmo quando não detemos o saber formal e teórico, e conhecê-la é uma forma de intervir na que já existe, provocando as mudanças necessárias.
Questão para reflexão:
Em que a Geografia e a História se encontram em seus conjuntos de saberese conceitos?
Os objetivos e conteúdos de Geografia e História na 1º fase do Ensino Fundamental
A criança, ao chegar à escola, traz consigo muitos conhecimentos que foram através das diferentes experiências vividas. A vida apresenta-se para ela como uma totalidade. Ela percebe que as pessoas vivem num determinado espaço e tempo e produzem suas condições de vida através do trabalho.
Ao se defrontar com um mundo muito grande, amplo e complexo vai indagando e buscando explicações sobre os fenômenos sem dividir as áreas que lhes darão respostas. Por isso, o trabalho de Geografia e História nas séries iniciais deve ser desenvolvido de modo integrado.
O objetivo principal da Geografia e da História, na 1º fase do Ensino Fundamental (1º ao 6º ano), é construir com a criança um método de análise da vida social para que ela possa compreender o seu tempo, o espaço em que vive e a sociedade da qual faz parte.
Para tal, o professor deve construir os conceitos de Grupo Social/Sociedade, Espaço, Tempo, Trabalho e Cultura utilizando os conteúdos selecionados para essa fase.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais/Geografia e História do Ensino Fundamental/MEC/SEE 1997, os objetivos específicos a serem alcançados pela Geografia e a História na 1ª fase do Ensino Fundamental (01 aos 06 anos) são os seguintes:
Reconhecer, na paisagem local e no lugar em que se encontram inseridos, as diferentes manifestações da natureza e a apropriação e transformação dela pela ação de sua coletividade, de seu grupo social;
Reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;
Utilizar a linguagem cartografia para representar e interpretar informações em linguagem cartográfica, observado a necessidade de indicações de direção, distância, orientação e proporção para garantir a legibilidade da informação;
Valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida;
Adotar uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável;
Estabelecer relações entre o presente e o passado;
Comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência a anterioridade, posterioridade e simultaneidade;
Reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais, de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio escolar e na sua localidade;
Reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola e da coletividade, no tempo, no mesmo espaço de convivência;
Identificar as relações de poder estabelecidas entre a sua localidade e os demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos.
Todos esses objetivos serão atingidos a partir de conteúdos que abarquem as vivências e experiências das crianças, analisados a partir dos elementos que os compõem como os grupos sociais/sociedade, o espaço, o tempo, as atividades econômicas (trabalho) e a cultura. São eles: Turma, Escola, Casa, Bairro, Cidade (Município), Estado, Brasil.
Questão para reflexão:
Em que os objetivos vistos anteriormente estão relacionados à Geografia? E quais os que se relacionam com a História?
Aula 03 - Um Olhar Sobre a Sociedade
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Compreender a sociedade brasileira a partir de seus aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais; 
Identificar os elementos que compõem o conceito de grupo social; 
Reconhecer a importância da análise dos grupos sociais aos quais a criança pertence ou faz contato para a construção da identidade social.
"Deus é um cara gozador
Adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo
Tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria
Nasci brasileiro"
Chico Buarque - Partido Alto
Um país é, essencialmente, seu povo. Um povo é, essencialmente, sua cultura.
Refletir sobre a sociedade brasileira é observar o emaranhado da sua formação cultural que resultou numa identidade que é a soma de muitas identidades isoladas - existem fortes raízes indígenas, africanas, europeias e, mais recentemente, árabes e asiáticas.
Partindo da grande diversidade, o povo brasileiro soube renovar sua expressão, com grande agilidade e em alta velocidade, sem jamais perder suas tantas raízes. E o resultado é termos hoje, como sempre, uma cultura aberta, que recebe e assimila influências sem perder em nenhum momento seu eixo.
E a distribuição da renda, é igual?
Nesse processo étnico/cultural, o povo brasileiro formou-se, ocupou o território e foi construindo a história do país procurando viver a sua cidadania.
Em mais de quinhentos anos, parte desse povo - as classes dominantes - criou uma sociedade de classes, com uma distribuição de renda desigual que, em consequência, desenhou um Brasil dos ricos e um Brasil dos pobres. Essa divisão refletiu-se na forma de viver da maior parte da população através do modo diferenciado como ela tem acesso a moradia, saúde, educação, emprego, cultura e lazer.
Queremos direitos iguais!
Queremos saúde!
Queremos teto!
Queremos educação!
Ao contrário do que, por muito tempo, acreditou-se, a parte do povo brasileiro sem privilégios, não tem como características a passividade.
Este povo participou e participa de movimentos importantes da história do país reivindicando mudanças em suas condições de vida. Ao voltamos ao tempo, podemos ver os movimentos que tentaram resistir à opressão e mudar a sociedade como os cabanos, os balaios, os alfaiates da conjuração Baiana, os seguidores de Antônio Conselheiro, em Canudos chegando ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, mais recentemente.
Até a década de 60 (século XX), a maioria da população brasileira vivia e trabalhava no campo. Com a modernização da economia consolidada com o desenvolvimento industrial, inicia-se o processo de urbanização. Em 1980, 67,5% dos brasileiros moravam nas cidades, trabalhando no setor secundário (indústria) e no terciário (comércio e serviços).
Hoje, 84% da população vive nas cidades e somente 16% no campo (censo de 2010).
Os problemas que a população enfrentava na época do Brasil rural foi somado aos novos problemas urbanos.
Questão para reflexão:
O censo de 2010 mostrou um Brasil diferente do detectado em 2000 (os recenseamentos acontecem de 10 em 10 anos). Que Brasil é esse? Como está a sociedade brasileira no que diz respeito ao total de população, crescimento, expectativa de vida, natalidade, mortalidade infantil, nível de instrução, distribuição de renda?
Entre no site do IBGE e descubra.
Entendendo o grupo social/sociedade
O grupo social designa conjuntos de seres humanos que interagem de modo sistemático entre sim. É uma coletividade identificável, estruturada e contínua de pessoas que desempenham papéis recíprocos em conformidade com normas, interesses e valores com vista a objetivos comuns. Os grupos podem ser tão diminutos quanto uma pequena associação ou tão grandes quanto uma instituição de larga escala. Muitos grupos permanecem sob a forma de associação - pessoas organizadas, para a consecução de uma finalidade ou meta comum. Por exemplo: um sindicato, um partido político, uma associação cultural ou igreja.
Para estarmos perante um grupo social, é necessário que ele possa ser identificado como tal pelos seus membros e pelos não membros. Os grupos sociais são estratificados, pois os seus membros ocupam posições relativas entre si.
Além disso, desempenham papéis e se contatam entre si. O grupo tem normas de conduta (que não têm que ser escritas) influenciadoras do modo como os papéis são desempenhados.
Outra característica dos grupos sociais é a comunidade de interesses e de alguns valores entre os seus membros.
Os grupos sociais estão orientadospara um ou vários objetivos e têm uma permanência relativa, isto é, têm alguma duração social. Nas sociedades atuais, as pessoas pertencem a numerosos grupos e de tipos diferentes.
Pertencer a um grupo pode ser uma casualidade: por exemplo, ser de uma determinada turma na escola, pertencer ao grupo de funcionários de uma empresa ou morar no mesmo bairro. Mas o indivíduo pode construir um grupo com outros indivíduos; é assim que, pouco a pouco, se criam as comunidades.
Podemos concluir, então, que nem todo grupo pode ser considerado uma comunidade, embora qualquer grupo possa chegar a ser uma comunidade.
A humanidade pode ser uma única comunidade?
Ao longo da história vamos observando que, quanto mais estruturada e diferenciada é uma sociedade, menos ela pode se constituir em uma só comunidade.
É praticamente impossível toda a humanidade converter-se em uma comunidade. O máximo que se consegue é uma estrutura social que se organiza em várias comunidades ao mesmo tempo.
Entende-se a sociedade como um grupo de indivíduos que forma um sistema semiaberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo, formando uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada que possuem valores, ideias, costumes e leis comuns.
Os grupos sociais estudados na 1 fase do Ensino Fundamental em Geografia e História
A vida associativa é umas das características da civilização moderna, com suas relações indiretas e impessoais, que de certa forma, substituem os laços de parentesco dos primeiros grupos. É no grupo que homens e mulheres aprendem a viver socialmente e também a se tornar um sujeito autônomo, capaz de compreender a sociedade em geral, mover-se nela e agir conscientemente para a sua transformação.
Estudar os grupos sociais aos quais a criança pertence ou tem contato torna-se imprescindível.
Mas que grupos seriam esses?
Seguindo as orientações dos documentos oficiais que indicam os conteúdos de Geografia e História, os grupos sociais que devem ser focalizados são: turma, escola, família, comunidades do bairro, profissionais, a população do município e a população do estado. Também devem ser analisadas historicamente as sociedades da cana de açúcar, da mineração (urbana), do café e a urbana industrial.
O estudo desses grupos deve começar pela identificação dos elementos que fazem parte:
Grupos imediatos
Nos grupos imediatos (turma, escola, família) é feito nomeando as pessoas: nome do colega, do diretor da escola, da mãe etc.
Grupos do bairro
Nos grupos do bairro, a identificação faz-se pelos grupos profissionais encontrados no local: quem trabalha na padaria, no bar, no supermercado etc.
População do município e do estado
Dentro da população do município e do estado, a identificação dos elementos vai ser dar pelos itens utilizados pelo IBGE: idade, sexo, profissão, renda etc.
Grupos de tempos passados
Nos grupos de tempos passados, como os das sociedades da cana de açúcar, da mineração (urbana), do café, identificar nas leituras de textos históricos: o senhor de engenho, o trabalhador de cafezais, os mineradores etc.
O segundo item de estudo dos grupos sociais é o levantamento do papel função de cada elemento no grupo: o que faz cada um no grupo. Nesse item, para todos os grupos é fácil observar a função de cada elemento no grupo:
O que faz a diretora?
Em que profissão está lotada a maioria da população do município? E do estado?
E o seu pai dentro da família?
E o capataz na fazenda de café, o que fazia?
Qual a função do funcionário da pizzaria do bairro?
O terceiro item é a interdependência: como os componentes do grupo se relacionam. Nos grupos imediatos é bastante fácil: na turma, qual a relação entre professor e alunos na escola? O estudo do organograma é fundamental.
Nos grupos do bairro, do munícipio e do estado é feito pela pesquisa nas associações de moradores, na observação da convivência cotidiana com vários grupos.
E nos tempos passados, pelo que a história nos conta: como o escravo se relacionava com o senhor de engenho? E o operário da fábrica, qual o contato dele com o proprietário?
O último e quarto item de estudo dos grupos sociais são as regras de convivência. O que pode e que não pode no grupo analisado. Estas vão desde as regras construídas de modo próximo e vivencial (jogar o papel na lixeira, falar com educação com os outros) até os itens fundamentais da nossa legislação como o código de trânsito, a legislação do trabalhador etc.
Através do estudo desses itens sobre os grupos sociais as crianças vão aprendendo a localizar-se na sociedade e, paralelamente, vão construindo sua identidade social e cultural. Além disso, percebem as diferenças entre os grupos e como eles se transformam através do tempo.
Questão para reflexão:
Por que é importante a criança saber a função do pai e da mãe na família?
Em que ajuda a criança apresentar o organograma de funcionamento da escola? Quais os objetivos de se estudar as regras de convivência da população de uma cidade?
Aula 04 - O espaço está aí... há que compreendê-lo
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Compreender a importância da noção de espaço; 
Reconhecer as etapas do aprendizado da noção de espaço; 
Identificar as relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas; 
Demonstrar que o entendimento da organização espacial deve ser iniciado pelos espaços conhecidos da criança; 
Reconhecer que a análise da organização espacial revela como a sociedade divide o espaço e como os grupos sociais se apropriam dele; 
Identificar o mapa como um dos recursos utilizados na escola para a representação da realidade.
A localização e a orientação espacial
Para o domínio de diferentes tipos de localização espacial, há um longo caminho a ser percorrido pela criança. Nesse processo, há dois aspectos essenciais: o esquema corporal e a lateralidade.
Esquema corporal
Por esquema corporal deve-se entender a exploração do espaço que depende tanto de funções motoras quanto da percepção do espaço imediato: é a consciência do próprio corpo e de seus movimentos, que se constroem aos poucos, a partir do nascimento até atingir a adolescência.
Lateralidade
Quanto à lateralidade, esta significa a percepção pela criança de que seu corpo tem dois lados, e que eles se relacionam de forma diferenciada com o espaço. Várias atividades são recomendadas para fazê-la tomar consciência dessas habilidades e de sua predominância para a direita ou para a esquerda.
Trabalhando com o esquema corporal e com a lateralidade, a criança, ao entrar na escola, já dispõe, de algum modo, de um conhecimento sobre localização espacial. Utiliza e expressa através do tato e de várias formas de linguagem, noções espaciais como, por exemplo, as de vizinhança: dentro, fora, interior, exterior, entre, fechado, aberto, ao lado.
O que a escola vai fazer, nesse sentido, é criar situações através das quais a criança possa ampliar e aprofundar essas noções, sempre a partir de experiências concretas e da livre expressão do aluno.
As relações espaciais são, portanto, formas de contato e posicionamento da criança com o espaço. Elas foram divididas em três tipos: topológicas, projetiva e euclidianas.
Topológica
Relações espaciais topológicas são aquelas usadas para localizar pessoas e objetos, em qualquer tipo de espaço (independente da forma) e sem considerar as distâncias: dentro, fora, perto, longe, ao lado, vizinho, entre. Essas relações são a base para o trabalho com o espaço geográfico. A partir delas se desenvolverão as noções de limites político-administrativos entre municípios, estados, países e suas fronteiras.
Projetivas
Relações espaciais projetivas são aqueles que variam conforme o ponto de referência do observador. Nesse momento, a criança passa a usar um outro tipo de relação de acordo com o ponto de vista de quem vê: em cima,embaixo, na frente, atrás, direita, esquerda, norte, sul, leste, oeste, nordeste, sudeste, sudoeste, noroeste.
Nas relações projetivas iniciais, o ponto de referência é a própria criança; aos poucos, esse ponto de referência se desloca para outras pessoas e objetos, conseguindo situar uns em relação aos outros. A mudança das centrações permite à criança operar tanto com a orientação corporal como, posteriormente, com as orientações através dos pontos cardeais e colaterais.
Para que isso ocorra, o professor deverá desenvolver várias atividades, principalmente jogos, onde a criança terá oportunidade de usar o conceito de direito/esquerda a partir do seu ponto de vista, do ponto de vista do outro e entre os objetos e as pessoas ao mesmo tempo. Encontra-se aí, também, o trabalho com as direções cardeais e colaterais, que deverão ser aplicadas em várias situações concretas: primeiro em trajetos e depois nos mapas.
Euclidianas
Relações espaciais euclidianas são aquelas em que a criança localiza objetos, pessoas ou lugares, considerando um esquema de referência fixa (eixos: vertical/horizontal) e usa medida de distância (linear, área, angular) ou seja, leva em conta duas referências. Dá-se quando a criança é capaz de localizar um objeto dizendo que o mesmo está a três passos a leste e cinco ao norte. É uma forma de habilidade que a leva ao entendimento das coordenadas geográficas.
Questões para reflexão:
Por que existem adultos que, no trânsito, têm dificuldades de saber para onde é a direita ou a esquerda? O que faltou em seu trabalho com a lateralidade?
"Por aqui ou por ali?"
"Como faço para sair desse lugar?"
Perguntas como estas nos surgem no dia a dia. Quando exploramos um espaço, a melhor maneira de orientação é fazer desenhos sobre o local que estamos.
As populações primitivas já usavam esta norma do desenho. Na exploração do ambiente, registravam os caminhos percorridos e os pontos de referência usados em seus deslocamentos. Desenhos gravados em pedras e cascas de árvores foram os primeiros mapas.
Hoje, há técnicas modernas para elaborar os mapas. O sensoriamento remoto, as imagens por satélite e o uso de computadores são recursos utilizados. Mas, quando pensamos em representação do espaço com a criança, a leitura e interpretação de mapas é uma das últimas etapas.
Nos primeiros desenhos da criança, ela escolhe ou convenciona os símbolos, através dos quais representará a realidade. Ela tem o seu próprio ponto de vista e é a partir dele que fará o desenho. Um longo trabalho deverá ser feito até que a criança chegue a ser um decodificador, ou seja, um leitor de mapas feitos pelos outros.
É necessário estimular a observação e a exploração dos espaços vividos. Na escola, os alunos poderão observar a sala de aula. O professor deve propor que circulem pela sala, parem em um lugar onde sintam-se bem e, deste, desenhem o que estão vendo.
Outra atividade fundamental é a representação de objetos a partir de diferentes pontos de vista.
Ainda explorando o ambiente interno da escola, as crianças poderão criar maquetes. A maquete é uma atividade importante no processo de representação espacial. Ao observá-la de cima, a criança estará dando os primeiros passos para entender a planificação, elemento fundamental na feitura e plantas e mapas.
O trabalho com medidas não padronizadas: cabos de vassoura, barbantes, passos, introduzirá a criança na questão da escala. "Cinco cabos de vassouras no tamanho real corresponderão à medida de cinco lápis no isopor".
O estudo do itinerário casa-escola e arredores é importante nas primeiras séries. Tomando como ponto de referência a escola, o professor deverá orientar o aluno na observação das ruas próximas, dos espaços circunvizinhos, quarteirões e principais pontos de referência.
Os aspectos naturais também podem ser observados. No momento da representação, criarão símbolos que comporão a legenda do desenho feito. Quando um aluno já vivenciou diversas atividades como mapeador, o trabalho com mapas elaborados pelos outros torna-se um recurso significativo.
Oferecer a planta dos arredores da escola para que analisem, identificando o trajeto casa-escola que fizeram anteriormente é uma oportunidade de aprofundar a representação espacial.
Com o processo assim encaminhado, nas séries finais podemos utilizar mapas do município, do estado e do Brasil, para localizar áreas e lugares, identificar direções e analisar a distribuição de dados físico-territoriais.
Os mapas de relevo (topográficos) não serão estranhos para a criança, se trabalharmos com ela as curvas de nível. A melhor maneira é pedir que modele um morro e faça três cortes paralelos à base. Cada parte será contornada de maneira superposta num papel em branco fazendo a planificação do morro. Cada contorno representará uma altitude.
Mas não só pelos mapas, plantas ou desenhos a realidade poderá ser representada. A utilização de gráficos, gravuras e fotografias são recursos que, interdisciplinarmente, podemos utilizar. Ao usarmos as tabelas e gráficos, lançaremos mãos da quantificação e interpretação de símbolos e legendas.
Questão para reflexão:
Por que é preciso ser, primeiro, um codificador de mapas para depois tornar-se um leitor de mapas feitos por outras pessoas?
A estruturação do espaço: organização
Vivemos em várias organizações espaciais: nossa casa, nosso bairro, a cidade, a escola, e tantas outras. Elas fazem parte de nosso cotidiano. A ideia de organização está associada à de arrumação, engrenagem, estrutura, totalidade. Organizar significa dispor, de uma determinada maneira, elementos e partes de um todo.
A análise do espaço construído e organizado por grupos sociais e sociedades em diferentes tempos é iniciada pela escola, para que a criança comece a ver além daquilo que ela enxerga física e concretamente. Ou seja, para ela passar a entender o bairro onde mora, por exemplo, não apenas como um conjunto de prédios, um ao lado do outro, mas como um espaço organizado socialmente que retrata um divisão por classes sociais.
Cotidianamente, a criança está em contato com diferentes paisagens. Inclusive num mesmo bairro ela pode observar prédios em ricos condomínios e favelas. Aos poucos, a criança é incentivada a ver que esses contrastes tão grandes, percebidos visualmente, revelam os contrastes maiores da própria sociedade.
As primeiras análises que a criança faz sobre a organização do espaço devem ser bem simples e devem ter como objeto os espaços cotidianos, como: a sala de aula, a escola, os estabelecimentos comerciais, a rua, o bairro, a cidade. Ao observar a organização espacial desses lugares, a criança pode perceber que à divisão do espaço corresponde uma divisão social do trabalho.
Isso significa que existe uma relação entre a construção física, sia disposição espacial e sua finalidade. Assim, ela poderá descobrir por que a sala da direção fica em tal posição na escola, ou então para que servem portões tão grandes, corredores e outras construções.
O tema estruturação do espaço - organização espacial deve estar presente nos programas de Geografia, pois é um item importante para se alcançar o objetivo maior dessa área: "construir um método de leitura da realidade em que vive."
Questão para reflexão:
Por que poderíamos afirmar que os estádios de futebol, através do maior ou menor conforto e visibilidade marcam socialmente as classes sociais que os frequentam?
Aula 05 - O Tempo Passa, O Tempo Voa...
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Compreender a importância do conceito de Tempo para o aprendizado da História; 
Reconhecer as etapas do aprendizado do conceito de Tempo; 
Identificar as duas dimensões do Tempo: a física e a histórico-social; 
Demonstrar que o entendimento da dimensão física do tempo dará à criança a percepção da ordem e sucessão, da duração e da simultaneidade dos processos históricos; 
Destacar nas durações o tempo dos acontecimentos, o tempo da conjuntura e o tempo da estrutura como itens fundamentais; 
Relacionar otrabalho com o tempo histórico-social - os contextos de época - com o entendimento da História como uma construção social.
A noção de tempo: um processo...
Ao chegar à escola, a criança traz o conceito espontâneo do tempo ligado à sua própria vida e às suas vivências e experiências. Esse conceito espontâneo tem como referências, fatos ou ações da vida das pessoas que fazem parte do seu cotidiano. A noção de tempo, nessa fase, está sempre baseada em algum fato de sua experiência concreta:
- A criança sabe que é domingo porque ela não vai à aula;
- A criança acha que sua professora de trinta anos é muito "velha", porque trinta anos é um tempo que ela ainda não viveu.
O trabalho de construção da noção de tempo tem início muito antes, quando ela ainda é bem pequena, um bebê. Esse estágio chama-se sensório-motor.
Nele, existe um tempo prático, ligado às ações e experiências imediatas da criança. A noção temporal corresponde unicamente à experiência da duração de um reflexo: mamar, engatinhar, chorar etc.
É uma espécie de egocentrismo prático como se a criança vivesse apenas suas próprias ações, imobilizadas num presente contínuo.
No estágio seguinte, o intuitivo ou pré-operacional, as primeiras intuições temporais são centradas sobre alguma relação privilegiada, ligada ao egocentrismo. A criança se apoia, por exemplo, na percepção espacial para calcular o tempo; é mais velho que é mais alto; correu mais tempo, quem foi mais longe.
A etapa operatória do tempo (a última) acontece quando ela inicia a compreensão do conjunto das relações temporais; ordem e sucessão, intervalos, duração e simultaneidade.
O trabalho nos cinco anos do ensino fundamental deve estar centrado principalmente na passagem do tempo intuitivo ao operário. Essa passagem é lenta e gradual e requer uma ativação adequada, num ambiente rico de estímulos. É preciso desafiar o raciocínio fazendo a criança vivenciar experiências que a levem à construção das noções temporais. Agindo assim, num processo tranquilo, ela passará a entender, sem qualquer dificuldade, as duas dimensões do tempo: o tempo físico e o tempo histórico-social.
Questão para reflexão:
Como o texto nos ajuda a explicar a seguinte afirmativa? "Apressar o processo de estudo da história fornecendo informações prontas para a criança memorizar, sem ativar o seu raciocínio não leva ao aprendizado".
O tempo físico
A primeira dimensão do tempo, chamada de tempo físico, é aquela que passa independente de nossa vontade. São as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos e assim por diante.
Entendê-lo, permite à criança localizar-se no tempo, situar fatos de sua vida cotidiana e outros dados, construir e interpretar linhas de tempo, trabalhar com as medidas de quantificação do tempo - dias, meses, anos, séculos.
Em outras palavras, vai permitir que ela perceba o passar do tempo e saiba fazer sua quantificação e representação.
Para domínio da noção de ordem e sucessão, é fundamental a relação antes/depois. Quando a criança ouve uma história e depois relata o que aconteceu acompanhando a sequência do que foi relatado, está fazendo uma atividade de ordenação, isto é, está colocando os fatos numa sucessão temporal.
Além das ordenações de histórias narradas, os fatos relativos à vida da criança e de seus familiares se prestam de maneira valiosa para o trabalho com a ordenação temporal, assim como os relativos às atividades escolares, sobretudo nos anos iniciais.
Fazendo assim, passos decisivos estão sendo para poder, mais adiante, situar-se num tempo mais remoto, localizando fatos históricos.
A ordem cíclica se torna importante para fazer a criança perceber que toda contagem do tempo, baseada nos relógios, nos calendários, ou no ciclo das estações do ano é uma repetição dos mesmos elementos numa sucessão contínua e infinita de tempo. Com isso, a criança vai perceber a “chave” da contagem do tempo: sucessão contínua. 
Um outro elemento fundamental do tempo físico é a duração. A construção dessa noção começa quando se pede à criança que ela perceba o início e o fim de uma determinada ação ou período e avaliar o intervalo de tempo contido entre um e outro.
O termo básico para o trabalho com essa noção é a palavra durante. O trabalho com as durações abarca três níveis de abordagem:
A percepção das durações - O que você fez hoje, durante o recreio?
A comparação das durações - Quem demorou mais a merendar, Fulano ou Beltrano?
A quantificação das durações com medidas informais - Palmas, sons curtos e longos, ampulheta, e com medidas formais: horas, dias, meses, anos etc.
O trabalho com as durações é fundamental para a noção de periodização que a criança vão necessitar para a compreensão da História/Geografia. A terminologia com que vai lidar futuramente: fases, épocas, períodos, eras, assim como a caracterização dos respectivos contextos, vai exigir que o aluno se situe com relação à curta duração (tempo de fatos), à média duração (tempo da conjuntura) e a longa duração (tempo da estrutura), sobre as quais se assentam o processo histórico.
Por fim, o terceiro elemento do tempo físico é a simultaneidade. As palavras-chaves para a verbalização da simultaneidade são:
Enquanto
O trabalho com a simultaneidade, além de fazer com que o aluno caminhe para o domínio da noção operatória do tempo, prepara-o para a noção de contemporaneidade, a qual nada mais é que a aplicação das médias e longas durações. 
Ao mesmo tempo que
São contemporâneos os fatos ou pessoas situados num mesmo período histórico, mesmo que esse período dure séculos. A noção de contemporaneidade é importante para a compreensão de contextos de época. 
Questão para reflexão:
Por que é importante para a construção da noção de tempo físico o trabalho com as linhas de tempo?
Tempo histórico social: caracterização de épocas 
A segunda dimensão: O tempo histórico-social
A segunda dimensão, o tempo histórico-social, vai iniciar a criança na análise dos contextos de época, de modo que ela perceba o seu tempo como diferente de outros tempos e épocas. Vai também permitir que ela compreenda como o tempo é fruto da construção social, de determinantes históricos presentes em cada época.
A noção de época, embora pareça referir-se apenas a um período de tempo cronológico, é uma noção mais complexa, pelo fato de ser uma noção histórica, e não simplesmente temporal.
A época histórica implica um condicionante temporal: ou seja, ela pode variar com o tempo cronológico, mas não é determinada por este.
Se tomarmos, por exemplo, duas sociedades como a indígena brasileira e a portuguesa, no século XV, veremos que ambas viviam a mesma época cronológica, mas estavam em épocas históricas diferentes.
O conceito de época histórica envolve um conjunto de características:
Econômicas
Técnicas
Sociais
Políticas
Ideológicas
Culturais
Essas características expressam a maneira de viver de um ou vários povos ou grupos, num determinado momento. Se os indígenas brasileiros viviam de uma maneira inteiramente diferente dos europeus, não podemos afirmar, portanto, que estavam na mesma época histórica.
A caracterização de épocas é importante nos primeiros anos do Ensino Fundamental porque, através dela, o aluno vai ter a possibilidade de perceber as diferenças e semelhanças, permanências e mudanças no decorrer do tempo. O corte no tempo para a análise de uma época permite romper a abordagem meramente descritiva e factual da História.
A época histórica estudada nos primeiros anos do Ensino Fundamental refere-se aos elementos como a moda, as formas de lazer, a alimentação, os transportes, a música, as profissões e outros dados, do tempo da criança, de seus pais, e de seus avós. 
Nesse momento, o trabalho com a memória individual (relato de pessoas mais velhas) é uma importante fonte de consulta. Nos anos seguintes, nos quais o passado mais distante é o objeto de análise, estes mesmos elementos e outros fatos irão referir-se ao Município e o Estado onde a criança vive e estarão divididos por períodos:Colônia, Império e República.
Aí, sim, o contexto da história do Brasil, através do cotidiano dos grupos sociais que ocuparam esses espaços, estará presente e, para isso, a memória coletiva (documentos, relatos orais, escritos, objetos) será de fundamental importância.
Questão para reflexão: 
O trabalho com o tempo dá-se a partir do “aqui, agora”, passa pelo “aqui, não agora” chegando finalmente ao “não aqui, não agora”. Explique essa afirmativa.
Aula 06 - Mãos à Obra
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Compreender que o trabalho assegura aos homens e mulheres a sua necessária subsistência e também justifica a vida em sociedade; 
Reconhecer o trabalho como um ato de transformação da matéria bruta em produtos utilizáveis; 
Perceber que vivemos em um momento que o trabalho está diretamente ligado à alta tecnologia, que multiplica os diferentes modos de fazer-produzir; 
Demonstrar que a criança já chega à escola conhecendo o significado do trabalho e seus problemas, devido às suas experiências de vida; 
Destacar a importância de analisar o trabalho em vários espaços e tempos das sociedades; 
Verificar a organização da sociedade através da forma como o trabalho nela se distribui. 
O trabalho: um ato de transformação
O termo trabalho se refere a uma atividade própria do homem. Também outros seres atuam dirigindo suas energias coordenadamente e com uma finalidade determinada.
Entretanto, o trabalho propriamente dito, entendido como um processo entre a natureza e o homem, é exclusivamente humano. Nesse processo, o homem se enfrenta como um poder natural, em palavras de Karl Marx, com a matéria da natureza. 
A diferença entre a aranha que tece a sua teia e o homem é que este realiza o seu fim na matéria. Ao final do processo do trabalho humano, surge um resultado que antes do início do processo já existia na mente do homem. 
Trabalho, em sentido amplo, é toda a atividade humana que transforma a natureza a partir de certa matéria dada. A palavra deriva do latim tripaliare, que significa torturar passando a ideia de sofrer ou esforçar-se e, finalmente, de trabalhar ou agir. O trabalho, em sentido econômico, é toda a atividade desenvolvida pelo homem sobre uma matéria-prima, geralmente com a ajuda de instrumentos ou máquinas, com a finalidade de produzir bens e serviços.
A maioria das pessoas tem, muitas vezes, no trabalho, o único elo social fora do convívio familiar. O trabalho é, em alguns casos, o único local de vida comunitária. Segundo alguns estudiosos, o trabalho deve não somente assegurar aos homens a sua necessária subsistência, mas também justificar a vida em sociedade. Deve ainda oferecer ao indivíduo a compensação para a vida demasiadamente dura, dos sofrimentos e decepções existenciais, possibilitando uma satisfação particular de realização.
Hoje vivemos o momento em que o trabalho está diretamente ligado à alta tecnologia, que facilita, aperfeiçoa, acelera e multiplica os diferentes modos de fazer-produzir.
Analisando o trabalho historicamente desde os tempos pré-históricos das armas de pedra lascada ou polida às usinas da era atômica, poderemos caracterizar a forma de vida da humanidade, seu nível tecnológico, recursos disponíveis e necessidades.
O conhecimento da organização do trabalho de uma sociedade é que abre caminho ao reconhecimento dos diferentes processos da vida social, da divisão da sociedade em grupos distintos, das formas de organização política dos grupos e dos diferentes níveis tecnológicos.
No processo de trabalho, são desenvolvidas relações sociais de produção, que se dão entre os proprietários dos meios de produção (o patrão, a firma, a multinacional, o conglomerado etc.) e os trabalhadores. 
Para compreender como essas relações acontecem hoje, precisamos diferenciar três processos de produção ao longo da história: o artesanato, a manufatura e a fábrica. Eles são diferentes em vários sentidos: no processo de trabalho em si, na relação do trabalhador com o produto que ele elabora e ainda na divisão dos elementos envolvidos no processo de trabalho na produção. É o que chamamos de cooperação.
No trabalho artesanal, todos os trabalhadores envolvidos, mestres e aprendizes, realizam as mesmas tarefas durante o processo de trabalho. É o que chamamos de cooperação simples. Hoje em dia podemos observar essas características no trabalho de alguns artesãos, em suas oficinas de barro, couro, cerâmica.
Na produção da manufatureira, há dois tipos de trabalhadores: aqueles que lidam diretamente com os instrumentos de trabalho- os trabalhadores diretos, como os tecelões- e aqueles que lidam indiretamente com os instrumentos, realizando uma atividade de coordenação das diversas etapas - trabalhadores indiretos, como supervisores. Nesse tipo de trabalho, já há uma divisão técnica: há um proprietário do estabelecimento e os trabalhadores. Hoje em dia podemos observar essas características no trabalho de manufatura de bolsas e calçados.
Nas indústrias modernas, há um fato novo: a máquina, pela qual se amplia a divisão técnica do trabalho e a progressiva especialização dos elementos envolvidos na produção. Quanto à divisão social do trabalho, encontraremos de um modo mais ampliado (há vários tipos de empregados- operários, técnicos, engenheiros etc.) a mesma da produção manufatureira. 
Questão para reflexão: 
Por que quanto mais complexa a sociedade, maior é a divisão do trabalho e maior a especialização? 
O trabalho e as necessidades básicas de homens e mulheres 
Homens e mulheres são seres necessitados. Eles precisam de:
Alimentação
Saúde
Educação
Moradia
Lazer
Vestuário
As necessidades básicas são vividas pelas crianças em seu cotidiano e a escola deverá analisá-las através de todos os componentes curriculares, sendo que as ciências Geografia e História, por trabalhar com os grupos sociais, suas relações e formas de vida, encontram nesse assunto um importante objeto de análise. 
No trabalho com o tema nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o professor deverá começar pela primeira necessidade básica: a alimentação.
Para analisá-la, seria recomendável que ele lançasse para a turma questões como: Quais os alimentos que vocês mais gostam? De onde vêm esses alimentos?
Qual é o nome do produto? De onde ele veio? Como ele chegou até sua casa?
Nesse trabalho, é interessante que a turma traga rótulos e embalagens de produtos consumidos pelas famílias. A exploração deverá ser feita por meio de perguntas como: Qual é o nome do produto? De onde ele veio? Como ele chegou até sua casa? O objetivo dessa atividade é comparar dois tipos de produtos: o natural e o industrializado, ambos de origem semelhantes: o campo. Exemplos como a batata, o pão, o biscoito e o leite seriam característicos para fazê-los perceber que os processos se diferenciam. Enquanto a batata é transportada para a área da venda, o milho, o trigo e o leite vão para a indústria, sendo transformados em biscoitos ou pães.
O professor deverá discutir com os alunos essas etapas e quem são os profissionais que as executam, para que eles percebam que até o alimento chegar às suas mesas, um longo caminho foi percorrido.
Podemos ainda analisar os alimentos através dos tempos. As questões propostas devem levar os alunos a descobrirem que, antigamente, a alimentação era diferente da dos dias atuais; os alimentos não eram empacotados, mas vendidos a granel em armazéns ou vendas. Alguns alimentos, hoje tão consumidos, como margarina, pizza, cachorro-quente, não existiam no passado, como a maior parte dos alimentos industrializados.
Veja outra necessidade básica do ser humano:
Moradia 
Outra necessidade básica do ser humano é a moradia. Essa necessidade, da mesma forma que a alimentação, é uma das questões sociais mais graves em nosso país.
O professor deverá discutir com seus alunos as relações entre diferentes formas de morar, condições econômicas e razões pelas quais isso acontece. A análise da casa onde o aluno vive é de fundamental importância para o conhecimentodo espaço. A criança, ao descrever sua casa, está explorando-a: o número de cômodos; se tem água encanada, luz, esgoto, de que tipo de material é feita; quantas pessoas moram nela; se é grande ou pequena. Ao compará-la com outros tipos de habitação, irá perceber que existe relação entre o tipo de moradia e a qualidade de vida de seus habitantes.
 
Outros objetos fazem parte das necessidades básicas do homem. A análise é iniciada com os objetos que os alunos utilizam na escola. O levantamento da matéria-prima, que é empregada nesses objetos, levará à percepção da relação que o Homem tem com a natureza, transformando-a através do trabalho.
Atualmente, pela pressão da sociedade de consumo, as necessidades básicas se ampliaram. Celulares, computadores, automóveis, televisores de plasma etc. parecem, hoje, indispensáveis à vida. Muitas vezes as pessoas delegam para segundo plano, tratamentos dentários, reparos urgentes na casa para adquirir esses bens. 
Um dos fatores que provoca o consumo exagerado é a propaganda, que nos dias atuais apresenta-se muito intensa. O professor deve discutir com os alunos essa questão indicando os malefícios dessa prática.
Questão para reflexão: 
Quais as semelhanças e diferenças das necessidades básicas em povos de culturas diferentes? 
O ensino das profissões na 1ª fase do Fundamental 
No desenvolvimento do conceito de trabalho com os alunos da 1ª fase do Fundamental, é interessante que eles compreendam o processo produtivo desde a origem até o consumo. 
Três conceitos fundamentais deverão ser trabalhados: produção, comércio e prestação de serviços.
Processo produtivo
Produção
Por produção, entende-se o ato de criar um produto. Nela se incluem profissões ligadas às atividades primárias (agricultura, pecuária ou extrativismo), artesanato e indústria. 
Comércio
O comércio é o ato de compra e venda. 
Prestação de serviço
A prestação de serviços significa a ação de se conseguir de pessoas e estabelecimentos como: firmas, bancos, escolas, hospitais etc., tarefas ou atividades feitas através de profissionais como mecânicos, médicos, professores, advogados. 
A classificação das profissões, segundo os três critérios vistos, facilitará a caracterização a partir do 4º ano das atividades econômicas do Município e do Estado em que ela vive.
A criança já possui um conhecimento sobre o significado do trabalho e seus problemas, pelas suas experiências de vida. O convívio com o emprego ou desemprego na família e com as suas próprias atividades produtivas já a coloca bem à vontade com o tema. Por isso, essa construção conceitual deve ter início a partir das profissões conhecidas por elas: profissões dos pais, pessoas da escola, vizinhos, etc. 
A discussão do assunto deve levar em conta o que essas pessoas fazem, que instrumentos e máquinas utilizam para realizar as suas tarefas, que matérias-primas necessitam, quais as etapas do trabalho, quais os resultados obtidos e do que gostam e não gostam nessas atividades. Com isso, a construção dos conceitos de setores das atividades ficará mais fácil. 
Pode-se também trazer para o estudo alguns exemplos de profissões desconhecidas das crianças, profissões que estão se extinguindo pelas novas tecnologias, ampliando o leque de análise do funcionamento da sociedade.
Outra questão importante dentro desse tema é a forma como se dá a relação trabalho/natureza. Para tal, a análise dos rótulos dos produtos que os alunos consomem levará à identificação da matéria-prima, das modificações sofridas no processo de produção e da importância desses produtos para a sociedade. 
Questão para reflexão: 
Os conceitos de Tempo e Espaço devem estar presentes no estudo das profissões. Como isso pode ser feito? 
Aula 07 - O viver e Fazer de um Povo
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Demonstrar que não existem diferenças entre os termos cultura e civilização; 
Compreender que os preconceitos culturais são tão fortes que até se confundem por vezes com diferenças biológicas ou raciais; 
Identificar as duas principais características da cultura brasileira; 
Destacar a importância do convívio da produção cultural popular com a produção cultural erudita no cotidiano da sociedade brasileira; 
Verificar a importância de se trabalhar a questão indígena de modo mais reflexivo e menos exótico; 
Reconhecer a necessidade de se analisar os diversos itens culturais dos indígenas para bem caracterizá-los.
Tópico 1 - Cultura e Civilização: preconceito racial e cultural
O termo “cultura”, em seu sentido antropológico, significa o conjunto das criações, materiais ou não, de um povo ou grupo social. É, portanto, um conceito neutro, despido de sentido valorativo. Nesse sentido, ele corresponderia exatamente ao termo “civilização”. 
Mas, infelizmente, o que se constata na maioria dos trabalhos dos historiadores do mundo ocidental e, sobretudo, nos livros didáticos, é uma diferenciação entre os dois termos: aplica-se a palavra cultura aos grupos sem escrita, ditos “primitivos” e o termo "civilização" aos povos de cultura mais complexa, já possuidores de escrita e de um tipo de organização mais elaborado. 
Raramente vemos nos livros, por exemplo, a expressão "civilização indígena" ou "cultura europeia", o que demonstra uma diferenciação preconceituosa estabelecida entre povos sem escrita, ditos sem civilização ou sem história e os que possuem as três. 
“Na verdade, não existem povos sem história ou povos infantis. Todos são adultos, mesmo os que não conservaram o diário de sua infância ou adolescência”.
Claude Lévi-Strauss 
É antiga essa atitude de discriminar as culturas ou povos, diferentes de um certo modelo. 
A antiguidade denominava tudo o que não participava da cultura greco-romana com o nome de “bárbaro”. A civilização ocidental, em seguida, utilizou o termo “selvagem”, no mesmo sentido. 
Nos dois casos existe a recusa de admitir o próprio fato da diversidade cultural, lançando do lado de fora tudo o que não se harmoniza com os padrões sob os quais se vive.
“Modos selvagens”, “parece primitivo”, “programa de índio” são expressões que ouvimos e até empregamos no cotidiano para discriminar alguma atitude que condenamos.
Ao inferiorizar “selvagens”, ou “bárbaros”, apenas estamos tomando atitudes típicas: “o bárbaro é, em primeiro lugar, aquele que acredita na barbárie”. 
Claude Lévi-Strauss
Esse conjunto de preconceitos se origina do etnocentrismo, ou seja, a atitude que cada povo tem de se achar melhor do que os que dele diferem. 
Os preconceitos culturais são tão fortes que até se confundem por vezes com diferenças biológicas ou raciais.
 
Isso provoca a situação de colocar os preconceitos racial e cultural de mãos dadas, e não nos damos conta de que estamos sendo claramente preconceituosos quando falamos, por exemplo, das contribuições do índio, do negro e do branco na formação da cultura brasileira.
Falar de contribuição de etnias à civilização é surpreendente quando queremos justamente acabar com o preconceito racial. Seria supor que os grandes grupos étnicos que compõem a humanidade deram contribuições específicas ao patrimônio comum, ignorando-se que essas “contribuições” são muito mais frutos de fatores sociológicos, geográficos e históricos do que de raciais. Segundo Claude Lévi-Strauss “nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou inferioridade intelectual de um povo em relação a outro”.
O trato de problemas relativos à diversidade cultural constitui um desafio, na medida em que somente uma atitude neutra e não valorativa pode deixar a criança à vontade para elaborar seu próprio julgamento de si e dos outros. Não se trata de não avaliar padrões culturais, mas avaliá-los sem estabelecer "a priori" um modelo como certo e os demais como errados.
Fonte: Adaptação do cap.3 - Estudos Sociais –Teoria e Prática Ed Access
Questão para reflexão: 
Por que é incorreto usar a expressão “contribuição de povos” para designar a participação de etnias na construção cultural?
Tópico 2 -A cultura Brasileira
Há quem confunda o processo de globalização surgido neste fim de século com o direito de propor a diluição e a pasteurização de expressões culturais ancestrais. Há quem confunda a dinâmica das identidades culturais com o espaço necessário para, aproveitando essa velocidade, nivelar tudo e todos. 
E, diante do grande perigo da imposição de um só modelo cultural, diante do auge das propostas de massificação, de uniformização das expressões artísticas, o que surge, reforçada e espontânea, é a reafirmação das identidades culturais dos povos. É como se, para participar de algo coletivo, fortalecesse o individual. O antídoto que é, ao mesmo tempo, impulso.
Tratar de criar barreiras para que se neutralize o perigo de as relações entre países ignorarem tudo que não diga respeito direto às relações comerciais é, mais do que nunca, uma medida essencial. Fala-se a cada instante de integração de economias, de abertura aos capitais apátridas, silenciando sobre o alvo final, o sujeito desse processo: o indivíduo de cada país, seu povo. Nada melhor, para diluir identidades, que eliminá-las, transformando o indivíduo em receptador (e, na quase totalidade das vezes, em vítima) do resultado de um processo capaz de transformar a humanidade em uma só massa.
Existe a inegável necessidade de inserir os países, sobretudo aqueles que se encontram nas periferias dos grandes centros econômicos, em um cenário mais amplo. O mapa global, que antes sabia identificar o que era o Terceiro Mundo, é agora dividido em novas nomenclaturas para as mesmas categorias. Países subdesenvolvidos passaram a ser países em desenvolvimento e agora se chamam emergentes. Mudam os termos, não a essência, não as necessidades - a não ser, é claro, seu agravamento.
Para quem crê que um país é algo mais do que um amontoado de gráficos e perspectivas de negócio, a melhor defesa contra esse risco é buscar cada vez mais estabelecer a cultura como peça-chave no relacionamento entre as nações.
Não se pode negar que, no ritmo vertiginoso de nossos tempos, aos países do Sul, como o Brasil, não resta outra saída a não ser encontrar e assegurar espaço próprio no mapa do mundo. E é precisamente nessa hora que o relacionamento no campo das artes e da cultura deve ser priorizado. Ao menos, é claro, que se queira transformar países e gente em produtos expostos em prateleiras de supermercados planetários.
O Brasil é um país cuja cultura tem várias características, sendo que ao menos duas delas são essenciais: a diversidade e a dinâmica.
Diversidade
Se explica pelas múltiplas raízes que formaram o povo brasileiro. 
Embora na maioria das vezes nós mesmos não reconheçamos este fato, somos, na verdade, um exemplo nítido da gente desta região vasta e única chamada América Latina: filhos de muitos pais, de muitas mães e de uma só terra.
No emaranhado da formação da cultura brasileira - vale dizer, da identidade brasileira, soma de muitas identidades isoladas - existem fortes raízes indígenas, africanas, europeias, e mais recentemente, árabes e asiáticas.
Elas, em seu conjunto, fizeram de nós um povo que soube reunir muitas vozes, muitas faces, muitas cores, em uma só alma. 
E é essa a alma que os brasileiros expressam através de sua arte, de sua cultura. 
Na América Latina, somente outros dois países - México e Cuba - apresentam uma diversidade cultural de raízes tão amplas e profundas como a do Brasil.
Na América Latina, somente outros dois países - México e Cuba - apresentam uma diversidade cultural de raízes tão amplas e profundas como a do Brasil.
O Brasil nasceu dessa diversidade, dessa cultura múltipla, e a partir delas construiu sua identidade.
As expressões de nossa cultura mostram que pode e deve existir uma variedade enorme de linguagens para descrever um mundo, capaz de torná-lo, ao mesmo tempo, único e múltiplo.
Nosso país é um exemplo claro e inegável desse mundo.
Dinamismo
A segunda característica essencial da cultura brasileira é o seu dinamismo. 
Partindo dessa diversidade, dessa cultura múltipla, o povo brasileiro sempre soube renovar sua expressão, com grande agilidade e em alta velocidade, sem jamais perder suas tantas raízes.
E o resultado é termos hoje, como sempre, uma cultura aberta, que recebe e assimila influências sem perder em nenhum momento seu eixo, seu tônus vital.
Essa enorme capacidade de assimilação faz com que, em nossa cultura, exista uma forma pessoal, digamos assim, de se expressar. Recebemos as influências, as elaboramos, e logo as devolvemos.
Exemplo: o barroco brasileiro. Trata-se talvez da primeira expressão de uma arte brasileira, considerando-se como ponto de partida a chegada dos portugueses, há cinco séculos.
Outro exemplo de nossos dias e bastante citado, tão evidente é a Bossa Nova. Trata-se, evidentemente, de um ritmo musical brasileiro reelaborado com fortes influências do jazz norte-americano. 
O samba renovado, enriquecido dessas influências, acabou transformado em outra coisa, e terminou sendo influência fundamental para a renovação do próprio jazz, graças às inovações rítmicas, harmônicas e melódicas.
É possível ainda perceber claramente esta linguagem local, essa voz brasileira, em todas as expressões das artes, mesmo daquelas que nos chegaram já delineadas e supostamente prontas - da pintura modernista ao rock, do cinema ao balé, da literatura à música sinfônica.
Assim, vamos enriquecendo ainda mais a diversidade que nos moldou. A facilidade da cultura brasileira em dialogar com outras culturas, enriquecendo-se e enriquecendo-as, é evidente.
Nosso barroco nasce, desde logo, do barroco trazido de Portugal, que tem diferenças do espanhol, e assim por diante. Ocorre que em nenhum outro lugar da América Latina será possível encontrar os traços deste barroco. Mais do que qualquer outro país latino-americano de colonização espanhola, soubemos traduzir em linguagem própria essa influência fundamental e comum a todos. A própria origem lusitana está sensivelmente diluída, ou seja: recebemos, assimilamos, adaptamos, devolvemos. 
O Brasil tem uma cultura de fortes e profundas raízes populares, que convive e muitas vezes interage com uma cultura que os estudiosos chamam de "superior", mais sofisticada - ao menos em teoria.
É importante recordar que mesmo esta cultura guarda uma forte e nítida influência das raízes populares das quais está impregnada.
Basta observar a literatura de João Guimarães Rosa, ou a música de Heitor Villa-Lobos, para ficarmos em duas obviedades.
São expressões de uma arte altamente elaborada, mas que em nenhum momento deixa de mostrar um mergulho profundo na alma do Brasil - ou seja, em suas raízes mais autênticas.
Dentro da expressão das artes normalmente classificada como "popular", os exemplos de alta sofisticação, elaboração e refinamento também são comuns.
É só observar a música de Pixinguinha ou de Ernesto Nazareth, para ficarmos em apenas dois exemplos.
São poucos os países nos quais, de maneira tão clara como no Brasil, a arte mostra o que se vê e o que não se vê, mas existe, e é palpável. As expressões de nossa cultura, das nossas artes abrem espaços para a compreensão da realidade, para sua interpretação.
As artes brasileiras souberam e sabem "antecipar um mundo a ser conquistado, um mundo possível, enquanto desafiam a ordem estabelecida", como quis o escritor uruguaio Eduardo Galeano ao falar da literatura latino-americana contemporânea.
A imaginação criadora do povo brasileiro, que explode na obra de nossos artistas, revela a nossa verdadeira face. Nossa memória coletiva, nosso imaginário, as dores e derrotas, as alegrias e as conquistas, as pequenas vinganças contra o dia a dia feito de distâncias e injustiças, as fontes de nossa esperança: tudo isso está nas canções e nas pinturas, nas danças e nas histórias elaboradas e inventadas ao longo dos tempos.
Dessa forma, no resultado dessa força de criação que o povo brasileiro expressa através de seus artistas, está a nossa verdadeira cara, a síntese mais esclarecedora da nossaverdadeira identidade.
Saiba Mais
Nas artes brasileiras fica nítido que revelar a realidade não significa copiá-la. Somos - vale repetir - um povo latino-americano. Portanto, vivemos uma realidade muito mais mágica e delirante que a mais imaginativa das imaginações de qualquer artista.
Em nosso país, ao longo dos tempos, a imaginação abriu portas para que pudéssemos compreender essa realidade, e muitas vezes, pressentiu as transformações que viriam - para o bem e para o mal. Ao interpretar a realidade, ao ajudar-nos a redescobrir essa realidade, a arte nos ajuda a conhecê-la. E conhecer, reconhecer a realidade é o primeiro passo para começar a mudá-la. 
“Na história do ser humano não existe nenhuma experiência de mudança social que não tenha se desenvolvido a partir de um aprofundamento da consciência da realidade", também afirma Eduardo Galeano. E nisso as artes brasileiras tiveram e têm uma contribuição evidente e fundamental. Basta observarmos a música popular ao longo deste século - para ficarmos, agora, em apenas um exemplo.
Há algumas outras características que é preciso mencionar. Primeiro, a extensão territorial brasileira. Como propôs certa vez o mestre Antônio Cândido, o Brasil, com sua extensão e sua diversidade cultural, bem poderia conformar uma espécie de luso-américa, em comparação com a América hispânica. 
Entre um gaúcho do Rio Grande do Sul e um habitante do Pará existem tantas semelhanças e tantas diferenças como as que encontramos entre um uruguaio e um hondurenho, entre um chileno e um mexicano. Portanto, se existe - e certamente existe - alguma unidade cultural na América Latina como um todo, no Brasil ela também se dá, a partir de uma diversidade importante.
Claro que a própria história e o desenvolvimento do Brasil como Estado, como nação, contribuíram para que essa unidade existisse justamente a partir (e não apesar) da diversidade. Mas também deve ficar claro que os brasileiros têm plena noção dessa diversidade, e que dela nasceu a nossa identidade - rica, variada, múltipla e única. Essa é a identidade que devemos revelar ao mundo. E, para isso, o trabalho do Estado pode - e deve - contribuir de maneira cabal.
É comum notarmos, sobretudo nas colônias mais recentes, chegadas ao Brasil ao longo dos últimos cem anos, que seus integrantes, mesmo procurando preservar suas raízes culturais originais, sentem-se e definem-se como brasileiros. E o resto da sociedade os considera da mesma forma - mesmo quando os abriga sob denominações genéricas que muitas vezes são equivocadas. 
Exemplo
A grande colônia de polacos do Paraná é, na verdade, formada em sua imensa maioria pelos cerca de 800 mil habitantes cuja origem é a Ucrânia; ou os turcos, que se espalham por todo o território nacional, e que na verdade são, em sua imensa maioria, libaneses e sírios.
Em uma cidade como São Paulo, que concentra colônias poderosas de descendentes de italianos e japoneses, ocorre esse fenômeno de maneira bastante nítida: enquanto preservam boa parte de seus costumes (de suas raízes culturais, de sua identidade), esses descendentes integram-se - e integram, agregam as suas raízes - na sociedade brasileira. Ninguém é definido, no Brasil, como "ítalo-brasileiro", ou como "germano-brasileiro". Podem ser tratados como “italiano", "japonês", "turco" ou "polaco", mas serão sempre considerados brasileiros - e assim se consideram.
É importante notar ainda - e esta é outra das características fundamentais da cultura brasileira - que a enorme capacidade de assimilação cultural de nosso povo fez com que, no campo das artes, nos tornássemos exatamente aquilo que na estrutura social e econômica não conseguimos ser até hoje: um país efetivamente democrático. A sociedade brasileira continua sendo desigual, segregadora, injusta. 
A cultura brasileira inclui, assimila, elimina diferenças, dá voz aos que não têm voz. Somos uma sociedade excludente. Temos uma cultura inclusiva. Nada, nas nossas artes, na nossa cultura, segrega. Nas artes, os brasileiros sentem que é real e possível o que o cotidiano muitas vezes lhes nega, ou aquilo que o sistema nega a cada instante às grandes maiorias: "a certeza de que somos todos feitos dos muitos barros de uma mesma terra múltipla e única".
Mais informações:
http://estacio.webaula.com.br/cursos/cmphg2/pdf/cultura_eua.pdf
Questão para reflexão: 
Em que lugares do Brasil encontramos colônias de imigrantes preservando as suas raízes culturais? 
Erro de português
Quando o português chegou 
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio. 
Que pena! 
Fosse uma manhã de sol
O índio teria despido 
O português.
(Oswald de Andrade, 1925)
Até hoje, nas escolas, o tratamento dado aos índios não é feito de modo correto. Vê-lo como um indivíduo diferente e exótico, lembrar dele somente na comemoração das datas cívicas, enfeitar os alunos com peninhas e riscos nos rostos é, no mínimo, desrespeitoso e antiético. 
“Falar do índio é abordar, com seriedade, os problemas que ele vem enfrentando em sua trajetória. É falar das precárias condições em que vivem, é falar da dizimação que seu povo vem sofrendo, é falar da luta pela demarcação de suas terras...”
Série XII Ensino Fundamental Programa 28 Programa Um Salto para o Futuro
A colonização do Brasil deu início a um sistemático processo de genocídio dos índios brasileiros, que passam a ser perseguidos, expulsos de suas terras, escravizados e mortos sem resistir. Além disso, foram dizimados por doenças transmitidas pelos colonizadores, contra as quais seu organismo não tinha defesas. Com o extermínio de povos inteiros, suas culturas e idiomas foram perdidos definitivamente. 
Calcula-se que, quando os portugueses apontaram nestas terras, os indígenas somavam cerca de 4 milhões de pessoas. Hoje, depois de cinco séculos, a população indígena contém aproximadamente 400 mil pessoas.
Saiba Mais
Desde a década de 1980, porém, a população indígena tem crescido sem cessar. Esse processo foi impulsionado, em primeiro lugar, pela organização dos indígenas, que têm reivindicado seus direitos de forma ostensiva.
A Constituição brasileira reconhece aos índios “os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”. Eles são usufrutuários. Desse modo, as terras indígenas são patrimônio da União, à qual compete demarcá-las e protegê-las. 
O desrespeito inicial sofrido pelos indígenas ainda continua: perseguição pelos fazendeiros, empresas de madeiras e mineradoras que tentam explorar as riquezas minerais e florestais de seus territórios.
Ao longo do século XX, os irmãos Vilas Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo) criaram o Parque Nacional do Xingu, no norte do Mato Grosso, onde vivem vários grupos, conservando sua cultura e modo de vida.
Outro fato importante nesse período foi a criação da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) que hoje funciona com a gestão participativa do índio.
Segundo a FUNAI há atualmente 215 diferentes sociedades indígenas, que somam uma população superior a 345 mil pessoas, com 180 línguas. Porém, se lembrarmos que na época do descobrimento eram faladas pelo menos 1300 línguas, veremos que esse número representa uma perda irreparável.
Mesmo assim, a cultura indígena é marcante em nosso cotidiano: palavras de origem tupi (Pacaembu, Morumbi, Itatiba etc.), uso de ervas medicinais, a culinária (milho e da mandioca), e hábitos como o gostar de tomar banho etc.
Para trazer toda essa problemática para a sala de aula é importante o uso de vários recursos: notícias de jornal, filmes, trazer as lendas e histórias indígenas para ler com os alunos, visitar museus, fazer entrevistas com antropólogos... etc.
Aula 08 - Brincadeira é coisa séria?
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Demonstrar a importância da atividade para o aprendizado; 
Compreender que a brincadeira como Metodologia não deve ser exclusiva da educação infantil; 
Identificar a força do jogo pedagógico como impulsor dos esquemas de pensamento do Aluno; 
Destacar a importância da Concepção interacionista/construtivista

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