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CPI Ivana

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IVANA TELES 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
Varginha
2014
IVANA TELES 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Faculdade Cenecista de Varginha, como requisito parcial, para obtenção de Crédito na disciplina de Direito de Constitucional ministrada pelo prof.: Carlos Eduardo Pinheiro Marcelino de Oliveira.
Varginha
2014
SUMÁRIO
	1
	INTRODUÇÃO.........................................................................................
	3
	
2
	
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO...............................
	
4
	2.1
	A previsão da CPI na Constituição............................................
	4
	2.2
	Controle judicial dos atos da CPI................................................
	5
	2.3
	Objeto da CPI..............................................................................................
	5
	2.4
	Prazo............................................................................................................
	6
	2.5
	CPI como direito das minorias parlamentares........................
	7
	2.6
	Poderes das CPIs.........................................................................................
	7
	2.7
	Testemunhas e indiciados..........................................................................
	8
	2.8
	Testemunhas, CPI e separação de Poderes.....................
	10
	2.9
	Poderes das Cautelares................................................................................
	10
	2.10
	Diligências e requisição de documentos.......................
	10
3		CONCLUSÃO.......................................................................................... 14
 
 REFERÊNCIAS...................................................................................... 15
1	INTRODUÇÃO 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é um organismo de investigação e apuração de denúncias conduzida pelo “poder” Legislativo, formado por um grupo seleto de parlamentares que reúnem-se para investigar determinado fato específico e determinado ou ainda o indício de fato ilegal. 
A CPI é uma comissão temporária que visa proteger os interesses da coletividade.
 
	A pesquisa consistiu em métodos exploratórios e bibliográficos através de livros e jurisprudências.
Partindo desta explanação, este trabalho levanta a pesquisa a cerca do tema Comissão Parlamentar de Inquérito.
 
	
2 	COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
	As Comissões Parlamentares de Inquérito possuem temas com notável frequência, polêmicos. Já quando se pretende saber quando se deu a origem histórica dessa comissão às divergências doutrinárias, já tomam palco.
	 Se a doutrina converge em situar na Inglaterra o berço das Comissões Parlamentares de Inquérito, controverte-se sobre o momento em que teriam surgido. Há quem diga que a primeira comissão do gênero foi a que o Parlamento britânico instituiu, em 1689, para investigar circunstâncias da guerra contra a Irlanda. Outros autores entendem que a comissão pioneira foi instituída ainda antes, em 1571, embora os trabalhos inquisitivos do legislador tenham, realmente, ganhado maior vulto depois de 1688, quando o Parlamento assumiu posição de supremacia na Inglaterra. 
	Nos Estados Unidos, o poder de investigação foi igualmente reconhecido como faculdade inerente ao Legislativo, mesmo não tendo sido previsto de modo expresso na Constituição. Admite-se que o Congresso realize sindicâncias e colha testemunhos para exercer a sua função legislativa de modo avisado e eficiente. As investigações no Congresso americano assumiram considerável relevância e ensejaram diversas e importantes manifestações da Suprema Corte. O pensamento americano sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito é tido como das mais ricas e autoriza- das fontes de direito comparado sobre o tema. O inquérito legislativo do direito anglo-saxão ganhou força, venceu fronteiras e se alastrou por Países filiados a outros sistemas de direito. A Constituição brasileira alista-se entre as que consagram, explicitamente, esse mecanismo de ação do Legislativo, na companhia, entre outras, da Constituição da Itália, da Lei Fundamental da Alemanha e da Carta do Japão.
	
2.1 	A previsão da CPI na Constituição 
	A Comissão Parlamentar de Inquérito está prevista na Constituição no § 3º do art. 58, que estatui: 
“As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores”. 
No plano federal, como se vê, qualquer das Casas do Congresso pode instaurar Comissões Parlamentares de Inquérito, havendo,ainda, a opção da CPI mista, levada acabo pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, de modo bicameral. As Assembleias Legislativas também podem abrir CPIs, como também o podem as Câmaras de Vereadores.
	 As Comissões Parlamentares de Inquérito nos Estados e nos Municípios devem se espelhar no modelo federal, a elas se estendendo a regulação e as limitações deste instrumento dispostas na Carta da República. As atividades da CPI são, igualmente, objeto da atenção da Lei n. 1.579/52. A composição da CPI busca ser fiel ao quadro de forças partidárias que existe no Parlamento.
2.2	Controle judicial dos atos da CPI
	 A Comissão está vinculada à Casa Legislativa em que surge, e os seus atos são imputáveis a essa mesma Casa. Isso traz consequências relevantes, do ponto de vista da competência jurisdicional para apreciar os seus atos. Ex: Uma CPI no âmbito do Congresso Nacional sujeita-se ao controle judicial, por meio de habeas corpus ou de mandado de segurança, diretamente pelo Supremo Tribunal Federal. 
2.3	Objeto da CPI 
	As Comissões Parlamentares de Inquérito destinam-se “a reunir dados e informações para o exercício das funções constitucionais conferidas ao Parlamento A doutrina aponta que “o direito de inquirir é inerente a todo poder que delibera, e que, por isso, tem a necessidade de conhecer a verdade”. 
	Como imperativo de eficiência e a bem da preservação de direitos fundamentais, a Constituição determina que a CPI tenha por objeto um fato determinado. Ficam impedidas devassas generalizadas. Se fossem admissíveis investigações livres e indefini- das haveria o risco de se produzir um quadro de insegurança e de perigo para as liberdades fundamentais. Por isso, em trabalho de doutrina, José Celso de Mello assinalou que:
“constitui verdadeiro abuso instaurar-se inquérito legislativo com o fito de investigar fatos genericamente enunciados, vagos ou indefinidos”.
	 Cretella Júnior explicita que fato determinado “é fato específico, bem delineado, de modo a não deixar dúvidas sobre o objeto a ser investigado”. O fato pode ser singular ou múltiplo, marcado por um ponto comum..Ao ver do STF, a CPI “não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal”. A exigência de que, no ato de instauração da CPI, seja indicado com clareza o fato bem delimitado que ela se propõe a investigar mostra-se importante para o próprio controle das atividades da comissão. 
	A CPI não pode alargar o âmbito do seu inquérito para além do que, direta ou indiretamente, disser respeitoao objetivo para o qual foi criada. Ainda no que tange ao objeto das Comissões Parlamentares de Inquérito, não se controverte que tudo quanto se inclua no domínio da competência legislativa do Parlamento pode ser objeto de investigação. Numa federação, isso permite enxergar uma limitação de competência específica: uma CPI no legislativo federal não deve invadir área da competência constitucional dos Estados ou Municípios.
	A nossa jurisprudência e a nossa doutrina ensinam que as CPIs não se destinam a apurar responsabilidades nem a efetuar julgamentos, mas têm por meta coletar material para os a fazeres legislativos. Prestam-se elas para obter informações necessárias à elaboração de leis, bem assim para supervisionar o trabalho do Executivo na aplicação das leis vigentes. Daí já se ter afirmado, no Supremo Tribunal Federal, que “podem ser objeto de investigação todos os assuntos que estejam na competência legislativa ou investigatória do Congresso”,enfatizando-se que“ a CPI não se destina a apurar crimes nem a punilos, [ações]da competência dos Poderes Executivo e Judiciário”.
	 Essa inteligência tem apoio no art.58,§3º,da Constituição, que atribui poderes de investigação próprios das autoridades judiciais às Comissões Parlamentares de Inquérito, mas não lhes estende os poderes de julgamento. Tanto assim que, na parte final da norma, diz o constituinte que, sendo o caso, as conclusões da CPI devem ser “encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores”. Cabe, assim, ao Ministério Público formular acusações penais em virtude de fatos dados a conhecer no curso da CPI e ajuizar ações civis públicas ou ações de improbidade, para atalhar lesões ao patrimônio público. Enfatiza-se que, qualquer que seja o resultado de suas investigações, as CPIs não podem anular atos do Executivo. Tal tarefa é cometida ao Judiciário, por provocação, sobretudo, do Ministério Público, sem que, obviamente, essa atribuição do Parquet obste o uso da ação popular por qualquer cidadão.
2.4 	Prazo 
	 A Constituição Federal, no art. 58, § 3º, além de estabelecer que as CPIs devem apurar fato determinado, diz que elas o farão “por prazo certo”. Não cuida, entretanto, de fixar tal prazo. A questão tem relevo evidente, dadas as repercussões das Comissões Parlamentares de Inquérito sobre interesses dos envolvidos nas investigações. Se o tema é relevante, é também polêmico. O STF, porém, já o dirimiu, embora com votos divergentes. A questão envolvia, de um lado, o Regimento da Câmara dos Deputados, que estabelece o prazo de cento e vinte dias para o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito, prorrogável até a metade, resultando num intervalo cronológico máximo de cento e oitenta dias. De outro lado,a Lei n.1.579/52,no art.5º, § 2º, dispõe que as incumbências da CPI terminam com a sessão legislativa em que criada, podendo ser prorrogada até o término da legislatura em curso. A Suprema Corte brasileira, atenta a que a CPI oferece constante potencial de interferência sobre direitos fundamentais dos investigados, concluiu que, por isso, a regulação do seu tempo de duração deveria ser objeto de lei, e não de resolução. A fórmula da Lei n. 1.579/52 — permitindo o prolongamento dos trabalhos enquanto durar a legislatura — foi, por isso, acolhida.
2.5 	CPI como direito das minorias parlamentares 
	As CPIs são formadas a partir de requerimento de parcela dos integrantes da Casa Legislativa, e o STF entende impróprio que a falta de indicação de integrantes da CPI pelos líderes partidários obstrua o início do seu funcionamento, sob pena de “afronta ao direito público subjetivo (...) assegurado às minorias legislativas de ver instaurado o inquérito parlamentar, com apoio no direito de oposição, legítimo consectário do princípio democrático”. Da mesma forma, e também porque a CPI é um instrumento de ação das minorias parlamentares, o STF afirmou inconstitucional que, nos Estados- Membros, se submeta a criação de CPI, requerida pelo número de parlamentares estatuído na Carta da República, à deliberação do Plenário ou a qualquer outro órgão do Poder Legislativo. 
	Embora a Constituição em vigor não tenha, como a passada, estabelecido esse tipo de restrição, nem a Lei n.1.579/52hajadis- posto a respeito, o Supremo Tribunal Federal entendeu ser possível que os regimentos internos das Casas Legislativas fixem certo número máximo de CPIs simultâneas, por caber ao regi- mento disciplinar o funcionamento da Casa parlamentar.
2.6 	Poderes das CPIs
 	De pouco adiantaria que fosse previsto o direito de o Congresso Nacional investigar se não estivesse aparelhado, normativamente, para a função. Por isso, a Constituição em vigor re solveu que as CPIs dispõem dos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Desse modo, e com base também nas previsões expressas da Lei n. 1.579/52, art. 2º, cabe às CPIs determinar as diligências que estimar necessárias, convocar Ministros de Estado, tomar depoimentos de qualquer autoridade, ouvir indiciados e testemunhas, estas sob compromisso, requisitar informações e documentos de órgãos públicos, transportar-se para qualquer lugar em que considere necessário estar.
	 O STF também já aludiu à competência do Tribunal de Contas da União — órgão que auxilia o Congresso Nacional — para requerer a realização de inspeções e auditorias.
2.7 	Testemunhas e indiciados
 	Conquanto indisputável que cabe à CPI convocar testemunhas e ouvir indiciados, essa atividade vem motivando diversas intervenções do Supremo Tribunal Federal, permitindo que se descortine certa sistemática a ser obedecida. 
	O Supremo Tribunal teve ocasião de enunciar que a convocação de testemunhas e de indiciados deve ser feita pelo modo prescrito nos dispositivos do Código de Processo Penal sobre o chamamento de indivíduos para participar do processo. Por isso, disse o STF “não ser viável a intimação por via postal ou por via de comunicação telefônica. [Ela] deve ser feita pessoalmente.
	Já se traçou um paralelo do intimado a depor na CPI com o indíviduo chamado a participar do processo penal, ressaltando-se que este tem o direito de ser ouvido na comarca do seu domicílio. Apontou-se que a Lei n. 1.579/52 prevê que os membros da CPI transportem-se para os lugares onde se fizer necessária a sua presença. Isso não obstante, admitiu-se que a CPI convoque a Brasília quem não reside na Capital, indicando-se, contudo, que “os custos de tal deslocamento devem correr por conta do órgão que convocou [a testemunha]”. 
	O privilégio de que gozam certas autoridades de, no processo penal, marcar dia e hora para serem inquiridos também deve ser observado pela CPI49. No HC 80.24050, surgido no contexto de Comissão de Inquérito destinada a apurar vícios na ocupação de terras públicas na Amazônia, assentou-se que, se a CPI tenciona ouvir um índio, deve fazê-lo na própria área indígena, em hora e dia combinados previamente, na presença de representantes da FUNAI e de antropólogo especializado. 
	As testemunhas, uma vez convocadas em termos, são obrigadas a comparecer. A comissão pode, inclusive, requisitar força policial para trazê-las à sua presença. Por isso mesmo, o STF admite, em tese, a impetração de habeas corpus contra intimação para deporem CPI, já que “a intimação do paciente para deporem CPI, contém em si a possibilidade de condução coerciva da testemunha que se recuse a comparecer”. Assim, o primeiro dever de quem é convocado, de modo hábil, para depor numa CPI é o de a ela se apresentar. O segundo dever é o de dizer a verdade e não calar fato relevante que lhe seja indagado — dever que a Lei n. 1.579/52, art. 4º, II, sanciona com pena criminal. No Brasil, a testemunha que se recusa a responder o que lhe é indagado tem o direito de se recusar a responder o que lhe é de mandado, se a pergunta não guardar correlação com o objeto da comissão de inquérito. Por isso, o objeto das investigações deve ser bem delimitado.
	AComissão tem o dever de informar a o depoente,se demandada,em quê a pergunta feita se relaciona com o objeto da ação investigativa para a qual a comissão foi criada. Em caso de processo criminal contra a testemunha recalcitrante, é ônus da acusação esclarecer a pertinência da pergunta refugada ao objeto do inquérito legislativo. possível “. 
	O depoente pode-se recusar a responder o que lhe é indagado. Não lhe pode ser exigida explanação que o incrimine. O privilégio contra a autoincriminação consiste na faculdade de o interrogando silenciar, para evitar re- conhecer o cometimento de infração penal. Ali, se o depoente invoca esse direito, que tem fundamento na 5ª Emenda à Constituição, a comissão deve respeitar a sua disposição de se calar. Esse direito, entre nós, é reconhecido com base em dispositivo constitucional. Deriva, segundo o STF, do direito do preso ao silêncio, previsto no art. 5º, LXIII, da Lei Maior. O privilégio contra a auto - incriminação alcança o depoente quer tenha sido chamado na qualidade de testemunha, quer na condição de indiciado. O STF tem concedido liminares em habeas corpus para assegurar o direito de não responder a perguntas feitas em CPIs cuja resposta possa ser autoincriminadora, assinalando que “só o depoente é quem pode identificar o risco da autoincriminação da resposta a certas indagações”. O silêncio do depoente não pode ser interpretado em seu desfavor. 
	Numa outra hipótese, a testemunha pode — e até deve — calar-se: quando a sua resposta contravier dever de sigilo profissional ou funcional. Se a CPI tem os mesmos poderes de investigação do Judiciário, está, igualmente, subordinada às limitações no precedente, salvo-conduto para o paciente “não ser preso ao calar a respeito de indagações que dizem respeito à sua profissão”. Solução semelhante haverá de prevalecer se um jornalista for intimado a comparecer a uma CPI. Dele não se poderá requerer que, a propósito de alguma informação que haja publicado,revele a fonte, cujo sigilo é objeto de garantia constitucional específica (art. 5º, XIV, da CF). 
	O depoente é credor de tratamento urbano e respeitoso, porque ninguém pode ser submetido a tratamento desumano ou degradante. “Aquele que, numa CPI, ao ser interrogado, for injustamente atingido em sua honra ou imagem, poderá pleitear judicialmente indenização por danos morais ou materiais, neste último caso, se tiver sofrido prejuízo financeiro em decorrência de sua exposição pública, tudo com suporte no disposto na Constituição, em seu art. 5º, X”. A decretação de prisão pela CPI somente se admite no caso de crime em estado de flagrância. O STF não acolhe pedido de depoente de se submeter a questionamentos em sessão livre da presença de jornalistas e de câmeras de televisão. Entende preponderar o interesse da “exposição, ao escrutínio público, dos processos decisórios e investigatórios em curso no Parlamento.
	
	As CPIs não podem impedir as testemunhas e indiciados de se apresentarem ao lado de advogados para os depoimentos requeridos. O STF assegurou que os advogados podem ter participação ativa na sessão, mantendo contato pessoal e direto com os clientes, se entenderem que a questão formulada é autoincriminadora. Cabe-lhes reclamar contra comportamento arbitrário da Comissão, de forma verbal ou escrita. É permitido ao advogado intervir se, por exemplo, no curso do depoimento do cliente, vem a ser exibida prova ilícita (como uma gravação de comunicação telefônica interceptada sem ordem judicial).
2.8 	Testemunhas, CPI e separação de Poderes 
	O princípio da separação de Poderes constitui outro limite à ação das Comissões Parlamentares de Inquérito. O acervo de jurisprudência da suprema Corte registra precedentes assentando que a CPI não pode investigar decisões judiciárias e as circunstâncias em que foram proferidas, embora os atos administrativos praticados pelos juízes estejam sob a esfera de sindicância dessas comissões.
2.9 	Poderes cautelares 
	Em outros precedentes, tem-se frisado que o poder de investigação judicial que o constituinte estendeu às CPIs não se confunde com os poderes gerais de cautela de que dispõem os magistrados nos feitos judiciais. Estes não foram atribuídos às Comissões Parlamentares de Inquérito. Vem-se reiterando o magistério do STF no sentido de que a CPI não dispõe do poder de decretar prisão — nem mesmo a prisão cautelar, já que, “no sistema do direito constitucional positivo brasileiro, os casos de privação de liberdade individual somente podem derivar de situação de flagrância (CF, art. 5º, LXI) ou de ordem emanada de autoridade judicial competente (CF,art.5º,LXI),ressalvada a hipótese de evidente excepcionalidade — de ‘prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor 136, § 3º, I), durante a vigência do estado de defesa decretado pelo Presidente de República”. Dado que os poderes cautelares do juiz não foram atribuí- dos às CPIs, a jurisprudência do STF nega às comissões competência para proibir o afastamento do País ou para decretar a in- disponibilidade de bens de indiciados. Justamente por não poder desempenhar poderes cautelares, a CPI não está apta a decretar arresto, sequestro ou hipoteca judiciária. 
2.10 	 Diligências e requisição de documentos
	 Outros pontos controvertidos sobre os poderes de investigação das Comissões Parlamentares de Inquérito têm sido resolvidos pelo Supremo Tribunal Federal. Tema que motivou questionamentos no STF diz respeito ao poder das CPIs de requisitarem, de instituições financeiras, documentos e informações sigilosas sobre investigados. O Tribunal tem entendido que as comissões “podem decretar a quebra do sigilo bancário de pessoas por ela investigadas”.
	O STF adere ao pressuposto de que não há direitos ou garantias de caráter absoluto; por isso, certas garantias, como a do sigilo bancário, em casos concretos, cedem a valores constitucionais concorrentes. Ademais, o direito ao sigilo bancário representaria “uma projeção do direito à intimidade, [que] não se acha submetida ao princípio da reserva de jurisdição”; por isso, a Lei n. 4.595/64, ao admitir, no art. 38, § 1º, a quebra do sigilo bancário a pedido de CPI, foi tida como recebida pela ordem constitucional em vigor. Haveria, em tais hipóteses, de se efetuar “um juízo de ponderação, à luz do princípio da proporcionalidade, entre o interesse público na produção da prova visa da e as garantias constitucionais de sigilo e privacidade por ela necessariamente comprometidas”. Essa ponderação há de apurar se não se pode obter a in- formação relevante por outro meio menos danoso a essas garantias.
	 A CPI, portanto, pode requerer a quebra de sigilo bancário. Nessa mesma linha, o STF reconhece a prerrogativa de a CPI quebrar sigilo fiscal dos seus investigados, bem assim o sigilo telefônico. O poder de quebrar sigilo bancário não se restringe às CPIs abertas no Congresso Nacional; estende-se também aos inquéritos legislativos instaurados nas Assembleias Legislativas estaduais, não sendo legítimo que o Banco Central se recuse a fornecer-lhes os dados que lhe são requeridos. Distingue o Tribunal a quebra do sigilo telefônico da interceptação telefônica. O sigilo telefônico se refere aos registros dos números telefônicos de onde procederam ligações para o investigado ou dos números telefônicos para os quais o investigado ligou, bem assim dados sobre quando as ligações foram efetivadas e quanto duraram. Essas informações são mantidas pelas companhias telefônicas, e o sigilo se fundamenta na proteção geral do direito à privacidade — a mesma garantia constitucional que embasa o sigilo fiscal e o bancário. O sigilo telefônico pode ser quebrado por deliberação da CPI.
	A interceptação de comunicação telefônica é algo diverso. Na interceptação, a própria comunicação é objeto de escuta. O conteúdo da comunicação torna-se o alvo da interferência. Com relação ao conteúdo das comunicações telefônicas, a Constituição conferiu proteção reforçada ao indivíduo. A hipótese de ruptura da proteçãooferecida pela Constituição ao sigilo das comunicações telefônicas está prevista no texto constitucional (art. 5º, XII) — o sigilo somente pode ser violado, por ordem judicial, nas hipóteses previstas em lei, e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Fala-se que a providência estaria submetida à reserva de jurisdição. A cláusula de reserva de jurisdição consiste em confinar ao âmbito do Judiciário a prática de certos atos que impliquem restrição a direitos individuais especialmente protegidos. A se aceitar a existência de tal cláusula, haveria poderes de investigação que apenas as autoridades judiciais estariam legitimadas a exercer. A cláusula da reserva de jurisdição tem sido invocada, igualmente, para inibir decisões de CPIs envolvendo buscas e apreensões no domicílio de investigados. Enxerga-se na redação do art. 5º, XI, da Lei Maior uma garantia que somente poderia ser vencida por ordem de autoridade judicial — nega-se, portanto, que a CPI possa determinar que se entre na casa de alguém sem o consentimento do morador, para realizar uma busca e apreensão.
 
	Explicitou-se, ainda, que a expressão casa, empregada pelo constituinte, “compreende, na abrangência de sua designação tutelar, (a) qualquer compartimento habitado, (b) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva e (c) qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade”. Da mesma forma, o Supremo Tribunal lecionou que “o sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça é oponível a Comissão Parlamentar de Inquérito”. Se o STF tem admitido a quebra, pela CPI, de garantias básicas, vem, igualmente, afirmando que o uso desses poderes está sujeito aos requisitos de fundamentação a que os juízes estão obrigados. Providências que importam invasão da esfera dos direitos individuais reclamam, na visão firme do Tribunal, motivação.
	A motivação é relevante também para que se possa aferir a existência do vínculo de pertinência da medida com o fato de- terminado que levou à sua instalação85. Em pelo menos dois precedentes o STF chegou a adiantar em que consiste a motivação exigida. A CPI deve mencionar os indícios da existência de uma causa provável que legitime a medida excepcional, e deve, a seguir, justificar a necessidade da medida, no contexto das investigações a seu cargo. O STF não admite a motivação a posteriori aquela feita depois de determinada a medida invasiva de direitos individuais. As razões da providência devem ser “expostas por ocasião da de- liberação tomada pela CPI, pois a existência contemporânea da motivação constitui pressuposto de legitimação do próprio ato decisório”.
	 A falta de motivação não pode ser suprida mais tarde, ao ensejo das informações em mandado de segurança, por exemplo. Admite-se a motivação per relation em, em que se faz remissão a documentos e a depoimentos já constantes dos autos. Quando se verifica a quebra do sigilo fiscal, bancário ou telefônico, isso não coloca as informações obtidas no domínio público. A CPI, ao receber os informes, torna-se depositária do segredo. O STF já advertiu que “constitui comportamento alta- mente censurável — com todas as consequências de ordem penal que possam resultar — a transgressão, por membros de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, do dever jurídico de respeito e de preservação do sigilo concernente aos dados a ela transmitidos”. Sendo necessário, as informações sigilosas podem ser referidas no relatório final90, ao se postularem providências a serem assumidas pelo Poder Público. O relatório conclusivo da CPI é enviado ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União, para providências de ordem cível e penal. Admite-se que a CPI produza relatórios parciais no decorrer dos seus trabalhos.
3 	CONCLUSÃO
	As CPIs têm sido as vedetes do noticiário político e até policial dos últimos tempos. Ostentam um vasto potencial positivo. 
	Por meio delas, vêm à tona realidades que, de outra forma, não emergiriam ao debate público, não obstante merecerem a atenção legislativa. A vida política do País tende a ser depurada com o trabalho consequente das Comissões Parlamentares de Inquérito. 
	Não é privilégio brasileiro, entretanto, que, ocasionalmente, a vontade de agir de uma CPI termine por colidir com direitos individuais. Para orientar a harmonização do interesse público a que buscam as CPIs com os direitos fundamentais e o princípio da separação de Poderes, a ação do STF é crucial, vindo a traçar, com mais nitidez, o desenho institucional das CPIs no Direito brasileiro.
REFERÊNCIAS
MENDES, Gilmar Ferreira Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 7. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012. 1, p. 1191 - 1207 Brasil - Direito constitucional 2. Direito constitucional. I. Branco, Paulo Gustavo Gonet. II. Título.
FACULDADE CENECISTA DE VARGINHA
Administração e Ciências Contábeis: Reconhecimento pelo Decreto Federal Nº 76177/75 - D.O. 02/09/75
Ciências Econômicas: Reconhecimento através da Portaria Ministerial Nº 242/91 - D.O. 22/02/91
Sistemas de Informação: Reconhecimento através da Portaria Nº 4.562 - D.O. 29/12/05
Direito: Reconhecimento através da Portaria Nº 895 - D.O. 20/11/08
Engenharia de Produção: Autorização através da Portaria Nº 1.687 - D.O. 25/11/09
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