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20170811091604Lei 11.340.06 Maria da Penha

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Lei 11.340/06 (Violência doméstica e familiar contra a mulher) – Maria da Penha
Prof. Yuri Serra Teixeira
O Direito seria um instrumento de dominação masculina? - Histórico
A categoria da mulher como sujeito passivo de crimes sexuais: classificada como “virgem”, “honesta”, “prostituta”, “pública”, ou “simplesmente mulher”. 
Nas ordenações do reino: A mulher não podia ser vítima de adultério, só figurando no polo ativo; O marido traído poderia realizar a vingança, pois a lei entendia lícita a morte da esposa e do seu amante, ainda que não os encontrasse em flagrante. “Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar assim a ela como o adúltero, salvo se o marido for peão, e o adúltero Fidalgo, ou nosso desembargador, ou pessoa de maior qualidade”.
Código Criminal do Império: Da mulher honesta e dos crimes de estupro e rapto.
Código Penal de 1890: Mantida as mesmas diretrizes do Código Criminal do Império.
Código Penal Atual: Conceito de mulher honesta mantido até a Lei 11.106/05 (Reforma do crimes sexuais).
Da mulher honesta à lei com nome de mulher: o lugar do feminismo na legislação penal brasileira
Duas faces da mulher: uma para o Direito Civil e outra para o Direito Penal. 
Direito Civil: Sujeito sem capacidade civil;
Direito Penal: Mulher honesta.
Conceito de mulher honesta para a doutrina:
“ [...] é a honrada, de decoro, decência e compostura. É aquela que, sem se pretender traçar uma conduta ascética, conserva, entretanto, no contrário diário com seus semelhantes, na vida social, a dignidade e o nome, tornando-se assim, merecedora do respeito dos que a cercam. Não vivendo no claustro nem no bordel, justamente é quem mais pode ser vítima do crime, donde logicamente de proteção legal.”
“Mulher desonesta não é somente a que faz mercancia do corpo. É também a que, por gozo, depravação, espírito de aventura etc., entrega-se a quem a requesta. Não é só o intuito de lucro que infama a posse da fêmea. A conduta da horizontal, muita vez, é digna de consideração, o que se não dá com a de quem, livre das necessidades, se entrega tão só pelo gozo, volúpia, luxúria”. 
 (NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal, v.III, 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 137-138)
Positivismo criminológico
Antropologia Criminal
La donna delinquente de Cesare Lombroso e Giovanni Ferrero.
Algumas conclusões da obra:
1) Segundo a obra, a mulher é portadora de características determinadas fisiologicamente como a passividade e a imobilidade.
2) Apresentam uma capacidade maior de adaptação e são mais obedientes à lei que os homens. Ao mesmo tempo, sem dúvida, são potencialmente amorais: isto é, enganadoras, frias, calculistas, sedutoras e malévolas. 
Da representatividade das lutas feministas: Considerações importantes.
Dos tratados internacionais de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher; (1979/1984)
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; (1994)
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento;
IV Conferência Mundial sobre a Mulher(Conferência de Pequim).
O Caso Maria da Penha
Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil (2015)
Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil(2015)
Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil (2015)
A Lei 11.340/06 e o Conceito legal de Violência doméstica
Art. 5º da Lei 11.340/06: “Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar, contra a mulher qualquer ação ou omissão, baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
				 Sujeito Ativo
A violência e seus atores:
				 Sujeito Passivo
Qual a diferença entre sexo e gênero?
Campo de abrangência:
Unidade doméstica;
Âmbito Familiar;
Relações intimas de afeto; 
Unidade doméstica
Art. 5º, I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. 
Unidade doméstica: Deve ser entendida como conduta praticada em razão dessa unidade da qual a vítima faz parte. 
NUCCI, Guilherme (2015, p. 864): “A mulher agredida no âmbito da unidade doméstica deve fazer parte da relação familiar. Não seria lógico que qualquer mulher, bastando estar na casa de alguém, onde há relação doméstica entre terceiros, se agredida fosse, gerasse a aplicação da agravante da Lei Maria da Penha”.
Âmbito Familiar
Art.5º, II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
Conceito de família inserto no dispositivo legal;
Indivíduo X “Um homem e uma mulher”;
Conceito de família na CF: Art. 226, §3º e 4º.
Famílias homoafetivas foram reconhecidas como entidade familiar pelo STF e o STJ: (STF, ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Brito, j. 05/05/2011; STJ, REsp. 1.183.378/RS, 4ª T., Rel. Min Luis Felipe Salomão, j. 25/10/2011).
Famílias paralelas ou relações concomitantes.
Filiação socioafetiva (CC, arts. 1.591, 1.592 e 1.593).
Tutela e curatela (CP, Art. 129, §11).
Relações intimas de afeto
Art. 5º, III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Conceito: A família modernamente concebida tem origem plural e se revela como o núcleo de afeto no qual o cidadão se realiza e vive em busca da própria felicidade (Maria Berenice Dias).
A questão do namoro, é uma relação intima de afeto?:
LEI MARIA DA PENHA. HABEAS CORPUS. MEDIDA PROTETIVA. RELAÇAO DE NAMORO. DECISAO DA 3ª SEÇAO DO STJ. AFETO E CONVIVÊNCIA INDEPENDENTE DE COABITAÇAO. CARACTERIZAÇAO DE ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICOPARA A MEDIDA. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. DECURSO DE TRINTA DIAS SEM AJUIZAMENTO DA AÇAO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇAO DO TRIBUNAL A QUO. SUPRESSAO DE INSTÂNCIA. PEDIDO PARCIALMENTECONHECIDO E, NESSA EXTENSAO, DENEGADO.1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao decidir os conflitos nºs. 91980 e 94447, não se posicionou no sentido de que o namoro não foi alcançado pela Lei Maria da Penha, ela decidiu, por maioria, que naqueles casos concretos a agressão não decorria do namoro.2. Caracteriza violência doméstica, para os efeitos da Lei 11.340/2006, quaisquer agressões físicas, sexuais ou psicológicas causadas por homem em uma mulher com quem tenha convivido em qualquer relação íntima de afeto, independente de coabitação.3. O namoro é uma relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto, a agressão do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência dele, caracteriza violência doméstica.
Exercício de fixação
O crime de lesão corporal com violência doméstica somente pode ser praticado contra cônjuge ou companheira, com quem o autor da agressão conviva ou tenha convivido na época dos fatos. (Promotor de Justiça/SC – 2014)
CERTO ( )		ERRADO ( ) 
Nos termos da Lei nº 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, a empregada doméstica poderá ser sujeito passivo de violência praticada por seus empregadores. (Agente de Polícia/DF – 2013):
CERTO ( )		ERRADO ( ) 
Formas de violência
Art. 7o I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Lesão corporal baseada na violência doméstica
Lesão corporal simples:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal qualificada pela violência doméstica:
§ 9º  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.  (Possibilidade de SURSIS)
Leve; ATENÇÃO
Grave;
Gravíssima.
Da ação penal do crime de lesão corporal leve de acordo com a Lei 11.340/06
Ação penal pública condicionada a representação da vitima;
Ação penal pública incondicionada;
Ação penal privada;
Ação penal privada subsidiária da pública.
STF na ADI 4424 definiu que no crime de lesão corporal leve baseada na violência de gênero contra a mulher a ação penal é incondicionada a representação da vítima. 
Súmula 542/2015 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015)
É processado e julgado nos Juizados Especiais?
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Das circunstâncias agravantes e a Lei 11.340/06
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
A lesão corporal qualificada pela violência doméstica contra a mulher e o princípio do bis in idem;
Exercício de fixação
Convencido de que havia sido traído, Pedro empurrou violentamente sua esposa contra a parede. Submetida a exame de corpo de delito, constatou-se a presença de lesões corporais de natureza leve praticada em contexto de violência doméstica. 
Considerando esse caso hipotético, assinale a alternativa correta acerca dos juizados especiais criminais e da Lei Maria da Penha.
A ação penal será pública condicionada à requisição do ministro da Justiça.
É possível a composição civil dos danos, com estipulação de danos morais em favor da vítima, para se evitar a persecução penal.
A ação penal será pública incondicionada.
A ação penal será privada.
A ação penal será pública condicionada à representação da ofendida.
Dos delitos sujeitos à representação:
 Algumas definições iniciais:
O que é desistência, retratação e renúncia? E quando é possível aplicar? 
			 Renúncia: Abdicar o direito de representar
			 
Desistência
(Gênero)
			 Retratação: Desistir da representação já manifestada
Exigem representação para o desencadeamento da Ação Penal
Os crimes de ação pública condicionada, assim identificados no Código Penal, por expressa disposição do Art. 88 da Lei 9.099/95.
Os delitos de lesão corporal leve. ¹
As lesões culposas.
¹ No Julgamento da ADC 19-3/610 e da Adi 4424 no STF, em 08/02/2012 de Rel. do Min. Marco Aurélio foi decidido que a lesão corporal leve contra a mulher é PÚBLICA INCONDICIONADA, uma vez que a manifestação da vontade da mulher é cerceada pela violência, pelo medo de represálias e de mais agressões. 
Súmula 542 do STJ: “a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
Quais os delitos no Código Penal que são sujeitos à representação e podem ter aplicabilidade na Lei Maria da Penha?
 Crimes contra a honra;
 Os delitos de perigo de contágio venéreo;
 Ameaça;
 Violação de correspondência;
 Dano;
E outros.
OBS.: Para caracterizar a violência doméstica e familiar contra a mulher é necessário que a ação ou omissão seja baseada no gênero e realizada no contexto de uma unidade doméstica, do âmbito familiar ou de uma relação intima de afeto (Art. 5º da Lei 11.340/06)
Art. 16 da Lei 11.340/06: “Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só é admitida a renúncia² à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
Limites no Código Penal e Processual Penal (Art. 102 do CP e Art. 25 do CPP):
 A representação é irretratável depois de oferecida a denúncia pelo Ministério Público. 
² As dúvidas sobre o exato significado desta expressão são muitas, havendo quem diga que o legislador escrever palavras inúteis. Outros sugerem que, onde se lê, no Art. 16, “renúncia”, leia-se, “retratação da representação”. Deveria constar retratação à representação, uma vez que renúncia somente poderia ocorrer antes do exercício do direito de representação.
ATENÇÃO
Procedimento do Art. 16 da Lei Maria da Penha
Definição de Competência (Art. 14 da LMP):
Competência de Jurisdição:
Regra Geral: Justiça Comum Estadual
Exceção: Justiça Federal, em caso de grave violação dos Direitos Humanos. (Art. 109, V-A da CF/88).
Competência de Juízo: 
Regra Geral: Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Exceção: Vara Criminal. (Art. 33 da LMP)
OBS.: Recomendação 09 do CNJ.
Competência ratione personae:
Que a violência seja contra a mulher;
Que ocorra no âmbito doméstico, familiar ou decorra de relacionamento íntimo do agente do fato. 
Em crimes dolosos contra a vida, a competência será do Tribunal do Júri ou do JVDFM?
 Habeas Corpus. Crime doloso contra a vida processado pelo Juizado de Violência Doméstica e familiar contra a mulher. Nulidade. Não ocorrência. Liberdade Provisória. Crime Hediondo. Impossibilidade. Ordem denegada. Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso contra a vida, seu processamento, até a fase da pronúncia, poderá ser pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em atenção à 11.340/2006 (...) Denegaram a ordem, ressalvado o posicionamento da Relatora. (ATJ, HC 73.161/SC, 5ª T., Rel. Min. Jane Silva, j. 29/08/2007)
Exercício de fixação
Sobre os crimes de que tratam a Lei no 11.340/2006 (cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher), é INCORRETO afirmar: 
As formas de violência doméstica e familiar contra a mulher estão taxativamente previstas no art. 7o da Lei no 11.340/2006, não sendo objeto de medidas protetivas de urgência outras senão aquelas elencadas nesse dispositivo
Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata a Lei no 11.340/2006, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia. 
O crime de lesão corporal leve ou culposa, praticado mediante violência doméstica (CP, art. 129, § 9o ), é de ação penal pública incondicionada
É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa
Vínculos afetivos que refogem ao conceito de família e de entidade familiar nem por isso deixam de ser marcados pela violência. Assim, namorados e noivos, mesmo que não vivam sob o mesmo teto, mas resultando a situação de violência do relacionamento, faz com que a mulher mereça o abrigo da Lei Maria da Penha.
Exercício de fixação
A Lei nº 11.340/06 criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, regulamentando o §8º, do art. 226, da CF, de acordo com as previsões da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Quanto aos seus dispositivos de natureza penal, assinale a alternativa incorreta:
O conceito de violência doméstica e familiar utilizado para fins de definição de conduta típica trazido pela Lei é o de ação ou omissão baseada no gênero (art. 5º, caput), que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e ainda, dano moral ou patrimonial;
Para a configuração das agravantes penais trazidas pela Lei, prevê-se que a violência praticada contra a mulher haja ocorrido dentro da família ou unidade doméstica, exigindo-se para tanto a constatação da existência de convivência presente ou passada em uma relação de coabitação;
Segundo a Lei, considera-se família a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa, conceito este que merece interpretação restritiva para fins penais, sob pena de ofensa ao princípio da taxatividade e, consequentemente, da legalidade;
Conforme dispõe a Lei, violência física é a lesão corporal praticada contra a mulher no âmbito doméstico ou familiar, sendo que nesse caso já existe tipo penal incriminador próprio (art. 129, §§ 9º e 10, do Código Penal), o que necessariamente afasta a aplicação da agravante prevista no art. 61, inc. II, alínea “f”, do mesmo “Codex”, em razão da vedação da prática de “bis in idem”
O dispositivo legal que traz a previsão da possibilidade de ocorrência de violência patrimonial contra a mulher, sendo esta descrita como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades, encontra verdadeira limitação de aplicação em razão das imunidades fixadas pelos arts. 181 e 182 do Código Penal.
Da natureza jurídica da tutela de urgência
Natureza Jurídica das medidas protetivas:
Natureza penal;
Natureza cível;
Natureza acessória;
Natureza satisfativa.
OBS.: Art. 18, § 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Das medidas protetivas de urgência
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Da prisão preventiva
A prisão preventiva é cabível (Art. 313, CPP): 
	a) Nos crimes dolosos cuja a pena máxima cominada seja superior a quatro anos;
	b) Nos casos de reincidência em crime doloso.
A Lei 12.403/11 criou mais uma possibilidade:
	c) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Outras medidas existentes na Lei Maria da Penha
Comparecimento a programa de recuperação e redução:
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único.  Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.       
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