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trabalho individual Reggio Emilia

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SUMÁRIO
31 INTRODUÇÃO	�
42 DESENVOLVIMENTO	�
74 CONCLUSÃO	�
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a abordagem e as práticas pedagógicas de Reggio Emília, desenvolvidas nos Centros de Educação Infantil de Reggio Emília, no norte da Itália, esclarecendo de que forma elas são realizadas com as crianças.
Com base em reportagens, artigos e vídeos podemos de fato, conhecer e compreender os aspectos que mais se destacam nessa abordagem, como a arquitetura e ambiente, currículo flexível, o envolvimento dos pais, entre outro.
Num primeiro momento veremos o contexto histórico do surgimento das ideias da filosofia dessa abordagem, suas contribuições para as práticas pedagógicas e o papel do educador.
Posteriormente, vemos de que maneira as propostas pedagógicas e os projetos se desenvolvem nos Centro de Educação Infantil.
Como resultado dessa pesquisa, compreendemos que é necessário enxergar a criança em sua totalidade, desenvolver nelas o uso das diferentes linguagens, considerar seus pensamentos, desejos e interesses, ajudando-as assim, a dar significado e sentido ao mundo em que vivem, compartilhando as diferentes experiências e buscando a construção de uma pedagogia que incentive o protagonismo infantil.
DESENVOLVIMENTO
Reggio Emília é uma cidade situada no norte da Itália, na região Emília Romagna. Sua proposta educacional atinge um conjunto de 33 centros de crianças pequenas que são dirigidos diretamente pela municipalidade de Reggio Emília, e se tornou conhecido como um dos melhores sistemas educacionais do mundo.
Tudo começou com o fim da Segunda Guerra Mundial, em que a Itália saía derrotada e pobre de uma experiência devastadora. Foi quando a comunidade se mobilizou para reconstruir a cidade destruída pela guerra e o primeiro passo foi construir uma escola com as próprias mãos, garantindo assim, uma realidade melhor para suas crianças. 
A população se organizou e com um terreno doado por um fazendeiro, a venda de um tanque de guerra e cavalos de soldados que foram deixados para trás, tijolos e vigas retirados dos escombros e a solidariedade ativa de todos os cidadãos, construíram um mundo melhor para seus filhos: uma escola. Nada estava pronto, tudo foi criado, construído e valorizado.
Então desde sua origem, Reggio Emília é uma escola diferente, nascida da vontade das famílias de construir um mundo melhor por meio da educação. E esse princípio não se perdeu ao longo do tempo.
Loris Malaguzzi foi um educador italiano visionário que ajudou a reconstruir as escolas da região, inclusive fisicamente. Ele aproveitou a oportunidade gerada por essa necessidade de reconstrução total e criou uma nova filosofia educacional, que foi baseada nos seguintes princípios:
- As crianças devem ter algum controle sobre a direção de seu aprendizado.
- As crianças devem poder aprender através de experiências de movimento, toque, visão e audição.
- A exploração das relações que as crianças têm com outras crianças e com materiais no mundo.
- Proporcionar às crianças infinitas formas e oportunidades delas se expressarem. 
A partir dessa concepção, destaca-se o papel de protagonista da criança em sua educação, com controle sobre os direcionamentos da aprendizagem. Para isso é priorizada a experiência real, as crianças podem tocar, fazer, sentir, se relacionar e explorar o que esta em sua volta, para conhecerem o mundo em que vivem.
Loris Malaguzzi, inspirado pelas teorias psicopedagógicas inovadoras da Europa nos anos 50 e 60, como Piaget, Vygotsky e Dewey; e também de pedagogos italianos, como Maria Montessori, irmãs Agazzi e Bruno Ciari, estava convicto de que o processo pedagógico deveria ter como objetivo o desenvolvimento intelectual, emocional, social e moral das crianças. Com essa ideia, Loris Malaguzzi constituiu um principio de ensino no qual não existem as disciplinas formais, todas as atividades pedagógicas são desenvolvidas por meio de projetos.
As ideias de Malaguzzi geram fascinação nos educadores porque ele soube construir uma base teórica consistente ao mesmo tempo em que tinha a capacidade de por tudo em duvida e sempre se confrontando com a realidade. Tinha o poder de pensar grande e defender suas utopias sustentáveis. Era muito comprometido com a cultura e com a participação comunitária. São essas as bases que permanecem ainda hoje e se materializam num trabalho pedagógico rico de experiências, em que o tempo de maturação da criança é respeitado. Uma pedagogia de liberdade e respeito às crianças, às suas famílias e a toda comunidade.
Segundo Malaguzzi (1999), o ambiente escolar também é visto como algo que educa as crianças, na verdade ele é considerado um terceiro educador. Para isso a organização do espaço físico da escola foi cuidadosamente planejada pelos professores, pais e arquitetos, em busca de um ambiente educativo e lúdico, e passa por modificações frequentes realizadas pelas crianças e professores, permanecendo sempre atualizado às necessidades de serem protagonistas na construção do conhecimento.
A estrutura física e o ambiente são planejados para facilitar a comunicação e o diálogo entre os vários ambientes, favorecendo assim, a exploração, a interação e a aprendizagem. As plantas das escolas não tem um projeto único, mas obedecem a ideia de ventilação, iluminação e a valorização de um espaço central, onde todos se encontram. Existe nas escolas muita atenção à beleza, à harmonia dos desenhos, e isso fica evidente nos moveis, que além de funcionais são muito agradáveis. 
Valorizamos o espaço devido ao seu poder de organizar, de promover relacionamentos agradáveis entre as pessoas de diferentes idades, de criar um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e atividade, e a seu potencial para iniciar toda espécie de aprendizagem social, afetiva e cognitiva. Tudo isso contribui para uma sensação de bem- estar e segurança nas crianças. Também pensamos que o espaço deve ser uma espécie de aquário que espelhe as ideias, os valores, as atitudes e a cultura das pessoas que vivem nele. (MALAGUZZI, 1999, p.157)
Os espaços que serão explorados pelas crianças são cuidadosamente pensados e preparados para despertarem o interesse e uma postura investigativa e participativa em relação ao aprendizado.
As escolas contam com salas cobertas com carpetes e travesseiros, onde as crianças pequenas podem engatinhar com segurança ou se aconchegarem com uma professora para verem livros, figuras e ouvir historias. Grandes janelas e repartições de vidro são muito usadas, principalmente nos centros para os bebês, que tendem a sentir mais a separação dos pais.
A cozinha que geralmente é um espaço negado às crianças, é um lugar considerado muito especial na escola e está totalmente conectada com a proposta pedagógica. A cozinheira participa de forma ativa, atuando como formadora por elaborar a dieta das crianças e como educadora permitindo aos alunos participar do preparo dos alimentos. 
Outro elemento bastante importante são os espelhos, não apenas nas paredes, mas também no chão, são cortados em diferentes formatos para estimular as crianças a olharem para suas imagens de forma divertida. Os tetos são usados como espaço para tipos diferentes de esculturas aéreas, lindos móbiles, todos feitos e pendurados pelos professores.
Nos sistemas educacionais tradicionais, as crianças são condicionadas a repetir determinada informação quando perguntada sobre algo. Em Reggio Emília, a construção de projetos gera experiências próprias em cada um dos alunos e os professores estimulam as crianças a se perguntarem se o que fizeram deu certo ou não, se foi fácil ou difícil, o que gostariam de fazer diferente, enfim, elas passam a ser autônomas sobre seus próprios passos. Mais importante que fazer uma pergunta às crianças, é deixarque elas façam as perguntas para elas mesmas, para os colegas e para os professores. Esse é, sem duvida, o aspecto mais revolucionário da proposta.
O trabalho coletivo é uma das bases da abordagem de Reggio Emília. A metodologia valoriza cada um em sua experiência. Isso mostra que independente do seu papel ou função que desempenha, cada pessoa é importante na condução do ensino aprendizagem e, sendo assim, um verdadeiro protagonista de suas experiências. Outro fator primordial é a naturalidade com que é desenvolvida a interdisciplinaridade nessa metodologia, o que destaca o trabalho a favor do desenvolvimento de varias habilidades e competências. 
As escolas de Reggio Emília têm na arte a ferramenta para o pensamento. Sendo a forma usada para a criança se expressar e demonstrar o que sente. A ideia para cada projeto é escolhida com base no interesse e na curiosidade das crianças. Após coletada essas informações pais e professores se reúnem e fazem o planejamento das aulas. 
Uma vez decidido, os alunos passam a pesquisar o tema, vão a campo observar e investigar. Os professores utilizam o espaço que cerca a escola como extensão do espaço da sala de aula. Após essa pesquisa voltam à escola para se expressarem da melhor forma que sabem. As crianças são encorajadas a explorar o ambiente do ateliê, que é rico em possibilidades, e a se expressar em diferentes linguagens – desenho, pintura, colagem, escultura, movimento, montagens, música, dramatizações, etc. Quando os alunos são envolvidos nesses projetos, faz com que essa situação de vazão a muitas outras experiências, muitas vezes totalmente diferentes do projeto original.
Os ateliês de Reggio Emília são equipados com materiais ricamente diversificados que são utilizados tanto pelas crianças quanto pelos professores. Uma grande variedade de elementos da natureza. Têm disponíveis nos ateliês, por exemplo, terras, areias, pedras, folhas, casca de árvores, e também materiais industrializados reaproveitáveis, como rolhas, plásticos, garrafas, tampas e potes. Além de objetos comuns em ateliês, diferentes tipos de mesas, incluindo algumas luminosas, pincéis, tinta, tesoura, etc. E tudo é, cuidadosamente organizado e classificado em prateleiras, facilitando a identificação, a seleção e a apreciação do usuário.
Na organização do espaço, a escola também conta com um miniateliê em cada seção, além do central. O ateliê é visto como o lugar onde as cem linguagens são respeitadas e praticadas.
O ateliê serve a duas funções. Em primeiro lugar, ele oferece um local onde as crianças podem tornar-se mestre de todos os tipos de técnicas, tais como a pintura, desenho e trabalhos com argila – todas as linguagens simbólicas. Em segundo lugar, ele ajuda que os professores compreendam como as crianças inventam veículos autônomos de liberdade expressiva, de liberdade cognitiva, de liberdade simbólica e vias de comunicação. (VECCHI, 1999, p.130). 
O Professor está incorporado ao ambiente para conduzir os caminhos das crianças por meio da interpretação que ele tem do trabalho que foi realizado. Condução não quer dizer direção, já que os passos do projeto são definidos pelas crianças. 
Quando as crianças trabalham em um projeto de interesse delas, encontram naturalmente problemas e questões que desejam investigar. O papel do professor é prestar atenção às atividades das crianças e ajuda-las a descobrir seus próprios problemas e questões que investigarão. Mais importante que perguntar às crianças, é deixar que elas façam as perguntas para si mesmas, para os colegas e para os professores. Dessa forma são estimuladas a analisarem sua atividade, se foi difícil, o que deu certo ou errado, o que gostariam de fazer diferente, enfim, elas passam a ser protagonistas da sua educação.
No final de cada projeto, as manifestações artísticas são o resultado final do estudo, podendo ser apresentadas em forma de um evento pelas crianças, como por exemplo, por meio de uma dança, exposições de desenhos e esculturas, uma peça de teatro e outras escolhas. Sendo assim, de acordo com Malaguzzi (1999, p.155) “As paredes de nossa pré-escola falam e documentam. As paredes são usadas como espaço para exposições temporárias e permanentes de tudo o que as crianças e os adultos trazem à vida”.
A abordagem de Reggio Emília não tem como objetivo final alfabetizar as crianças, mas sim, desenvolver nela a busca por respostas por meio de pesquisas e de sua relação com as pessoas e o ambiente. Não existe uma avaliação concreta das atividades das crianças e sim, uma análise de suas potencialidades. 
Se um projeto dá errado, os alunos são estimulados a buscar um novo caminho, novas alternativas, procurar com os colegas a razão do que deu errado. Dessa forma, um aparente erro transforma-se numa nova oportunidade de desenvolvimento. Como já foi destacado, o professor que incentiva as crianças a buscar essas respostas, mas elas continuam como protagonistas do processo.
Reggio Emília nos ensina a construir uma escola viva, que se transforma e que acredita que todos têm muito a aprender e também a compartilhar. É uma escola que valoriza o trabalho cooperativo, investe na formação continuada dos educadores e respeita a criança, enxergando em cada uma delas um ser único, para que construam sua autonomia e individualidade na diferença e no respeito ao próximo. 
CONCLUSÃO
Durante a elaboração desse trabalho foi possível perceber que a abordagem das escolas de Reggio Emília, é extremamente rica, pois ela permite às crianças experimentarem, levantarem hipóteses e desenvolverem sua autonomia, mostrando como o professor deve planejar e desenvolver as diferentes ações.
Ao longo das leituras, um aspecto que chamou muito atenção foi a capacidade criadora dos trabalhos desenvolvidos, sempre visando a multidisciplinaridade, e as interações que os adultos tem com as crianças, criando assim, um elo afetivo no qual os interesses e envolvimentos são recíprocos.
Nessa abordagem tanto as crianças quanto os adultos estão envolvidos com o progresso do trabalho e com as ideias a serem exploradas.
Essa pesquisa contribuiu imensamente para minha formação acadêmica e pessoal. Conhecer essa abordagem pedagógica me permitiu refletir acerca do potencial da infância e o respeito aos seus direitos, pois me trouxe uma visão de criança como protagonista e construtora de sua aprendizagem.
Isso nos mostra o quanto a educação infantil no Brasil pode crescer com as inspirações dessa concepção pedagógica. Temos a obrigação de estar atentos a suas inovações, para adaptá-las ao cenário das escolas e creches brasileiras. Parece que a educação infantil aqui no Brasil ainda está mais voltada para as necessidades das mães do que para o direito da criança pequena.
O sistema educacional de Reggio Emília é único, possui uma combinação real entre a concepção pedagógica, a prática escolar, a arquitetura das escolas, o sistema avaliativo e a busca de soluções, através de seus projetos, aperfeiçoando cada vez mais a educação das crianças.
REFERÊNCIAS
CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino de arte e música, Londrina: UNOPAR, 2014. 
EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem linguagens da criança. A abordagem de Reggio Emilia na Educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. Disponível em: http://www.todosnos.unicamp.br:8080/lab/acervo/capitulos/EDWARDS_Parceiro,PromotorDeCrescimentoEGuia-OsPapeisDosProfessoresDeReggioEmAcao_IN_AsCemLinguagensDaCrianca_pp159_176.doc/view
VAGULA, Edilaine, STEINLE, Marizete Cristina Bonafini. Organização do trabalho pedagógico na educação infantil: reflexão e pesquisa, 1. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
http://www.penaestrada.org/2015/05/25/educacao-infantil-em-reggio-emilia-as-cem-linguagens-da-crianca/
http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/conheca-experiencias-brasileiras-inspiradas-reggio-emilia-770428.shtml#ad-image-0.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000200006https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss
Sistema de Ensino Presencial Conectado
pedagogia
ana carolina toledo de paulo
reggio emília: inspirações e reflexões para a educação infantil
Taubaté
2015
ana carolina toledo de paulo
reggio emília: inspirações e reflexões para a educação infantil
Trabalho de Pedagogia apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral nas disciplinas de Organização do trabalho pedagógico na educação infantil, Ensino de arte e música, Ludicidade em educação. 
Orientador: Prof. Edilaine Vagula, Tatiane Jardim, Marlizete Cristina Bonafini Steinle.
Taubaté
2015

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