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01/08/2017 1 Poder Legislativo Prof. Camila P. B. Gomes Poder Legislativo • Surgiu na Inglaterra com intuito de limitar o poder do rei • São funções típicas do Poder Legislativo: – Legislar – Controlar e fiscalizar atos de outros Poderes Ressalte-se que as duas funções não estão hierarquizadas • São funções atípicas do Poder Legislativo: – Administrar e julgar • Como alerta Nathalia Masson (2016, p.651), o Poder Legislativo brasileiro, hoje, vive uma verdadeira crise de legitimidade onde enfrenta grande perda de prestígio. – Deslocamento da agenda política para o Executivo (medidas provisórias) – Deslocamento da agenda política para o Judiciário: ativismo judicial 01/08/2017 2 • Como Poder do Estado, o Legislativo é autônomo e independente, o que garante sua capacidade de auto-organização – Cada Casa Legislativa pode elaborar seu regimento interno e dispor sobre organização, funcionamento, criação, transformação ou extinção dos cargos entre outros. • Sessão legislativa ordinária: corresponde ao período em que o Congresso Nacional se reúne anualmente (de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro) • Legislatura: tem duração de quatro anos, compreendendo 4 sessões legislativas ordinárias • Recesso parlamentar: intervalo entre os períodos legislativos – Se necessário, os parlamentares podem ser extraordinariamente convocados durante esse período • Sessão legislativa extraordinária: pode ocorrer durante os períodos de recesso parlamentar – No caso de sessão legislativa extraordinária, o Congresso nacional não pode deliberar sobre nenhuma outra matéria que não seja a que ensejou a convocação, salvo se houver medida provisória em vigor na data da convocação extraordinária, caso em que, ela também será apreciada. 01/08/2017 3 • Como a EC32/2001 acabou com a possibilidade de convocação extraordinária do Congresso em virtude da edição de medida provisória, passou a possibilitar que, caso o Congresso seja convocado extraordinariamente, por motivo constitucionalmente admitido, e houver medida provisória em vigor, ela passará a integrar a pauta da convocação, automaticamente. – A EC50/2006 proibiu o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação para sessões extraordinárias • O STF aplica o princípio da simetria e considera essa norma obrigatória para os parlamentares estaduais • Art. 57§ 6ºCF: A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. O Congresso Nacional • O Poder Legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. – No sistema bicameral, a regra é as Casas Legislativas funcionarem separadamente – No entanto, haverá sessão conjunta para: • Inaugurar a sessão legislativa • Elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas • Receber o compromisso do Presidente e do Vice Presidente da República • Conhecer do veto e sobre ele deliberar 01/08/2017 4 • Sessão conjunta x sessão unicameral – Em ambas, a reunião dos deputados e senadores ocorre em um mesmo instante. – Na sessão conjunta a votação é simultaneamente feita por casa e os votos são computados separadamente (maioria absoluta da Câmara = 257 deputados, e maioria absoluta do Senado = 41 senadores - Ex: art. 66, 4º, CF) – Na sessão unicameral a votação é conjunta, ou seja, os votos de senadores e deputados são contados de forma igual, a atuação é como uma só casa (513 deputados + 81 senadores = 594 parlamentares, sendo a maioria absoluta 298 congressistas - Ex: revisão constitucional em 1993). Art. 48 CF: Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. • Art. 49 CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional, dispensada a sanção ou veto: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI -....(ver íntegra no texto da CF) 01/08/2017 5 Estrutura do Poder Legislativo – Esfera Estadual: Assembleia Legislativa • Deputados estaduais são eleitos para mandato de 4 anos • Idade mínima: 21anos (pode ser reduzida pra 18 com a reforma política) • Os deputados estaduais e distritais dispõem das mesmas prerrogativas constitucionais dos congressistas, inclusive as imunidades. • Subsídio dos Deputados estaduais é fixado por lei de iniciativa da AssembleiaLegislativa, não podendo ser superior a 75% do subsídio de um Deputado federal O Poder Legislativo nos Estados, Distrito Federal e Municípios é unicameral • O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. – Se o número de deputados federais variar entre 8 e 12: Deputados estaduais = nº de deputados federais x 3 – Se o número de deputados federais variar entre 13 e 70: Deputados estaduais = nº de deputados federais + 24 – Esfera Distrital: Câmara Legislativa • Aplicam-se aos deputados distritais as regras previstas para os deputados estaduais – Esfera Municipal: Câmara Municipal • O mandato dos vereadores será de 4 anos • O número de vereadores é proporcional à população do Município, observados os limites do artigo 29, IV da Constituição • Os vereadores não possuem todas as prerrogativas constitucionais dos congressistas • O subsídio máximo dos vereadores poderá variar entre 20 a 75% do subsídio de um deputado estadual, de acordo com o número de habitantes do Município (art.29, VI CF) • O total da despesa com remuneração de vereadores não pode ultrapassar 5% da receita do Município (art. 29, VII CF) 01/08/2017 6 – Esfera Federal : Congresso Nacional • O Legislativo federal é bicameral, ou seja, o Congresso Nacional é composto por duas Casas: – Câmara dos Deputados: representantes do povo – Senado: representantes dos Estados e do DF – Vantagens x desvantagens do bicameralismo: • Possibilita amplo debate, aumentando a chance de escolhas eficientes e reduzindo o risco de erros • Demora na produção normativa, o que contribui para o alargamento da atuação legislativa do Poder Executivo A Câmara dos Deputados • É composta pelos representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado e no DF, em votação secreta. – O número de deputados por Estado é estabelecido, para cada legislatura, no ano que antecede as eleições, por lei complementar, proporcionalmente à sua população (e não ao número de eleitores), sendo que nenhum deles pode ter menos de 8 ou mais de 70 deputados (art.45,§1ºCF). • Atualmente, são 513 os deputados federais – O estabelecimento de número mínimo e máximo de deputados por Estados gera uma desproporção da representatividade. • São Paulo: 40 milhões de habitantes: 70 deputados: 1 para cada 570mil habitantes • Roraima: 425mil habitantes: 8 deputados: 1 para cada 53mil habitantes • O mandato de deputado federal é de 4 anos, não havendo restrição à reeleição 01/08/2017 7 • Requisitos de elegibilidade: deputado federal – Nacionalidade brasileira originária ou secundária • Para ocupar a Presidência da Casa é preciso ser brasileiro nato – Idade mínima de 21 anos – Ser eleitor – Domicílio eleitoral na circunscrição – Filiação partidária – Pleno exercício dos direitos políticos – Ausência de causa de inelegibilidade • Inelegibilidade absoluta: analfabetos e inalistáveis O sistema proporcional • Usado para a eleição de deputados federais, deputados estaduais, deputados distritais e vereadores, trata-se de modelo que valoriza o voto no partido, e não no candidato. • Procedimento – definição do quociente eleitoral – definição do quociente partidário – observação da votação de cada candidato • Quociente eleitoral: é o número mínimo de votos que um partido precisa ter para eleger um candidato – Para obtê-lo, divide-se o número de votos válidos (descartados os brancos e nulos) pelo número de cadeiras oferecidas na eleição • Quociente Partidário: visa determinar o número de vagas a que cada partido terá direito – Divide-se o número de votos que o partido (ou coligação partidária) teve pelo quociente eleitoral 01/08/2017 8 • Segundo mais votado nestas eleições, com mais de 1 milhão de votos, o deputado reeleito Tiririca "puxou" mais dois candidatos de seu partido, o PR, para a Câmara pelo Estado de São Paulo: Capitão Augusto, que teve 46.905 votos e Miguel Lombardi (PR), com 32.080. O quociente é definido pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas que cada Estado possui. No caso de São Paulo, o mínimo para a eleição de um deputado neste ano foi de 299,9 mil votos --número obtido pela divisão dos mais de 20 milhões de votos válidos pelas 70 cadeiras da bancada (Fonte: Estadão, 2014) • A Lei 13.165/2015 alterou o artigo 108 do Código Eleitoral, de modo que, para ser eleito, o candidato deve ter, individualmente, obtido votos em número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral. – A medida não impede que os puxadores de votos auxiliem outros candidatos, mas, passa a ser exigido um mínimo de representatividade popular do eleito (que deve ter obtido, no mínimo, 10% do quociente eleitoral) • Se essas eleições ocorressem hoje, o candidato Fauto Pinato não seria eleito, pois não obteve 10% do quociente eleitoral (aproximadamente 30mil votos). A vaga seria redistribuída. Nas eleições de 2014, Celso Russomano obteve 1,5 milhões de votos, o que fez com que, sozinho, ele elegesse outros quatro candidatos do seu partido. Entre eles estão o cantor Sérgio Reis, que obteve apenas 45 mil votos e Fauto Pinato, com míseros 22 mil votos. Fonte: O Estado de São Paulo 01/08/2017 9 Dos 513 deputados federais eleitos para a legislatura 2015 a 2018, apenas 36 alcançaram o quociente eleitoral e foram eleitos com votos próprios!!!!! Em 12 unidades da federação, nenhum candidato eleito obteve votos em quantidade superior ao quociente eleitoral. • Suplência na Câmara dos Deputados – STF: em caso de eventual afastamento, renúncia ou morte de deputado federal, a vaga aberta será preenchida pelo próximo candidato mais votado da coligação e não do partido. • Remuneração dos deputados: por subsídio Deputados e a fidelidade partidária • Até o momento, não é prevista no texto constitucional. No entanto, é objeto da reforma política que está sendo debatida e, provavelmente, será inserida na CF. • Situação atual: a omissão constitucional leva a frequentes trocas de partidos – TSE: “os partidos políticos e as coligações partidárias têm o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema eleitoral proporcional, se, não ocorrendo razão legítima que o justifique, registrar-se ou o cancelamento da filiação partidária ou a transferência para legenda diversa” 01/08/2017 10 – STF: confirma o entendimento do TSE, mas reconhece que, diante de situações excepcionais, o candidato pode trocar de partido sem perder o mandato • Mudança significativa de orientação programática do partido • Comprovada perseguição política • O texto da reforma política, em tramitação, determina a perda do mandato daquele que se desligar do partido pelo qual foi eleito. A exceção será para os casos de “grave discriminação pessoal, mudança substancial ou desvio reiterado do programa praticado pela legenda”. • Atribuições da Câmara dos deputados: art.51CF • I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repúblicae os Ministros de Estado; • II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; • III - elaborar seu regimento interno; • IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; • V - eleger membrosdo Conselhoda República, nos termos do art. 89, VII. – Em regra, as atribuições da Câmara sãoexercidas por meio de resolução, que dispensa sanção ou veto presidencial – O inciso IV, no entanto, exige a elaboração de projeto de lei O Senado Federal • É composto por representantes dos Estados e do DF – São 81 senadores – Cada Estado e o DF elegem 3 senadores, com mandato de 8 anos • A renovação da Casa é parcial a cada 4 anos (elege-se 2 senadores e, após 4 anos, elege-se 1 senador) – Eleição pelo sistema majoritário simples • Considera-se eleito o candidato que obtiver o maior número de votos, excluídos os brancos e nulos, sempre em um só turno de votação 01/08/2017 11 • Suplência no Senado – Cada senador é eleito com dois suplentes, que só exercerão a função em caso de afastamento ou impedimento, temporário ou definitivo, do titular. • Os suplentes são eleitos junto com o senador (chapa única), de modo que, em caso de afastamento, o senador não será sucedido pelo segundo candidato mais votado, e sim, por seu suplente. • Senador: requisitos de elegibilidade – Nacionalidade brasileira originária ou secundária • Para ocupar a Presidência da Casa é preciso ser brasileironato – Idade mínima de 35 anos – Ser eleitor – Ausência de causa de inelegibilidade – Domicílio eleitoral na circunscrição – Filiação partidária – Pleno exercício dos direitos políticos – Ausência de causa de inelegibilidade • Fidelidade partidária e sistema majoritário – Em recente decisão (27/05/2015), o STF entendeu que eleitos pelo sistema majoritário – senadores, prefeitos, governadores e o presidente da República – não perdem o cargo se trocarem de partido depois da eleição. Isso porque, no sistema majoritário, os votos são do candidato, e não do partido. • Atribuições do Senado federal: art.52CF – As matérias previstas nesse artigo são de competência privativa do Senado e disciplinadas por resolução (promulgada pelo Presidente da Mesa, sem interferência da Câmara ou do Presidente da República) dessa Casa, com exceção do inciso XIII, que exige lei para a fixação da remuneração dos servidores do Senado – Quando o Senado julga as autoridades previstas nos incisos I e II, estamos diante do processo de “impeachment”, que é o impedimento da autoridade para o exercício de cargo ou mandato em função da prática de crime de responsabilidade 01/08/2017 12 Mesas diretoras • A Mesa é o órgão responsável pelas funções administrativas e pela condução dos trabalhos legislativos desenvolvidos em cada Casa. • São três as Mesas: Mesa da Câmara; Mesa do Senado e Mesa do Congresso Nacional (atua nas sessões conjuntas) – Mesas da Câmara e do Senado: eleitas, respectivamente, por deputados e senadores, assegurada, dentro do possível, a representação proporcional dos partidos que participam da Casa – Mesa do Congresso Nacional: Presidida pelo Presidente do Senado e demais cargos exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara e no Senado • Presidente: Presidente do Senado • 1º Vice-Presidente: 1º Vice-Presidente da Câmara • 2º Vice-Presidente: 2º Vice-Presidente do Senado • 1º Secretário: 1º Secretário da Câmara • 2º Secretário: 2º Secretário do Senado... – Os membros das Mesas são eleitos para mandato de 2 anos e é vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. Essa proibição só alcança a eleição realizada dentro da mesma legislatura • STF: entende que esta norma não é de reprodução obrigatória pelos Estados Comissões • São órgãos colegiados, de natureza técnica, que visam otimizar o desempenho dos trabalhos legislativos – São criadas pelas Casas correspondentes de acordo com seu regimento interno – Podem ser criadas Comissões do Congresso Nacional, que serão integradas por deputados federais e senadores. São as chamadas Comissões Mistas. – Na sua constituição, devem assegurar, dentro do possível, a representatividade proporcional dos partidos 01/08/2017 13 • As comissões podem ser: – permanentes: formadas sem tempo pré-determinado, que se conservam por sucessivas legislaturas • Exemplo: Comissões temáticas e Comissão de Constituição e Justiça – temporárias: criadas para apreciar determinado assunto, se encerram quando findo o prazo de duração ou quando finalizam seus trabalhos • Exemplo: Comissão Mista Representativa do Congresso Nacional ( que atua durante o período de recesso. Não tem competência legislativa, mas representa oficialmente o CN, na forma do regimento comum) e as Comissões Parlamentares de Inquérito Comissão Parlamentar de Inquérito • Trata-se de atuação do Poder Legislativo, em sua função fiscalizadora. Está prevista no art. 58, §3ºCF. • Requisitos para a criação de CPI – requerimento de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados (CPI da Câmara); 1/3 dos membros do Senado (CPI do Senado) ou 1/3 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional (CPI Mista) • Não é necessária a deliberação posterior da maioria – Indicação de um fato determinado de interesse público a ser investigado • Não se admite a criação para investigar objeto genérico – Estipulação de prazo certo para averiguação do fato • A CPI deve ser criada com prazo certo. No entanto, admitem-se sucessivas prorrogações, desde que dentro da mesma legislatura e observadas as normas regimentais. – O término da legislatura obriga o encerramento de todas as comissões temporárias, o que inclui a CPI. – Cumpridos os requisitos (requerimento, prazo certo e fato determinado), o Presidente da Casa não pode negar a instalação da CPI. Também não se exige a deliberação plenária para a instalação. Bastam os 3 requisitos apontados. 01/08/2017 14 • Poderes de investigação da CPI – Dispõem de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Não podem, no entanto, praticar atos que estejam sob “reserva de jurisdição” – Eventuais decisões da CPI que impliquem em restrições de direitos devem ser imprescindíveis à investigação, devidamente fundamentadas e tomadas pela maioria absoluta de seus membros Atuação das CPIs • Condutas autorizadas pelo STF – convocar testemunhas e investigados para depor • STF: seja como investigado ou como testemunha, o depoente tem o direito constitucional ao silêncio, podendo se recusar a responder indagações que, no seu entender, possam incriminá-lo – Determinar diligências, perícias e exames – Requisitar informações e documentos – Determinar a quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancário Limites a atuação das CPIs • Cláusulas de reserva de jurisdição – Determinar busca e apreensão domiciliar de documentos (art.5º,XI CF) – Determinar indisponibilidade de bens do investigado ou qualquer outra medida cautelar – Decretar prisão preventiva e temporária – Determinar interceptação telefônica 01/08/2017 15 • Separação de Poderes – Não podem anular atos de outro Poder – Não podem revogar ou cassar decisões jurisdicionais, inclusive as que determinam segredo de justiça • Direitos fundamentais – Não podem violar o direito ao silêncio – Não podem violar o direito à assistência técnica prestada por um advogado – Não podem violar o sigilo profissional • Caso uma testemunha já tenha firmado com o Ministério Público acordo de colaboração premiada, e este tenha sido homologado pelo Judiciário, caso a testemunha seja convocada a prestar depoimento na CPI está preservado seu direito silêncio. • Há necessidade de condução coercitiva do indiciado por autoridade de CPI? – Sim, sua presença é obrigatória mesmo reconhecendo o direito ao silêncio. – Não. Tendo em vista o reconhecimento do direito ao silêncio, a condução coercitiva seria um disparate • Encerrada a atividade investigativa da comissão, ela apresenta um relatório final, que pode ser encaminhado ao Ministério Público – Conclusões da CPI não vinculam o MP 01/08/2017 16Plenário • Órgão de deliberação máxima de cada Casa Legislativa. • É composto por todos os parlamentares que integram a Casa. Imunidades parlamentares • Visam garantir que os parlamentares possam exercer suas funções com independência e liberdade, sem medo de represálias, processos temerários ou prisões arbitrárias • não admitem renúncia • Não amparam o suplente, enquanto mantiver essa condição. – O suplente só faz jus a dois direitos: • O de substituir o titular em caso de afastamento temporário • O de suceder o titular em caso de vacância do cargo • O suplente passa a fruir de todas as imunidades, quando estiver no exercício da função • O parlamentar que se licenciar, para ocupar outros cargos ou por razões de doença, fica com suas imunidades suspensas – De acordo com o STF, nesse caso, as imunidades são suspensas mas ele mantém o foro por prerrogativa de função 01/08/2017 17 Da imunidade material • Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. – Proteção em relação aos crimes de opinião, como calúnia, injúria e difamação, que inviabiliza o ajuizamento de ação penal ou ação de indenização civil, mesmo após a extinção do mandato. – A proteção se restringe às manifestações que se derem no exercício do mandato, independentemente do local em que foram proferidas • Caso a ofensa ocorra em plenário, presume-se a imunidade � Caso a ofensa ocorra fora do recinto parlamentar, é preciso demonstrar que o ato está relacionado com a função parlamentar � STF: a garantia constitucional da imunidade material protege as entrevistas jornalísticas; a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas; bem assim as declarações veiculadas por intermédio de mass media (meios de comunicação de massa) ou social media (mídias sociais). • Apesar das divergências doutrinárias, entende-se que a incidência da imunidade parlamentar material exclui a tipicidade do fato praticado por deputado federal ou senador. 01/08/2017 18 Da imunidade formal relativa à prisão • Art. 53,§2º CF: “Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão” – No caso de flagrante de crime inafiançável, a Casa deve deliberar, por maioria absoluta, em voto aberto • A aprovação da Casa é condição necessária para a manutenção da prisão em flagrante • O texto não explicita, mas a maioria doutrinária entende ser necessária votação da maioria absoluta dos membros da Casa • Em 2015, com a prisão em flagrante do Senador Delcídio Amaral pela participação em organização criminosa (crime permanente), apurada pela Operação Lava Jato, o Plenário do Senado Federal precisou deliberar em voto aberto, finalizando com o seguinte resultado: – 59 votos a favor – 13 votos contrários – 1 abstenção – O dispositivo veda prisão cautelar, não se aplicando à prisão por condenação penal definitiva • Assim, o parlamentar pode ser preso por sentença judicial transitada em julgado. Pelo atual entendimento do STF, a condenação definitiva, apesar de determinar a prisão, não conduz à perda automática do mandato do parlamentar, sendo necessárioobservar o dispostono art.55, §2ºCF. • A imunidade afasta também a prisão civil? – A maioria doutrinária entende que sim, mas há divergências. – Já houve decretação de prisão de parlamentar pelo não pagamento de pensão • O termo inicial da imunidade formal quanto à prisão é a diplomação – Trata-se de ato anterior à posse. É o atestado da Justiça Eleitoral que certifica a regular eleição do candidato. • Note que a prerrogativaamparao congressistadesde antes da posse 01/08/2017 19 Da imunidade formal relativa ao processo – Art. 53, § 3º CF: Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. • A possibilidade de sustação dá à Casa Legislativa a possibilidade de avaliar se o processo tem ou não intuito de perseguição política do parlamentar ou desprestigiar o Legislativo – § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. – A sustação não pode ser feita de ofício • é necessário que haja provocação de partido político com representação na Casa – § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. – A imunidade formal não impede a instauração de um processo penal contra o congressista. No entanto, permite que a Casa a que pertença suste o andamento da ação referente a crimes praticados após a diplomação do mandato em curso. • A imunidade formal não impede a instauração de inquéritos policiais contra parlamentares. No entanto, estes só podem ser desenvolvidos sob os cuidados do STF • A imunidade formal não beneficia eventual corréu não parlamentar (súmula 245 STF) – Se a Casa sustar o andamento da ação para o parlamentar, o processo deverá ser desmembrado 01/08/2017 20 • Art. 53, § 8º CF: As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Do foro especial em razão da função • Art. 53, § 1º CF: Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. – A partir da diplomação, o STF é o juiz natural dos membros do Congresso Nacional, no que tange às infrações penais • Infração penal cometida após esta data: processo se instaura perante o STF • Infração penal cometida antes da expedição do diploma: o processo iniciado nas instâncias ordinárias se desloca para o STF – Terminado o mandato, cessa a prerrogativa de foro e os autos devem ser remetidos à Justiça de Primeiro Grau • Em regra, se houver renúncia do parlamentar, extingue-se a competência do STF, salvo se houve renúncia com claro intuito de deslocar a competência do Tribunal – O foro especial dos congressistas se estende aos crimes dolosos contra a vida • De acordo com a Súmula Vinculante 45, a competência constitucional do Tribunal do Júri só prevalece sobre foro de prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual – Parlamentares não se sujeitam a julgamento por crime de responsabilidade, e sim, a processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar • Por não cometerem crime de responsabilidade, submetem- se à lei de improbidade administrativa 01/08/2017 21 • Súmula 704 STF: NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS. – Em que pese a súmula 704STF, em 2014, o STF firmou o entendimento de que o desmembramento de inquéritos ou ações penais de sua competência deve ser a regra geral. Afastamento do Poder Legislativo • Art. 56, I CF: Não perderá o mandato o Deputado ou Senador investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; – STF: o congressista afastado das funções parlamentares não dispõe de imunidades, mas mantém a prerrogativa deforo Desobrigação de testemunhar • Art.53, §6º CF: § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. – Trata-se de uma faculdade – Não atinge fatos que nada tenham a ver com o exercício da atividade parlamentar 01/08/2017 22 Incompatibilidades Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Perda do mandato • Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. • As hipóteses de perda do mandato, previstas no artigo 55CF, podem resultar da cassação ou da extinção do mandato • Cassação: sanção constitucional aplicada ao parlamentar que cometeu falta funcional grave – Infringir qualquer das incompatibilidades – Ter o procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar; – Condenação criminal por sentença judicial transitada em julgado 01/08/2017 23 • A cassação do mandato será decidida pela maioria absoluta dos membros da Câmara ou do Senado, mediante provocação da respectiva Mesa ou de Partido Político devidamente representado (art.55,§2ºCF) – Não há mais voto secreto para a decisão de cassação do mandato – § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. • O STF e a condenação criminal definitiva – 2012: julgamento do Mensalão: a condenação criminal definitiva acarretará, automaticamente, a perda do mandato eletivo, inclusive no caso de parlamentares (5 votos a 4) – 2013: mudança de posicionamento. O STF passa a entender que a condenação criminal transitada em julgado é condição necessária mas não suficiente para a perda dos mandatos de parlamentares. Esta depende da instauração do competente processo pela Casa respectiva nos termos do art.55,§2ºCF (6 votos a 5) • A Câmara dos Deputados decidiu nesta segunda-feira (12/11/2016) cassar o mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido ao afirmar que não possuía contas no exterior em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras no ano passado. Assim, Cunha perde o mandato e fica inelegível por oito anos devido à Lei da Ficha Limpa. A cassação foi aprovada por 450 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções 01/08/2017 24 • Extinção do mandato: é declarada pela Mesa da Casa Legislativa, de ofício ou por provocação de qualquer de seus membros, ou de Partido Político representado no Congresso Nacional, nos seguintes casos: – perda ou suspensão de direitos políticos – perda do mandato por decisão da Justiça Eleitoral – Perda do mandato pelo fato de o parlamentar deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer • Enquanto na cassação a perda do mandato depende da votação da Casa Legislativa, na extinção, o perecimento do mandato é meramente declarado, não havendo deliberação a respeito. • A renúncia também é causa extintiva do mandato – A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais da Casa, a respeito da perda ou não do mandato Do Legislativo estadual • Unicameral • Eleitos pelo sistema eleitoral proporcional – O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. • Se o número de deputados federais variar entre 8 e 12: Deputados estaduais = nº de deputados federais x 3 • Se o número de deputados federais variar entre 13 e 70: Deputados estaduais = nº de deputados federais + 24 • Mandato: 4 anos, idade mínima: 21anos (pode ser reduzida pra 18 com a reforma política) • Os deputados estaduais e distritais dispõem das mesmas prerrogativas constitucionais dos congressistas, inclusive as imunidades. 01/08/2017 25 • Deputados estaduais possuirão foro privativo no Tribunal de Justiça do respectivo Estado (simetria) – Se praticarem crime em detrimento de bens ou interesses da União, autarquia federal ou empresa pública federal: TRF • As CPIs estaduais não tem competência para investigar autoridades que tem foro privilegiado na Justiça Federal. • As CPIs estaduais tem poderes simétricos aos das federais, podendo, inclusive, decretar perda de sigilo. Do Legislativo Municipal • Unicameral – O número de vereadores será proporcional ao da população, nos termos do art.29,IV CF • Mandato: 4 anos; idade mínima:18anos • Os vereadores não possuem as mesmas prerrogativas dos congressistas. A eles foi concedida apenas a imunidade material, de modo que são invioláveis por suas palavras, opiniões e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município – Não possuem nenhuma imunidade formal • Os vereadores só terão prerrogativa de foro se esta estiver prevista na Constituição Estadual • Os poderes investigatórios das CPIs municipais não são tão amplos quanto os das CPIs estaduais e federais. Isso porque não há Judiciário Municipal. – Não podem decretar quebra de sigilo fiscal, bancário ou telefônico
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