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AULA 01 Noções em relação ao Direito: o direito enquanto função social. Ítalo Márcio Gurgel de Castro Noções fundamentais do Direito unidade1 Segurança do Trabalho Curso Técnico Subsequente em Disciplina: INTRODUÇÃO AO DIREITO Você verá por aqui... Seja muito bem-vindo, caro aluno, ao estudo do direito. Neste curso de introdução, temos por objetivo apresentar as noções fundamentais acerca do direito. O conhecimento das noções básicas do direito vai lhe ajudar a compreender a função do direito como instrumento social, bem como, vai proporcionar a você, aluno do ensino a distância, melhores condições para entender as disciplinas seguintes que requeiram um conhecimento elementar da ciência do direito. Ademais, um conhecimento jurídico elementar vai auxiliar o técnico no exercício da sua atividade profissional, dotando-o do saber técnico-jurídico considerado adequado e necessário para que possa exercer as suas funções com uma maior segurança e em respeito aos dizeres legais. Por fim, o conhecimento do conteúdo trabalhado vai ajudá-lo a compreender o funcionamento do poder judiciário e a resolução das lides, a fim de que, com base nesse saber, você tenha a devida cautela no exercício de suas atividades e possa prevenir a ocorrência destas. Vamos iniciar a nossa aula evidenciando que o direito encontra-se, hoje mais do que nunca, presente nas nossas vidas, de tal forma que se torna imprescindível conhecermos os seus fundamentos básicos. Nesse sentido, pretendemos apresentar os conceitos básicos acerca do direito como instrumento e objeto a serviço da sociedade para que se possa entender a importância do direito para a organização social, de modo a justificar o seu estudo. Esta aula introdutória irá facilitar a compreensão dos assuntos a serem trabalhados nas aulas seguintes. OBJETIVOS Conceituar o direito. Compreender o direito como instrumento de controle e pacificação social. Identificar outros meios de controle social. A importância do direito à sociedade organizada; Entender o direito como veículo de promoção da justiça. Noções fundamentais do direito Compreendendo o direito... Etimologicamente, segundo Nascimento (2000, p.7), a palavra “direito” tem origem latina, formada a partir da junção das palavras latinas dis (muito, intenso) com o termo rectum (reto, justo), significando, assim, “muito reto”, “muito justo”. Entre nós, o termo “direito” tem inúmeros significados na língua portuguesa. Segundo Aurélio (2000, p. 238), dentre esses significados, o direito pode ser visto como “o que é justo, conforme a lei”, “a faculdade legal de praticar ou não praticar um ato” e, ainda, de acordo com o autor, “o conjunto das normas jurídicas vigentes num país”. Por sua vez, o mestre Paulo Dourado de Gusmão (2003, p. 49) apresenta três sentidos para o termo “direito”: 1º regra de conduta obrigatória (direito objetivo); 2º sistema de conhecimentos jurídicos (ciência do direito); 3º faculdade ou poderes que tem ou pode ter uma pessoa, ou seja, o que pode uma pessoa exigir de outra (direito subjetivo). Certamente, todas essas definições citadas vão ser úteis para este estudo, porém, no presente momento, chama-se atenção para o conceito que se refere ao direito como ordenamento jurídico, ou seja, o conjunto de normas vigentes num país. uma vez que vai se compreendendo esse instituto que nós vamos justificar a importância do estudo do direito. Direito e Sociedade A vida em grupo é essencial para o desenvolvimento e a perpetuação da vida humana, desde a procriação, que requer a união do homem com a mulher para gerar, até cuidar da prole, a qual tem um longo período de dependência em relação aos pais, se comparada com outras espécies animais. Logo, para fazer valer a procriação, necessário se fez que o homem se organizasse em pequenos grupos, propiciando, dessa forma, oportunidade de união entre os seus pares. Ademais, a organização da vida humana em grupos foi importante ainda nas mais primitivas organizações humanas, visando a uma maior proteção aos seus integrantes, fosse para proporcionar uma melhor qualidade de vida para os seus componentes, fosse para se proteger, por exemplo, dos predadores ou dos grupos rivais. Como consequência da vida em sociedade, surgiu a necessidade de uma organização. O direito, como instrumento a serviço da sociedade, apareceu, então, para favorecer essa necessidade de se estabelecerem regras para o convívio em sociedade. De acordo com Nader (2003, p. 23), a interação social se apresenta sob as formas de cooperação, competição e conflito e encontra no Direito a sua garantia. Forçoso, assim, reconhecer a pertinência do velho brocardo latino que diz: ubi societa ibi jus: onde há sociedade há direito. Nesse contexto, o direito surge como um conjunto de normas que visa a manter a ordem social que, diante da liberdade de escolha da conduta humana, faz-se necessário que seja acompanhada de sanções no intuito de conduzir essa faculdade de decidir, de acordo com a intimidade individual, para uma conduta que favoreça a manutenção da ordem social. É fato que nas sociedades primitivas essa organização social era bastante elementar, cabendo ao direito, como criação do homem, atender às necessidades sociais da época. No entanto, como consequência também dessa adaptação à realidade, você pode observar que o direito não é estático, ele é dinâmico e assim deve ser para que possa acompanhar a evolução da humanidade, buscando satisfazer os anseios sociais. Com efeito, o direito tem como finalidade regular os fatos. Logo, é pressuposto lógico da regulamentação, a necessidade/utilidade da normatização diante da relevância da ocorrência ou pelo menos probabilidade da ocorrência do fato na sociedade contemporânea. Para refletir Imagine, por exemplo, a ausência de necessidade de se regulamentar, nas décadas passadas, o uso da internet ou da genética. Ora, se a internet é uma criação recente do homem, mas que nos últimos dez ou quinze anos vem se tornando uma ferramenta essencial para as pessoas, servindo de interface para compras, comunicação em geral e até para prática de crimes! Logo, se de fato, essa regulamentação parecia um absurdo no passado, dada a inexistência da internet ou o seu uso restrito, para os dias atuais, no entanto, com a evolução tecnológica e a sua popularização, faz-se premente regulamentar as condutas praticadas via internet Nesse aspecto, ressalta-se, por exemplo, a recente regulamentação em área de engenharia genética, ganhando destaque nacional na mídia de todo o Brasil. Porém, se levantado o assunto há algumas décadas, seria motivo de total menosprezo e zombaria. No mesmo sentido, é importante destacar que assuntos de grande destaque nacional ainda carecem de regulamentação, como os casos de comércio eletrônico, que, embora já tenha uma grande participação no comércio atual, sendo líder de vendas em alguns segmentos, ainda carece de uma regulamentação própria, sendo utilizadas, quando cabíveis, as regras do Código de Defesa do Consumidor. Você deve perceber, com a reflexão sobre esses exemplos, que a sociedade encontra-se em constante modificação e o direito, como instrumento a serviço da sociedade, tem que se adaptar a essa mudança social para que não venha a se tornar arcaico ou ultrapassado, no sentido de não conseguir mais garantir os direitos e os anseios da sociedade em transformação. É por causa dessa frequente necessidade de modificação/adaptaçãoàs novas perspectivas sociais, que o direito se modifica tanto, de tal forma que sempre estão surgindo novas leis para regulamentar novas situações, bem como atualizar as normas então existentes. Da mesma forma, porém no caminho inverso, situações outras que eram tidas como criminosas pelo direito podem perder essa característica, como o que aconteceu recentemente com o crime de adultério (infidelidade conjugal): considerado crime até recentemente, foi revogado pela lei n. 11.106/05, limitando-se hoje as sanções relativas a tal conduta serem resolvidas simplesmente no âmbito civil, deixando assim de ser tida como uma conduta de maior gravidade lesiva para a sociedade a ponto de ser taxada como uma prática criminosa. É bem verdade, no entanto, que essa transformação se dá de forma gradual, ao passo que a própria sociedade muda, e em consonância com a expectativa social, devendo-se evitar que essa modificação se processe por saltos para que não tenhamos longos lapsos temporais de insegurança jurídica. Nesse aspecto, assevera Gusmão (2003, p. 31): Não deve o direito, como fenômeno social que é, se afastar muito da opinião pública, sob pena de não ser espontaneamente observado, pois do contrário exigirá vigilância maior por parte do poder público, aumentando o serviço dos órgãos de fiscalização, da Polícia e do Judiciário. Se inobservar as tradições e os valores tradicionais, criará áreas de atrito que reduzirão a sua eficácia e validade. Dentro desse processo de transformação/atualização, as pessoas têm de ficar atentas a essas alterações, para que acompanhem as novas tendências da normatização, em especial quando se está em jogo o exercício de atividades profissionais. A justificativa disso é que o direito, via de regra, vem atender ao clamor da sociedade, logo, em um juízo de valor um pouco mais atento, o operador do direito pode perceber a tendência evolutiva do direito, de forma a se pautar de acordo com o que o direito, como meio de se chegar ao justo social, requer, resultando, assim, numa maior eficácia desse instrumento de controle social. Direito Natural e Direito Positivo Postas as questões fundamentais acerca da adaptação do direito como meio de controle social, faz-se necessário apresentar algumas particularidades do direito em relação à falta de utilidade da positivação de algumas de suas regras. Isso se dá, porque algumas regras, para o direito, são imutáveis, uma vez que fazem parte da própria natureza do homem, não necessitando, portanto, serem escritas, uma vez que são óbvias. Esse direito é denominado de direito natural e difere do direito positivo, que é o direito escrito, este sim, necessitando ser redigido e adaptado à sociedade, uma vez que se refere a regras de condutas sociais que são mutáveis de acordo com a tansformação social. Clareando um pouco mais Embora tenhamos realçado a diferença do direito natural em relação ao positivo, você deve entender que eles não são divergentes entre si, ao contrário! Embora o direito positivo seja mutável e necessite ser escrito como meio de controle social para, inclusive, vir a ser conhecido e respeitado, ele deve convergir aos dizeres do direito natural. Ora, e diferente não poderia ser: se o direito natural dispensa a sua positivação por ser da própria essência do ser humano, como o direito positivo poderia se afastar da natureza humana? Isso se justifica uma vez que o direito natural não é uma criação do homem: ele corresponde às regras básicas da natureza no respeito à vida e aos princípios fundamentais da espécie que torna totalmente desnecessária a positivação da regra de que, por exemplo, a pessoa precisa se alimentar. Pois bem, a necessidade de alimento é regramento elementar da vida humana que sabe que, se não cumprir com esse mandamento, irá morrer de inanição. Logo, o direito escrito tem que respeitar o regramento do direito natural, então, ao estabelecer os seus preceitos, de acordo com o exemplo que citamos, ele tem que levar em consideração a premente necessidade do homem em se alimentar, embora, esse regramento não tenha a necessidade de ser escrito, já que é regra do direito natural! Esclarecedora é a lição de Paulo Nader (2003, p. 17), ao afirmar que: Por não ser criado pelo homem, o Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça que a própria natureza ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser admitido como um processo de adaptação social. O Direito Positivo, aquele que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar adaptado aos princípios fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à vida, à liberdade e aos seus desdobramentos lógicos. Diante disso, podemos concluir que o Direito Natural, via de regra, não se submete a processo de adaptação social, uma vez que, fincado em princípios básicos inerentes às necessidades mais elementares do homem, não se sujeita, portanto, a modificações de acordo com a evolução social. Como já falamos no tópico anterior, situação inversa ocorre com o Direito Positivo, que vai acompanhando a evolução social, modificando-se para atender aos anseios da sociedade moderna. Atividade 01 Com base na distinção e exemplos acima citados em relação ao Direito Natural e o Direito Positivo, pesquise e cite exemplos de situações tuteladas via Direito Natural e outras protegidas pelo Direito Positivo e reflita, em cada caso, a influência que cada exemplo pode sofrer com a mudança da sociedade. 1) O que você entende por direito natural? 2) Cite exemplos de situações que não estão regulamentadas até então, mas que no seu entender, já necessitam ou vão precisar num futuro próximo serem regulamentadas. Direito como instrumento de controle social É nesse contexto que você pode perceber facilmente que o direito funciona como um importante instrumento de controle social: atuando de forma preventiva, quando regulamenta as diversas ações humanas de forma a estabelecer uma prática que melhor se amolde ao interesse social; atuando, outrossim, de forma repressiva aos que descumprirem os seus predicados, estabelecendo penalidades para quem infringir a lei. Você deve observar, no entanto, que o direito não age sozinho como instrumento de pacificação social. Outros instrumentos normativos conferem importante colaboração nesse cenário, tais como a Moral, a Religião e os bons costumes ou as regras de trato social. Porém, embora prestem importante colaboração como meio de controle social, esses outros instrumentos se limitam a apresentar modelos de conduta social, desprovidos de meios de coação. Segundo Nader (2003, p. 29), a coação1 – força a serviço do Direito – é um de seus elementos e inexistente nos setores da Moral, Regras de Trato Social e Religião, fazendo, assim, o direito apresentar uma maior efetividade como instrumento de controle social, uma vez que ele pode ir além da simples sugestão ou aconselhamento. Com efeito, o direito possui meios de coagir as pessoas a cumprirem com os seus regramentos, nesse sentido, cria penalidades para quem infringir a lei, forçando as pessoas a seguirem os seus mandamentos, utilizando-se, a depender da gravidade da situação, de penalidades mais severas, como as penas atribuídas aos que praticarem condutas tidas como criminosas; sanções menos severas para os que praticarem atos de menor gravidade (infrações de uma forma geral, como cortaro sinal, por exemplo, que é punida com multa) ou, simplesmente, sujeitar-se à reparação civil dos danos causados a outra 1 Coação, segundo Aurélio (2000, p. 159), é o ato ou efeito de coagir. Portanto, é a ameaça de utilização da força a favor do bem comum ditado pela lei, que causa, consequentemente, um temor reverencial na coletividade, fazendo com que as pessoas procurem seguir os dizeres da lei. Podemos citar o exemplo da prática de crimes: quem praticar, por exemplo, o crime de roubo, sabe que pode se sujeitar a cumprir uma pena de prisão e multa. pessoa (atos ilícitos em geral – para ilustrar, podemos citar o exemplo de uma colisão entre automóveis em que tenha tido apenas danos materiais, os quais serão indenizados pelo motorista considerado culpado pelo acidente). No âmbito da coação, o direito destaca-se como meio de controle por apresentar meios até de substituir as pessoas para fazer cumprir os seus preceitos, como nos casos de execução forçada. Com efeito, o direito apresenta, à sua disposição, meios de substituir a vontade das pessoas em realizar determinadas condutas como, por exemplo, pagar uma dívida, uma vez que, diante da inércia do devedor em realizar o pagamento, o direito confere meios ao credor para acionar o judiciário, visando à expropriação de bens para satisfazer o crédito. Enquanto isso, a religião, embora cultive entre os seus seguidores a “prática do bem” e se destaque como meio de controle social, porque exerce influência entre os que a segue, carece de meios mais incisivos no sentido de coagir o homem, ao discordar das suas pregações, ao cumprimento dos seus dizeres. Da mesma forma, podemos observar, em relação à moral, que ao descumprir com os seus predicados, o homem pode vir a ser objeto de vários graus de censura por parte dos seus pares, no entanto, esse poder intimidativo vai se resumir a essa reação, pelo menos via de regra, estando ausente, outrossim, qualquer forma mais efetiva de cumprimento das suas regras. ATENÇÃO! A moral não se confunde com o direito: enquanto o direito se liga diretamente ao que é lícito ou legal, a moral aproxima-se do que é honesto e diferencia-se do direito, em especial, nos casos em que nem sempre o lícito encontra-se próximo do que é honesto. Sobre a moral e direito, diz Gusmão (2003, p. 71): O dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de consciência, ao „tu deves‟, enquanto o dever jurídico deve ser cumprido sob pena de sofrer o devedor os efeitos da sanção organizada, aplicável pelos órgãos especializados da sociedade. Por fim, resta acrescentar que do mesmo elemento (coação) carece as regras de trato social que, segundo Nader (2003, p. 44), a sanção que as regras de Trato Social oferece é difusa, incerta e consiste na reprovação, na censura, na crítica, rompimento de relações sociais e até expulsão do grupo. Sem apresentar, portanto, da mesma forma que os outros meios de pacificação social que não o direito, maior força para efetivar os seus preceitos. Diante disso, a coação apresenta-se como um importante elemento que faz com que o direito venha a se destacar frente aos outros meios de controle social. Atividade 02 De acordo com as noções passadas até aqui, entende-se que já é possível que você verifique a importância do direito para a sociedade. Para reforçar essa constatação, faça uma reflexão, imaginando como seria o mundo sem o direito e converse com amigos e familiares sobre como seria o mundo sem esse importante meio de controle social. Pense desde as atividades mais básicas, como o trânsito, por exemplo, e desenvolva o raciocínio para relações mais complexas da sociedade. Imagine o exercício de atividades profissionais sem o direito, em especial, a prática da atividade profissional para a qual você está se preparando para exercer. DIREITO E JUSTIÇA O conceito de direito já foi trabalhado nos subtítulos iniciais, resta-nos, nesse momento tecermos alguns comentários acerca da justiça. Ôps, mas espere aí: Direito e justiça não são a mesma coisa? O direito e a justiça, embora numa acepção mais genérica possam ser tidos como sinônimos, não se confundem: justiça, segundo Sidou (2006, p. 489), é a virtude de atribuir a cada um o que é seu. Podemos dizer, então, que a justiça é a busca pelo justo, é recorrer ao ideal. De fato, com a simples análise desses conceitos não dá para diferenciarmos o direito da justiça, porque o direito também busca o justo e também tem como objetivo atribuir a cada um o que é seu. No entanto, aí é que se encontra a diferença entre o direito e a justiça: enquanto a justiça é a situação ideal em si, é a virtude de atribuir a cada um o que é seu, o direito é o meio pelo qual o homem procura alcançar a justiça. O direito traça as regras entendidas como adequadas e suficientes para que se possa, nas mais diversas situações previstas no ordenamento, alcançar a justiça no caso concreto. Nesse contexto, diz Gusmão (2003, p. 73 - 74) que o direito é (ou deve ser) o veículo para a realização da justiça, que é (ou deve ser) a meta da ordem jurídica. Sendo o direito, portanto, o instrumento pelo qual o homem busca realizar a justiça, conclui o referido autor: A diferença, portanto, que existe entre direito e justiça é semelhante à que há entre ideal e realidade (fato). A justiça não é coercível, enquanto o direito é; a justiça é autônoma, pois não é imposta à nossa consciência, brotando nela como os demais valores, sendo, assim, valor moral, enquanto o direito é heterônomo, por termos a consciência de nos ser ele imposto pela sociedade (costumes) ou pelo poder público (legislação). A justiça é meta a ser atingida pelo direito e, desta forma, distingue-se deste como o “meio” da “finalidade”. É critério das leis, das condutas e das sentenças judiciais. Pg. 74 Diante dessas considerações, podemos, como forma de embasar o nosso estudo, fechar o assunto concluindo que a justiça é o ideal, é o modelo, que há de ser seguido pelo direito como forma de tentar chegar até ela, sendo, dessa forma, a justiça o objeto do direito. Enquanto meio para se atingir um fim, o direito nem sempre consegue lograr o êxito que se esperava da justiça no caso concreto, motivo pelo qual ele deve estar sempre se aperfeiçoando, como forma de garantir ao homem meios cada vez mais eficazes para alcançar o ideal de justiça. Por sua vez, a justiça se apresenta como o ideal a ser alcançado em cada caso concreto. Serve, assim, como importante parâmetro para o direito, seja ao nortear a aprovação de lei, seja ao orientar a sua aplicação no caso concreto, colaborando para encontrar, dentro da margem variável disponibilizada pela lei, no sentido de auxiliar no encontro da medida e pena que se mostre necessária e suficiente a ser aplicada ao agente de acordo com a conduta praticada. Atividade 03 Na sua cidade tem pessoas que estudam direito, sejam acadêmicos ou não, ou trabalham nas mais diversas áreas do direito. Escolha uma ou algumas dessas pessoas para questioná-la(s) sobre a eficácia do direito como instrumento de controle social, comparando-o com os outros meios de controle. Fazendo isso, você deve perceber a visão crítica de pessoa(s) que vivenciam o direito no dia-a-dia. Leitura Complementar SANTOS, Marcos André Couto. O direito como meio de pacificação social: em busca do equilíbrio das relações sociais. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4732>.Acesso em: 29 maio 2008. O texto sugerido vai ajudar você a entender melhor a função do direito como instrumento de controle social, além de trazer uma visão crítica acerca da produção legislativa e da forma de solução de conflitos no Brasil. Resumo Nesta aula, estudamos o conceito do Direito como instrumento a serviço da sociedade, devendo-se destacar a importante função do direito como meio de controle social; verificamos que, para bem cumprir com o seu papel, o direito é dinâmico, acompanhando as tendências sociais, no intuito de refletir, com a maior autenticidade possível, os anseios da sociedade em mudança. Você pôde constatar, outrossim, que embora o direito não seja o único meio de controle social, uma vez que também são considerados outros instrumentos de controle, como a Moral, a Religião e as Regras de Trato Social, ele conta com um forte elemento de coação, inexistente nos outros meios, sobressaindo-se em relação aos demais por ser, diante disso, mais eficiente; por fim, você pôde verificar que o direito é um meio que visa a alcançar a justiça, que é, por sua vez, o dom de dar a cada um o que é seu, sendo importante parâmetro para se mensurar as penalidades e os bônus devidos por cada cidadão de acordo com o seu comportamento social. Autoavaliação Leia atentamente as questões a seguir relacionadas e responda-lhes com as suas palavras, sem prévia consulta ao material de aula disponibilizado. Respondidas as questões, releia o texto dos subtítulos que trabalharam o assunto questionado e compare o conteúdo da sua resposta com o que foi exposto, corrigindo ou reavaliando o seu ponto de vista em relação ao conteúdo da aula. 1) Diante do conteúdo trabalhado nesta aula, responda, com suas palavras: a) O que você entende por direito? b) Quais são os meios de controle social utilizados na sociedade? 2) Destaque a vantagem do direito como instrumento de controle social em relação aos outros meios de controle. 3) Qual a relação, no seu entender, existente entre o direito e a justiça? REFERÊNCIAS FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 33. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de história do direito. 12. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Forense, 2000. SANTOS, Marcos André Couto. O direito como meio de pacificação social: em busca do equilíbrio das relações sociais. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4732>. Acesso em 29 maio 2008. SIDOU, J. M. Othon. Dicionário jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. 1.pdf 1
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