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ÉTICA

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Filosofia e Ética
Aula5
Prof. Luiz Cláudio Deulefeu
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2011
Nessa nossa quinta aula tele transmitida da disciplina de Filosofia e Ética vamos juntos estudar :
A RESPONSABILIDADE MORAL
O DETERMINISMO 
E A LIBERDADE
Aula 5
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Em que consiste a responsabilidade moral? Podemos responder a essa pergunta explicando que responsabilidade quer dizer que uma pessoa deve ser capaz de prestar contas por suas ações e pelas conseqüências que delas decorrem. 
Assim sendo só pode responder por suas ações o indivíduo capaz de possuir a liberdade de escolha, então somente quando o indivíduo é capaz de escolher conscientemente, ele será responsável moralmente por suas ações.
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Somente o ser humano que conhece as normas morais de uma sociedade pode ser responsabilizado moralmente por suas ações, pois esse ser humano será capaz de escolher, decidir e agir de maneira consciente. Assim sendo quem é ignorante dos códigos morais não poderá ser responsabilizado moralmente por suas ações. 
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 Para que se possa falar em responsabilidade moral é necessário que o indivíduo tenha sua vontade livre e não aja por conta de uma coação externa ou de uma coação interna. 
Por coação interna podemos discernir as patologias mentais que impedem o indivíduo de discernir entre o certo e o errado. 
Por coação externa podemos discernir as ameaças e os constrangimentos impostos por terceiros a alguém que então se vê obrigado a agir de uma forma que não escolheu livremente. 
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O que seria responsabilidade moral? Responsabilidade, em termos gerais, significa que alguma pessoa deve prestar contas por determinadas ações, atitudes, consequências e resultados, mediante algumas condições. 
Por exemplo, os pais são responsáveis pelos filhos menores de idade, tanto em termos morais, quanto jurídicos. Mas até que ponto os pais são responsáveis pelos atos dos filhos menores? Esse dilema moral e jurídico acerca da responsabilidade moral traz à tona dois assuntos que lhes são vinculados: a necessidade e a liberdade.
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Só quando o agente possui liberdade de optar e decidir é que se pode falar em responsabilidade moral. O assunto, porém, não é tão simples quanto parece. Não basta o exame somente da norma (moral ou jurídica). É necessária a avaliação da realidade concreta, a fim de verificar se existe possibilidade de escolha ou decisão, para que se possa responsabilizar moralmente alguém. Isso causa dúvidas com relação a como se imputar a responsabilidade moral. 
 
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Para que haja responsabilidade moral, há duas condições essenciais: 
a-) que o sujeito não ignore nem as circunstâncias nem as consequências da sua ação; ou seja, que o seu comportamento tenha caráter consciente.
b-) que a causa dos seus atos esteja nele próprio (ou causa interior), e não em outro agente (ou causa exterior) que o force a agir de certa maneira, contrariando a sua vontade, impedindo-a de ser livre. 
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Nessa perspectiva, a pessoa se exime de responsabilidade moral se for ignorante, de uma parte, e não estiver livre, de outra. Há legitimidade na responsabilidade moral se houver conhecimento por parte do agente e liberdade. Como responsabilizar uma pessoa com problemas mentais sérios? 
Agora, uma pequena analogia com o Direito. Não há como, tanto que no Direito Civil, as pessoas com esse tipo de necessidade especial são tidas como absolutamente incapazes, ou seja, totalmente inaptas para os atos da vida civil. E, no Direito Penal, são tidas como inimputáveis, ou seja, isentos de responsabilidade penal.
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Por exemplo, no âmbito civil, se uma pessoa totalmente insana assina um contrato, sem algum representante legal presente, esse contrato será nulo. A vontade da pessoa totalmente insana é viciada e não tem responsabilidade civil. Na esfera penal, se uma pessoa totalmente insana ou menor de 18 anos comete um crime, ela não será processada criminalmente, ela é dita inimputável juridicamente, não podendo ser julgada como alguém que tem responsabilidade penal.
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Só se pode responsabilizar moralmente um ser humano que pode escolher, decidir e agir de maneira consciente. Ou seja, quem é ignorante, em sentido amplo não pode ser responsabilizado. Mas até que ponto a ignorância exime o sujeito de responsabilidade? Exime-o de responsabilidade desde que esse mesmo sujeito não seja responsável pela causa da sua ignorância.  
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Outra comparação com o Direito. Fala-se em culpa em sentido amplo, que abrange culpa em sentido estrito e dolo. No dolo há intenção de se praticar uma ação. Na culpa em sentido estrito não há necessariamente uma vontade de se praticar uma ação, seria o “foi sem querer, querendo”, como diria o personagem Chaves.
Há três modalidades de culpa em sentido estrito: imperícia (faz as coisas de modo incorreto), imprudência (faz o que não deveria fazer) e negligência (não faz o que deveria fazer). Nesse caso, o agente poderia ter evitado ter feito algo, ou poderia ter feito, mas não fez. Há responsabilidade jurídica, e também responsabilidade moral.
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Em resumo: a ignorância das circunstâncias, da natureza ou das consequências dos atos humanos autoriza a eximir um indivíduo da sua responsabilidade pessoal, mas essa isenção estará justificada somente quando, por sua vez, o indivíduo em questão não for responsável pela sua ignorância; ou seja, quando se encontra na impossibilidade subjetiva (por motivos pessoais) ou objetiva (por motivos históricos) de ser consciente do seu ato pessoal.
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Para se falar em responsabilidade moral, também é preciso que a causa do ato de uma pessoa provenha de sua vontade livre, isto é, venha de dentro dela mesma, e não de fora, de alguém que o force a fazer algum ato. Ou seja, não pode haver coação externa (pressão – seja física ou psicológica - de fora, ou de algum fenômeno da natureza, por exemplo).
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Assim, se houver um acidente causado por motivo de força maior ou caso fortuito, a pessoa está isenta de responsabilidade moral. Se for forçada por outra pessoa a fazer algo que conscientemente não concorda e não faria se não fosse coagida, também é isenta da responsabilidade moral. Contudo, mesmo com coação externa, há vezes em que o agente tem possibilidade de escolher. Aí, pode ser responsabilizado moralmente.
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1-Condições da responsabilidade moral
Um dos índices fundamentais do progresso moral é a elevação da responsabilidade do indivíduo ou dos grupos sociais no seu comportamento moral. Sendo assim, o problema de determinar as condições desta responsabilidade se torna muito importante. 
As condições de responsabilidade estão estreitamente relacionadas com a necessidade e liberdades humanas, já que só se pode responsabilizar uma pessoa pelos seus atos quando esta possui uma certa liberdade de opção e decisão. Isso influi no julgamento dos atos, não basta só observar as normas. 
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Só haverá legítima responsabilidade se o sujeito estiver consciente de seu ato e se sua conduta for livre, ou seja, se ninguém o forçar a agir de determinada forma. Portanto, a coação exime o sujeito de responsabilidade moral. Isso influi no julgamento dos atos, não basta só observar as normas.
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2. A ignorância e a responsabilidade moral
O sujeito que ignora as circunstâncias, a natureza ou as conseqüências de sua ação deve ser eximido da responsabilidade moral (ignorância em amplo sentido). Porém, quando o agente ignora o que poderia ter conhecido ou o que tinha obrigação de conhecer, tal ignorância não pode eximi-lo de sua responsabilidade, já que ele é responsável por não saber o que deveria saber. 
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A ignorância das circunstâncias nas quais se age, do caráter moral da ação ( da sua bondade ou maldade) ou das suas conseqüências não pode deixar de ser tomada em consideração, particularmente quando é devida ao nível de desenvolvimento moral pessoal em que o sujeito se
encontra ou ao estado de desenvolvimento histórico, social e moral em que se encontra a sociedade. 
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3. Coação externa e responsabilidade moral
Para uma pessoa ter responsabilidade por um ato ela não pode estar submetida a uma coação externa, o que faz com que perca o controle dos seus atos, sendo-lhe fechado o caminho da eleição e da decisão pessoais.A coação externa pode provir tanto de circunstâncias imprevistas, quanto de alguém que consciente e voluntariamente força um indivíduo a realizar um ato que não queria fazer. 
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Portanto, a coação externa pode anular a vontade do agente moral e eximi-lo da sua responsabilidade pessoal, mas isto não pode ser tomado num sentido absoluto, porque há casos em que, apesar de suas formas extremas, sobra-lhe certa margem de opção e, por conseguinte, de responsabilidade moral. 
A coação externa, nas duas formas apresentadas, pode, em determinadas situações, eximir o agente de responsabilidade moral de atos que, ainda que se apresentem como seus, não o são na realidade, pois têm sua causa fora dele.
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4. Coação interna e responsabilidade moral
É considerada coação interna quando um indivíduo realiza atos que têm a sua causa dentro dele. Apesar disto, não podem ser considerados moralmente responsáveis. A coação interna é tão forte que o sujeito não pode agir de maneira diferente daquela como operou, e não tendo realizado o que livre e conscientemente teria querido. 
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Este seria um caso extremo, como, por exemplo, o de em cleptomaníaco, que se comporta normalmente, até que se encontre diante do objeto que lhe excita o instinto irresistível de roubar (anormalidade). Porém, normalmente, essa coação interna não é tão forte que anule a vontade do agente e o impeça de uma opção e, portanto, de contrair uma responsabilidade moral na medida em que mantém certo domínio e controle sobre seus atos pessoais.
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5. Responsabilidade moral e liberdade
A responsabilidade moral pressupõe a possibilidade de decidir e agir vencendo a coação interna ou externa, ou seja, livremente. Por outro lado, mesmo o homem resistindo à coação (interna e externa), ele encontra-se sempre sujeito a causas que determinam a sua ação. Assim, o problema da responsabilidade moral depende, para sua solução, do problema das relações entre necessidade e liberdade, ou, mais concretamente, das relações entre a determinação causal do comportamento humano e a liberdade da vontade.
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Na próxima aula vamos juntos abordar:
Responsabilidade moral, liberdade e determinismo (Parte II)
Não percam e até breve!
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