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Ferramentas de Mercado

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02
dos
 SantosUNIDADE 03 
Ferramentas Básicas de um Mercado
Prof. MSc. Darcy Pedro Thomaz
Objetivos da aprendizagem
Compreender o conceito de mercado.
Conhecer a teoria do consumidor e seu importante papel no mercado, analisando o comportamento do consumidor em relação aos preços dos produtos e à renda.
Entender a lei da oferta e demanda.
Relacionar os mecanismos que afetam do ponto de vista econômico, as decisões dos consumidores.
Compreender a sensibilidade dos consumidores à variação de preços, isto é, o significado e a aplicação da elasticidade-preço de demanda e oferta, (MENDES, 2006).
Plano de Estudo 
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
O Mercado
O funcionamento do mercado.
Demanda de mercado.
Oferta de mercado.
Teoria do comportamento do consumidor.
Demanda do produtor e do consumidor.
Equilíbrio de mercado.
Elasticidade e elasticidade preço de demanda.
Elasticidade preço da oferta.
02
1. INTRODUÇÃO
	Bem-vindo à unidade: Ferramentas Básicas de um Mercado.
Neste segmento do curso, você estudará alguns conceitos básicos de economia e perceberá a importância da economia para o exercício de sua profissão. 
2. O MERCADO
2.1 Fundamentos da Teoria do Comportamento do Consumidor
Vimos, no capítulo introdutório, que as empresas são as principais unidades de produção e as famílias as unidades de consumo, que compõem um sistema econômico. Prosseguindo no estudo, vamos aprender como as unidades familiares se comportam como consumidoras, com relação às decisões tomadas para satisfazer seus desejos na procura por bens e serviços.
As atitudes dos consumidores, em relação aos produtos que eles compram, exercem um impacto decisivo sobre os sistemas industriais, que compõem o setor de produtos alimentares, têxteis e industrializados, como um todo, na economia de qualquer país, primordialmente nas economias de livre mercado, pois é a vontade dos consumidores que dita o tipo e a quantidade de produtos a serem produzidos. Assim, o sistema competitivo de mercado deve responder ao desejo dos consumidores. Portanto, o resultado final da fabricação e distribuição de todos os insumos utilizados na produção de bens e serviços, em geral, é o consumo. Em suma, o comportamento do mercado se baseia no comportamento do consumidor individual. Para tanto, temos a teoria de utilidade e a curva de indiferença para atingirmos o mesmo resultado.
Vejamos, então, que o comportamento do consumidor apresenta algumas características, tais como:
Os consumidores destinam toda sua renda para o consumo de bens e serviços e poupança.
Eles não gastam toda a renda recebida na compra de um único bem.
Eles dificilmente conseguem comprar a maioria dos produtos desejados, pois as necessidades humanas são insaciáveis e eles buscam o que lhes dá maior prazer.
Eles procuram maximizar a satisfação total, que está quase sempre sujeita à limitação da renda e dos preços dos produtos disponíveis.
Como podemos observar, a teoria da utilidade tem como base o comportamento do consumidor, que obtém utilidade ou satisfação pelo consumo de bens e serviços. Utilidade é a satisfação que uma pessoa consegue por meio do consumo de uma ou mais unidades de um bem ou serviço. Portanto, utilidade é a capacidade que um produto tem de satisfazer uma necessidade humana.
A utilidade total se refere à satisfação completa proveniente de todas as unidades consumidas de um bem. Assim, entendemos que a utilidade é aplicada a cada produto consumido por um indivíduo. Por isso, é difícil de se mensurar a utilidade, pois está intimamente ligada a cada consumidor, que se comporta de forma particularmente subjetiva. Subentendemos que o consumidor distingue entre níveis de satisfação pelo consumo de um bem ou serviço. Quanto maior o consumo de um bem por unidade de tempo, maior será a sua satisfação ou utilidade total, até um certo ponto. Em algum nível de consumo, a utilidade total do produto alcançará um ponto máximo de satisfação, ou de saturação. Vemos, então, que a utilidade total cresce a taxas decrescentes, atingindo um limite máximo de satisfação, a partir do qual passa a decrescer. 
Como já vimos, nas características de comportamento do consumidor, para buscar a satisfação, ele gasta sua renda numa variedade de produtos e não num único bem ou serviço, porque o comportamento do referido consumidor está relacionado à lei da utilidade marginal decrescente. Significa que, quando um indivíduo consome unidades adicionais de um produto, não alterando o consumo de outros produtos, a quantidade de satisfação obtida pelo consumo de cada unidade adicional daquele produto decresce. 
Como exemplo, imaginemos a seguinte situação: um indivíduo sedento, num lugar sem água e, para saciar sua sede, depende do consumo de 5 copos de água. Quando ele encontrar água para comprar, o primeiro copo de água terá muito mais valor do que os outros, pois a utilidade total gerada por esse primeiro copo é muito grande. Um segundo copo de água também gerará utilidade, mas numa proporção menor do que o primeiro, de tal forma que o consumidor desejará pagar menos pelo segundo copo de água, pois este adicionará menos utilidade do que o anterior. E, provavelmente, um terceiro copo de água teria muito menos valor do que o segundo para o consumidor, pois sua sede já estaria quase saciada. Seguindo esse raciocínio, o quinto copo de água já lhe acrescentaria muito pouca utilidade, pois sua sede já estaria totalmente saciada, por isso, ele não estaria disposto a pagar qualquer valor por esse último copo de água. Esse é o princípio da utilidade marginal, que se refere ao acréscimo da utilidade total gerado pelo consumo de mais uma unidade de um bem ou um serviço. 
Observamos que, a cada unidade adicional consumida de um produto, a satisfação acrescida ao consumidor é cada vez menor, então, provavelmente, ele estará disposto a pagar um preço menor para cada unidade adicional. Portanto, é possível percebermos que a utilidade marginal é decrescente. 
Tabela 1 – Utilidades total e marginal do consumo (hipotético) de copos de água (Mendes, 2004).
	Quantidade Consumida de Copos de Água
	(Em unidades)
	
	Utilidade Total
	Utilidade Marginal
	0
	0
	-
	1
	70
	70
	2
	120
	50
	3
	165
	45
	4
	190
	25
	5
	210
	20
	6
	225
	15
	7
	235
	10
	8
	240
	5
	9
	242
	2
	10
	243
	1
Figura 1 – Utilidades total e marginal (Mendes, 2004)
Veremos que a teoria da utilidade marginal tem como base quatro pressuposições;
“O consumidor obtém utilidade, ou satisfação proveniente dos bens que consome. 
Cada unidade adicional consumida resulta em utilidade total adicional.
À medida que aumenta a quantidade consumida de um produto, a utilidade marginal decresce.
O desejo do consumidor é maximizar a utilidade total pois ele está em busca da maximização do prazer” (MENDES,2004).
Precisamos lembrar sempre que o consumidor está em busca da maximização da satisfação, utilizando, da melhor forma possível, a sua renda que é limitada. Para isso, a utilidade total é maximizada quando toda renda disponível do consumidor é gasta e quando a utilidade marginal por unidade monetária é igual para todos os bens e serviços consumidos. 
Assim, vemos que:
“Quanto maior o preço de um bem, menor é a quantidade demandada desse bem,
Quanto maior o preço de um bem, maior é a demanda por bens substitutos desse bem,
Quanto maior é a renda do consumidor, maior é a demanda por bens considerados normais, isto é, aqueles bens que o seu consumo aumenta quando aumenta a renda do consumidor”, (MENDES,2006). 
Como já nos referimos antes, com base em MENDES, (2004), além da curva de utilidade, a outra ferramenta que dispomos para analisarmos o comportamento do consumidor é a curva de indiferença, que toma como base a idéia de que as escolhas do consumidor são limitadas pela sua renda e pelos preços das mercadorias. Servem paraexplicar porque o comportamento do consumidor se altera ao longo do tempo. Em poucas palavras, a essência está na variação dos preços relativos dos bens e serviços, na variação do nível de renda dos consumidores e no grau de necessidades dos novos bens e serviços. 
 
2.2 Funcionamento do Mercado
Como mercado, entende-se toda instituição social onde bens e serviços (BS) e fatores de produção (FP) são negociados livremente.
As negociações acontecem por meio das trocas diretas, isto é, de produto por produto, e trocas indiretas, ou seja, são os negócios que se realizam com o uso de um instrumento de troca, denominado dinheiro.
Entende-se como dinheiro qualquer bem ou coisa utilizada de maneira generalizada para adquirir bens e serviços (BS).
Por sua vez, preço é o número de moedas necessário para obter, em troca, uma unidade de um bem ou serviço (BS).
Esse bem ou serviço é limitado, isto é, percorre um caminho para se tornar disponível para o consumo e, ao mesmo tempo, escasso frente às necessidades ilimitadas da humanidade. 
Os bens e serviços disponibilizados no mercado estão relacionados ao interesse individual de agentes econômicos, que buscam lucro. Portanto, os produtos ofertados têm o objetivo de atender as necessidades ou desejos dos consumidores, também chamados de demandantes. Isso significa que, se houver procura e se a transação ocorrer a preços que sejam superiores aos custos envolvidos na sua produção e distribuição, a oferta de bens e serviços gerará lucro.
Na mesma linha de raciocínio, a procura ocorrerá quando os consumidores efetivamente tenham motivos para comprar e poder aquisitivo para exercer sua demanda. As razões de compra são, portanto, o atendimento dos mais diversos desejos e necessidades dos consumidores que buscam a sobrevivência, status, conforto ou prazer. Assim, além da vontade de consumir, os agentes econômicos precisam de renda para pagar os bens e serviços que irão satisfazer suas necessidades. 
No aspecto específico da demanda, normalmente, a quantidade procurada é inversamente proporcional aos preços, tanto pela questão de renda limitada dos consumidores como pelo efeito substituição. Com preços menores, o poder de compra da renda dos consumidores é maior do que com os preços mais altos. Além disso, os preços altos podem estimular a procura por bens substitutos que atendam às mesmas necessidades. Esse comportamento dos consumidores pode variar de bem para bem, pois há casos em que a variação de preços pode não alterar o consumo.
Assim, subentende-se que os consumidores desejam comprar quantidades maiores, quando os preços forem menores e, de outro lado, os ofertantes interessados em vender quantidades maiores, sempre que os preços forem mais altos. 
Portanto, os preços e as quantidades de mercado tendem a ser definidos através de um verdadeiro jogo de interesses entre demandantes e ofertantes. 
Para um maior entendimento, esse jogo de interesses, na prática, é a concorrência, pois estamos imaginando que participamos de um mercado em que as decisões de vender e comprar ocorrem por livre iniciativa dos agentes econômicos. 
A Teoria do funcionamento do Mercado
Demanda ou procura é a relação que descreve o quanto de um bem ou serviço os consumidores estão dispostos a adquirir aos diferentes níveis de preços, em um determinado período de tempo e dado um conjunto de condições. 
Demanda, portanto, é a quantidade de um determinado bem ou serviço (BS) que o consumidor deseja comprar em determinado momento, por um determinado preço, coeteris paribus, (isto é, mantidas as demais condições constantes).
Do que depende a procura?
A demanda depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor entre os diversos bens e serviços (BS) e sua renda.
As quantidades de bens e serviços (BS) que os consumidores estão dispostos a comprar são afetadas por várias circunstâncias ou motivos. Então, vemos que o consumidor define a escolha de um bem ou serviço (BS) em função de alguns fatores:
Preço do bem ou serviço (BS),
Preço dos outros bens e serviços (BS), 
O número de consumidores considerados,
Renda dos consumidores,
Gosto ou preferência dos consumidores
A variedade de bens e serviços disponíveis
As expectativas dos consumidores sobre os futuros preços dos produtos.
Portanto D = f (preço BS, preço dos outros BS, gosto, preferência dos consumidores, etc...). 
Esses itens relacionados e outros afetam a quantidade demanda, mas subentende-se que somente o preço do bem variará e as demais condições serão mantidas constantes, com o propósito de definir a demanda, isto é, preço influenciando a quantidade demandada.
 	Para estudarmos o impacto dessas variáveis, utilizamos a hipótese do “coeteris paribus”, ou seja, consideramos cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor. 
A lei geral da demanda mostra que há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem, coeteris paribus.
Tabela 2 – Escala de procura (Vasconcellos, 2004)
	Alternativas de preço($)
	Quantidade demandada
	1,00
	11.000
	3,00
	9.000
	6,00
	6.000
	8,00
	4.000
	10,00
	2.000
Figura 2 – Curva de procura do bem X1 (Vasconcellos, 2004)
A curva de demanda é negativamente inclinada de cima para baixo, da esquerda para a direita refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia, inversamente, com relação a seu preço, coeteris paribus.
Segundo VASCONCELLOS, (2004), do ponto de vista matemático, a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço pode ser expressa pela função demanda, ou equação da demanda:
Qd = f(P)
Onde: Qd = quantidade demandada de um bem ou serviço, num dado período de tempo e
P = preço do bem ou serviço.
“A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de 2 fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a redução da quantidade demandada será causada pelos dois efeitos (efeito substituição e efeito renda).
O efeito substituição aparece se um bem A possui um bem substituto B, isto é, há outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade. Assim, quando o preço do bem A aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem B e diminui a demanda do bem A. Portanto, isto ocorre quando há aumento de preço de um BS e o consumidor o substitui por outro BS e a demanda do primeiro BS se reduzirá.
Efeito Renda: quando aumenta o preço de um bem A, coeteris paribus, o consumidor perde o poder aquisitivo e a procura pelo produto A diminui. Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário real foi corroído. Portanto diminuiu o poder de compra”, (VASCONCELLOS,2006). 
Outras Variáveis que afetam a demanda de um Bem
Como já percebemos, além dos preços, há outras variáveis que afetam a demanda de bens e serviços.
Assim, diz VASCONCELLOS, (2006), para boa parte dos produtos, a demanda também será afetada pela renda dos consumidores, pelos preços dos bens concorrentes ou sucedâneos, pelo preço dos bens complementares e pelos hábitos, preferências, cultura, educação, idade, sexo, religião dos consumidores.
Assim, se a renda dos consumidores aumenta e a demanda por um produto também aumenta, entendemos que o bem é normal. 
Quando aumenta a renda dos consumidores e a demanda de um bem ou serviço diminui, esse produto é chamado de bem inferior. Por exemplo, se o consumidor aumentar a renda e o consumo de carne de segunda diminuir e aumentar o consumo de carne de primeira, então, a carne de segunda é considera um bem inferior. 
Temos, ainda, os bens considerados de consumo saciado, ou básicos, que não influenciam na demanda, quando aumenta a renda dos consumidores, como o feijão, o arroz, o sal.
 	A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens ou serviços. Quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade de outro, coeteris paribus, elessão chamados de bens substitutos ou sucedâneos. Por exemplo, o aumento no preço da carne bovina deve elevar a demanda de carne de frango, permanecendo os demais fatores constantes. Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares. Por exemplo, o aumento no preço do automóvel reduz a demanda por gasolina, ou aumento de preços de camisas sociais diminui a demanda por gravatas.
Como já vimos anteriormente, os hábitos e preferências dos consumidores influenciam na demanda dos bens e serviços. Para tentar modificar as preferências e hábitos dos consumidores, os empresários gastam em propaganda e publicidade para aumentar a demanda por certos bens ou serviços.
Além dos fatos já mencionados, que afetam a demanda de boa parte dos produtos, alguns bens e serviços são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais, localização do consumidor, idade, sexo e outros fatores, como condições de crédito, perspectivas econômicas, reajustes ou congelamentos de salários, controle de preços. 
Demanda do Produtor e do Consumidor
“A demanda em nível de consumidor é denominada de demanda primária, porque é relativamente a demanda primária que toda as demais demandas, ao longo da cadeia produtiva do produto, se posicionam. Já a demanda em nível de produtor se classifica como demanda derivada, pois depende das demandas nos segmentos atacadista e varejista. Exemplo: a cadeia agro-industrial da carne suína.
O setor de varejo avalia as decisões de compra dos consumidores para os vários cortes de carne. Este processo é feito subdividindo a carcaça suína inicialmente nos chamados dianteiro e traseiro. Pesquisas mostram que os cortes são muito importantes e contribuem substancialmente sobre a variação dos preços sobre as diversas partes do suíno, tais como costela, pernil, lombo. Este diferencial de preços está ligado diretamente ao preço oferecido pelos frigoríficos aos produtores de suínos, resguardando sua margem de lucro. Porém, os suinocultores ao receberem a oferta pelo suíno vivo têm pouca, ou quase nenhuma margem de negociação para influenciar no preço de seu produto. Eles são tomadores de preços pois dentro das atuais estruturas de mercado dificilmente conseguem impor preços sobre sua produção e comercialização, que lhe permitam um a maior margem de lucro através do ajuste de preços de venda”, (ARBAGE, 2003). 
2.4 Oferta de Mercado
É a quantidade de bens e serviços (BS) que os produtores desejam vender por unidade de tempo. Da mesma forma que a demanda, a oferta depende do preço dos bens e serviços (BS), dos preços dos fatores de produção, dos objetivos dos empresários, da tecnologia empregada, expectativas de mercado futuro...
Como vê-se em VASCONCELLOS, (2004), de maneira oposta da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre as quantidades ofertadas e os níveis de preços dos bens e serviços “coeteris paribus”. 
Tabela 3 – Escala de oferta (Vasconcellos, 2004)
	Preço ($)
	Quantidade Ofertada
	1,00
	1.000
	3,00
	3.000
	6,00
	6.000
	8,00
	8.000
	10,00
	10.000
Essa escala pode ser expressa graficamente:
Figura 3 – Curva de oferta do bem X (Vasconcellos, 2004) 
Matematicamente a função da oferta se dá pela expressão:
Qo = f(Pde BS, Pde FP, P de Na...). 
Qo = quantidade ofertada de um bem ou serviço (BS), num dado período,
P = preço do bem ou serviço (BS).
“A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem ou serviço e o preço desse bem se deve ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção, como também, novas empresas serão atraídas, aumentando a quantidade oferecida do produto. 
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço (BS) é afetada pelos custos dos fatores de produção (FP), tais como matérias-primas, salários dos trabalhadores, preço da terra, tecnologias adotadas pelo aumento do número de empresas no mercado, expectativas de mercado futuro e o clima.
Um aumento dos salários dos trabalhadores ou dos custos das matérias-primas provocará, coeteris paribus, uma retração da oferta de produtos.
“A relação entre a oferta e o nível de conhecimento tecnológico é diretamente proporcional, uma vez que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fatores de produção, aumentando a oferta”, (VASCONCELLOS, 2004).
Da mesma forma, há uma relação direta entre a oferta de um produto e o número de empresas ofertantes do produto no mercado. 
Para ABRAGE, (2004), no caso específico do agronegócio, as expectativas de mercado futuro influenciam as decisões sobre o plantio que ocorrem em um momento específico e são tomadas levando-se em conta o cenário de médio prazo para a cultura e para a economia como um todo. Nessa condição, é muito importante a existência de mecanismos que propiciem a transparência de mercado, sobretudo nos aspectos relativos a preços futuros. As bolsas de mercadorias são exemplos importantes de instituições que permitem decisões mais seguras dos produtores. 
2.4.1 Oferta e a Quantidade Ofertada
Para VASCONCELLOS, (2004), nas mesmas condições da demanda, também devemos distinguir entre oferta e quantidade ofertada. A oferta se refere à escala, ou toda curva, enquanto a quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta. Assim, o aumento no preço de um produto provoca um aumento na quantidade ofertada, coeteris paribus, isto é, um movimento ao longo da curva, enquanto uma alteração nas outras variáveis, como custos de produção, ou nível tecnológico deslocam a curva de oferta. 
“Exemplificando o que foi dito, podemos dizer que a curva de oferta típica de um produto agrícola pode se deslocar para direita, caso ocorra uma ou mais das seguintes alterações:
Queda no preço dos insumos;
Redução dos preços de um produto competitivo pelos mesmos insumos de produção;
Melhoria tecnológica e o aumento do número de produtores;
Clima favorável;
Expectativas de expansão de demandas futuras em função de ganhos de renda real da população consumidora do produto; e
Aumento da área cultivada” (ARBAGE, 2003).
É importante observarmos, que o comportamento inverso sobre os itens acima relacionados provocará um deslocamento da curva de oferta para a esquerda.
Figura 4 – Alteração da quantidade ofertada e da oferta(Vasconcellos, 2004)
2.4.2 Oferta dos Produtores e dos Agentes Varejistas
É importante observar, que, em se tratando de agronegócio, o comportamento dos produtores, em relação à oferta de produtos agrícolas, assume características específicas, pois ocorre um ajustamento na produção agrícola diferente para aumentos e reduções de preços de um produto agrícola, porque os produtores, geralmente, respondem mais aos aumentos de preços do que às quedas. Isto ocorre porque o produtor incorpora mudanças, novas tecnologias e normalmente não as descarta quando ocorrem reduções de preços posteriores. 
Assim, notamos que os produtores rurais tendem a ser mais sensíveis a aumento de preços dos produtos por eles produzidos do que a reduções dos preços, porque, geralmente, quando ocorrem os aumentos de preços e das quantidades ofertadas, também acontecem as inovações tecnológicas que interferem na oferta dos produtos. 
No entanto, quando há redução de preços, o produtor rural tende a não descartar as inovações tecnológicas adotadas anteriormente. Isto quer dizer que o patamar técnico tende a se manter, pois as reduções de preços normalmente serão compensadas por aumentos de produtividade. 
Outro destaque se refere ao fato de que a oferta que diz respeito ao produtor é considerada oferta primária, pois é a partir dela que se originam as demais ofertas, ao longo de toda cadeia produtiva.
Já a oferta em termos de varejo se caracteriza como oferta derivada, pois depende da oferta primária, que é realizada pelo produtor rural. A oferta derivada inclui todos os custos com as funções de comercialização, taiscomo beneficiamento, transporte e processamento, bem como os serviços adicionados ao produto, e mesmo o processo de agregação de valor desde a saída do produto da propriedade rural até a chegada ao consumidor final. 
	
	Pesquisa 
De acordo com o texto lido, escreva sobre as razões que explicam por que a curva de demanda é inclinada para baixo e a curva da oferta é ascendente. 
2.5 Equilíbrio de Mercado
A interação das curvas de procura e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um produto num determinado mercado. 
Portanto, equilíbrio de mercado é o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores simultaneamente.
A interação das curvas de D e O determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço (BS) em um mercado.
	Preço ($)
	Quantidade
	Situação de mercado
	
	Procurada
	Ofertada
	
	1,00
	11.000
	1.000
	Excesso de procura (escassez de oferta)
	3,00
	9.000
	3.000
	Excesso de procura (escassez de oferta)
	6,00
	6.000
	6.000
	Equilíbrio entre oferta e procura
	8,00
	4.000
	8.000
	Excesso de oferta (escassez de procura)
	10,00
	2.000
	10.000
	Excesso de oferta (escassez de procura)
Tabela 5 – Oferta e demanda do bem X (Vasconcellos, 2004) 
Podemos observar que há equilíbrio entre O e D de um BS quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias.
Figura 5 – Equilíbrio de mercado (Vasconcellos, 2004).
Observamos que as curvas de oferta e demanda interceptam-se ao preço de 6,00 unidades monetárias e a quantidade igual a 6, que são chamados preço de equilíbrio e quantidade de equilíbrio, respectivamente. Suponhamos que o preço tenha aumentado para 8,00 unidades monetárias. Em 8,00 unidades monetárias, a quantidade oferecida é maior do que a quantidade demandada e ocorre um excesso de oferta no mercado. Assim, provavelmente os vendedores desejarão baixar o preço para liquidar o excesso. Por outro lado, se o preço tivesse caído para 3,00 unidades monetárias, a quantidade demandada seria maior que a quantidade ofertada e ocorreria uma escassez no mercado. Portanto, se a quantidade ofertada (O) estiver abaixo daquela de equilíbrio teremos uma situação de escassez do produto. Daí ocorrerá uma competição entre consumidores, pois as quantidades procuradas (P) serão maiores do que as ofertadas (O). Haverá filas e se terá aumento de preços, até atingir o equilíbrio e as filas cessarão.
Como vimos anteriormente, da mesma forma, se a quantidade ofertada (O) estiver acima do ponto de equilíbrio haverá um excesso de produção e acúmulo de estoques. Daí ocorrerá uma competição entre os produtores, com uma redução dos preços até se atingir o ponto de equilíbrio, porque a competição levará o mercado para uma situação de equilíbrio. 
Portanto, notamos que qualquer movimento de afastamento de equilíbrio coloca em ação forças reguladoras que causam um movimento de retorno ao equilíbrio. Podemos, assim, definir o preço de equilíbrio como aquele que, uma vez atingido, tende a se manter. O mesmo vale para a quantidade de equilíbrio.
2.6 Elasticidade
Utilizando-se como apoio VASCONCELLOS, (2004), em economia o conceito de elasticidade se baseia na definição do que é elástico. Quando falamos que alguma coisa é elástica, entendemos que ela estica, ou cede facilmente quando pressionada por uma força. Em economia, uma variável é elástica quando muda acentuadamente sob a influência de outra variável. Quanto maior a sensibilidade da variável dependente em função das variáveis na variável independente, mais elástica é a função. Podemos falar em vários enfoques de elasticidade, como: elasticidade preço de procura e oferta, elasticidade - renda, elasticidade cruzada e elasticidade de custos.
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação às variações dos preços e da renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de elasticidade. Como vimos, elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus. 
A elasticidade é um conceito econômico que pode ser objeto de cálculo, a partir de informações coletadas no mundo real, permitindo-nos, dessa maneira, o confronto das proposições da teoria econômica com os dados da realidade. 
O conceito de elasticidade representa uma informação bastante útil tanto para as empresas como para a administração pública. Nas empresas, a previsão de vendas, por exemplo, é de extrema importância, pois permite uma estimativa da reação dos consumidores em face das alterações dos preços da empresa, dos concorrentes e em seus salários. Para o planejamento macroeconômico, a elasticidade é de igual importância, pois se pode prever, qual seria o impacto de uma desvalorização, ou valorização cambial sobre o saldo da balança comercial de um país, ou qual a sensibilidade dos investimentos do setor privado a alterações na tributação ou na taxa de juros.
Portanto, quando ocorre um movimento ao longo de uma curva de oferta ou demanda, é necessário ter algum método de comparar as variações de preços e seus efeitos sobre a quantidade ofertada ou demandada.
 
2.6.1 Elasticidade-preço da Demanda
Com o auxilio de VASCONCELLOS, (2004), por elasticidade – preço da demanda, entendemos a razão entre a variação percentual da quantidade demandada e a variação percentual no preço do próprio bem. Portanto, o coeficiente de elasticidade – preço de demanda é a variação percentual na quantidade demandada de um produto, dividida pela variação percentual no seu preço, onde a quantidade demandada é a variável dependente.
Podemos expressar de maneira matemática, assim:
Como a correlação entre o preço e a quantidade demandada é inversa, isto é, uma alteração positiva de preços corresponderá uma variação negativa da quantidade demandada, o valor encontrado da elasticidade-preço da demanda será sempre negativo. 
Portanto, o preço e a quantidade variam em sentido inverso, fazendo com que a razão dos acréscimos percentuais seja sempre negativa. Contudo, o que importa é a medida de sensibilidade indicada pelo módulo da relação. Por isso, costuma-se indicar a elasticidade em módulo, ou o sinal menos “-“ na frente para torná-la positiva, ou simplesmente ignorar o sinal negativo, porque entendemos, pela própria lei da demanda, que a procura é inversamente proporcional aos preços.
Quando a variação na quantidade é alta, em relação à variação de preço, dizemos que o bem é elástico, ou a demanda é elástica. Como exemplo, imaginemos que, em determinado momento, ocorreu uma queda de preço de 20% e a quantidade demandada aumentou em 30%. Trata-se de um produto cuja demanda tem grande sensibilidade a variações de preço.
Demanda elástica: ocorre quando a variação da quantidade demandada é maior do que a variação do preço. Assim: EpD > 1.
Na condição supra, os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a eventuais variações de preços. Em caso de aumento de preço, diminui fortemente o consumo, quando há queda de preços de mercado, aumenta muito o consumo, em relação à variação do preço.
Quando a elasticidade é igual a um,(1), dizemos que ela é unitária. Usando o mesmo exemplo da demanda elástica, imaginemos que, em determinado momento, ocorreu uma queda de preço de 10% e a quantidade demandada aumentou em 10%. 
Demanda de elasticidade-preço unitária: acontece quando as variações percentuais no preço e na quantidade são iguais, porém em sentido inverso. Assim: EpD = 1. 
A elasticidade entre 0 e 1 caracteriza um bem inelástico, ou de baixa elasticidade. Tomando o mesmo exemplo novamente, imaginemos que, em determinado momento, ocorreu uma queda de preço de 15% e a quantidade demandada aumento em 10%.
Os consumidores desse produto reagem pouco a variações dos preços, isto é, possuem baixa sensibilidade ao que acontece com os preços de mercado. Neste grupo de produtos, enquadram-se uma parte dos bens e serviços provenientes do agronegócio.Demanda inelástica: significa que uma variação percentual no preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas quantidades procuradas, coeteris paribus. Temos EpD < 1.
A fórmula de elasticidade mostra facilmente que ela varia de 0 ao infinito, passando pelo ponto um, que é importante, porque acima dele não interessa ao vendedor elevar o preço, pois teria redução da receita. E = 1 é uma elasticidade limite para a elevação de preço da empresa que pretenda elevar sua receita, pela majoração de preços. 
Figura 6 – Tipos de Elasticidade de Demanda (Vasconcellos, 2004).
2.6.2 Fatores que afetam a Elasticidade da Demanda
Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, maior elasticidade terá sua demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima, farão com que o consumidor passe a comprar seu substituto, provocando queda na demanda desse bem mais que proporcional à variação do preço. Assim, quanto mais específico o mercado, maior a elasticidade. Para exemplificar, a elasticidade-preço da demanda de guaraná será maior do que a de refrigerantes em geral, pois existem mais substitutos para o guaraná do que para os refrigerantes em geral. Outro exemplo, a elasticidade-preço da procura por automóveis de luxo é maior do que a de automóveis populares em geral.
Essencialidade do bem: se o produto é essencial, será pouco sensível à variação de preço. Portanto, sua demanda será inelástica.
Influência dos gastos com o bem sobre a renda do consumidor: quanto maior o gasto referente a determinado produto em relação ao gasto total do consumidor, mais sensível se torna o consumidor a alterações ao preço do referido bem. Portanto, a demanda será mais elástica. Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de óleo de soja tende a ser mais elevada que a de sal refinado, já que o consumidor gasta uma parcela maior de seu orçamento com óleo de soja do que com sal refinado. 
Número de usos do produto.
Ponto da curva de demanda em que se encontra o preço do bem.
2.6.3 Relação entre Receita total e o Grau de Elasticidade
Para MENDES, (2004), a receita total (RT) do produtor corresponde ao gasto total dos consumidores, referente a um certo produto, que é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda.
				RT = Q x P,
onde: 
RT = receita total,
Q = quantidade vendida dos bens e serviços e
P = preço unitário do bem ou serviço.
Podem ocorrer três possibilidades:
demanda elástica: neste caso, a redução do preço do produto tenderá a aumentar a receita total, pois o aumento percentual da quantidade vendida será maior do que a redução percentual do preço. É bom lembrar que é um mercado em que os consumidores têm uma demanda bastante sensível a preços;
demanda inelástica: nesta situação, o aumento de preço provoca aumento da receita total (RT) e a redução de preços gera redução da receita total;
demanda de elasticidade unitária: o aumento ou a redução dos preços não afetam a receita total (RT), pois o percentual de variação dos preços é igual ao percentual de variação das quantidades vendidas, mas em sentido contrário. 
Aqui é importante lembrar o que ocorre com alguns mercados agrícolas. No geral, a demanda por alimentos é inelástica, por causa de sua essencialidade, isto é, a variação da quantidade demandada é menor do que a variação de preço. Portanto, se houver uma redução na produção, ela será compensada por um aumento de preços, que representará um acréscimo no faturamento. Assim, podemos entender por que os produtores agrícolas, às vezes destroem parte de sua produção para manter e até aumentar os preços. Mas, é bom lembrar que essa condição é limitada, pois a variação de preços para mais tem suas restrições, porque o orçamento do consumidor é limitado e a elevação de preço de mercado significa maior gasto. Então, o consumidor passa a ser cada mais sensível às variações de preços desse produto, tornando a demanda cada vez mais elástica. Fica claro: quanto maior o preço do bem, maior a elasticidade-preço da demanda. 
2.6.4 Elasticidade Renda
Segundo, VASCONCELLOS, (2004) a elasticidade-renda mede a sensibilidade do consumo de um bem qualquer frente às variações na renda dos consumidores. Podemos definir elasticidade-renda como a relação entre as variações percentuais nas quantidades consumidas de um bem ou serviço e a variação percentual na renda do consumidor.
Portanto, a elasticidade-renda da demanda (ErD) mensura a variação percentual da quantidade de uma mercadoria comprada proveniente de uma variação percentual na renda do consumidor, coeteris paribus.
De maneira matemática, representamos:
A elasticidade-renda da demanda pode ser positiva ou negativa. Dependendo do valor absoluto e do sinal, a elasticidade-renda indica o tipo de produto, em relação ao comportamento do consumidor, podendo ser classificado como superior, normal ou inferior. Essa classificação está relacionada à renda do consumidor em relação ao seu desejo de consumo do bem ou serviço, que pode ser visto como muito desejável, desejável, ou consumido em quantidades mais elevadas do que o desejável, por causa da falta renda para comprar mais de outros produtos mais caros ou de melhor qualidade. Os produtos ditos inferiores geralmente são de consumo essencial e razoavelmente barato, como o arroz, o feijão a farinha de mandioca.
Para melhor entendermos, se a elasticidade-renda da demanda (ErD) é negativa, o bem é inferior, isto é, o aumento da renda do consumidor leva à uma redução no consumo desse bem, coeteris paribus. 
Se a elasticidade-renda da demanda (ErD) é positiva, mas menor do que 1, o bem é normal, ou seja, aumentos de renda dos consumidores provocam aumentos no consumo.
Por outro lado, se a elasticidade-renda da demanda (ErD) é positiva e maior do que 1, o bem é superior ou de luxo. Assim, aumentos na renda dos consumidores geram um aumento mais que proporcional no consumo do bem. Como exemplo, imaginemos que um aumento na renda dos consumidores em 10% provocará um aumento no consumo desse produto em 20%, coeteris paribus. 
Só para lembrar, essa condição de mercado não tem importância para os consumidores mais pobres, pois para eles não há bens inferiores. 
Assim, podemos entender que produtos mais sofisticados, como eletroeletrônicos, automóveis, perfumes importados apresentam elasticidade-renda superior à dos produtos de primeira necessidade, tais como alimentos, que têm um limite de consumo relacionado ao comportamento fisiológico do consumidor. Como exemplo, imaginemos que se houver um aumento na renda dos consumidores, eles não consumirão mais, feijão, arroz, ou açúcar, em relação ao que já estavam consumindo, mas provavelmente gastarão uma maior parte da renda comprando automóveis, microcomputadores, fornos microondas, televisores.
Toda essa análise, evidentemente, se aplica ao mercado agrícola que deseja saber como os consumidores se comportam diante de alterações no seu nível de renda. Os dados sobre elasticidade-renda destacam:
À maioria dos produtos agrícolas são considerados bens superiores ou normais.
Nos países de renda elevada, a elasticidade-renda de demanda (ErD) para alimentos é relativamente mais baixa, devido ao fato de que grande parte da população já se apresenta relativamente bem suprida de produtos básicos. Isto implica em que um aumento da renda acarretará um aumento na poupança interna, ou um aumento no consumo de bens duráveis ou supérfluos.
Alguns alimentos apresentam características de bens inferiores. Esses alimentos, como já vimos, são como farinha de milho, farinha de mandioca, porque são consumidos em função de uma restrição de recursos, relativamente ao consumo de produtos similares, supostamente de melhor qualidade. Porém, o grupo das carnes apresenta comportamento de bens normais. Os produtos, no geral apresentam comportamento semelhante a bens de luxo para a classe baixa. Em linhas gerais, podemos entender que os mesmos produtos há uma tendência demaior impacto na demanda para os estratos de renda mais baixos relativamente às classes da população de renda mais alta. 
2.7 Elasticidade de preço da Oferta
A elasticidade preço da oferta mensura a resposta do produtor às variações nos preços do produto, isto é, expressa a mudança percentual na quantidade ofertada de um produto em resposta a uma variação relativa no preço coeteris paribus. 
Os mesmos princípios utilizados para a demanda se aplicam à oferta, levando-se em conta que um aumento na quantidade ofertada está normalmente associado a um aumento no preço, assim, o resultado da elasticidade será positivo, pois a relação entre o preço e a quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a quantidade que o vendedor estará disposto a ofertar, coeteris paribus.
De maneira matemática, vemos assim:
		
A elasticidade da oferta é menos trabalhada do que a da demanda. A elasticidade-preço da oferta mais estudada é a dos produtos agrícolas por serem pouco sensíveis a variações de preços, isto é, inelásticos. 
Isso está relacionado à estrutura fundiária da agricultura, onde os latifúndios estão mais preocupados com a especulação com terras do que com produtividade e os minifúndios que praticam agricultura para a subsistência não produzem para o mercado. 
Como na elasticidade demanda há 3 tipos de elasticidade preço da oferta: oferta elástica, oferta inelástica e oferta de elasticidade unitária. 
A oferta inelástica apresenta um coeficiente de elasticidade maior do que 1. Isso significa que o produto apresenta uma variação percentual maior na quantidade ofertada proveniente da determinada variação nos preços. Uma oferta inelástica apresenta um coeficiente menor do que 1, mostrando que o vendedor reage de maneira menor a uma variação no preço do produto. Já a oferta inelástica mostra que não há variação na quantidade ofertada a partir de alterações nos preços dos produtos. Esta situação reflete a realidade de vários produtos que apresentam produção sazonal. Então, entre uma safra e outra se torna impossível variar a quantidade ofertada mesmo que haja alterações nos preços. A oferta de elasticidade unitária diz que existe uma relação diretamente proporcional entre preço e quantidade ofertada. 
2.7.1 Fatores que afetam a elasticidade Preço da Oferta
Formato das curvas de custo marginal das empresas. Caso os produtores aumentem sua produção com incrementos pequenos nos custos, podemos esperar que a curva de oferta de mercado será relativamente elástica. Porém, as curvas de oferta de mercado inelásticas estarão relacionadas a culturas ou produções que apresentam custos marginais elevados.
Diferenças nas estruturas de custos entre os produtores existentes no mercado e os produtores potenciais: portanto, se a diferença entre os custos unitários das empresas potenciais e das empresas que estão trabalhando for pequena, a curva de oferta do mercado tenderá a ser mais elástica do que no caso em que as curvas de custos dos produtores potenciais forem mais elevadas que as das existentes. Assim, quanto menor a diferença entre as estruturas de custos existentes e potenciais e potenciais, mais elástica será a curva de oferta deste produto.
Período de tempo para ajustamentos na produção: quanto maior o período de tempo para ajustamentos na produção mais elástica tende a ser a curva de oferta do produto. Em se tratando de economia agrícola, o período de tempo é de curtíssimo prazo, curto prazo e longo prazo. 
O curtíssimo prazo é o período de tempo de alguns dias, onde a oferta está limitada ao estoque existente do produto.
O curto prazo é um período suficiente para deslocar a oferta de um produto alterando apenas os fatores de produção variáveis.
O longo prazo é o tempo suficiente para que a empresa ajuste ou altere a escala de produção em relação à estrutura fixa dos fatores de produção, como resposta a alterações nos níveis de preço da produção. 
Expectativas dos empresários: os produtores planejam a longo prazo e produzem a curto prazo, alternando assim os fatores de produção. Assim, caso os produtores agrícolas entendam que a elevação de preços de um produto será passageira, provavelmente não modificarão a curva de oferta do produto. Ao contrário, se houver expectativa de aumento de preço para um prazo mais longo, aí haverá uma reposta positiva dos produtores. Quanto mais seguro o aumento nos preços, por um prazo mais longo, maior a reposta do setor produtivo às alterações dos preços e mais elástica será a curva de oferta.
Perecibilidade do produto: produtos perecíveis possibilitam poucas alternativas de mercado aos produtores, isto é, no limite o produtor terá que vender o produto a qualquer preço, por causa da vida útil do produto e os custos elevados com relação a transporte e armazenagem. Produtos armazenáveis apresentam maior elasticidade oferta, pois são mais sensíveis a alterações de preços do que os produtos perecíveis.
2.7.2 Aplicações do Modelo de Oferta e Demanda
A visão do mercado através da oferta e demanda nos fornece alguns esclarecimentos úteis, com relação a certas políticas econômicas adotadas pelo governo. Uma política de controle de preços, por exemplo, muitas vezes utilizada, com o objetivo de proteger os consumidores, em relação a variações abusivas de preços, ou alterações de preços de alguns produtos considerados básicos e até com a finalidade de controlar a inflação, pode levar à escassez desses produtos e a persistência, por longo tempo, cria problema de racionamento. 
Imaginemos que o governo determine um preço máximo menor que o preço de equilíbrio de mercado. Na figura a seguir, Pe é o preço de equilíbrio e Pt é o preço determinado pelo governo. Ao nível de preço tabelado, os consumidores estariam interessados em comprar q2 e os vendedores estariam dispostos a vender q1, ocorrendo assim uma escassez q1q2. 
Figura 7 – Efeito da fixação de preço abaixo do equilíbrio de mercado (Reis, 2004)
“Na prática, estes comportamentos antagônicos têm que ser resolvidos e o resultado final depende da política do governo. Como?
O governo pode dar um subsídio aos produtores para compensar a diferença de preço pt em relação à quantidade q2, assim o subsídio será igual a pspt por unidade do produto.
Mantida tal política de controle, é possível que surja o mercado negro e o ágio.
Caso o governo não interferir nessa condição, é possível, aos poucos, o mercado tender ao equilíbrio. Daí não haveria mais falta do produto no mercado, pois poderia haver um incentivo a um aumento na produção pela possível elevação de preços.
Por outro lado, uma política de garantia de preços acima do preço de equilíbrio pode levar a uma situação de superávit. Ao preço pt, acima do nível de equilíbrio, a quantidade demandada será q1 e a oferta será q2, gerando um excedente q1q2. 
Figura 8 – Efeito da fixação de preço acima do equilíbrio de mercado (Reis, 2004).
Assim, sabemos, que se a demanda aumentar e a oferta diminuir, haverá menos superávit. Para aumentar a demanda é necessário criar condições de aumentar o consumo do produto, como por exemplo, exportar mais produto, ou para diminuir a oferta controlar a produção através de limitações de áreas de plantio do produto. É possível ainda criar um programa de manutenção de preços pelo armazenamento. Ainda pode ocorrer a aquisição da sobra do produto pelo governo ao preço pt e depois distribuir segundo as necessidades. Assim, toda quantidade ofertada do produto seria adquirida ao preço pt, elevando a renda do produtor. Isso seria bom para o produtor, porém ruim para o consumidor que pagaria mais pelo produto. 
“O governo, ainda, poderia estabelecer quotas de mercado, limitando a produção e mantendo preços mais elevados, proporcionado aumento de renda para os setores que se defrontam com uma demanda inelástica de alguns produtos”, (REIS, 2004). 
REFERÊNCIAS 
MOCHÓN, Francisco, PRINCIPIOS DE ECONOMIA, Editora Pearson, 2006.
 SILVA, Fábio Gomes; TÍMACO, Fauzi. Economia aplicada à Administração.São Paulo: Futura, 1999.
VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manoel E. Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
ARBAGE, Alessandro Porporatt. Economia Rural: Conceitos básicos e aplicações. Chapecó: Argos, 2003.
MÜLLER, Antônio. Manual de Economia Básica. Petrópolis: Vozes, 2004.
MENDES, Judas Tadeu. Economia Fundamentos e Aplicações. São Paulo: PEARSON (Prentice Hall), 2008.

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