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Apostila de Semiologia Veterinária, EV UFMG, 2015

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Universidade Federal de Minas Gerais 
Escola de Veterinária 
 
 
 
 
 
SEMIOLOGIA 
VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte, Minas Gerais 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professores: 
Luiz Alberto do Lago 
Rubens Antonio Carneiro 
Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho 
 
Thais Coelho Lopes, monitora de Semiologia 
Veterinária, 2015. 
 
 
 
3 
 
 
Semiologia Veterinária 
 
Sumário: 
 
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 
Exame de mucosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 
Exame de linfonodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 
Termorregulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 
 
Semiologia da Pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 
 
Semiologia do Sistema Respiratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 
 
Semiologia do Sistema Cardiovascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 
 
Semiologia do Sistema Digestivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 
 
Semiologia do Sistema Urinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 
 
Semiologia do Sistema Genital Feminino . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 
 
Semiologia do Sistema Genital Masculino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 
 
Semiologia do Sistema Locomotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 
 
Semiologia do Sistema Nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 
 
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 
 
4 
 
 
Semiologia Veterinária 
 
Introdução: 
A semiologia é o segmento da patologia que pesquisa sintomas com o objetivo de formar 
base clínica para o diagnóstico, prognóstico e tratamento. 
Semiologia funcional: explora a parte funcional, busca informações de como está o 
desempenho das diversas funções. 
Semiologia anatômica: informações a respeito do padrão anatômico dos vários 
órgãos. 
Semiologia experimental: faz experimentações para saber como uma determinada 
função acontece, quando não se consegue obter a informação funcional diretamente. 
 
É importante seguir uma sequência sistemática e estratégica no exame clínico, pois 
quando você sistematiza uma sequência para o exame e segue essa sequência sempre, 
você diminui o risco de esquecer de examinar alguma parte. Além disso, se inverter a 
ordem do exame, pode acabar levando a um raciocínio errado (diferente) sobre o caso 
clínico. 
 
Áreas da Semiologia: 
Semiotécnica: área da semiologia que ensina a examinar o doente. Ensina como pegar 
o animal, como contê-lo e como explorá-lo para obter as informações. 
Semiogênese: Área da Semiologia que procura explicar o mecanismo de formação 
(origem) dos sintomas. 
Clínica Propedêutica: ensina a agrupar e interpretar os sintomas, e, com isso, chegar 
a uma conclusão. 
Como os animais não se comunicam na linguagem humana, nós veterinários, temos 
que aprender a linguagem deles. 
 
Sintoma: é qualquer alteração que revele doença. 
Classificação: 
Quanto à manifestação: 
- Objetivo: “Você bate o olho e vê”. A informação está clara. Ex: numa fratura, você 
consegue facilmente ver o osso fraturado, seja através da inspeção, palpação ou 
métodos auxiliares como o Raio X. 
5 
 
- Subjetivo: Requer interpretação. Você precisa fazer uma avaliação. Ex: apatia, 
letargia 
 
Quanto ao mecanismo: 
- Anatômico: Ex: Esplenomegalia 
- Funcional: Ex: sopro cardíaco 
- Reflexo: Uma manifestação que para sua produção haja necessidade de um reflexo 
retrógrado. Ex: sudorese: mecanismo desencadeado por um processo anterior 
(aumento de temperatura, por exemplo). 
 
Quadro sintomático: é a coleção de sintomas que você observa no paciente. 
Síndrome: é um estado orgânico revelado por um quadro sintomático específico. Ex: 
Síndrome febril: traz em si um quadro sintomático, caracterizado por: animal apático, 
com pêlos eriçados, hipertermia, mucosas secas. 
Sinal clínico: alteração revelada após a interpretação dos sintomas. 
 
Diagnóstico: é o reconhecimento da doença ou do estado do doente. 
Classificação: 
Quanto ao tipo: 
- Comparativo: comparar o quadro sintomático de diversas doenças. 
- Terapêutico: Desconfio desta doença ou daquela. Se eu administrar esta droga, terei 
tal resposta esperada. 
- Clínico ou nosológico: Reconhecimento direto da doença. Já examinei o paciente, 
considerei o quadro sintomático e não foi necessário comparar ou fazer algum exame 
complementar para fechar o diagnóstico. 
- Etiológico: identificação do agente através de experimentação. 
 
Quanto ao valor: 
- Provisório: Em muitas ocasiões não é possível estabelecer de imediato o diagnóstico 
exato da enfermidade. Solicitar exames complementares e observar a evolução do caso 
para se estabelecer o diagnóstico definitivo. 
- Definitivo: realizado através do exame clínico e/ou de exames complementares. É 
definitivo, ou seja, não há dúvidas quanto ao diagnóstico. 
 
Prognóstico: previsão da evolução e cura da doença. 
Classificação: 
6 
 
- Favorável: é aquele em que já se conhecem as ferramentas necessárias para a cura 
da doença. 
- Reservado: é aquele em que há recursos, mas não são totalmente eficientes. Ainda 
há dúvidas sobre a possibilidade de recuperação. 
- Desfavorável: é aquele em que você já sabe de antemão que não há chances de 
recuperação. 
 
Tratamento: 
É o meio do qual lançamos mão para combater a doença. Quanto ao tipo pode ser 
cirúrgico, manejo, terapêutico, fisioterápico. 
Quanto à finalidade pode ser etiológica, sintomática e vital. 
Eutanásia é uma forma de tratamento. É uma prerrogativa absoluta do veterinário e só 
pode ser recomendada como tratamento depois de reconhecer a indicação. Deve ser 
feita somente se não há possibilidade de cura ou aumento da sobrevida do animal. 
 
Exame clínico: 
É o conjunto de procedimentos executados pelo clinico de forma metódica e sistemática 
visando o estabelecimento de um diagnóstico presuntivo. É uma busca de informações. 
 
Métodos de exploração clínica ou Métodos de exploração semiológica: 
São recursos de que dispomos para a avaliação clínica dos animais. 
 
- Métodos clássicos ou convencionais: 
 Inspeção: Tem que olhar querendo ver. Assim, ela fará 78% do exame clínico. Por isso 
deve-se fotografar mentalmente tudo aquilo que vemos para utilizar comparativamente 
nos exames futuros. Fazendo somente a inspeção, é possível dar um diagnóstico com 
segurança, enquanto com todos os outros métodos, se utilizados isoladamente, isso 
não é possível. 
Pode ser direta, quando não há nada entre o olho e a área observada (utilizar uma 
lanterna para iluminar a região continua sendo inspeção direta, pois não há nada entre 
o olho e o que está sendo inspecionado. E pode ser indireta, quando há algo entre o 
olho e o que se está vendo. Ex: lupa. 
 
 Palpação: Sentido do tato. É direta quando se utiliza direto as mãos e indireta quando 
se utiliza algum instrumento, por exemplo, uma sonda. Para ser feita uma palpação 
7 
 
adequada é necessário que o animal esteja contido de uma forma adequadae que o 
clínico se posicione adequadamente em relação ao animal. 
 
 Percussão: Produção de som. É direta quando não utilizamos nenhum instrumento 
(digital ou dígito-digital em pequenos animais), e indireta quando utilizamos o martelo e 
o plexímetro. São importantes a técnica sistemática e a utilização de instrumentos 
adequados. Também é importante que seja feita em ambiente tranquilo e silencioso, 
pois a principal dificuldade que encontramos são os ruídos de baixa frequência do 
ambiente. 
O som que ouvimos durante a percussão não é propriamente o som que produzimos, e 
sim o retorno do som produzido. 
Tipos de som: 
- Maciço: não tem propagação de ondas dentro dele, ou seja, não tem ar ou espaços 
vazios. Ex: fígado. 
- Maciço não completamente: tem um pouco de propagação, mas não chega a 
metade. Igual a cerca de 2/3 de macicez e 1/3 de propagação). 
- Sub-maciço: tem metade de propagação e metade de macicez. 
- Claro: tem muita propagação de ondas. Ex: pulmões. 
- Sub-timpânico: mais ou menos o mesmo tanto de propagação que o claro. 
- Timpânico: total propagação de ondas, não há nenhuma macicez. 
 
 Auscultação: sons produzidos pelos órgãos. Também pode ser direta (coloca-se o 
ouvido diretamente na estrutura) ou indireta (utilização do estetoscópio). 
 
- Métodos Auxiliares: série de métodos específicos que visam auxiliar os métodos 
clássicos. As técnicas empregadas têm o objetivo de aumentar e potencializar a 
eficiência dos sentidos. 
Ex: Procedimentos cirúrgicos, endoscopia, ultrassom, biopsia, punção, exames 
laboratoriais. 
 
Importância do posicionamento do examinador e do animal para fazer o exame físico 
(inspeção, palpação, percussão e auscultação): O posicionamento influencia na 
eficiência da execução da metodologia. Conforme o posicionamento em relação ao 
animal você pode ver tudo ou não ver nada. Além disso, é importante também para a 
segurança do clínico. 
 
8 
 
Etapas do exame clínico: 
 Identificação e histórico: identificação do proprietário/tutor e do animal (nome, 
telefone, endereço, raça, sexo, idade) e história contada pelo proprietário sobre o que 
está acontecendo com o animal. Nesse momento o veterinário não pode falar nada, só 
ouvir. 
 
 Anamnese geral e específica: o veterinário faz perguntas estratégicas ao proprietário. 
Deve ser em ordem cronológica e não induzir respostas falsas. Ex: ao invés de 
perguntar: “você dá vermífugo ao seu animal? ”, perguntar: “Qual foi a última vez que o 
seu animal foi vermifugado? ” 
- Geral: formar um painel sobre o ambiente e a rotina diária do animal e do proprietário. 
- Específica: obter respostas especificamente ligadas ao motivo da consulta. Ex: se a 
queixa principal é a tosse do animal, a anamnese específica será voltada para o sistema 
respiratório, dando uma atenção maior a este. Mas perguntas sobre os outros sistemas 
também são extremamente importantes. 
 
Importante: nunca censurar ou advertir o proprietário, pois pode inibi-lo de dar as 
respostas verdadeiras. Se elogiá-lo, ele pode superestimar alguma informação. Portanto 
deve manter-se neutro. 
 
 Exame físico: execução da metodologia e manipulação do animal para obter 
informações. Obs: essa é a primeira etapa de manipulação do animal. A inspeção à 
distância (observação do comportamento) do animal é feita durante as etapas iniciais 
de identificação, histórico e anamnese. 
 
 Diagnóstico 
 Prognóstico 
 Tratamento 
 
Fatores importantes para a realização do exame clínico: 
- Ambiente: iluminado, tranquilo, silencioso, seguro. 
- Relação médico/paciente e médico/informante: respeitar seu paciente 
- Contenção: importante para a segurança do médico e do animal. O animal é bravo 
porque quer se defender. Por mais manso que seja, na hora em que ele se sentir 
ameaçado, ou se sentir dor durante o exame, ele vai querer se defender. 
9 
 
- Posicionamento: influencia na eficiência da execução da metodologia. Conforme o 
posicionamento em relação ao animal você pode ver tudo ou não ver nada. É 
importante, ainda, para a segurança do clínico examinador. 
- Manipulação: maneira correta de segurar o animal 
- Interação e concentração: conversar com o animal para senti-lo e entendê-lo. 
- Sistemática: roteiro, metodologia. 
Projeção Anatomotopográfica: desenho feito na pele do animal projetando a 
localização interna do órgão. Projeção do órgão na superfície corpórea do animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Exame de Mucosas: 
 
Qual é a importância de se examinar mucosas e linfonodos? Além de ser tecido ou órgão 
próprio, e portando sofrer alterações, nos dá informações sobre o estado de saúde geral 
do animal, ou seja, pode indicar doenças em outros sistemas. 
Enfermidades próprias: inflamações, tumores, edemas. 
Enfermidades de outros sistemas: icterícia. 
 
Estrutura examinável é aquela que saudável ou doente temos acesso a ela. É a 
estrutura que classicamente se examina na rotina. Ex: mucosa anal: nós temos 
facilmente acesso a ela, mas ela não é uma mucosa examinável enquanto exame de 
mucosa, e sim durante o exame do trato gastrointestinal. 
 
Mucosas examináveis em uma rotina clínica: 
- Conjuntiva ocular ou mucosas conjuntivais 
- Mucosa oral ou bucal 
- Mucosas nasais 
- Mucosa vulvo-vaginal 
- Mucosa prepucial ou peniana (apenas nos pequenos animais, nas demais 
espécies seu exame é feito junto com o sistema genital). 
Em bovinos e equinos, a mucosa prepucial é mais passível de alterações locais do 
sistema genital, não sendo muito segura como fonte de alterações em outros sistemas, 
por isso não é examinada enquanto exame de mucosas. 
 
Métodos de exploração clínica ou métodos de exploração semiológica: 
 Inspeção: 
- Coloração: normal é róseo-avermelhado brilhante e não rosa-claro, com variações 
entre espécies e raças. Alterações incluem palidez (branco-róseo à pérola), aspecto de 
porcelana (comum em pequenos ruminantes com infestação por vermes hematófagos 
que causa espoliação sanguínea intensa), ictérica (amarelo devido à presença de 
bilirrubina), congesta ou hiperemica (vermelha), cianótica (azul devido à redução da 
oxigenação). Obs.: não devemos dizer mucosa ictérica, hiperêmica, cianótica, e sim, 
mucosa amarela, vermelha, azul, pois a icterícia, a hiperemia e a cianose não são cores, 
e sim, condições que levam às respectivas cores. 
- Umidade: são úmidas, mas não têm fluxo. Se estiver seca ou fluindo está doente. 
11 
 
 
- Integridade: sem lesão, manchas, nódulos, ulcerações ou corpo estranho 
 
- Vascularização: não pode ser evidente na mucosa (ex: os vasos episclerais não 
podem ser excessivamente evidentes, pois é sinal de doença). 
 
- Tempo de perfusão capilar (TPC): comprimir a mucosa afastando a circulação e 
vendo o tempo que gasta para voltar após cessar a compressão. O tempo deve ser de 
2 segundos, ou seja, deve ser imediato. É feito na mucosa gengival, já que nesta tem 
um suporte (osso) contra o qual a mucosa é comprimida. O aumento do TPC pode 
indicar desidratação, anemia, hipovolemia. 
 
 Palpação: 
Feito quando tem alguma alteração de integridade, como um aumento de volume. Palpa 
para identificar a natureza do aumento de volume, qual a consistência, se tem flutuação, 
mobilidade. 
 
 Métodos auxiliares: Biópsia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Exame de Linfonodos: 
 
Sistema linfático 
A função primordial é a drenagem de líquidos e materiais particulados do espaço 
intercelular de todo o corpo do animal; absorção de nutrientes, principalmentelípides. 
 
Linfangite: inflamação do vaso linfático 
Linfadenite: inflamação do linfonodo 
 
Linfonodos: são órgãos de defesa, que, além de drenagem da linfa, fazem a defesa 
orgânica, estando estrategicamente distribuídos pelo corpo do animal, formando 
cadeias, cada uma responsável pela drenagem e defesa daquela região. Todas as 
cadeias estão simetricamente dispostas nos dois lados do corpo. 
Ex: cadeia da região parotídea: drena a região do ouvido e da parótida; 
Cadeia retrofaringeana: drena a região da faringe e da garganta do animal (aspecto 
interno da cabeça). Cadeia mandibular, drena a região ventral da cabeça. Cadeia 
cervical superficial ou pré-escapular: drena as orelhas, pescoço, peito e escápula; 
cadeia sub-ilíaca: drena a região posterior do tronco e craniolateral da coxa; cadeia 
mamária: úbere e aspecto interno posterior das coxas; cadeia escrotal: órgãos genitais 
masculinos externos; poplíteos: estruturas distais ao linfonodo, perna e coxa; por 
palpação retal em bovinos: cadeia da bifurcação da aorta: drena a cavidade abdominal 
e ileofemorais. 
 
Quando verifico alteração em apenas um linfonodo de uma cadeia, temos uma alteração 
local. Quando a alteração ocorre em linfonodos de uma mesma cadeia, então a 
alteração é regional. Alteração sistêmica ocorre quando todas as cadeias de linfonodos 
estão comprometidas. 
 
Importância do exame dos linfonodos: além de ser tecido ou órgão próprio e, portando 
sofrer alterações próprias, nos dá informações do estado de saúde geral do animal, ou 
seja, pode indicar doenças em outros sistemas. Além disso, informa se a doença é local, 
regional ou sistêmica. 
 
Linfonodos examináveis: são todos aqueles a que temos acesso, estando saudável 
ou doente. 
13 
 
Cães: linfonodos submandibulares, pré-escapulares, poplíteos, axilares e inguinais. 
Linfonodos palpáveis: submandibulares, pré-escapulares e poplíteos. 
 
Bovinos: parotídeos, submandibulares e retrofaríngeos, cervicais superficiais, sub-
ilíacos, retromamários ou escrotais (também chamados de inguinais), íleofemurais, 
bifurcação da aorta. Linfonodos palpáveis: cervicais superficiais, sub-ilíacos, 
retromamários ou escrotais, ileofemurais, bifuração da aorta, sendo os dois últimos por 
palpação interna. 
 
Equinos: submandibulares, parotídeos, retrofaríngeos, cervicais superficiais ou pré-
escapulares, sub-ilíacos. Linfonodos palpáveis: submandibulares, cervicais superficiais 
ou pré-escapulares, subilíacos e mamários ou escrotais. 
 
Métodos de exploração clínica ou métodos de exploração semiológica: 
 
- Técnica de exame: primeiro examina-se uma cadeia de um lado e depois vai para a 
cadeia contralateral comparando-as. Somente depois de fazer a comparação é que se 
passa apara a cadeia seguinte. Começar pelas cadeias da cabeça e seguir em direção 
a região posterior do animal. Nunca saltar cadeias ou inverter a sequência. 
 
- Inspeção: volume, forma, presença de fistulas. 
 
- Palpação: volume, forma, consistência, sensibilidade, mobilidade, temperatura, 
superfície. 
 
- Métodos auxiliares: punção, biópsia, ultrassonografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Termorregulação: 
 
Regulação da temperatura corporal: 
- Termostato hipotalâmico 
- Termogênese: produção de calor através de mecanismos oxidativos. 
- Termólise: eliminação de calor → vasodilatação, aumento da frequência cardíaca, 
sudorese, arfagem. 
Alterações da temperatura corporal: 
- Fatores fisiológicos. Ex: corrida 
- Fatores patológicos. Ex: doenças 
 
Causas principais de elevação da temperatura corporal de forma patológica: 
endotoxinas, bactérias, vírus, hipersensibilidades, tumores, pirógenos exógenos, 
neutrófios, monócitos, eosinófilos, pirógenos endógenos (mediadores proteicos, debris 
celulares, produtos do catabolismo). 
 
Hipertermia é diferente de febre. A febre é caracterizada por aumento da temperatura 
+ sintomas típicos da síndrome febril). 
A hipertermia pode ser: por retenção (climas e ambientes quentes), esforço (trabalhos 
musculares) ou mista. 
 
Pirexia ou febre: 
- Hiperpirexia: crise febril onde a temperatura está muito elevada. 
- Hipopirexia 
 
Síndrome febril: indicativa de doença 
Sinais: congestão de mucosas (vasodilatação), secas e sem brilho 
Taquicardia, taquipnéia, pêlos eriçados, desidratação, apatia. 
 
Tipos de febre: 
Febre contínua: levada e com pequenas variações diárias. 
Febre Intermitente: períodos de febre alternados com períodos apiréticos ao longo 
do dia. Ex: Hemoparasitose 
Febre Recurrente: períodos de febre alternados com períodos de dias apiréticos. Ex: 
anemia infecciosa equina, tuberculose. 
15 
 
Febre remitente: oscilações ultrapassam 1°C, sem alcançar limite fisiológico no dia. 
Febre Inversa: se eleva pela manhã e cai à tarde 
Febre Efêmera: aparece e desaparece rapidamente ao longo do dia 
Atípica: quando não se enquadrar nos tipos acima. 
 
Técnicas de mensuração: termômetro. 
 
Temperaturas normais: 
 
Animal Jovem Adulto 
Equinos 37,5 – 38,5 37,5 – 38.0 
Bovinos 38,5 – 40,0 38,5 – 39,0 
Ovinos 38,5 – 39,0 38,5 – 40,0 
Caprinos 38,5 – 41,0 38,5 – 40,5 
Caninos 38,0 – 39,5 38,0 – 39,0 
Felinos 38,0 – 39,5 38,0 – 39,5 
Aves - 39,5 – 44,0 
 
Classificação da febre (quanto a elevação térmica): 
Ligeira: 0 – 1 °C 
Regular: 1 – 2 °C 
Alta: 2 – 3 ° C 
Muito alta: > 3 °C 
 
 
16 
 
Semiologia da pele 
 
Funções da pele: 
Proteção contra perdas: água, eletrólitos, macromoléculas. 
Proteção contra injúrias externas: químicas, físicas e microbiológicas. 
Produção de estruturas queratinizadas: pêlos, unhas e camada córnea – proteção e 
movimentação. 
Flexibilidade: mamíferos realizam diferentes movimentos. 
Termorregulação: mano piloso, regulação dos vasos sanguíneos, função glandular. 
Reservatório: água, eletrólitos, vitaminas, ácidos graxos, carboidratos, proteínas 
Imunorregulação: imunidade celular e humoral 
Pigmentação: melanina, cor dos pelos e da pele, proteção contra os raios solares. 
Produção de vitaminas D: necessita de ativação cutânea. 
Identificação: superfície das narinas são como as impressões digitais dos humanos 
Percepção: rede nervosa cutânea – a pele é o órgão receptor sensitivo do calor, frio, 
dor, tato. 
Secreção (glândulas sudoríparas e sebáceas): manutenção e lubrificação do 
recobrimento piloso, termorregulação, determinação de odores. 
 
Morfologia da pele: 
 
 
 
17 
 
Epiderme: camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida (coxins palmo-plantares e 
narinas) e córnea. 
Células de Merckel (2%): funções táteis e sensitivas. 
Derme superficial: contato com a epiderme. Abrange os folículos pilosos e glândulas 
Derme profunda: feixes de fibras colágenas paralelos à superfície. 
 
Pêlos e folículos: 
- Pêlo primário: Glândula Sebácea, 1 músculo eretor do pêlo e 1 poro para cada pêlo. 
Felinos, caninos, caprinos, ovinos e suínos 
- Pêlo secundário: vários pêlos por poro. Bovinos e equinos 
Proporção: 1 primário/5-20 secundários 
 
Ciclo do pêlo: 
- Fase anágena: crescimento, intensa atividade da matriz. 
- Fase catágena: interrupção do crescimento, redução do tamanho. 
- Fase telógena: folículos quiescentes, pêlos prestes a desprender. 
 
Por que um pitbull suja mais a casa de pêlos do que um poodle? Porque, por se tratar 
de um animal de pêlo curto, o ciclo do pêlo nele é mais rápido. 
 
Glândulas sudoríparas: 
- Epitriquiais: função antimicrobiana e ferormônios. Todos os mamíferos domésticos 
possuem. 
- Atriquiais: presentes nos coxins dos carnívoros. 
 
Sudorese: 
- Equinos: termorregulação– grande quantidade de suor. 
- Ruminantes: termorregulação – pequena quantidade de suor. 
- Cães e gatos: coxins palmo-plantares. 
 
Vascularização: 
- Plexo profundo, subdérmico ou subcutâneo 
- Plexo intermediário ou cutâneo 
- Plexo Superficial ou subpapilar 
Hipoderme: 
Tecido subcutâneo ou panículo adiposo. 
18 
 
Depósito nutritivo de reserva 
Isolamento térmico. 
Proteção mecânica 
Deslizamento da pele. 
 
Exame da pele: 
Erros x ansiedade do proprietário: o exame da pele deve ser feito por completo, 
analisando o animal como um todo. 
Passos para o exame: 
1. Identificação: 
- Etária: doenças da infância: demodicose em cães, dermatofitose em gatos, 
papilomatose em bezerros. 
Alergias: adultos jovens e maduros 
Alterações hormonais: adultos maduros 
Idosos: neoplasias, outras doenças não específicas ligadas à idade. 
- Sexual: dermatopatias relacionadas a hormônios sexuais. Tendências: fístulas 
perianais em cães, abcessos em gatos. 
Estro: acometimento marcante. 
Metaestro: a progesterona causa queda do pêlo. 
- Racial: Akita – adenite sebácea 
 Felino Persa: complexo granuloma eosinofílico 
 Equino Apaloosa: Pênfigo foliáceo 
 Bovino Simental: astenia cutânea. 
 Suíno Landrace: dermatose vegetante. 
- Cor do pelame: doença do mutante de cor em cães de pêlos azulados; carcinoma 
espinocelular em gatos brancos; melanoma em equinos tordilhos; fotossensibilização 
em gado claro ou branco. 
 
2. Anamnese 
- Primordial e completa! 
- Queixa principal 
- Antecedentes: recentes e distantes 
- Início do quadro e evolução: agudo x crônico 
- Periodicidade 
- Contactantes: animais e humanos, rebanhos 
- Terapia: já utilizada, em utilização no momento, resultados 
19 
 
- Ambiente e manejo 
- Ectoparasitas 
- Sintomas relacionados a outros órgãos 
- Sintomas: lesões dermatológicas 
- PRURIDO: avaliação da presença do prurido, intensidade do prurido, manifestações 
do prurido: lamber, roçar, mordiscar, esfregar-se, localização do prurido. 
 
3. Exame físico: 
- Palpação 
- Sensibilidade das lesões, volume, espessura, elasticidade, temperatura, consistência, 
umidade, untuosidade. Edemas, digitopressão: diferenciar eritema de púrpura. 
Reflexo Otopedal: você coça a orelha do animal e ele tem um reflexo de movimentação 
característico dos pés. 
- Olfação 
- Inspeção direta: ambiente claro, distância de 1,5-2,0m, depois aproximar-se do 
animal. Analisar recobrimento piloso: 
Suínos: recobrimento piloso pouco denso 
Equinos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha. 
Bovinos e caprinos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha. 
Ovinos: Farto recobrimento piloso em toda a superfície corporal. 
Caninos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha. Raças de 
recobrimento piloso em toda a superfície corporal. Raças com alopécia na face externa 
da orelha, cervical, torácica e abdominal ventral. Raças com recobrimento piloso 
somente nas extremidades. 
Felinos: alopécia na face interna da orelha e rarefação pilosa entre a órbita e a base da 
orelha. Raças com recobrimento piloso em toda a superfície, recobrimento ausente ou 
só nas extremidades. 
- Quedas fisiológicas: o pêlo cai, mas não há alopécia e nem outras alterações como 
descamações. 
- Quedas patológicas 
- Cor da pele: rósea, rósea-clara (pálida), cianótica (azul), ictérica (amarela), hiperêmica 
(vermelha). 
- Sudorese: Anidrose (ausência de suor), hipoidrose (pouco suor), Hiperidrose (muito 
suor). 
 
 
20 
 
Classificação das lesões cutâneas: 
 
 
- Quanto à distribuição: 
Localizada: de 1-5 lesões individualizadas 
Disseminada: mais de 5 lesões individualizadas 
Generalizada: acometimento difuso de mais de 60% da superfície corpórea. 
Universal: toda a superfície corpórea. 
 
- Quanto à origem: 
Lesões primárias: desenvolvem-se espontaneamente como reflexo direto da doença 
subjacente. Ex: mancha, pápula ou placa, pústula, vesícula, nódulo, tumor, cisto. 
Lesões secundárias: evoluem das lesões primárias ou ocorrem por envolvimento do 
paciente ou de outros fatores. Ex: colarete epidérmico, cicatriz, exulceração e úlcera, 
fissura, liquenificação. 
Lesões que podem ser tanto primárias quanto secundárias. Ex: alopécia, escamas, 
crostas, comedo, alterações pigmentares. 
 
- Quanto à topografia: 
Simétricas ou assimétricas 
Uma lesão em relação à outra 
Endocrinopatias: a maioria se caracteriza por apresentar lesões simétricas. 
Doenças não endócrinas. 
 
Quanto à profundidade: 
Superficial: quadros mais brandos 
21 
 
Profunda: quadros mais graves 
 
Classificação morfológica: 
 Alterações de cor: 
- Manchas vásculo-sanguíneas: 
Eritema: coloração avermelhada da pele decorrente de vasodilatação. Volta à coloração 
normal quando submetido a digitopressão ou vitropressão. 
Exantema: eritema disseminado, agudo, efêmero. 
Eritrodermia: eritema crônico. 
Púrpura: coloração avermelhada da pele decorrente de extravasamento de hemáceas 
na derme e interstício. Não volta à coloração normal quando submetido a digitopressão 
ou vitropressão. 
Petéquias: até 1cm 
Equimose: mais de 1 cm 
Víbice: linear 
Cianose: coloração arroxeada, por congestão passiva ou venosa, com dinimuição de 
temperatura 
Enatema: eritema de mucosas 
Mancha lívida: cor plúmbea, de pálido ao azulado, por isquemia 
Mancha anêmica: branca, permanente, por agenesia vascular 
Teleangectasia: evidenciação dos vasos cutâneos através da pele, decorrente do 
adelgaçamento desta. Os vasos revelam-se sinuosos 
 
- Manchas pigmentares ou discrômicas: 
Hipopigmentação ou hipocromia: diminuição do pigmento melânico, lesão do 
melanócito. 
Acromia: ausência do pigmento melânico, também denominada leucodermia ou 
leudermia, leucotriquia, leuconiquia, leucoplasia. 
Hiperpigmentação ou hipercromia: aumento de pigmento de qualquer natureza. 
Pigmento biliar, hemossiderina; melanodermia (alopécia, área escurece e fica mais 
espessa) x cronicidade; mancha senil em abdome ventral. 
- Alterações de espessura: 
Hiperqueratose ou queratose: espessamento da pele decorrente do aumento da 
camada córnea. Áspera, inelástica, dura e de coloração acinzentada. 
Liquenificação ou lignificação: espessamento da pele decorrente do aumento a 
camada malpighiana-espinhosa. Acentuação dos sulcos cutâneos normais. 
22 
 
Edema: difícil estar ligado somente a problemas da pele, normalmente está ligado a 
outras alterações. Aumento de espessura da pele, depressível (Sinal de Godet – 
pressão digital no local do edema, se a impressão do dedo permanecer no local trata-
se de um edema – Godet positivo) O edema ocorre devido ao extravasamento de 
plasma na derme e/ou hipoderme, inflamação aguda, irrigação linfática deficiente, 
hipoproteinemia ou cardiopatias. 
Cicatriz: lesão de aspecto variável, saliente ou deprimida, móvel, retrátil ou aderente. 
Não apresenta estruturas foliculares, nem sulcos cutâneos, decorrente de reparação de 
lesão da pele. 
 
- Formações sólidas: 
Resultam de processo inflamatório, infeccioso ou neoplásico, atingindo, isolada ou 
conjuntamente a epiderme, derme e hipoderme. 
Pápula: lesão sólida circunscrita, elevada, que pode medir até 1cm de diâmetro. 
Placa: área elevada da pele com mais de 2cm de diâmetro, geralmente pelo 
coalescimento de pápulas. 
Nódulo: lesão sólida circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3 cm de diâmetro 
Tumor ou nodosidade: lesão sólida circunscrita, saliente ou não de mais de 3 cm de 
diâmetro. O termo tumor deve ser utilizado preferencialmentepara neoplasia. 
Goma: nódulo ou nodosidade que sofre depressão ou ulceração na região central e 
elimina material necrótico. 
Vegetação: lesão sólida, que cresce se distanciando da pele (exofítica) avermelhada e 
brilhante (semelhante a couve-flor). Se deve ao aumento da camada espinhosa. 
Verrucosidade: lesão sólida, exofítica, acinzentada, áspera, dura e inelástica. Se deve 
ao aumento da camada córnea. 
 
- Coleções líquidas: 
Vesícula: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro, contendo líquido claro. Este 
conteúdo inicialmente claro (seroso), pode se tornar turvo (purulento) ou avermelhado 
(hemorrágico) 
Bolha: elevação circunscrita de mais de 1 cm de diâmetro, contendo líquido claro. 
Pústula: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro, contendo pus. 
Cisto: formação elevada ou não, constituída por cavidade fechada, envolta por epitélio 
e contendo líquido ou substância semissólida. 
23 
 
Abcesso: formação circunscrita de tamanho variável, encapsulado, proeminente ou 
não, contendo líquido purulento na pele ou tecidos subjacentes. Há calor, dor e 
flutuação. 
Flegmão: aumento de volume de consistência flutuante, não encapsulado, de tamanho 
variável, proeminente ou não, contendo líquido purulento na pele ou tecidos 
subjacentes. Há calor e dor. 
Hematoma: formação circunscrita de tamanho variável, proeminente ou não, decorrente 
de derramamento sanguíneo na pele ou tecidos subjacentes. 
 
- Perdas e reparações teciduais: 
Escamas: placas de células da camada córnea que se desprendem da superfície 
cutânea, por alteração da queratinização. Podem ser classificadas em farinácea, 
furfurácea ou micácea (se desprende em forma de lâminas). 
Erosão ou exulceração: perda superficial da epiderme ou de camadas da epiderme. 
Ulceração: perda circunscrita da epiderme e derme, podendo atingir a hipoderme e 
tecidos subjacentes. Podem ser: ulceração crônica, úlcera tenebrante (muito 
profundas), afta (pequena ulceração em mucosas) 
Colarete epidérmico: fragmento de epiderme circular que resta na pele após a ruptura 
de vesículas, bolhas ou pústulas. 
Crosta: concreção amarelo claro (crosta raelicérica), esverdeada ou vermelha escura 
(crosta hemorrágica), que se forma em área de perda tecidual, decorrente do 
dessecamento de serosidade, pus ou sangue, além de restos epiteliais. 
Escara: área de cor lívida ou preta, limitada por necrose tecidual. O termo também é 
empregado para designar a eliminação do esfacelo (porção central e necrosada da 
escara). 
Fístula: canal com percurso na pele que drena foco de supuração ou necrose e elimina 
material purulento ou sanguinolento. 
 
- Lesões associadas: papulocrostosas, eritêmato-papulosas, vesicobolhosas, 
ulcerocrostosas. 
 
- Lesões particulares: celulite: inflamação de todas as camadas da pele (epiderme, 
derme e hipoderme); comedo; corno; milium ou mílio: semelhante a um grão de arroz 
embaixo da pele; cilindro folicular. 
 
 
24 
 
Exames complementares: 
- Exame direto do pelame: TRICOGRAMA 
Para identificar os microrganismos: Microsporum e Trichophyton 
E alterações do pêlo. 
 
- Cultura: fungos e bactérias. 
Para a coleta do fungo, limpar o local com álcool 70% e não utilizar óleo mineral para 
acondicionar a amostra. 
 
- Citologia: células inflamatórias, neoplásicas e agentes infecciosos. 
Esfregaço por aposição ou técnica de Tzanch. 
Coleta com swab e imprint na lâmina. 
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) com squash ou esfregaço do material coletado 
em lâmina. 
 
- Biópsia e exame histopatológico: “Punch” 
 
- Diascopia ou vitropressão para diferenciar eritema de púrpura. 
 
- Lâmpada de Wood: utilizada para fluorescer cepas de Microsporum canis 
 
- Parasitológico: raspado cutâneo para a identificação ácaros 
Raspado profundo: Demodex (sarna demodécica) 
Raspado superficial: Sarcoptes (sarna sarcóptica) 
Colocar o material em óleo mineral em uma lâmina, e cercar com uma fita adesiva os 
bordos da lâmina. 
*Reflexo Otopedal: ao coçar a orelha do animal, ele responde com movimentos das 
patas traseiras como se estivesse querendo coçar. SUGESTIVO DE ESCABIOSE OU 
SARNA SARCOPTICA (Sarcoptes). Esta sarna também tem predileção por espaços 
interdigitais, face anterior do antebraço, cotovelos, axilas, etc. 
 
 
 
 
 
25 
 
Semiologia do Sistema Respiratório: 
 
Função principal: garantir a hematose com segurança; estabelecer um contato direto 
com segurança entre o meio interno e externo. 
Especializações que mantêm a natureza e funcionalidade: 
- Estruturas que mantêm abertos os canais. Ex: anéis cartilaginosos na traqueia. 
- Aquecimento e umedecimento do ar 
- Transporte: lençol mucociliar jogam substâncias nocivas para fora 
- Surfactante: se adere às partículas para serem transportadas para o exterior. 
- Defesa celular: imunoglobulinas, macrófagos alveolares. 
 
Cabeça: 
Nariz e anexos; 
Tecidos perinasais: muflo, cartilagens perinasais, fossas nasais. 
Seios. 
 
Muflo: parte glabra, sensível. 
Exame físico: 
1. Inspeção: observar a integridade, a umidade e se há pigmentação. O animal troca calor 
através do muflo. A sua umidade reflete a hidratação do animal: quando úmido indica 
que o animal está adequadamente hidratado, quando seco pode indicar desidratação 
(tem que observar o contexto, por exemplo, se o animal acabou de se alimentar é normal 
que o muflo esteja seco). Doenças neuronais podem comprometer o formato. 
2. Palpação: presença de fluxo uni ou bilateral, quantidade, coloração, odor em cada 
narina (inodoro, pútrido ou repugnante). Bovinos têm fluxo nasal fisiológico; cães, gatos 
e equinos às vezes podem tem gotículas nas mucosas nasais. 
Parâmetros para a avaliação do fluxo nasal: 
- Ocorrência: tem fluxo? Unilateral ou bilateral? Bilateral indica que a origem do fluxo 
pode ser nas vias aéreas superiores ou inferiores, enquanto que o unilateral deve ser 
de origem na narina em que ocorre (mas isso não é regra). 
- Quantidade: é discreta nas espécies que possuem fluxo nasal fisiológico. Quando 
patológico pode ser de moderada a intensa. 
- Odor: o fluxo fisiológico é inodoro. O fluxo patológico pode ser inodoro, repugnante ou 
pútrido (o odor pútrido é repugnante, mas ele é classificado antes como pútrido). 
26 
 
- Coloração: deve-se fazer associação da sua cor com a sua origem. Ex: associação 
com o alimento ingerido, sangue, etc. De acordo com a cor, também pode ser feita a 
associação com a progressão (evolução) da doença. 
Coloração vermelha uni ou bilateral intensa: rinorragia 
Coloração vermelha uni ou bilateral discreta: epistaxe 
Coloração vermelha bilateral com origem no pulmão: hemoptise 
Coloração vermelha bilateral com origem no TGI: hematoemese. 
- Composição: pode-se examinar com metodologia auxiliar ou não. Obs: retirar a 
secreção de cada narina com uma mão diferente para não misturá-las. O odor da 
secreção deve ser sentido longe do animal para que o cheiro dele não seja influenciado 
pelo cheiro do animal. 
 
3. Ar expirado: 
- Ocorrência e simetria: o ar está sendo expirado pelas duas narinas? 
Avaliar internamente, pois alguns poxvírus podem induzir a formação de pólipos nasais. 
- Frequência 
- Temperatura: deve ser adequada com a temperatura normal do animal 
- Intensidade: avaliar se a corrente de ar expirado é forte ou fraco, e também a simetria 
da intensidade (se em uma narina for mais forte do que na outra pode indicar obstrução 
parcial ou total). 
Obs: Baixar as luvas para avaliar a temperatura, a ocorrência e frequência do ar 
inspirado. 
- Odor: inodoro, repugnante, pútrido ou específico (acetonemia, alguns tipos de 
envenenamentoapresentam odores específicos. Com as mãos em formato de concha, 
dividindo as narinas e isolando a que está sendo examinada, cheirar o ar com a cabeça 
um pouco distante do animal. 
 
4. Ruídos nasais: 
Começam a ser examinados desde o início do exame do sistema respiratório. 
- Nomais: bufido (existem pincipalmente em equídeos. Indicam advertência de 
aproximação de alguma pessoa ou animal), espirro e olfação (inspiração rápida e com 
grande volume de ar. Ex: animal sentido algum odor que o agrada). 
- Anormais: 
Tipo: zumbido (vibração das lâminas do palato e de sustentação de colunas paranasais, 
indica paralisia do nervo recorrente), ronqueira (movimentação de massa catarral nos 
27 
 
tecidos) e sibilo (presença de massa catarral com extrema dificuldade de movimentação, 
firmemente aderida aos tecidos). 
Origem: nasal, laringe, traquéia e brônquios. O sibilo é mais comum na traquéia e 
brônquios. 
5. Seios 
Seios examináveis: paranasais (são os mais acessíveis), maxilares e frontal (segundo 
mais acessível). 
Função: são espaços vazios para a condução do ar, que auxiliam também na 
vocalização e na umidificação do ar. 
Seus tamanhos variam nas espécies. 
Animais braquicefálicos (boxer, buldogue,etc): mais difícil examinar os seios devido ao 
menor tamanho nessas raças. 
Bovinos: seios amplos, fácil de examinar. 
 
Exame Físico dos seios nasais: 
Inspeção: 
Avaliar: 
Integridade, presença de nódulo, corpo estranho, perda de pêlos, parasitas, feridas. 
Simetria posicionar-se de frente para o animal e observar a simetria de perfil, dando um 
passo para o lado. 
 
Palpação direta: 
Ainda de frente para o animal, palpar os dois seios ao mesmo tempo (em animais 
grandes, palpar com as duas mãos e em animais pequenos, palpar com a mesma mão) 
buscando perceber anormalidades anatômicas, como mobilidade de alguma placa 
óssea, consistência, temperatura, sensibilidade dolorosa. 
 
Percussão: digital, digito-digital ou martelo pleximétrica. 
Realizar a metodologia de percussão, mantendo a simetria entre os locais percutidos 
para permitir a comparação de sons. Devido ao seio maxilar estar recoberto pelo 
músculo masséter, fica um pouco mais complicado ouvir o som neste local. Ficar atendo 
a ruídos anormais. Em equinos e pequenos animais, pode-se fazer a percussão com a 
boca do animal aberta para amplificar o som. 
Interpretação dos sons: 
Claro: som normal durante a percussão dos seios (mesmo som ouvido na percussão 
dos pulmões). Se não ouvir o som claro, há alguma alteração. 
28 
 
Palpação indireta: sonda 
Pode ser necessária em alguns casos, nos seios paranasais, quando encontrada 
alguma indicação clínica durante a inspeção, palpação e percussão, em que há 
necessidade de uma exploração mais profunda. A indicação clínica pode ser percebida 
mesmo antes, através da verificação, por exemplo, de fluxo nasal unilateral ou 
ocorrência de ar unilateral, que indicam que pode estar ocorrendo uma obstrução do 
seio paranasal unilateral. A isso pode estar associado um aumento de volume dos seios 
paranasais durante a inspeção e/ou alteração do som produzido durante a percussão. 
Caso haja alguma alteração utilizar palpação indireta (sonda). 
 
6. Bolsa gutural: só equinos 
Função: especula-se que seja importante para o aquecimento do sangue da carótida 
que vai para o cérebro e na comunicação entre os animais, já que eles conseguem emitir 
com a boca fechada ruídos de baixa frequência (ruídos guturais) que humanos não 
conseguem captar. 
É um divertículo faríngeo da tuba auditiva, estrutura de formato piriforme (estrutura 
sacular), localizada no triângulo de Viborg. Ela está localizada dentro do triângulo, mas 
quando sofre algum processo como timpanismo, empiema, acúmulo de líquido, ela 
aumenta de volume e se projeta na região do triângulo, podendo ser confundida com o 
linfonodo parotídeo. CUIDADO! 
 
Exame físico da bolsa gutural: 
- Inspeção: verificar se há aumento de volume. 
- Palpação: feita de forma bilateral, verificando se o animal tem sensibilidade dolorosa. 
Depois abaixar a cabeça do cavalo e massagear a região da bolsa gutural direita e 
esquerda, pois ao massagear haverá aumento do fluxo. Ter cuidado, pois se o animal 
tiver rinite, o fluxo aumentará só de abaixar a cabeça. 
- Percussão: pode ser feita se ela estiver aumentada de volume. Se tiver acúmulo de 
ar (timpanismo), a percussão resultará em um som timpânico. 
- Métodos auxiliares: 
Endoscopia: visualizar a bolsa gutural, verificando sua abertura e o seu interior. 
Raio-X: ver o tamanho, se tem depósito de secreção, se stá dilatada por ar (timpanismo) 
ou se tem placas de fungo. São três as patologias que acometem mais comumente a 
bolsa gutural: Guturite micótica, timpanismo (acúmulo de ar) e empiema (doença 
bacteriana). 
 
29 
 
Pescoço: 
7. Laringe e traquéia: 
- Inspeção: observar a anatomia topográfica, simetria dos lados, integridade das 
estruturas. 
- Palpação: em pequenos e em grandes é igual: deve ser feita com o animal em estação 
e com uma mão palpa-se os dois lados. Nos pequenos, a palpação é feita de cima, e 
nos grandes é feita de lado (posicionamento ao lado do animal). 
Laringe: tocar a laringe, observar a mobilidade, consistência, reflexo de deglutição e a 
sensibilidade. A superfície deve ser lisa e móvel. 
Traquéia: a palpação é móvel, inodolor,com ausência de tosse. Anormalidade podem 
ser percebidas em caso de inflamação ou de fratura dos anéis (obs: a região dorsal dos 
anéis é aberta). Se durante esse exame o animal tiver uma crise de tosse, esperar ele 
parar de tossir para continuar o exame. 
- Auscultação: é feita quando são avaliados os ruídos respiratórios, ou seja, junto com 
a auscultação pulmonar. 
 
Exame interno: 
1. Inspeção do fundo da boca: 
Integridade da laringe, mobilidade da epiglote. Se tiver indicação clínica, fazer exame 
interno com metodologia auxiliar. Ex: endoscopia. 
Obs: a posição para exame de pescoço em bovinos é junto ao membro anterior, com o 
pé próximo ao casco (a posição adotada é a mesma para o exame dos linfonodos 
cervicais superficiais). 
 
8. Tórax: 
- Inspeção: 
Contorno torácico: 
Alterações: 
Dilatação unilateral. Ex: enfisema unilateral 
Dilatação bilateral. Ex: enfisema bilateral. 
Estreitamento unilateral 
Estreitamento bilateral. Ex: hipovitaminoses, intoxicações (podem causar calcificação 
das cartilagens). 
Alterações locais. Ex: edema, fraturas, neoplasias 
 
30 
 
Posicionamento: olhar de cima para baixo nos pequenos animais. Em bovinos olhar 
próximo à cernelha (levantar os pés e olhar dos dois lados), e depois olhar o animal por 
trás. 
Obs: rosário raquítico: calcificação das junções costocondrais, com retração e 
esgotamento da cartilagem. Ocorre estreitamento do tórax porque a cartilagem que era 
elástica e ampla, fica imóvel, rígida e curta, e com isso, a costela adquire um aspecto 
reto. Ao mesmo tempo, vai engrossando a calcificação nas junções costocondrais que 
ficam mais evidentes e com o aspecto de rosário. 
 
Movimento respiratórios: 
Tipos: Costo-abdominal: movimento normal em todos os animais 
 Costal: se há dor abdominal, o animal movimentará apenas o tórax. 
 Abdominal: se há dor torácica, o animal movimentará apenas o abdômen. Ex: 
pleurites, tumores intercostais. 
Ritmos: Bovinos: 1 inspiração/1.2 expirações 
 Equinos: 1 inspiração/1.8 expirações 
 Caninos: 1 inspiração/1.6 expirações 
Alterações: 
Arritmias – observar o tipo, número de movimentosInspiração interrompida: dor torácica 
Inspiração prolongada: obstruções parciais das vias aéreas 
Expiração prolongada 
Expiração entrecortada 
Encurtamento das duas fases 
 
Frequência respiratória: 
 
Bovinos 10 a 30 mpm 
Equinos 8 a 20 mpm 
Cães 10 a 30 mpm 
Gatos 20 a 30 mpm 
Suínos 8 a 18 mpm 
Ovinos 10 a 20 mpm 
 
 
 
31 
 
Alterações na frequência: 
Taquipnéia: aumento da frequência respiratória 
Bradipnéia: redução da frequência respiratória 
Dispnéia: dificuldade respiratória. Envolve o tipo, ritmo e a frequência. Pode estar 
presente na taquipnéia, na bradipinéia ou na normopnéia. 
Podem ser: Dispnéia inspiratória 
 Dispnéia expiratória 
 Dispnéia mista. 
Obs: tem que especificar qual é o tipo de dispnéia, pois se falar apenas dispnéia fica 
subentendido que se trata de dispnéia mista. 
 
Exame dos movimentos respiratórios: 
Posicionar-se atrás do animal e observar do lado direito (em ruminantes esse lado tem 
a vantagem de não ter a concorrência dos movimentos ruminais, mas pode ser feito do 
lado esquerdo também) e lado esquerdo em equinos. Observar o tipo de movimento 
respiratório (o normal é costo-abdominal) e contar a frequência respiratória. 
 
- Inspeção e palpação: 
Musculatura intercostal: inspecionar e palpar (grandes animais com as duas mãos e 
pequenos com apenas uma) dos dois lados a musculatura intercostal e a costela ao 
longo de todo o seu trajeto, principalmente nas articulações, observando sua mobilidade 
e volume. 
Costelas e articulações: Identificar na palpação mobilidade anormal e soluções de 
continuidade (às vezes o animal não demonstra dor). 
 
- Percussão de tórax: 
Técnica e objetivo: primeiro fazer a delimitação anatomotopográfica do pulmão através 
da projeção anatomotopográfica dos órgãos na superfície do corpo do animal. Outro 
objetivo da percurssão de tórax é examinar a sonoridade afim de verificar o tamanho do 
órgão, a sua saúde interna e confirmar se a sua posição está de acordo com a anatomia 
topográfica normal do órgão. Cada órgão vai emitir um som específico que vai permitir 
a sua delimitação externa, e essas sonoridades específicas são alteradas por doenças. 
Ex: uma pneumonia pode alterar a sonoridade do pulmão, mas isso pode ocorrer apenas 
em um espaço de 2cm, por esse motivo, a percussão precisa ser feita ao longo de todo 
o espaço intercostal para que não se perca nenhum ponto. 
32 
 
Para proceder a percussão é necessário um ambiente silencioso, sem ruídos de baixa 
frequência. 
Instrumentos: martelo e plexímetro para grandes animais e percussão dígito-digital para 
pequenos. 
Característica sonora: a natureza dos tecidos determina diferentes sons, de acordo com 
a presença, quantidade e distribuição dos espaços vazios. Ex: durante a percussão do 
pulmão, foi encontrado um ponto de som maciço onde era para ser som claro. Primeiro, 
repetir a percussão no ponto para confirmar, segundo, delimitar a área, fazendo a 
percussão em pontos ao redor o ponto alterado, ou seja, acima e abaixo no mesmo 
espaço intercostal e depois na mesma altura os espaços intercostais anterior e posterior 
ao que foi identificada a alteração. 
 
Delimitação topográfica do pulmão: 
 Cães: 11° Espaço intercostal na altura do íleo. 
 10° EIC na altura da tuberosidade isquiádica. 
 6º EIC na altura da articulação escápulo-umeral. 
 
 Equinos: Limite dorsal: linha situada a mais ou menos 3 a 4 dedos abaixo da coluna 
vertebral, até o 17º espaço intercostal, onde temos o limite caudal. 
 Limite dorso-ventral: do limite caudal passa-se uma linha ventro-cranial, passando 
pelo 16º espaço intercostal (ao nível da asa o íleo), para o 14º espaço intercostal (ao 
nível do ísquio), 10º espaço intercostal (correspondente a linha escápulo umeral) e 6º 
espaço intercostal, na direção do esterno (4 a 5 dedos acima deste). 
 Limite cranial: Borda caudal da escápula 
 
 Bovinos: para delimitar os pulmões, é necessário que o animal esteja com os membros 
juntos num piso plano. Fazer uma avaliação de aprumos para ver se o animal tem 
alguma alteração grave. 
11º EIC no lado esquerdo: limite caudo dorsal. (No lado direito: 12º EIC) 
Metade na 9º costela: ponto caudo ventral. 
6º EIC três dedos acima do olécrano: ponto ventral. 
Apófises transversas: limite dorsal. 
Musculatura que recobre a escápula e o úmero: limite cranial. 
 
33 
 
- Percussão: Objetivo: identificar e delimitar o órgão. Conferir se essa delimitação 
coincide com a posição marcada pelos limites pré-definidos. Além disso, tem o objetivo 
de examinar o som normal e pesquisar sons anormais. 
 
- Auscultação: 
Técnica: 
Focos de auscultação: é a região do animal onde vai ser feira a auscultação. Foco é 
diferente de ponto de auscultação. Foco é a região, enquanto o ponto é apenas um 
único ponto dentro da região que corresponde ao foco. Um foco pode ter vários pontos 
de auscultação. 
- Laringo traqueal (LT): possui somente um ponto de auscultação localizado na junção 
da laringe com a traqueia. Som grave, áspero, agressivo, alto – Som laringo traqueal. 
- Traqueo brônquico (TB): possui dois pontos de auscultação que varia de acordo com 
a espécie animal. Possui som com características intermediárias entre o LT e BB – Som 
traqueo brônquico. 
- Bronquíolo bronquiolar (BB): são dois focos, um do lado direito e o outro do lado 
esquerdo, com vários pontos de auscultação. Possui som débil, suave, discreto, sutil – 
Som Murmúrio Vesicular (ou som bronquíolo bronquiolar). 
- Pré- escapular: presente somente nos bovinos e bubalinos, dos dois lados. Está 
localizado logo acima da cadeia de linfonodos cervicais superficiais, onde conseguimos 
introduzir a mão. O som auscultado é o murmúrio vesicular ou bronquíolo bronquiolar. 
É importante porque existem situações em que não é possível auscultar o som 
bronquíolo bronquiolar no foco bronquíolo bronquiolar, devido a lesões, dor, ou presença 
de edema subcutâneo, que alteram o som. Nesses casos, em bovinos e bubalinos, 
podemos fazer a auscultação no foco pré-escapular. 
Obs: não confundir os sons da percussão com os sons da auscultação. Os sons da 
percussão sou eu quem produz e nós escutamos o retorno dele, o som da auscultação 
são produzidos pelo animal. Ex: durante a percussão do pulmão, na área central foi 
identificado uma área de som maciço. Qual é o ruído que eu vou ouvir nessa mesma 
região durante a auscultação? R: nenhum ruído será ouvido. 
Em ruminantes, a percussão é feita no sentido caudo-cranial. Em equinos, é feita no 
sentido cranio-caudal. 
 
Sons respiratórios: 
- Som murmúrio vesicular: nos focos pulmonares ou bronquíolo bronquiolares. 
- Som tráqueo-brônquico: dois pontos de ausculta 
34 
 
- Som laringo traqueal: um ponto de ausculta. 
 
Sons anormais: 
- Estertores úmidos: indicam movimentação de líquido. Ex: pneumonia em fase inicial. 
- Estertores secos: indicam movimentação de massas (catarro). Ex: pneumonia em 
fase final. 
- Ruídos pleurais: normalmente não tem. Se identificados indicam pleurite, com 
deposição de fibrina entre os folhetos. 
 
Obs: bovinos: auscultar todo um lado primeiro e depois retomar todo o percurso até o 
foco laringo-traqueal (LT). No lado oposto, examinar apenas o foco brônquio-bronquiolar 
(BB). Sentido da auscultação do pulmão: ventro-dorsal e cranio-caudal, fazendo zigue-
zague. 
 
Equinos: a auscultação começa pelo ruído laringo-traqueal ao longo da traquéia, até a 
entrada do tórax, e depois passa para o tórax. No tórax, auscultar o ruído traqueo-
brônquico na área em que a traquéia se bifurca nos brônquiosprincipais. A medida em 
que se aproxima da borda do pulmão, o brônquio se ramifica e forma os bronquíolos, e 
temos o ruído bronquíolo-bronquiolar ou murmúrio vesicular. Os bronquíolos formam os 
alvéolos e temos o ruído bronquíolo-alveolar, que não produz um fluxo de ar suficiente 
para auscultar. A auscultação da traquéia vai produzir um ruído mais alto, límpido, mais 
áspero, e a medida que vai diminuindo o diâmetro, vai diminuindo também o som 
produzido, ou seja, o som acompanha a anatomia do pulmão. A auscultação tem que 
percorrer toda a área pulmonar tem que ser feita de forma sistemática. Não importa se 
começa a auscultar ventro-dorsal ou dorso-ventral, mas deve-se auscultar sempre da 
mesma maneira, isso é o método, os dois lados precisam ser auscultados da mesma 
maneira. 
 
Cães: divide-se o tórax em três partes longitudinalmente e na primeira parte ausculta-
se os pontos localizados nos EIC 8,6 e 4, e na segunda parte dividida, ausculta-se os 
pontos presentes nos EIC 6 e 4. 
 
Teste de sensibilidade: realizar ao final do exame clínico. 
Técnica: apoiar-se de costas no bovino, apoiar a mão esquerda no animal e com a mão 
fechada em punho, golpear o animal. Este teste pode ser realizado com o martelo, pois 
este concentra mais a pressão. 
35 
 
Exame da tosse: faz a qualquer momento que o animal estiver tossindo. 
Classificação da tosse: 
- Frequente/rara 
- Dolorosa 
- Forte/moderada/fraca 
- Seca/úmida 
 
Teste da tosse: se faz ao final do exame clínico e não ao final do exame do sistema 
respiratório. 
Técnica: compressão da traquéia para todas as espécies: com a mão, comprimir a 
traquéia no terço superior nos bovinos, no terço médio nos caninos e terço médio e 
inferior nos equinos. Comprimir até 3 vezes a traquéia, de forma vigorosa para promover 
o desconforto interno da traquéia e desencadear a tosse. Em bovinos, devido ao vigor 
dos anéis de cartilagem da traquéia, é possível que após três compressões o animal 
ainda não tenha tossido. Então fazemos o teste de oclusão das narinas, que é mais 
eficiente. 
- Oclusão das narinas: somente para bovinos, pois estes têm o temperamento linfático 
(reações mais tranquilas, reagem lentamente). Equinos, cães, suínos têm 
temperamento sanguíneo, com reações mais intempestivas, bruscas e inconsequentes. 
A oclusão de narinas só é usada se a compressão da traquéia não funcionar. Coloca-
se uma luva nas narinas do animal, o CO2 vai se acumular nas vias respiratórias 
causando irritação. Se o animal tem o sintoma de tosse em seu quadro clínico, basta 
tossir uma vez para desencadear uma crise. Se após três minutos o animal não tossir, 
é porque não possui o sintoma tosse no seu quadro. 
Obs: durante o exame, tem que provocar pelo menos uma tosse. Se conseguir isso na 
compressão da traquéia não precisa fazer a oclusão de narinas. Fazemos primeiro a 
compressão da traquéia porque ela é mais tolerável para o animal. 
 
Exames complementares: 
Toracocentese: perfuração do tórax para um objetivo qualquer (ex: biópsia, punção). 
Equino: 5º e 6º EIC esquerdo. 
Bovino: área ventral ao campo pulmonar do lado do diagnóstico. 
Cães: limite posterior do pulmão com o animal sentado. 
 
 
36 
 
Semiologia do Sistema Cardiovascular 
 
 
 
Funções: 
Principal: transporte de nutrientes, células de defesa, material para ser excretado 
(metabólitos e catabólitos). É através dele que as substâncias circulam por todo o 
organismo. 
Sistema Linfático: toda a linfa que circula no sistema linfático é entregue ao sistema 
circulatório. 
Órgãos de interesse: coração, artérias e veias. 
O método de exploração semiológica de maior valor no exame do sistema 
cardiovascular é a auscultação. Todas as conclusões dependem do que estamos 
ouvindo. Quais os parâmetros que levamos em conta quando fazemos a auscultação 
do coração? Frequência cardíaca é apenas UM deles. É necessário o conhecimento da 
fisiologia do coração para saber interpretar o que está ouvindo. 
37 
 
Átrio não é câmara, pois não se fecha. O átrio direito é apenas uma dilatação do tronco 
da veia cava, e o átrio esquerdo é a dilatação das veias pulmonares. Os átrios são o 
local de chegada do sangue. É importante saber disso para identificar a origem dos 
sopros cardíacos. 
 
Sistema elétrico do coração: 
- Nodo sinoatrial 
- Nodo atrioventricular 
Modulação: feita pelo Sistema Nervoso Autônomo. O sistema nervoso simpático 
aumenta a frequência cardíaca. O parassimpático reduz a frequência cardíaca. Esse 
sistema central é modulador. Se o coração tem em algum momento bradicardia, o SNA 
aumentará a frequência cardíaca, buscando normalizar a situação. Do mesmo modo, 
se ocorrer uma taquicardia, o sistema nervoso autônomo modula a frequência cardíaca 
de modo a reduzí-la. 
 
Semiologia do coração: 
Anatomia topográfica: 
 
 
Formato 
anatômico 
Posição 
média da 
base 
 
Posição da 
ponta 
Posição do 
choque 
cardíaco 
 
Equídeos 
 
Cônico 
 
3ª costela 
6ª junção 
costocondral, 
a 2 cm do 
esterno 
 
5º Espaço 
intercostal 
 
Bovinos 
 
Cônico 
 
2ª costela 
6ª Junção 
costocondral 
 
4º EIC 
 
Cães/Felinos 
 
Globuloso 
 
3ª costela 
7ª junção 
costocondral 
– próximo ao 
diafragma 
 
5º EIC 
 
 
 
38 
 
Exame Clínico: 
 Histórico/Identificação: 
Espécie, raça, idade, sexo, uso e ambiente em que vive. 
 
 Anamnese: 
Queixa principal, sinais e sintomas, evolução clínica da doença, manejo nutricional e 
higiênico-sanitário, condicionamento físico, medicamentos (dose e frequência), se o 
animal apresenta tosse, síncopes, intolerância ao exercício. 
 
Relembrando Patovet: 
 
 Sinais Clínicos da Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) em pequenos animais: 
- Esquerda: congestão venosa pulmonar com sintomatologia de tosse, 
dispnéia/taquipnéia e edema pulmonar. 
- Direita: edema de membros, hepato e esplenomegalia, ascite e efusão pleural, 
anasarca 
 
 Em grandes animais: 
Edema: Bovinos: cabeça, barbela e peito 
 Equinos: peito e abdome. 
 
 Exame Físico: 
 
Métodos de exploração semiológica: 
 Inspeção: 
- Avaliação Física e Comportamental: verificar edemas, pulso venoso, postura dos 
membros torácicos (abdução na tentativa de respirar melhor (posição ortopnéica), 
diminuir dor em casos de reticulopericardite traumática), observar se há dilatação de 
veias (Ex.: jugular, epigástrica cranial superficial) e anóxia (palidez de mucosas). 
 
- Edemas apresentam sinal de Godet positivo. 
 
- Exame das Mucosas: avaliação da coloração (coloração azulada – distúrbio 
relacionado à hematose) 
 
39 
 
- Avaliação do Estado Circulatório Periférico: TPC – para avaliar o estado hídrico do 
animal (sinais de desidratação, anemia, hipovolemia). 
 
- Avaliação dos Vasos Sanguíneos: avaliação da veia jugular (dilatações – massas 
intratorácicas, endocardite, efusão pericárdica ou sobrecarga iatrogênica de volume são 
causas de dilatação na veia jugular). 
 
Inspeção da área cardíaca: 
Objetivo: observar a integridade da área cardíaca (esquerda e direita) e o choque 
cardíaco. 
O choque cardíaco é a vibração da parede torácica decorrente da movimentação do 
coração durante a sístole. É a manifestação funcional do coração. Em animais obesos 
é difícil inspecionar o choque. Em pequenos animais, e em grandes animais magros, é 
facilmente visualizável. Para fazer a inspeção é necessário saber o local correto do 
choque em cada espécie animal. 
 
 Palpação: 
É além e avaliar o choque cardíaco, ainda avaliaa manifestação funcional do coração. 
Objetivos: localizar e avaliar a força (grau de agressividade que ele faz no meu dedo) 
e o ritmo do choque, além de verificar a sensibilidade dolorosa da área cardioreticular 
(comprimir a área cardioreticular com um bastão de ferro ou madeira para ver se o 
animal sente dor). Pode ser feita pelo método direto ou indireto (com o bastão de vidro 
ou acrílico). 
Obs.: o exame do choque é o exame do coração, pois quando avalio a força do choque, 
estou avaliando a força de contração do coração, e quando avalio o ritmo do choque, 
estou avaliando o ritmo cardíaco. 
Se o choque está fora do lugar, é indicativo de ectopia cardíaca. 
 
Alterações do choque cardíaco: 
Aumentado ou diminuído: Fisiológico (exercício), patológico. 
Ex: A diminuição ocorre na pericardite em estágio inicial (está enchendo o saco 
pericárdico de edema, o que reduz a propagação da vibração do coração na parede), 
na obesidade (porque aumenta a espessura da parede), na dilatação cardíaca (redução 
da força de contração do coração). 
 
40 
 
Ausência: Piotórax, hidrotórax 
 
Obs: como saber se a alteração no choque é fisiológica ou patológica? Dando um tempo 
para o animal se recuperar de um possível exercício ou estresse. Se for fisiológico, ele 
vai se normalizar após esse tempo. 
 
Desviado: 
- Cranial: uma peritonite avançada desloca o choque do 5º para o 4º ou 3º EIC nos cães. 
- Caudal: abcesso de linfonodo do mediastino desloca do 5º para o 6º ou 7º EIC no cão. 
- Lateral: ectopia cardíaca por desvio lateral – pode se deslocar para o lado direito. Ex: 
um tumor intercostal esquerdo pode deslocar o choque para o lado direito. 
 
 Percussão: 
Objetivo: delimitação topográfica da área cardíaca, cujo som é do tipo maciço absoluto 
em equinos e maciço absoluto com uma área de som maciço relativo em bovinos. 
Método: direto e indireto. Digital, digito-digital ou martelo pleximétrico. 
Obs.: no bovino, só consigo fazer a percussão do 5º EIC, e em pequenos animais é feito 
no 4º EIC esse som maciço. O som maciço relativo encontrado dentro da área 
topográfica do coração revela que ele está na posição anatomotopográfica correta. 
 
 Auscultação: 
Método direto (colocar o ouvido diretamente na área cardíaca do animal), e indireto 
(estetoscópio). 
A primeira coisa a se levar em conta na auscultação são os principais fatores que 
interferem no exame clínico: interação com o animal, concentração, manipulação, 
ambiente, silêncio. 
Focos de auscultação cardíaca: todos só têm um ponto de auscultação. 
- Na área cardíaca esquerda: 
BOVINOS: 
Foco pulmonar (P): 3º EIC, na extremidade mais ventral; 
Foco aórtico (A): 4º EIC, no extremo mais dorsal; 
Foco mitral (M): 5º EIC, no extremo dorsal ligeiramente abaixo do foco aórtico. 
Auscultação no sentido cranio-caudal (PAM) 
 
 
41 
 
EQUINOS: 
Foco Pulmonar (P): 3º EIC, três dedos abaixo de uma linha imaginária que passa pela 
articulação escápulo-umeral; 
Foco Aórtico (A): 4º EIC, um dedo abaixo de uma linha imaginária que passa pela 
articulação escápulo-umeral; 
Foco Mitral (M): 5º EIC, dois dedos abaixo de uma linha imaginária que passa pela 
articulação escápulo-umeral. 
Auscultação no sentido cranio-caudal (PAM) 
 
CÃES: 
Foco Pulmonar (P): 3º EIC, na junção costocondral; 
Foco Aórtico (A): 4º EIC, um pouco acima da junção costocondral; 
Foco Mitral (M): 5º EIC, na junção costocondral. 
Auscultação no sentido caudo-cranial (MAP) 
 
Na área cardíaca direita: 
 
BOVINOS: 
Foco tricúspide: 4º EIC, região mediana 
EQUINOS: 
Foco tricúspide: 4º EIC, 3 a 4 dedos abaixo da articulação escapuloumeral. 
 
CÃES: 
Foco tricúspide: 4º EIC, na junção costocondral. 
 
O que levar em conta na auscultação do coração? 
Bulha: é o som produzido pelo funcionamento do coração durante a sístole e a diástole. 
 
Revolução cardíaca ou Ciclo Cardíaco: 
1º bulha: Sístole (mais grave, mais forte e mais prolongada) – predomínio muscular; 
pequeno silêncio; 2ª bulha (mais curta, mais aguda, mais alta e mais fraca) – 
predomínio valvular; grande silêncio. 
 
 
42 
 
O pequeno e o grande silêncio também são entidades clínicas. Se é silêncio, não pode 
ter ruído. Tem que saber separar pequeno silêncio e grande silêncio. Alterações nos 
silêncios alteram o ritmo cardíaco. 
 
1º bulha: ocorre durante a sístole ventricular. Resulta dos seguintes eventos: contração 
do miocárdio, fechamento das válvulas átrio-ventriculares (Tricúspide e Mitral), 
vibrações das cordas tendíneas. Esta bulha coincide com o pulso jugular. 
 
2º bulha: ocorre durante a diástole. Resulta do seguinte evento: fechamento das 
válvulas semilunares (Pulmonar e Aórtica). 
 
Obs.: válvula só faz ruído quando se fecha. 
O ventrículo se enche e faz aumentar a tensão sobre a válvula. A válvula se abre sempre 
no sentido da corrente sanguínea. 
 
Avaliar nas bulhas: 
1. Frequência: 
- Taquicardia: aumento da frequência cardíaca; 
- Bradicardia: diminuição da frequência cardíaca. 
Ambas podem ser fisiológicas ou patológicas. 
 
2. Intensidade ou força: 
A primeira bulha é mais nítida no foco mitral e tricúspide e a segunda no foco pulmonar 
e aórtico. O aumento da intensidade chama-se hiperfonese. 
Quando ocorre nas duas bulhas é causado por: exercício físico, excitação, atelectasia 
pulmonar, anemia, febre, baixo escore corporal. Quando ocorre na primeira bulha: 
hipertrofia cardíaca, hemorragia grave, doenças febris, anemia e estenose da mitral. 
Quando ocorre na segunda bulha: foco pulmonar – enfisema, pneumonia crônica, 
trombose da artéria pulmonar, edema pulmonar, insuficiência da mitral e em todos os 
casos onde há aumento da pressão na artéria pulmonar; foco aórtico: hipertensão 
aórtica – nefrite crônica, estenose aórtica. 
A diminuição da intensidade denomina-se hipofonese. 
Quando ocorre nas duas bulhas é causada por: obesidade, musculatura muito 
desenvolvida, fibrina no saco pericárdico, tumores subcutâneos, edema e enfizema 
subcutâneo, hemo ou hidropericárdio, pericardite exsudativa e debilidade cardíaca. 
Quando ocorre na primeira bulha: insuficiência mitral, insuficiência tricúspide e 
43 
 
insuficiência aórtica. Quando ocorre na segunda bulha: foco aórtico – estenose aórtica, 
hemorragia aguda, insuficiência aórtica (diminuição da pressão arterial). 
 
3. Timbre ou qualidade sonora: 
- Ressonância: tem uma vibração no som em casos de hemorragias, anemias, 
pneumotórax, inflamação da aorta. 
- Metálico: pneumotórax e dilatação gástrica gasosa. Qualquer acúmulo de gás próximo 
ao coração. 
 
4. Número/duplicação: 
- Fisiológico: ocorre no equino e é transitório, ocorre quando se submete o equino a um 
estresse. 
- Patológico/. É permanente. 
 
5. Ritmo: 
- Dissociação ou desdobramento de bulhas: a bulha se torna mais prolongada, pode 
ser fisiológico ou patológico (não se relaciona com os movimentos respiratórios) 
- Duplicação: bulha substituída por dois ruídos distintos 
- Ritmo tríplice: três bulhas no foco mitral. Pode ocorrer na estenose mitral 
- Ritmo de galope: aparecem três sons. A nova bulha ocorre na diástole, pelo rápido 
enchimento do ventrículo ou na pré-sístole – momento de contração atrial. Ocorre pela 
perda de tonicidade da musculatura cardíaca (dilatação cardíaca, degeneração do 
miocárdio). Ritmo pendular: - Prolongamento da sístole ventricular devido a uma 
hipertensão (alguns casos de glomérulo-nefrite). 
- Ritmo fetal: ritmo pendular acompanhado de taquicardia (cardiopatias, doenças 
infecciosas graves). 
 
6. Sopros cardíacos: 
Classificação: 
- Tempo: ocorre durante asístole ou durante a diástole? 
- Sede: em qual foco? P?A?M?T? 
- Propagação: pela corrente sanguínea (é diferente da ressonância) 
- Som: intensidade (forte ou fraco, geralmente o sopro é mais forte na estenose quando 
comparado à insuficiência); tonalidade (alto ou baixo, o som da estenose é mais alto 
quando comparado à insuficiência), se tem ressonância; timbre (sopro na estenose é 
mais suave, na insuficiência é mais áspero). 
44 
 
Tipo: Orgânico: provocado por lesão de orifício. Ex: estenose 
 Anorgânico: provocado por diminuição da viscosidade do sangue 
 Funcional: desaparece com o exercício} defeito muscular (sequela comum da 
Febre Aftosa. 
 
*Estenose: defeito na abertura da válvula 
Insuficiência: defeito no fechamento da válvula 
 
 
Sons Extracardíacos: 
- Atrito pericárdico: atrito das lâminas (parece ruído de atrito de tecidos). Causa: 
pericardite em fase aguda. 
- Ruído de roda d’água: exsudato no saco pericárdico. Causa: pericardite (som de 
chacoalhar líquido dentro de um saco). 
Graduação do Sopro Cardíaco 
Grau I: baixa intensidade que pode ser auscultado apenas após alguns 
poucos minutos de ausculta e sobre uma área bem localizada. 
Grau II: sopro de baixa intensidade, identificado após a colocação do 
estetoscópio. 
Grau III: sopro de intensidade moderada, audível logo após a colocação do 
estetoscópio, e que se separa uma ampla área de ausculta, mas que não 
produz frêmito palpável. 
Grau IV: sopro de alta intensidade que é ouvido em uma ampla área, sem 
frêmito palpável. 
Grau V: sopro de alta intensidade que gera um frêmito palpável 
Grau VI: sopro de alta intensidade suficiente para ser auscultado estando o 
estetoscópio apenas próximo à superfície torácica e que gera um frêmito 
facilmente palpável. 
45 
 
 Métodos Auxiliares de exploração: 
Punção exploratória do pericárdio: para fazer biópsia, coletar materiais. 
 
Provas de sensibilidade dolorosa: 
- Golpeamento da área cardíaca com a mão fechada 
- Teste de Götize: área cardioreticular 
- Reflexo víscero-cutâneo 
 
Exame da Circulação Periférica: 
 Artérias examináveis: 
Pequenos animais: femoral (eleita na rotina), digital comum 
Bovinos: coccígea média (na rotina), facial, digital comum e aorta abdominal (palpação 
interna) 
Equinos: mediana, ramo mandibular da artéria facial e ramo orbital da artéria facial, 
digital comum e aorta abdominal. 
 
Examinar artérias é examinar o pulso. 
Pulso arterial: método de exploração semiológica: Palpação. 
 
 Frequência de Pulso 
Equinos 28-40 ppm 
Bovinos 40-80 ppm 
Gatos 100-130 ppm 
Cães 60-130 ppm 
 
Frequência de pulso não é a mesma da frequência cardíaca. Elas coincidem, mas não 
são a mesma. A medida que você examina um maior número de vezes, mais fácil de 
notar que são diferentes. 
 
Alterações da frequência do pulso: 
- Fisiológicas: exercício, gestação, etc 
- Patológicas: anemia, febre, venenos, etc. 
- Aumento: taquisfigmia 
- Diminuição: bradisfigmia 
 
46 
 
Parâmetros para a avaliação do pulso: 
- Frequência: número de pulsações por minuto (ppm) 
- Plenitude: dimensão do calibre arterial. Classificado como cheio (normal) e vazio 
(anemia, hemorragia, insuficiência cardíaca) 
- Amplitude: altura do pulso percebida pelo dedo. Relacionado com a diferença entre a 
pressão sistólica e diastólica. Classificado como amplo (insuficiência aórtica), pequeno 
(estenose aórtica). 
- Dureza ou tensão: grau de pressão para fazer desaparecer a pulsação. Classificado 
com pulso duro (hipertensão, nefrite crônica, tétano) e pulso mole (hipotensão, 
insuficiência cardíaca) 
- Celeridade: velocidade com que a artéria se expande e se retrai. Classificado como 
célere (insuficiência aórtica) e pulso tardio ou lento (estenose aórtica). 
 
 Veias examináveis: 
Pequenos animais: Jugulares, braquicefálicas, safenas 
Equinos: Jugulares 
Bovinos: Jugulares e veia epigástrica cranial superficial (veia mamária). 
[Lembrar de sempre examinar a esquerda e a direita]. 
 
Métodos de exploração semiológica: 
 
1. Inspeção: 
Integridade, calibre (é muito importante, pois quando está muito aumentado indica 
estase venosa). 
 
- Prova de estase da jugular: o objetivo é identificar dificuldade no fluxo de sangue. Se 
o animal já tem estase (aumento do calibre = veia ingurgitada), fazer a prova da estase 
da jugular do mesmo jeito! Ela não é para avaliar estase, e sim, avaliar o fluxo. Fluxo 
normal: faz o garroteamento e vai ter ingurgitamento somente anterior ao dedo. 
Animal com estase: a veia ingurgita antes e depois do dedo. Observo a velocidade com 
que ocorre o fluxo e estimo a dificuldade do retorno venoso (vai estar diminuído e com 
acumulo de sangue). Essa dificuldade de retorno venoso pode ser por insuficiência ou 
estenose da válvula tricúspide, pode ser por estenose da válvula pulmonar, da mitral, 
da aorta, da aorta abdominal, pode ser também no rim. 
2. Palpação: 
Verificar a integridade e sensibilidade venosa (para avaliar flebites) 
47 
 
- Prova de pulso venoso: palpação associada a auscultação (lembrar que veias não 
têm pulso). Posiciona-se o estetoscópio em qualquer dos focos de auscultação cardíaca 
e com a outra mão, palpar a veia jugular. Se durante a sístole sentirmos o pulso venoso, 
dizemos que o animal tem pulso venoso positivo. Significa que o animal tem refluxo de 
sangue do ventrículo direito para a jugular. 
Negativo: movimento normal. 
Positivo: o animal tem insuficiência da tricúspide. Devido a insuficiência da tricúspide, o 
sangue não vai todo para o pulmão, parte dele volta para a jugular (ocorre um refluxo). 
Isso causa o pulso venoso, o qual podemos sentir pela palpação, enquanto auscultamos 
a 1ªbulha (sístole). Se coincidirem, o animal é pulso venoso positivo. É característico, 
só ocorre durante a sístole. 
 
O movimento da veia jugular é normal em duas situações: uma contínua (quando o 
coração contrai, ocorre na região da jugular mais próxima do mediastino o movimento 
de ancoramento de sangue no momento em que a tricúspide se fecha, e durante a 
contração da carótida), e outra esporádica (devido ao movimento do esôfago em 
ruminantes durante a regurgitação para remastigar). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Semiologia do Sistema Digestivo 
 
Função Primordial: fazer com que o organismo receba tudo o que ele precisa, ou seja, 
o aporte de nutrientes (nutrição). Tarefas que levam a isso: 
- Coleta do alimento do qual vai extrair os nutrientes; 
- Processar o alimento (as espécies desenvolveram diversos mecanismos). Começa 
pela acomodação do alimento na boca, quebrando o alimento ou armazenando para 
processar depois (no caso de ruminantes, que fazem uma grande coleta de alimento e 
processa tudo posteriormente). 
 
Exame clínico: 
Identificação/Histórico do Paciente: data da consulta, nome, espécie, raça, sexo, idade, 
nome e endereço do proprietário e procedência. 
 
Anamnese: informações sobre o paciente (vacinação, vermifugação), ambiente, dieta 
(sobrecarga ou mudança brusca da dieta, relação volumoso concentrado), início, curso 
e evolução da doença, criação extensiva ou intensiva, características das fezes, número 
de animais afetados, se houve tratamento (doses, princípio ativo, via de administração 
e resposta). 
 
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Exame Funcional: se examina quando ocorre, ou seja, não esperamos chegar no exame 
do aparelho digestivo para examinar a manifestação funcional. Por exemplo, se o animal 
defecar, interrompo o exame que estou fazendo e examino as fezes naquele momento, 
pois pode ser que não se tenha

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