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Estágios e Planos Anestésicos Os estágios e planos anestésicos são um conjunto de sinais associados a parâmetros fisiológicos, que tem como objetivo caracterizar a profundidade anestésica. Estes estágios e planos foram desenvolvidos por Guedel em 1937. E são válidos somente para anestesias que promovem hipnose. Alguns fatores determinam se é possível ou não avaliar os estágios e planos anestésicos, como: a espécie animal (os sinais e parâmetros são diferentes para cada espécie) os fármacos utilizados (dependendo do fármaco não se consegue avaliar, como em uma anestesia dissociativa, que não é possível avaliar os estágios e planos anestésicos) o estado fisiológico do paciente o tipo de intervenção cirúrgica (como em cirurgias oftálmicas e de crânio, não se consegue avaliar os estágios e planos) Principais sinais e parâmetros avaliados Oculopalpebrais (reflexo palpebral, corneal e pupilar) Reflexo interdigital e digital Reflexo laringotraqueal Reflexo anal Alterações cardiopulmonares Estes reflexos são fisiológicos, de proteção. Os reflexos interdigital, digital, palpebral e laringotraqueal, podem ser perdidos dependendo do estágio e plano anestésico em que o animal se encontrar. Já os outros reflexos, podem estar diminuídos ou aumentados, mas não são perdidos. Estágios e Planos Anestésicos O ideal em uma cirurgia é deixar o animal em estágio III, nos planos 2 e 3. Estágio I - Alerta à perda de consciência Estágio II - Excitação e delírio Estágio III - Anestesia Cirúrgica 1° plano 2° plano 3° plano 4° plano Estágio IV - Choque bulbar e morte Estágio I O animal ainda está alerta, e vai começar a perder a consciência, ou seja, é o início da hipnose, onde o animal ainda sente estímulos nocivos. Há liberação de adrenalina, ocorrendo taquicardia e midríase. Se o animal é muito medroso, pode ocorrer salivação, micção e defecação. A respiração se torna irregular. O paciente fica desorientado, indócil ou não cooperativo ao procedimento. Este estágio é quando prepara o animal para aplicar a MPA, onde ele tem os sinais de medo. Ao aplicar a MPA, o animal apresenta-se com progressiva ataxia, perda da habilidade locomotora, assume decúbito lateral, e então é o fim do 1° estágio. Estágio II Este é um estágio indesejável, onde o animal apresenta delírio e alucinações. Este estágio sempre deve ser evitado, quando se faz MPA reduz o risco do animal passar por este estágio, mas se ele é muito agitado, mesmo com MPA ainda pode passar pelo estágio II. O animal tem um aumento da responsividade aos estímulos externos, por isso, eles tem uma reação exacerbada a qualquer estímulo. Apresenta incoordenação e hiperreflexia. Hiperalgesia. Defecação. Midríase, lacrimejamento, nistagmo. Salivação abundante. Taquiarritmias, hiperventilação e respiração arrítmica. Estágio III 1° Plano É o começo da hipnose, onde o animal começa a rotacionar o bulbo ocular para o ventre. Em felinos ainda podem ocorrer delírios. Os reflexos laringotraqueal e interdigital estão discretos. E os reflexos palpebral e corneal estão presentes. Há miose com resposta ao estímulo luminoso, início de projeção de terceira pálpebra em pequenos animais e em equinos presença de nistagmo. Ocorre salivação. A respiração é normal (normopnéia), com ritmo tóraco-abdominal. Ocorre estabilização hemodinâmica. E o tônus muscular fica reduzido. 2° Plano Neste plano o reflexo laringotraqueal fica ausente, portanto, é neste plano que se consegue intubar o animal. Exceto em gatos, onde o reflexo laringotraqueal continua discretamente presente, por isso, deve-se utilizar Lidocaína para o animal perder totalmente o reflexo laringotraqueal, para que durante a intubação não ocorra laringoespasmo. O reflexo interdigital está ausente, o reflexo palpebral está discreto ou ausente e o reflexo corneal continua presente. O bulbo ocular está rotacionado, em equinos e felinos com midríase, e nos outros animais com miose. Há uma depressão hemodinâmica discreta. A respiração é tóraco-abdominal, profunda e rítmica. Há miorrelaxamento e ausência de salivação (exceto em equinos e ruminantes, que continuam com salivação). 3° Plano O bulbo ocular em miose começa a centralizar, e começa a ficar em midríase, com reflexo corneal reduzido. Todos os outros reflexos estão ausentes, ou seja, neste plano os felinos perdem o reflexo laringotraqueal. A respiração é abdominotorácica superficial à apnéia, com um ritmo apnêustico, ou seja, com inspiração curta e silêncio abdominal. Há uma diminuição das secreções e miorrelaxamento total. Há uma depressão hemodinâmica moderada, o animal começa a ter hipotensão, com bradiarritmias ou taquiarritmias. Em processos cirúrgicos em equinos, sempre deve deixá-los neste plano. 4° Plano Há centralização do bulbo ocular e midríase. Há paralisia da musculatura abdominal e intercostal, o animal entra em apnéia, por isso o volume minuto é reduzido ou ausente. Devido à apnéia, o animal entra em acidose respiratória acentuada, fica com cianose por hipoventilação. Há uma depressão hemodinâmica severa, o animal fica com hipotensão e bradicardia. Estágio IV Neste estágio há uma intensa depressão do SNC. O bulbo ocular fica centralizado, em midríase, e perde o reflexo pupilar (fica irresponsivo à luz). A respiração se torna laringotraqueal, ou seja, agônica (o animal abre a boca para respirar e não consegue). Há uma eminente parada cardíaca, após 3 a 5 minutos ocorre anóxia cerebral com lesões cerebrais irreversíveis, em seguida o animal fica em coma, e ocorre o óbito. Não pode deixar o animal chegar neste estágio anestésico, pois, é um estágio irreversível e o animal morre.
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