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Koyré cap 1

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Niterói, 08 de abril de 2013. 
UFF – Universidade Federal Fluminense; Graduação em Relações Internacionais.
Disciplina: Política-I -	 Professora Célia Lessa Kerstenetzky
Aluna: Stefanie Marques da Silva - 		Matrícula: 114059043
Texto II: Introdução à leitura de Platão – Alexandre Koyré 
2ª Parte: “A Política” – Capítulo 1: Política e Filosofia
O problema político tem o papel mais importante no pensamento e na obra de Platão. Toda a obra de Platão está subtendida por preocupações políticas. O problema do diálogo, do ensino filosófico, do critério e de meio de formação de uma elite são problemas políticos. Para Platão, o problema filosófico e o político foram um único problema.
O interesse de Platão sobre a vida política não é uma surpresa, mediante o interesse dos cidadãos atenienses a este assunto. A participação na vida política era considerada pelos gregos como um privilégio do homem livre.
O encontro de Platão com Sócrates incendiou a alma de Platão e lhe acendeu o fogo da filosofia e sua vida filosófica foi culminada através da morte de Sócrates, o que foi um acontecimento político. Sócrates foi condenado à morte por seus concidadãos. 
Platão se questiona sobre os motivos que levaram à condenação de Sócrates. Além do acaso, de circunstâncias infelizes, de intrigas políticas e defesa inábil, a condenação de Sócrates só tinha sentido quando pensada de uma forma: Sócrates morreu porque era filósofo; porque não havia lugar para ele na Cidade. Sua morte era inevitável. 
Questiona-se também o que fazer e como viver sendo filósofo. Pensa em retirar-se da cidade, tornar-se estrangeiro, refugiar-se na vida privada, no estudo e na contemplação. É esta uma decisão clássica, adotada pelos Epicuristas, pelos Estóicos e por Aristóteles. 
Platão adota numa passagem do Teeteto uma imagem de um filósofo que ignora todos os acontecimentos e caminhos da cidade, sem ter qualquer ideia disto e sem saber que ignora tudo isto. Seu corpo está lá e mora na cidade, porém o filósofo se distrai em seus próprios pensamentos, “sondando os abismos da terra e medindo-lhes a extensão até os confins das profundidades celestes, seguindo o percurso dos astros e perscrutando a natureza de cada realidade no seu pormenor e no seu conjunto, sem que nunca ele se deixe voltar a descer ao que lhe está imediatamente próximo”, como a fala de Píndaro citada no texto.
A única solução encontrada é a do cidadão estranho a qualquer cidade terrestre. É a única possível se admitir que “a cidade humana é má e injusta por essência e que todas as formas sob as quais se nos apresente (monarquia, aristocracia e democracia) são apenas uma mesma realidade, a realidade do poder despótico.” Ainda assim, não é uma solução perfeita, já que uma vida humana plena e inteira é impossível fora da Cidade.
Chega-se à conclusão de que é necessário reformar a Cidade, o que fará bem para si mesma e para o filósofo. A Cidade que condena Sócrates é má e doente, não pode suportar um justo em seu seio injusto. Para reformar a Cidade, é necessário, além do saber, o poder. Assim só o filósofo tendo poder pode reformar a Cidade. Ou seja: O filósofo só tem lugar na Cidade se for ele a comandá-la. Como diz Platão: “Para que a vida humana, uma vida digna de ser vivida, seja possível, é preciso que os filósofos se tornem reis”. Tal ideia se torna a base da República.
Para Platão, deve-se confiar o poder a quem sabe distinguir o bem do mal, a verdade do erro, o real e o falso. Além disso, deve-se deixar dirigir a educação da juventude, a formação da elite e a separação e escolha dos futuros dirigentes da Cidade. 
Apesar de ser fácil notar a necessidade de reforma da Cidade e saber quem deve fazer tal reforma, é muito mais difícil fazê-la em si. A corrupção é avançada e não se pode agir sobre homens já criados no meio dela. Portanto, a reforma na Cidade deve se iniciar por uma reforma na educação, começando então por seus futuros cidadãos. Aos filósofos, então, fica o dever e o direito de instruir a juventude, formar e educar as elites. Os diálogos socráticos de Platão, então, se dedicam a tal função.

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