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Psicologia Juridica Texto 06 psicopatologia.doc

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FACULDADES DOCTUM – CURSO DE DIREITO
Psicologia Jurídica – Texto 06 Terceiro Período
Prof. Eduardo Miranda mirandapsi@yahoo.com.br
SAÚDE MENTAL E PSICOPATOLOGIA
Parte Introdutória
Semiologia: sendo a semiologia vista como uma espécie de ciência dos signos, uma semiologia psicopatológica é uma área de estudos que aborda os sinais e sintomas dos transtornos mentais. Esses sinais não são quaisquer sinais, são providos de significado, daí serem denominados signos. Os signos estudados pela semiologia psicopatológica indicam a existência de sofrimentos, transtornos e patologias. Uma diferenciação importante sugere sintomas objetivos (observáveis) e subjetivos (vivenciados e detectados apenas pelos pacientes). 
O sintoma psicopatológico tem dupla dimensão: indicador e símbolo, simultaneamente. Indica uma disfunção que está em outro ponto do aparelho psíquico, embora com certa contiguidade em relação a origem. Ao mesmo tempo aponta para um conjunto de fatores que configuram um estado, recebendo uma denominação específica associada a um contexto simbólico e cultural e dessa forma só pode ser compreendida em um universo específico, determinado socialmente. A semiologia psicopatológica estuda os sinais e os sintomas produzidos pelos transtornos mentais. 
Síndromes – agrupamentos relativamente estáveis e constantes de determinados sinais e sintomas. Uma definição descritiva, sem incluir as causas e os processos subjacentes. 
Doenças ou Transtornos Específicos – são fenômenos nos quais é possível identificar com alguma consistência certos fatores causais, um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicopatológicos e psicológicos característicos, antecedentes genético-familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis. Trabalha-se muito mais com síndromes do que com doenças/transtornos e de forma geral esses estudos têm valor teórico e prático. 
Psicopatologia é o conjunto dos conhecimentos referentes ao adoecimento mental dos seres humanos. No conjunto do que se denominam doenças mentais existem estados que apresentam especificidades psicológicas, com dimensão própria, genuína, porém com complexas e amplas ligações com a psicologia do normal. 
CONCEITO DE NORMALIDADE
Alguns aspectos envolvidos: o criminal, que pode definir o destino social, legal e institucional de alguém; planejamento e políticas públicas, onde são analisadas as demandas de dado grupo social, necessidade de serviços e variedade dos mesmos; orientação e capacitação profissional, capacidade e adequação de certo indivíduo no exercício de dadas funções e a prática clínica, onde se determina se um fenômeno é normal ou patológico, momentâneo ou estrutural. Existem vários critérios para analisar a questão da normalidade, onde é possível destacar o posicionamento da Organização Mundial de Saúde: "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. 
Existem vários tipos e abordagens em psicopatologia, mas geralmente ocorre uma utilização dos manuais como o CID e DSM. 
CAUSAS PARA DETRIMENTO DA SAÚDE MENTAL
Uso de drogas - Sofrimento emocional - Mudanças hormonais - Tratamentos de doenças - Doenças de outra natureza - Tratamentos errados ou inadequados - Genética - Violência -Maus tratos ou tortura - Ausência de condições mínimas de sobrevivência digna
BREVE HISTÓRICO DE SAÚDE MENTAL
GRECIA ANTIGA: a loucura é vista como um privilégio. Filósofos como Sócrates e Platão ressaltaram a existência de uma forma de loucura tida como divina e, inclusive, utilizavam a mesma palavra (manikê) para designar tanto o “divinatório” como o “delirante”.
IDADE MÉDIA: sai o leproso, entra o louco. Até o final da Idade Média, aquele espaço de exclusão era representado pelo leproso. Encarnando o mal e representando o castigo divino, a lepra se espalha rapidamente causando pavor e sentenciando seus portadores à exclusão. Entretanto, com o fim das Cruzadas e a ruptura com os focos orientais de infecção, a lepra retira-se, deixando aberto um espaço que vai reivindicar um novo representante. Alguns séculos depois, essas estruturas de exclusão social passam a ser ocupadas pela figura do louco.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA: o rompimento entre o místico e o racional. Paulatinamente, a loucura vai se afastando do seu papel de portadora da verdade e vai se encaminhando em uma direção completamente oposta. Nas artes plásticas é possível observara mudança de paradigma. A loucura atrai, mas não fascina. 
SÉCULO XVIII: a loucura como objeto do saber médico. É o século XVIII que vem, definitivamente, marcar a apreensão do fenômeno da loucura como objeto do saber médico, caracterizando-o como doença mental e, portanto, passível de cura. É o Século das Luzes, onde a razão ocupa um lugar de destaque, pois é através dela que o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade. Ocorre a valorização do pensamento científico e é em meio a esse contexto que ocorre o surgimento do hospital como espaço terapêutico. Entretanto, deve-se ter cuidado ao imprimir a esse acontecimento uma ótica humanitária e altruísta, pois essa medicalização do hospital não se deu visando “uma ação positiva sobre o doente ou a doença, mas simplesmente uma anulação dos efeitos negativos do hospital. Para garantir seu funcionamento, o modelo hospitalar necessitava da instauração de medidas disciplinares que viessem garantir a nova ordem. O discurso que alimenta esse sistema percebe os loucos como seres perigosos e inconvenientes que, em função de sua “doença”, não conseguem conviver de acordo com as normas sociais. Retira-se, então, desse sujeito todo o saber acerca de si próprio e daquilo que seria sua doença, ao mesmo tempo em que se delega esse saber ao especialista.
PÓS-GUERRA: um momento propício para reformas. Somente no período pós-guerra desponta um cenário propício para o surgimento dos movimentos reformistas da psiquiatria na contemporaneidade. Começam a surgir, em vários países, questionamentos quanto ao modelo hospitalocêntrico, apontando para a necessidade de reformulação. Alguns desses movimentos colocavam em questão o próprio dispositivo médico psiquiátrico e as instituições a ele relacionadas. Uma importante questão nessa concepção de reforma diz respeito ao conceito de “doença mental”, o qual passa a ser desconstruído para dar lugar a nova forma de perceber a loucura enquanto “existência-sofrimento” do sujeito em relação com o corpo social. A reforma psiquiátrica brasileira encontra seus principais fundamentos teóricos nessa concepção.
NO BRASIL
A atenção específica ao doente mental no Brasil teve início com a chegada da Família Real. Em virtude das várias mudanças sociais e econômicas ocorridas e para que se pudesse ordenar o crescimento das cidades e das populações, fez-se necessário o uso de medidas de controle, entre essas, a criação de um espaço que recolhesse das ruas aqueles que ameaçavam a paz e a ordem social. Posteriormente, em 1852, é criado o primeiro hospício brasileiro.
Num país subdesenvolvido, com um modelo de assistência à saúde centrado na prática curativa e assistencialista, foi fácil transformar a doença mental em mercadoria rentável. Ao se associar a lógica do capital (lucro) à lógica do modelo manicomial (poder disciplinar), não fica difícil perceber que a “assistência” limitava-se ao mínimo que fosse preciso para manter os loucos sob dominação, sem precisar gastar muito. Na década de 70, não suportando a busca desenfreada pelo lucro dos empresários da saúde, a previdência social entra em crise, mostrando a ineficiência desse modelo e apontando para a necessidade de reformulação.
 
Em continuidade a esse processo, foram realizadas em 1987, 1992 e 2001, as Conferências Nacionais de Saúde Mental, que possibilitaram a delimitação dos objetivos da reforma psiquiátrica brasileira atual e a proposição de serviços substitutivos ao modelo hospitalar. Dentreos marcos conceituais desse processo destacam-se o respeito à cidadania e a ênfase na atenção integral, onde o processo saúde/doença mental é entendido dentro de uma relação com a qualidade de vida.
ALGUMAS DOENÇAS IMPORTANTES
PSICOSE
Para Freud: estrutura formada a partir da não interdição do complexo de Édipo. Para a psiquiatria, trata-se de um conjunto de transtornos chamados estados psicóticos marcados pela maior ou menor perda de contato com a realidade, sendo mais comum a esquizofrenia. Os principais sintomas são alucinação (percepção sem objeto) e delírio (deformação do objeto), sendo que a doença atinge cerca 1 a 2 % da população mundial. Aparece entre o fim da adolescência e inicio idade adulta – mais comum em homens. Principais sintomas positivos (presença de): delírios e alucinações. Principais sintomas negativos (ausência de): controle do ciclo circadiano, autocuidado, autopercepção, relacionamento interpessoal modificado. 
PSICOPATIA
O chamado psicopata, também denominado sociopata é inserido no transtorno de personalidade antissocial, que apresenta padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, tendo início na infância e/ou adolescência e continuando na idade adulta. Entre as características mais comuns encontram-se a mentira patológica, ausência de remorso ou culpa, incapacidade de empatia, transtornos de conduta, ausência de metas realistas a longo prazo, impulsividade e charme (poder de sedução e persuasão). Costuma ser intolerante com a frustração e dificilmente responde à tratamentos e punições. 
DEPRESSÃO
Foi ignorada por muitos anos. Acreditou-se ser: auto-indulgência, preguiça, etc. Hoje se sabe ser doença, mais comum em mulheres (devido a certos hormônios) estando relacionada à falta ou mau funcionamento de neurotransmissores, em particular a serotonina e noradrenalina.
Sintomas centrais: perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso. Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais são: pessimismo, dificuldade de tomar decisões, dificuldade para começar a fazer suas tarefas, irritabilidade ou impaciência, inquietação, achar que não vale a pena viver; desejo de morrer, chorar à toa, dificuldade para chorar, sensação de que nunca vai melhorar, desesperança, dificuldade de terminar as coisas que começou, sentimento de pena de si mesmo, persistência de pensamentos negativos, queixas frequentes, sentimentos de culpa injustificáveis, boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo sexual, etc... São desencadeadores: perda de pessoa querida, perda de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave, gravidez, menopausa, etc...
PEDOFILIA
Preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou no início da puberdade. Há um contexto de alternativa ao adulto, por medo deste. O fracasso ou a proibição de relacionamento entre adultos pode estar associado à busca por esse tipo de comportamento. É comum haver relações de intimidade e/ou dependência entre abusador e vítima. A fragilidade da vítima também pode gerar um exercício de poder por parte do abusador. Pertence ao grupo das parafilias, que são comportamentos sexuais envolvendo objetos ou situações incomuns. 
BREVE NOTA SOBRE A QUESTÃO DA INIMPUTABILIDADE
A inimputabilidade está diretamente associada com os estados mentais que não permitem que o indivíduo compreenda as características ilícitas de seus atos, ou de realizar conduta de acordo com esse entendimento. 
REFERENCIAS
BOCK, A.M.B. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002. 
FIORELLI, J.O. e MANGINI, R.C.R. Psicologia Jurídica. São Paulo: Atlas, 2009.

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