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Enzimas importantes em alimentos Carboidrases Proteases Lipases Oxirredutases UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS II Mestranda: Flávia Mélo Proteases O que são as proteases? São enzimas que catalisam a reação de hidrólise das das proteínas Proteases São hidrolases Podem apresentar atividade sobre ligações éster e amida. Especificidade é governada pela natureza do AA envolvidos na ligação e a sua posição na molécula Envolvidas nos processos de digestão, ativação de enzimas, transporte de proteínas através de membranas. O que são as proteases? Proteases Amplamente utilizadas na indústria alimentícia e de detergentes Representam 60% de todas as hidrolases comercializadas Favorece digestão e absorção pelo organismo Aroma e textura especifícos, altera funcionalidade proteínas Proteínas? Proteases São macromoléculas orgânicas formadas pela sequência de vários AA, unidos por ligações peptídicas Características físico-químicas são dadas pela composição de aminoácidos; Desempenham papel central nos sistemas biológicos Classificação Proteases Modo de ação Natureza química do seu sítio catalítico ExopeptidasesEndopeptidases Modo de ação Aminopeptidases Aminopeptidases Carboxipeptidases Carboxipeptidases Classificação Proteases Exopeptidases Modo de ação Agem na extremidade N-terminal da cadeia polipeptídica Agem na extremidade C-terminal da cadeia polipeptídica Classificação Proteases Modo de ação Natureza química do seu sítio catalítico Natureza química do seu sítio catalítico Serina-proteases (E.C. 3.4.21) Cisteína-proteases (E.C. 3.4.22) Proteases aspárticas (E.C. 3.4.23) Metalo-proteases (E.C. 3.4.24) Classificação Proteases Natureza química do seu sítio catalítico Serina-proteases (E.C. 3.4.21) Possuem aminoácido serina em seu sítio ativo. São ativas em pH de 7 a 11 (neutro ou alcalino) tripsina quimotripsina subtilisina Baixa especificidade de substrato Principal grupo é formado pelas Serina-proteases alcalinas: Classificação Proteases Natureza química do seu sítio catalítico Possuem aminoácido cisteína conjugado com histidina em seu sítio ativo. São mais ativas em pH neutro papaína bromelina ficina Proteases vegetais são as principais representantes: Cisteína-proteases (E.C. 3.4.22) cisteína São enzimas sulfidrílicas e apresentam SH em seu sítio ativo Atividade inativada por agentes oxidantes tais como Oxigênio Atividade pode ser recuperada por agentes redutores: cisteína. histidina Classificação Proteases Natureza química do seu sítio catalítico Proteases aspárticas (E.C. 3.4.23) Possuem aminoácido ácido aspártico em seu sítio ativo São ativas em pH ácido Principais: pepsina renina Proteases microbianas Fúngicas: (Aspergillus, Penicillium, Rhizopus, Neuspora, Endothia e Rhizomucor) Metalo-proteases (E.C. 3.4.24) Classificação Proteases Natureza química do seu sítio catalítico São enzimas que dependem de metais divalentes para sua atividade São ativas em pH neutro ou alcalino Colagenases Elastases Termolisina Alta resistência, Principal representante do grupo Produzida por Geobacillus stearothermophilus Fontes Proteases Fontes Proteases Vegetal Atividade maior nos vegetais verdes Mais empregadas na indústria de alimentos Seguras para o consumo humano Tradicionalmente empregadas no preparo de diversos alimentos. papaína bromelina ficina Cisteína-protease Extraída do látex dos frutos do mamoeiro Cisteína-protease Cisteína-protease pH 5,0 a 9,0 Temperatura: 60 a 70o C Baixa especificidade de substrato Extraída do pedúnculo e do fruto do abacaxizeiro pH: neutro à ácido ótimo: 6,0 a 8,0 Inativa em temperaturas superiores a 70o C fenilalanina, valina e leucina Extraída do látex de diversas espécies do gênero Ficus pH: 6,0 a 8,0 Temperatura: 60 oC Apresenta baixa especificidade para o substrato Apresenta baixa especificidade para o substrato Fontes Proteases Animal Proteases gástricas (renina e pepsina) e pancreáticas (tripsina e quimiotripsina) Mais estudadas Renina ou quimosina Apresenta grande valor para indústria de alimentos (maior aplicação industrial) Protease aspártica extraída do 4o estômago (abomaso) do bezerro não desmamados Após a extração a solução pode ser adicionada de conservantes, precipitada e seca ou liofilizada Sintetizada na forma de pró-renina inativa – hidrólise parcial = renina Inativada em pH neutro ou alcalino Fontes Proteases Animal Pepsina Protease aspártica produzida pela mucosa do estômago na forma inativa pepsinogênio Atividade ótima: pH – 1,0 a 4,0 (1,8 pH ótimo) Inativa em pH>6,0 Apresenta baixa especificidade, embora prefira ligações entre aminoácidos hidrofóbicos. pH abaixo de 5,0 Inibidores em pH acima de 5,0 ativa Fontes Proteases Animal Tripsina Serina-protease: secretada pelo pâncreas Uma das enzimas digestivas mais importantes Sintetizada pelo pâncreas na forma inativa de tripsinogênio – ativada por hidrólise no duodeno São endopeptidases altamente específicas – só hidrolisam ligações que envolvem o grupo carboxílico da lisina e da arginina Estáveis em pH abaixo de 6,0 e sofrem autólise a partir desse valor Atividade ótima em pH de 7,0 a 9,0 Inibidores de tripsina Inibidores produzidos pelo pâncreas Alimentos à base de soja, trigo Fontes Proteases Animal Quimiotripsina Serina-protease semelhante à tripsina Hidrolisa preferencialmente ligações que envolvem aminoácidos aromáticos (tirosina, fenilalanina e triptofano) Estável em pH ácido e neutro pH ótimo de atividade de 7,0 a 9,0 Fontes Proteases Animal Catepsinas e calpaínas Cisteína-proteases: pH neutro à ácido Intracelulares – relacionadas à resolução do rigor mortis Transformação de músculo em carne Fontes Proteases Microbianas Origem fúngica Origem bacteriana Origem bacteriana Bacillus e Geobacillus Baixa especificidade – mais utilizadas na indústria de detergents Proteases bacterianas neutras: termolisina - ativas em pH de 5,0 a 8,0 – baixa estabilidade térmica; Proteases bacterianas alcalinas: lisina - maior atividade em pH de 8,0 a 11,0 e em temperaturas de 50 a 60°C pH – 8,0 a 11,0 T: 50 a 60o C Excelentes fontes de enzima Representam 40% do total das enzimas comerciais Origem fúngica Aspergillus oryzae Produz proteases ácidas, alcalinas e neutras; pH: 4,0 a 11,0 T: 40o C Inativas em T>50o C Modificação de proteínas Proteases Hidrólise Síntese Reestruturação Hidrólise Utilizados como ingredientes de alimentos Conferir sabor característico, alterar textura, emulsificar, produzir espuma ou aumentar valor nutricional Obtidos por hidrólise química ou enzimática Melhoram as propriedades de proteínas como soja Uso de peptídeos como alimentos funcionais (Aspergillus oryzae e A. sayae) Modificação de proteínas Proteases Síntese Realizada de 3 formas: Síntese química Síntese enzimática Síntese via DNA recombinante Plasteína = moléculas semelhantes às proteínas naturais cuja origem é a síntese catalisada por protease. Ocorre por reação reversa à hidrólise. Aplicada na incorporação de AA essenciais, na remoção do sabor amargo de pequenos peptídeos e melhoramento das propriedades funcionais das proteínas Proteases são hidrolases: reação inversa à hidrólise, em baixa atividadede água – síntese favorecida por alta concentração de substrato. origem microbiana - termolisina (Bacillus thermoproteoliticus) e subtilisina (B. subtilis); origem vegetal: papaína origem animal: pepsina Modificação de proteínas Proteases Reestruturação Promove melhor textura, aparência, aroma, sabor dos produtos Streptomyces mobaraense ou Streptoverticillium mobaraense Transglutaminase (TG): enzima que atua na síntese de ligações cruzadas entre as proteínas, gerando produtos chamados de reestruturados. Diminuição de custos Maior aproveitamento das matérias- primas Melhoria de qualidade (textura) Saudabilidade (redução de sódio e gordura) Aplicações industriais Proteases Aplicações industriais Proteases Clarificação de cerveja Fermentação Leveduras alcoólicas Maturação Baixa temperatura: 0o C Duração depende do tipo de cerveja Finalidade: destruição do diacetil (acumula-se durante a fermentação) (amargo) diacetil acetoína (sem sabor) Aplicações industriais Proteases Clarificação de cerveja Fermentação Leveduras alcoólicas Maturação Filtração Não impede que ocorra nova precipitação Turvação: interação entre compostos fenólicos e polipeptídeos (provenientes do malte e outros cereais não maltados) que se insolubilizam a baixas temperaturas Tratamento com proteases Hidrolisam os peptídeos e impedem nova precipitação papaínas – inespecíficas e termoestáveis (permanecem ativas após pasteurização) Não afeta a formação de espuma Aplicações industriais Proteases Amaciamente da carne (tenderização enzimática) Maciez – “atributo da carne cozida de ter fácil mastigabilidade sem perder sua textura característica” Método tradicional atingir a maciez Maturação prolongada – catepsinas e calpaínas Aplicação de proteases acelerar o processo de maturação: hidrolisam proteínas (miofibrilares e colágeno) da carne, tornando-a mais macia. Papaína: mais aplicada – alta afinidade pela actina e boa atividade pelo colágeno desnaturado pelo calor T= 60 – 70o C amaciamento durante o cozimento Aplicações industriais Proteases Amaciamente da carne (tenderização enzimática) Dosagem de enzima Finalidade do corte Assadas: Maior tempo na temperatura de atividade da enzima durante cozimento Menores quantidades da enzima Fritura: Atingem temperaturas muito altas em menor tempo Maiores quantidades da enzima Restaurantes: Longo tempo de aquecimento Mistura de papaína e bromelina (Evita hidrólise excessiva) Aplicações industriais Proteases Amaciamente da carne (tenderização enzimática) Métodos de aplicação da enzima Método clássico: aplicação superficial da enzima em veículo de sal Barato e prático Imersão: os cortes de carne são submersos em solução de enzima Contaminação cruzada Automação Injeção: uso de seringas ou pistolas para aplicação de solução enzimática na peça de carne Injeção no animal vivo: pré-tenderização – injeção feita na jugular do animal, 10-30 minutos antes do abate Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Produção de queijo: separação de caseínas e gordura do leite da fração que constitui o soro. Soro é formado por água, lactose, sais e outras proteínas não-caseínas Queijo: Produto fresco ou maturado obtido pela separação parcial do soro do leite coalhado e amadurecido por um período variável Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Caseína: mistura de fosfoproteínas: αs1-, αs2-, β- e K-caseínas Parte interior apresenta frações de caseína altamente fosfatadas Precipitam Parte exterior apresenta K- caseínas (pouco fosfatada) Estável Mantém a estabilidade das micelas Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Precipitação das caseínas do leite Precipitação isoelétrica Proteólise limitada Precipitação isoelétrica coagulação ácida Redução do pH do leite para valores em torno de 4,6 Adição de ácido láctico (acidificação direta) Uso de culturas lácticas que fermentam lactose produzindo ácido lactico ponto isoelétrico da caseína do leite Precipitação Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Precipitação das caseínas do leite Precipitação isoelétrica Proteólise limitada Hidrólise da K-caseínas, íons de cálcio do leite ligam-se as frações fosfatadas da caseína Hidrólise for excessiva Textura, rendimento sabor amargo do queijo Precipitação em forma de coágulos Proteólise limitada coagulação enzimática Micela Ação da renina Coágulo Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Proteólise limitada coagulação enzimática O desempenho da protease na coagulação do leite Capacidade de formar coágulo Hidrólise total das caseínas Renina A mais utilizada nesse processo custo alto e oferta insuficiente para demanda Textura excelente Alto rendimento Sem sabor amargo Aplicações industriais Proteases Coagulação do leite Proteólise limitada coagulação enzimática Pepsina suína: misturada com renina – Pode ser inativada em pH 6,5 (pH do leite) Não promove hidrólise excessiva Tem afinidade por ligações que envolvem AA hidrofóbicos- sabor amargo indesejado Proteases ácidas de Rhizomucor miebei, Rhizomucor pusillus, Aspergillus oryzae e Endothia parasitica – especificidade semelhante à da renina = renina microbiana Resistentes a diferentes temperaturas e pH Provocam proteólise excessiva Sabor amargo durante maturação Aplicações industriais Proteases Maturação acelerada de queijos Forma de preservar o valor nutricional do leite, por maiores períodos de tempo em um produto palatável. Proteases Exceto os componentes hidrossolúveis Longo período de maturação alto custo e demora no retorno do investimento. Textura e aroma característicos do queijo Cheddar Proteína (caseína) Peptídeos Aminoácidos Aldeídos, aminas, ácidos orgânicos, alcoóis secundários, compostos sulfurados Aplicações industriais Proteases Maturação acelerada de queijos Compostos aromáticos Aplicações industriais Proteases Maturação acelerada de queijos Cheddar Textura, sabor e odor desejável Proteases neutras (vida curta) + Exopeptidases (sabor e aroma) Massa de queijo (slurry) - Fabricação de biscoitos - Molhos - Sopas - Snacks Aroma Aplicações industriais Proteases Panificação Glúten: Fração proteica do trigo glutenina gliadina Capaz de dispor em forma de rede (elasticidade) Extensibilidade Viscosidade Essas proteínas conferem a farinha a propriedade de formar uma massa viscoelástica com capacidade de reter o ar Aplicações industriais Proteases Panificação Propriedades de qualidade de panificação: dependem principalmente das propriedades viscoelásticas do glúten composição das gluteninas e das gliadinas Rede do glúten é formada por pontes dissulfeto Quanto maior o número dessas ligações, mais difícil será trabalhar a massa Quantidade de proteína na farinha e a proporção dos seus constiuíntes = extensibilidade e elasticidade da massa e do produto final Massa de pão com pouco glúten – pegajosa e grudenta Massa de bolo com muito glúten – produto pouco macio, incapaz de se expandir pela ação do gás produzido pelo fermento Aplicações industriais Proteases Panificação Proteases: papaína e bromelina Causam a quebradas ligações peptídicas na estrutura do glúten Inicia-se na mistura e continua na fermentação até o cozimento Proteases de Aspergillus oryzae e A. niger – seguras para consumo e baixa especificidade Liberação de grupos de -NH2 e -COOH – reação de Maillard Aplicações industriais Proteases Panificação Modificar as propriedades do glúten e reduzir sua força Metabissulfito de sódio Proteases = modificam a rede protéica pela quebra de ligações peptídicas Produtos mais macios, de menor densidade e de aparência e sabor agradável Biscoitos tipo cracker – abertura homogênea da massa e evita a deformação no forno Aplicações industriais Proteases Panificação Papaína e Bromelina Melhoria do aroma e produtos mais macios Redução do tempo de mistura Aumento da extensibilidade da massa Aumento da vida útil Vantagens Métodos de detecção da atividade Formação de produtos de hidrólise Grande variedade de substratos Proteases Espectrofotometria ou reações colorimétricas específicas para AA ou peptídeos