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Juntas&Diáclases

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Apostila da Disciplina Estrutural I - 215036 – Profa. Aracy Sousa Senra 
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JUNTAS & DIÁCLASES 
1. INTRODUÇÃO 
Juntas ou diáclases são superfícies de quebra de uma rocha, ao longo das quais não se 
registra considerável movimento relativo dos blocos que quebraram. Distinguem-se, portanto, das 
falhas por não darem lugar a qualquer rejeito. Tipicamente, são planas (ou aproximadamente 
planas). 
As diáclases constituem estruturas planares não-penetrativas, características de 
comportamento frágil das rochas. Estes planos de quebra ocorrem, portanto, em rochas 
competentes e são típicos de uma resposta das rochas sujeitas a um estado de tensão, quando 
localizadas nos níveis estruturais superiores. 
As verdadeiras diáclases são estruturas secundárias que se podem formar em todas as 
etapas da deformação de uma rocha, desde a fase de litificação às fases terminais de um episódio 
tectônico ou, mesmo, após este. 
No entanto, estruturas análogas, mas primárias, são também descritas como sendo 
diáclases. É o caso da maioria das “diáclases” observadas num maciço granítico. 
Se, por vezes, se observam diáclases em rochas que não possuam qualquer deformação, 
mais freqüentemente associam-se a outras estruturas, quer típicas de um comportamento frágil 
(falhas), quer típicas de um comportamento dúctil (dobras). 
Se bem que as diáclases não se relacionem, diretamente, com os estados de tensão que 
deformaram ductilmente as rochas onde ocorrem, elas exibem, freqüentemente, uma incidência e 
uma atitude relacionável com as estruturas resultantes daquela deformação dúctil. Provavelmente, 
formar-se-ão nas fases terminais dos episódios tectônicos, ou mais tarde. 
Outro aspecto importante destas descontinuidades planares é o de afetarem a resistência 
mecânica das rochas e podendo ter condicionado a formação de estruturas posteriores. Por todos os 
aspectos referidos e porque as juntas são extremamente freqüentes, o seu estudo não pode ser 
desprezado. 
 
2. DESCRIÇÃO DAS JUNTAS 
Na descrição das juntas que ocorrem numa determinada área, observa-se, habitualmente, 
aos seguintes aspectos: forma de ocorrência, dimensão, orientação, frequência, abertura, 
preenchimento e rugosidade. A seguir uma breve descrição de cada um deles. 
 Apostila da Disciplina Estrutural I - 215036 – Profa. Aracy Sousa Senra 
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2.1. Forma de ocorrência 
Muitas vezes, as juntas são planas e paralelas (ou subparalelas), dizendo-se sistemáticas. 
Nesse caso, podem ser agrupadas em famílias (sets), ou seja, conjuntos de juntas com a mesma 
atitude. 
Outras vezes, elas são irregulares ou marcadamente curvas, dizendo-se não-sistemáticas. 
Juntas deste último tipo têm, em geral, menor utilidade na análise tectônica de um diaclasamento 
regional. Não se deverá confundir a expressão sistema de juntas (joint system) com juntas 
sistemáticas: um sistema de juntas corresponde ao conjunto das famílias de juntas (que obviamente 
se interceptam) ocorrentes numa dada área. 
 
2.2. Dimensão 
A dimensão das superfícies de juntas (ou, como é habitual, dos seus traços medidos no 
terreno ou em fotografia aérea) pode variar desde as menores dimensões observáveis até uma 
extensão da ordem da centena ou, mesmo, de milhares de metros. 
A classificação das juntas, quanto à sua dimensão, é muito subjetiva: varia de autor para 
autor e de área para área, dependendo muito do objetivo em vista. Os autores de língua inglesa 
usam, frequentemente, os seguintes termos para hierarquizar, relativamente à sua dimensão, as 
juntas de uma dada área: master (mestras), major (maiores ou principais) e minor-joints (menores). 
 
2.3. Orientação 
Juntas sistemáticas agrupam-se em famílias. A cada uma destas corresponde uma atitude 
média. Como qualquer outro plano estrutural a atitude de uma junta (ou família) é dada por uma 
direção e uma inclinação ou, alternativamente, é definida pela atitude da sua reta de maior declive. 
Sendo estruturas geralmente muito numerosas, recorre-se, habitualmente, a formas gráficas do 
registro da atitude das juntas de uma dada área. São, essencialmente, de dois tipos os diagramas 
adotados: 
i. Projecções estereográficas polares, completadas, quando se justifique, pelo traçado 
de linhas de igual densidade de pólos; 
ii. Diagramas em rosa-dos-ventos, isto é, histogramas circulares. 
No caso de uma projeção estereográfica usa-se uma rede de igual-área (rede de Schmidt) 
por ser a mais adequada à análise estatística das distribuições dos pólos dos planos e, 
 Apostila da Disciplina Estrutural I - 215036 – Profa. Aracy Sousa Senra 
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conseqüentemente, será a adotada quando se pretende definir linhas de igual densidade de pólos. 
Essas linhas correspondem a diferentes classes de freqüência, a estabelecer caso a caso, sendo as 
freqüências determinadas através da contagem do número de pólos de juntas observados em torno 
de cada direção do espaço. 
Nos histogramas circulares, as juntas são repartidas em classes definidas pelas suas 
direções, enquanto que as correspondentes inclinações poderão ser assinaladas à margem. Nesses 
histogramas, além de juntas, poderão incluir-se outros elementos direcionais, em particular, outros 
planos estruturais (falhas, xistosidade e outras foliações). 
As juntas apresentam, freqüentemente, atitudes relacionáveis com outras estruturas. Em 
rochas sedimentares horizontais, que foram sujeitas a uma compressão insuficiente para que 
tivessem sido dobradas, observa-se geralmente padrão na distribuição das falhas e juntas. 
 
2.4. Freqüência 
Este parâmetro refere-se ao número de juntas de uma dada família, observadas ao longo de 
um dado trajeto perpendicular à direção dessas juntas. Verifica-se que a freqüência das juntas varia 
com a intensidade da deformação local e com a litologia. 
As juntas são mais freqüentes nas zonas mais intensamente deformadas. Estudos 
comparativos da frequência do diaclasamento em diferentes áreas de uma mesma estrutura dobrada 
indicam que os seus valores mais elevados se encontram nos pontos de máxima curvatura dessas 
estruturas. Igualmente, verifica-se que a frequência do diaclasamento aumenta na proximidade das 
grandes falhas. Outra ocorrência comum é a diminuição da incidência do diaclasamento observado 
num maciço rochoso, à medida que a profundidade aumenta. 
Quanto à litologia, verifica-se que as diáclases são mais freqüentes nas rochas mais 
competentes. Por outro lado, nas rochas estratificadas de um mesmo tipo litológico, o espaçamento 
das diáclases tende a ser proporcional à espessura dessas camadas 
 
2.5. Abertura, preenchimento e rugosidade 
Por abertura de uma junta entende-se a separação entre os blocos divididos pela fratura, 
medida perpendicularmente ao plano de diaclasamento. Em rochas pouco meteorizadas, a abertura 
das diáclases é praticamente nula. Assim, num maciço rochoso, a abertura de uma junta tende a 
diminuir com a profundidade, acabando por se tornar perfeitamente fechada e a desaparecer. 
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Quando abertas, são preenchidas por ar, água, por material lítico (siltes, arenitos) ou por minerais 
(quartzo, carbonatos). A espessura do preenchimento mineral pode atingir dimensões tais que a 
junta passa a ser descrita como um filonete, ou um veio ou filão. Do ponto de vista geotécnico, 
importa determinar a amplitude da abertura da junta e a sua variação ao longo do plano de 
diaclasamento (em particular, verificar se ocorrem, ou não, pontos de contato entre as duas 
superfícies separadas pelo diaclasamento). Quando preenchida, a natureza do preenchimento tem 
de ser muito bem especificada (em particular, as suas características mecânicas).Se a junta não 
estiver preenchida, é importante, ainda do ponto de vista geotécnico, caracterizar a sua rugosidade: 
verificar se as suas paredes são lisas, estriadas ou polidas; se são planas, onduladas, ou denteadas. 
Destas características dependerá o comportamento mecânico das descontinuidades. 
 
3. GÊNESE DAS JUNTAS 
Diversos mecanismos têm sido utilizados para explicar a formação de juntas: atuação de 
esforços de torção, mecanismos de fadiga das rochas (por exemplo, em resultado das marés 
terrestres). Prevalece, contudo, a convicção de que as juntas podem ser divididas em dois tipos 
principais, quanto à sua origem: juntas de tração (ou de extensão) e juntas de corte (ou de 
cisalhamento). Na discussão sobre a possibilidade de ocorrência dos dois tipos de juntas, um dos 
argumentos principais tem-se centrado à volta das estruturas plumosas observadas nos planos de 
diaclasamento. Mas, se alguns autores as vêem como características de fraturamento de corte (de 
acordo com observações feitas em ensaios de fratura de metais e de vidros), outros encontram 
estruturas análogas em ensaios de fratura por tração. Estes últimos autores argumentam, ainda, que 
estruturas tão finas como aquelas plumas deveriam ser obliteradas pelo movimento inerente ao 
fraturamento por corte. No entanto esse movimento é tão pequeno que, talvez não seja suficiente 
para eliminar as estruturas plumosas. 
Sendo contraditórios os dados relativos às estruturas plumosas, prevalece a interpretação 
meramente estrutural: as diaclases observadas numa dada estrutura maior apresentam atitudes tão 
diversas que dificilmente poderão ser todas do mesmo tipo genético. Umas serão de corte, outras, 
de tração. Também, não se deduz um critério morfológico que permita distinguir umas de outras. As 
juntas de corte, no entanto, tendem a ser notavelmente planares, sem serem desviadas por 
descontinuidades mecânicas; no caso, por exemplo, de um conglomerado ou de uma brecha, cortam 
a direito, indiferentemente, através da matriz e elementos clásticos. Na mesma situação, uma junta 
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por tração não cortaria, a princípio, elementos clásticos mais rígidos: contorná-los-ia ou seria 
defletida, ao atravessá-los. Outra questão importante, relativamente à gênese das diaclases, é a da 
origem do estado de tensão que as gerou. Se as juntas são a manifestação de um comportamento 
frágil das rochas, como podem as suas orientações correlacionar-se com estruturas que traduzem 
um comportamento dúctil das mesmas rochas? Ou como justificar a enorme concordância entre as 
tensões pós-tectônicas que geraram o diaclasamento e as tensões prevalecentes durante a fase 
tectônica, geradoras, por exemplo, de dobras? 
A correlação entre os dois referidos estados de tensão, sintectônico e pós-tectônico, não 
corresponde, porém, a uma identificação entre eles. Um fato evidencia que esses dois estados de 
tensão não são idênticos: em bancadas horizontais, as juntas tendem a orientar-se verticalmente, o 
que implica (se forem por corte) que σ2 se orienta verticalmente. Em estados de tensão tectônicos, 
tal orientação é pouco freqüente, como se depreende da relativa raridade das falhas 
correspondentes (os desligamentos). Surge, naturalmente, mais uma pergunta: como poderão as 
juntas verticais ser tão freqüentes em áreas onde, na maioria dos casos, não se observam 
desligamentos? 
Todas as questões levantadas poderão ser respondidas, se admitir que as rochas têm a 
capacidade de reter energia de deformação e, portanto, de reter tensões, ditas residuais. Ensaios 
laboratoriais têm comprovado este tipo de comportamento reológico. Essas tensões residuais − que 
constituem como que uma memória, por parte das rochas, do estado de tensão que as deformou 
ductilmente − serão posteriormente modificadas em intensidade relativa (mas não tanto em 
orientação), durante o levantamento regional das rochas para níveis superiores da crusta, onde dão 
lugar ao diaclasamento (e formação de veios). 
Durante o referido levantamento tectônico, possíveis variações da pressão intersticial 
presente nas rochas desempenharão um papel fundamental na gênese do fraturamento, de acordo 
com a lei das tensões efetivas. Consoante o valor daquela pressão, assim o fraturamento o poderá 
ser por corte ou por tração, podendo em situações limite, oscilar, num mesmo local, entre os dois 
modos. Então, poderá observar-se uma típica fratura (veio) de tração prolongar-se sob a forma de 
tension gashes dispostas em degrau, como é típico das zonas de cisalhamento ruptil-dúctil. 
 
 
 
 Apostila da Disciplina Estrutural I - 215036 – Profa. Aracy Sousa Senra 
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4. DIACLASAMENTO DE ROCHAS MAGMÁTICAS 
As rochas magmáticas exibem, freqüentemente, fraturamento segundo superfícies 
aproximadamente planas e paralelas ou segundo superfícies subparalelas à superfície topográfica. 
- No primeiro caso, dado o seu caráter sistemático, são habitualmente descritas como 
sendo simplesmente juntas. 
- No segundo caso, designam-se por juntas de descamação, pois, a rocha tende a 
desagregar-se em capas que reproduzem o relevo topográfico (fenômeno da 
descamação ou esfoliação, por disjunção laminar ou por disjunção esferoidal). O 
paralelismo com a topografia é, provavelmente, causado pela combinação de vários 
fatores: expansão resultante da meteorização de alguns minerais da rocha (feldspatos e 
minerais ferromagnesianos, nomeadamente), alívio de carga (por remoção, devido à 
erosão, de materiais sobrejacentes), ação de tensões residuais (derivadas das tensões 
criadas durante a consolidação magmática). 
Um tipo particular de “diaclasamento” sistemático observado em rochas magmáticas é o 
colunar. Ele resulta da contração da rocha, durante o seu resfriamento, quando a perda de calor se 
dá, predominantemente, através de duas superfícies subparalelas. Por essa razão, ele é muito 
comum, quando o modo de ocorrência daquelas rochas é em dique ou em soleira. 
Os planos de fratura definem corpos prismáticos (de seção, tipicamente, sub-hexagonal), 
orientados perpendicularmente às superfícies de resfriamento (as paredes subverticais do dique, ou 
a base e o topo da soleira). 
As fraturas observadas numa rocha magmática são, na sua maioria, primárias: resultam do 
fraturamento, mais ou menos rígido, do corpo ígneo, em resultado do movimento da massa central 
ainda fluida e, ainda, da sua expansão ou da sua retração. Tais fraturas são, freqüentemente, 
preenchidas por aplitos ou por minerais de origem hidrotermal, relacionados com o episódio eruptivo. 
Sendo primárias, não são, verdadeiramente, juntas e deveriam, antes, ser descritas como veios. No 
entanto, não é de excluir a ocorrência de verdadeiras diáclases num maciço magmático: elas serão 
fraturas tardias (relativamente ao episódio magmático), pelo que serão, muito provavelmente, 
estéreis (ou o seu preenchimento não derivou, diretamente, do mesmo episódio magmático), mas 
terão uma orientação estreitamente relacionada com o fraturamento primário.

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