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Silagem Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Curso: Medicina Veterinária Disciplina: Agrostologia – MEV 137 Salvador, 2015.2 • Brasil: forte sazonalidade climática e apresenta basicamente duas épocas distintas, uma de elevada e outra de reduzida precipitação pluviométrica. INTRODUÇÃO Escassez forrageira! • Ensilagem: consiste na preservação de forragens úmidas, recém-colhidas ou pré- secadas, com elevado valor nutritivo, para serem administradas nas épocas de escassez de alimentos. INTRODUÇÃO Produção de silagem... Uma tecnologia nova?! INTRODUÇÃO • Como se dá a preservação dos alimentos por meio da ensilagem??? • Produção de ácidos orgânicos, principalmente o ácido lático, a partir de açúcares solúveis; • Redução do pH; • Inibição de microrganismos deletérios indesejáveis. • Características das forrageiras que favorecem boa fermentação são: • Alto teor de matéria seca; • Microflora epifítica; • Quantidade de carboidratos solúveis. INTRODUÇÃO • O milho e o sorgo são as duas gramíneas mais apropriadas para serem ensiladas, devido ao seu alto teor de carboidratos solúveis e alta proporção de matéria seca • Todavia, muitos trabalhos têm mostrado que gramíneas tropicais podem ser aproveitadas, desde que se empreguem técnicas de emurchecimento ou aplicação de aditivos. INTRODUÇÃO • Antes de aprofundar a técnica, vamos definir: • Silo • Ensilagem • Silagem INTRODUÇÃO Estágios da fermentação Fase Aeróbica Fase Lag Fase Anaeróbica Fase Estabilidade Bactéria Dias PROCESSO DE ENSILAGEM Ensilagem é o método de preservação para a maioria das forragens. É baseado na conversão de carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, principalmente lactato, por bactérias ácido-láticas (BAL). O PROCESSO DE ENSILAGEM Como resultado, há redução do pH e o material, ainda úmido, torna-se livre da ação de microrganismos danosos. O PROCESSO DE ENSILAGEM • Bactérias ácido-láticas gram-positivas, não apresentam mobilidade nem produzem esporos, são catalase negativas. • Produto final da fermentação ácido lático, mas alguns grupos de bactérias produzem quantidade considerável de CO2, etanol e outros metabólitos, sendo estas denominadas de heterofermentativas. O PROCESSO DE ENSILAGEM FASES DO PROCESSO DE ENSILAGEM • Fase aeróbica ; • Fase anaeróbica; • Fase de estabilidade; • Fase de descarga. AS FASES DO PROCESSO DE ENSILAGEM: • Ocorre durante o enchimento e se prolonga até poucas horas depois do fechamento do silo; • A elevada concentração de O2 favorece o crescimento de microorganismos aeróbicos, como fungos, leveduras e algumas bactérias. FASE AERÓBICA • A atuação destes microorganismos, juntamente com o processo respiratório da planta, promove redução do O2 e dá início a segunda fase. FASE AERÓBICA • Nesta fase há queda acentuada do pH da silagem devido à formação de ácidos orgânicos, a partir de açúcares; • Inicialmente, atuam enterobactérias e bactérias heterofermentativas, posteriormente, tornam-se dominantes as homofermentativas. • Esta fase se prolonga até que o pH caia para valores abaixo de 5,0. FASE ANAERÓBICA - FERMENTAÇÃO ATIVA • Para promover a fermentação, um ambiente anaeróbio é formado, tornando predominante a população de BAL (bactérias ácido-láticas). • As BAL envolvidas são predominantemente lactococos e lactobacilos. • No estádio final da fermentação, lactobacilos tornam-se predominantes, devido à sua tolerância à acidez do meio. SOBRE A PREDOMINÂNCIA DAS “BAL” • O pH ácido da silagem e a condição de anaerobiose conservam a mesma até o momento da abertura do silo. • Nesta fase, somente as bactérias ácidas lácticas se encontram em atividade, porém muito reduzida. FASE DE ESTABILIDADE • Ocorre por ocasião da abertura do silo, e a exposição de elevadas concentrações de O2, normalmente favorece o crescimento de fungos e leveduras; • É chamada de estabilidade aeróbia, a propriedade de inibição da proliferação de fungos e leveduras, após o contato com o O2. FASE DE DESCARGA Estágios da fermentação Fase Aeróbica Fase Lag Fase Anaeróbica Fase Estabilidade Bactéria Dias AS FASES DO PROCESSO DE ENSILAGEM: • Conversão de carboidratos em outros componentes, como ácidos orgânicos e gases, • Quebra parcial da proteína que resulta na formação de estruturas não-protéicas. • Estas mudanças que ocorrem resultam da interação de um número de espécies de bactérias e são muito influenciadas pela quantidade e tipo de substrato. PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS • Após o fechamento do silo ocorre perda de nutrientes: • Perdas evitáveis: mofos e podridões decorrentes de práticas incorretas de ensilagem • Perdas não evitáveis: mudanças bioquímicas, respiração das plantas e fermentação. • Principal objetivo: redução máxima das perdas para que se possa, dentro do possível, ter uma silagem o mais próximo da forragem! PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS PERDAS EVITÁVEIS FATORES QUE AFETAM O VALOR NUTRICIONAL DA SILAGEM • As perdas de um alimento ensilado podem ser quantificadas por meio: • Desaparecimento de matéria seca (MS) • Desaparecimento de energia durante o processo de ensilagem. • As perdas de energia são proporcionalmente menores que as perdas de MS. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – CONTROLE DE PERDAS PERDAS POR CALOR • Principais fontes de perda de energia: • Respiração residual durante o enchimento do silo e imediatamente após a sua vedação; • Tipo de fermentação no interior do silo; • Produção de efluente; • Fermentação secundária durante o período de armazenagem; • Deterioração aeróbia durante a retirada de forragem do silo. • Essas perdas em conjunto podem atingir valores de 7 a 40% FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – CONTROLE DE PERDAS Recomendações para uma silagem de bom valor nutricional: • Conteúdo de matéria seca: 35-40%; • pH: 3,8 a 4,2; • Conteúdo de açúcar no material: maior que 2%; • Alta densidade e rápido fechamento do silo; • Temperatura de estocagem: abaixo de 25oC; • Presença de bactérias ácido láticas homofermentativas. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – CONTROLE DE PERDAS Conteúdo de matéria seca • Capins apresentam baixo teor de matéria seca, alto poder-tampão e baixo teor de carboidratos solúveis nos estágios de crescimento em que apresentam bons valores nutritivos, • Isto coloca em risco o processo de conservação por meio da ensilagem, devido às possibilidades de surgirem fermentações secundárias. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Conteúdo de matéria seca • Bactérias do gênero Clostridium são favorecidas em ambientes muito úmidos, com elevado pH e alta temperatura. Estas bactérias são responsáveis por grandes perdas, pois produzem CO2 e ácido butírico em vez de ácido lático. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Conteúdo de matéria seca • A técnica de emurchecimento possibilita aumentar o teor de matéria seca dos capins antes da ensilagem. • Tempo de secagem do material: é dependente das condições climáticas da região, principalmente intensidade de radiação solar, velocidade do vento, umidade relativa do ar e temperatura. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Conteúdo de matéria seca • Alguns aditivos podem ser empregados com a finalidade de elevar o teor de MS de silagens de capim. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Conteúdo de matéria seca – uso de aditivos • Elevar os teores de matéria seca e diminuir a produção de efluente, também podem fornecer substrato para as bactérias fermentadoras, melhorandoa qualidade final da silagem. • Esse aditivos podem ser farelos e co-produtos agroindustriais secos, normalmente abundantes na região. • Eles são misturados à forragem úmida durante a ensilagem, em proporções variando de 50 a 200 kg por tonelada de massa verde. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Conteúdo de matéria seca Tamanho da partícula e compactação • O processamento físico, por meio da picagem e esmagamento pode melhorar o processo de conservação da silagem, permitindo melhorar a acomodação do material dentro do silo e diminuir a fase aeróbia. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Tamanho da partícula e compactação • O tamanho da partícula e a compactação do material no silo influenciam diretamente a qualidade da fermentação, pois um material com tamanho ideal de partículas e bem compactado resulta em um ambiente anaeróbio, fundamental para o desenvolvimento de bactérias ácido láticas FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL Tamanho da partícula e compactação • O tamanho da partícula e a compactação do material no silo influenciam diretamente a qualidade da fermentação, pois um material com tamanho ideal de partículas e bem compactado resulta em um ambiente anaeróbio, fundamental para o desenvolvimento de bactérias ácido láticas FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL TÉCNICAS PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM 1. Corte PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 2. Enchimento e compactação PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: Compactação deve ser acima de 600 kg/m3 3. Fechamento PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 4. Retirada PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 4. Retirada Forma correta! PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 4. Retirada Forma errada! PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 4. Retirada Forma errada! PROCESSO DE ENSILAGEM NA PRÁTICA: 4. Retirada Cuidado – risco de acidentes! FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL • O momento ideal de corte é um dos grandes desafios na confecção de silagens de capins, e deve ser feito quando a planta se encontra com teores acima de 20% de matéria seca e quantidades satisfatórias de nutrientes e carboidratos fermentáveis FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL - CORTE FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL - CORTE rebrota rebrota rebrota rebrota • A rapidez no processo de colheita é um dos principais fatores para se obter boa silagem; • Depois de picada e exposta ao oxigênio a planta continua com o processo oxidativo promovendo o consumo de carboidrato solúvel. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL - CORTE • Quando cortadas, as gramíneas irão apresentar cerca de 80% de umidade, sendo que, quando expostas ao sol no campo, rapidamente chegam a 65% de umidade, valor considerado ideal para a ensilagem; • Geralmente se recomenda um tempo que pode variar de 4 a 12 horas. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – EMURCHECIMENTO FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – TAMANHO DE PARTÍCULA • Cuidados devem ser tomados para assegurar boa picagem do material: • Alguns fatores importantes: afiação das facas e ajustes das contra facas (a cada 20 horas de trabalho ou quando a partícula estiver aumentando); • Eliminar folgas de acoplamento da ensiladeira com o trator; manter a velocidade do trator e da rotação que permita o corte uniforme. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – TAMANHO DE PARTÍCULA • Cuidados devem ser tomados para assegurar boa picagem do material: • Para silagens de capim recomenda-se tamanho médio de partícula entre 8-30 mm. FATORES QUE AFETAM VALOR NUTRICIONAL – COMPACTAÇÃO • Tavares et al. (2009) avaliaram níveis de compactação na ensilagem de capim-tanzânia (colhido aos 60-65 dias) usando polpa cítrica (5%) como aditivo, ou emurchecendo o capim. Foram testados cinco níveis de compactação (400, 500, 600, 700 e 900 kg/m3) e os autores verificaram melhor qualidade nas silagens mais compactadas. • Em condições práticas, valores de massa específica acima de 600 kg/m3 são considerados ideais. TIPOS DE SILO • Silo de superfície, • Silo tipo trincheira; • Silos cilíndricos (de meia-encosta ou cisterna - poço). TIPOS DE SILO Dimensões do silo tipo trincheira Cada um deles tem suas vantagens e desvantagens referentes, principalmente, ao custo de construção, facilidade de carregamento e descarregamento e eficiência na conservação da silagem. TIPOS DE SILO TIPOS DE SILO DIMENSIONAMENTO DO SILO E SILAGEM CÁLCULO DA CAPACIDADE DO SILO Para silos trincheira, que geralmente possuem formato de um trapézio com a base inferior menor que a base superior, o cálculo é realizado da seguinte forma: CÁLCULO DA CAPACIDADE DO SILO – situação hipotética: A propriedade possui 5 silos trincheira. Cada silo com 4 m de base inferior (b), 5 m de base superior (B), 2 m de altura (A) e 10 m de comprimento (C), tem o seguinte volume: [(B + b) / 2] x A = 4,5 x 2 = 9 m2 (área da face de silo); 9 m2 x 10 m = 90 m3 (volume total de cada silo) 1m3 620 Kg de MV silagem 90 m3 X X = 55.800 kg de MV de silagem CÁLCULO DA CAPACIDADE DO SILO Supondo um rebanho de vacas leiteiras (50 animais), com média de peso vivo de 450 Kg, comendo 2,5% do peso vivo em matéria seca da ração total (11,25 Kg de MS), com relação volumoso:concentrado 60:40, a quantidade de silagem para cada animal é de 6,75 Kg de MS, se o alimento conservado apresenta 28 % de MS, a quantidade de material verde oferecido a cada animal será de 24,11 Kg de silagem fresca. CÁLCULO DA CAPACIDADE DO SILO Se a necessidade de volumoso conservado for de 180 dias: 1 vaca: 24,11 Kg silagem/dia/vaca 50 vacas: 24,11 x 50 = 1205,5 Kg silagem/dia 50 vacas em 180 dias: 1205,5 x 180 = 217 t. Com essas informações, pode-se estimar a quantidade de silagem a ser utilizada durante o ano, porém a quantidade estocada deverá ser maior que o consumo dos animais, devido às perdas que ocorrem na ensilagem, retirada e fornecimento. CÁLCULO DA CAPACIDADE DO SILO Para o exemplo anterior, assumindo perdas totais de 20%, com consumo previsto de 217 t de silagem fresca, será necessário ensilar: Quantidade a ser consumida: 217 t de MV Quantidade a ser ensilada: 217 t x 1.2= 260,4 t MV de silagem Cada silo da propriedade tem capacidade para 55.800 kg de MV de silagem. Logo: 55.800 x 5 = capacidade para ensilar 279,00 t de silagem . DÚVIDAS???
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