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Juiz Nicolitt

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Juiz libera acusados de ter casa de prostituição
A absolvição de cinco homens acusados pelos crimes de formação de quadrilha, rufianismo e de
manter uma casa de prostituição em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, reacendeu o
debate sobre a legalização dos prostíbulos. A decisão opôs o Judiciário ao Legislativo. A Associação
dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifestou apoio à sentença. Já o parlamentar, João Campos
(PSDB/GO), que no ano passado foi o relator do projeto que legalizava estes estabelecimentos,
disse que os juízes devem apenas cumprir a Lei.
A decisão foi do juiz da 2ª Vara Criminal de São Gonçalo, André Luiz Nicolitt.”Se fosse seguir a
letra fria do Código Penal, teríamos que fechar todos os motéis, pois o mesmo dispositivo que
incrimina as casas de prostituição também criminaliza os motéis”, ironizou. O magistrado afirmou
que a criminalização dos prostíbulos não é condizente com a democracia.
“Ele honrou a toga com uma decisão corajosa. O Judiciário quando confrontado com temas
polêmicos é mais rápido que o Legislativo, que teme problemas com suas bases eleitorais. O
Supremo Tribunal Federal recentemente reconheceu a união homoafetiva. É preciso deixar de
hipocrisia e enfrentar estes assuntos de forma responsável também na casa legislativa”, defendeu o
juiz Eyder Ferreira, da Comissão de Direitos Humanos da AMB e presidente da Associação dos
Magistrados do Pará.
Os juízes revelam que a absolvição dos donos das casas de prostituição é comum. “A decisão não é
isolada e já existem acórdãos semelhantes nos tribunais de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. O
juiz não é legislador, mas ele pode reconhecer quando a lei não é mais compatível com a
Constituição. É urgente rediscutir o Código Penal, que confunde crime com pecado”, disse o juiz
Rubens Casara, da 43ª Vara Criminal do Rio.
Relator e voto contrário ao projeto de lei 98/2003, que legalizava as casas de prostituição, o
deputado federal João Campos (PSDB-GO) reagiu às críticas dos juízes. “Não mudei minha
convicção e lamento o ativismo crescente do Poder Judiciário. Será que teremos que adivinhar o
que o juiz pensa e não o que diz a Lei?”, questionou. O deputado defendeu que a prostituição
alimenta o vício, as doenças sexualmente transmissíveis, o alcoolismo e desmantela as famílias.
“Nada justifica o Judiciário invadir a competência do Legislativo. Quem interpreta o sentimento da
sociedade é o parlamento”, concluiu.
A fundadora da ONG Davida, que defende os direitos das profissionais do sexo, Gabriela Leite,
afirmou que vai propor a reapresentação no Congresso Nacional do projeto que legaliza as casas de
prostituição. “A decisão do juiz é fenomenal e abriu espaço para a discussão. Queremos que os
proprietários das casas assumam os deveres trabalhistas” afirmou. Autor do projeto 98/2003,
Gabeira disse que a ambivalência das leis brasileiras, que reconhecem a profissão de prostituta, mas
criminalizam os prostíbulos, favorecem a corrupção. “A propina para manter aberto o
estabelecimento é fonte de renda para o mau policial. A legalização pode acabar isto”, sugeriu.
Fonte: Estadão/Pedro Dantas
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