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Cultura da Soja UFV

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 FIT 340 – INTRODUÇÃO À EXPLORAÇÃO DE CULTURAS
CULTURA DA SOJA
Valterley Soares Rocha
vsrocha@ufv.br
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2o concurso de produtividade de pé de soja solteiro de Santa Carmem – MT
Número de vagens: 10. 421 vagens com grão (recorde nacional)
Altura; 2,60 m
Variedade: M-SOY 8925 RR 
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CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
Classe: Dicotyledoneae
Família: Leguminosae
Sub-família: Faboideae
Tribo: Phaseolae
Gênero: Glycine
Subgênero: Soja
Espécie: Glycine max (L.) Merrill
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CENTRO DE ORIGEM/MELHORAMENTO
Nordeste da China
Domesticada há mais de 5.000 anos
Planta autógama com menos de 0,003% de alogamia
Hibridação atificial para obtenção de variedades.
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Evolução econômica no Brasil
1882 - BR (BA) - Gustavo D´Utra
1947- Economicamente viável no RS (alimentação de suínos)
1958 - primeira fabrica de óleo em Esteio-RS
1960 - SP, PR, SC
1972 - MG, GO (1970-1980: 2,07 – 15,5 milhões de t (aumento de 650% contra apenas 110% no resto do mundo: 41,3 – 87 milhões de t)
1980 - MT, MS
1985 - BA, MA
Atualmente: todos os Estados.
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O Fenômeno Soja
A revolução socio-econômica e tecnológica protagonizada pela soja no Brasil, pode ser comparada ao fenômeno ocorrido com a cana-de-açúcar no Brasil Colônia e do café no Brasil Império. A soja responde por uma receita cambial direta para o Brasil de mais de oito bilhões de dólares anuais e muitas vezes esse valor, se considerados os benefícios que gera ao longo da sua extensa cadeia produtiva.
A soja liderou a implantação de uma nova civilização no Brasil central, levando o progresso e o desenvolvimento para a região despovoada e desvalorizada, fazendo brotar cidades no Cerrado.
O explosivo crescimento da produção de soja no Brasil, de quase 30 vezes no transcorrer de apenas três décadas, determinou uma cadeia de mudanças sem precedentes na história do País.
Também, ela apoiou ou foi a grande responsável pela aceleração da mecanização das lavouras brasileiras; pela modernização do sistema de transportes; pela expansão da fronteira agrícola; pela profissionalização e incremento do comércio internacional; pela modificação e enriquecimento da dieta alimentar dos brasileiros; pela aceleração da urbanização do País; pela interiorização da população brasileira (excessivamente concentrada no sul, sudeste e litoral); pela tecnificação de outras culturas (destacadamente a do milho); assim como, impulsionou e interiorizou a agroindústria nacional.
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Fatores que contribuíram para a expansão da soja no Brasil
Binômio trigo-soja:
		- Duas safras por ano sem maiores investimentos 	(mesmos equipamentos, mesmo solo)
		- Política de auto-sustentação do trigo (subsídios 	financeiros vantajosos para aquisição de insumos e 	equipamentos)
Fácil mecanização de todas as operações
Participação de grandes empresários e cooperativas no cultivo da soja
Preço favorável da soja no mercado interno e externo:
		- Multiplicidade de uso
		- Alto valor protéico
		- Entressafra dos EUA (maior produtor)
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COMPLEXO SOJA BRASIL
 BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA
Em 1000 t
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Soja em números 
(safra 2010/11)
Soja no mundo Produção: 263,7 milhões de toneladas Área plantada: 103,5 milhões de hectares Fonte: USDA
Soja nos EUA (maior produtor mundial do grão) Produção: 90,6 milhões de toneladas Área plantada: 31,0 milhões de hectares Produtividade: 2.922 Kg/ha Fonte: USDA
Soja na América do Sul Produção: 135,7 milhões de toneladas Área plantada: 47,5 milhões de hectares Fonte: USDA
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Soja em números 
(safra 2010/11) – Cont.
Exportação do Complexo Soja em 2010 (grão, farelo, óleo) 
	Total das exportações: US$ 17,1 bilhões Exportação de grão: US$ 11,0 bilhões (29,1 milhões t) Exportação de farelo: US$ 4,7 bilhões (13,7 milhões t) Exportação de óleo: US$ 1,4 bilhões (1,6 milhões t) 
Fonte: MDIC (Sistema Aliceweb)
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Potencialidades do Cultivo Oleaginosas no Brasil por Região.
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Densidade de produção de soja no Brasil
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Produção mundial de farelos protéicos
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Produção mundial de óleos vegetais 
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 Evolução da produção de soja por país
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Projeção da produção mundial de soja
Milhões de toneladas
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 Soja na alimentação (via suínos e aves)
1 kg de carne de frango 0,5 kg de farelo (0,63 kg de grão). Consumo per capita de carne de frango no BR = 38,1 kg/ano 24 kg de grão/hab./ano.
1 kg de carne suína 0,6 kg de farelo (0,75 kg de grão). Consumo per capita de carne suína no BR = 11,6 kg/ano 8,7 kg de grão/hab./ano.
24 kg de grão (via frango) + 8,7 kg de grão (via suíno) = 32,7 kg de grão/hab./ano.
190.732.694 hab. x 32,7 kg/hab./ano = 6. 236.954 t/ano.
Considerando a produtividade de 3,115 t/ha (2010/11) 2.002.234 ha/ano.
Produtos protéicos derivados da soja apresentam alto coeficiente de eficiência protéica (2,17). Carne (2,26) e caseína (2,50).
Apresenta balanço adequado de aminoácidos essenciais (próximo ao padrão da FAO), com exceção dos sulfurados (cistina, metionina e triptofano)
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 Fatores antinutricionais
Inibidores de proteases (tripsina e quimiotripsina) Inibidor Kunitz e Bowman-Birk hipertrofia do pâncreas e inibição do crescimento monogástricos alimentados co farinhas de soja não submetidas ao tratamento térmico.
Fitohemaglutininas ou lectinas glicoproteínas que possuem afinidade por caboidratos presentes na parede celular. Ao ligarem-se às células da mucosa intestinal, reduzem a absorção de nutrientes. É possível que também cause aglutinação de alguns tipos de glóbulos vermelhos (anemia).
Oligossacarídeos sucrose, rafinose e estaquiose. Flatulência e diarréia em cachorros, rato e homem. Não podem ser hidrolisados devido a ausência de α-galactosidase na mucosa do intestino humano.
Fator bociogênico Goitrogenos. Papeira (hipertrofia da tireóide).
Alergenos Glicinina, β-conglicinina, 2S-globulina, Proteína Kunitz.
 
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Fatores antinutricionais (cont.)
Fitatos Ácido fítico (hexafosfato inositol) – forma de armazenamento do fósforo (60 a 90% de fósforo total da semente). Propriedade quelante – liga-se à metais di e tri-valentes e interage com proteínas e vitaminas, o que reduz a solubilidade e a biodisponibilidade.
Isoflavonoides (fator estrogênico) Coumestrol.
Saponinas Evidências de não serem problema em soja.
Antivitaminas Ácido fitico (?), Tocoferol oxidase (anti-vitamina E (?)).
 
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REGIÕES PARA SOJA
TEMPERATURAS
a) Somas térmicas de temperaturas acima de 15oC, durante o ciclo:
- Maior que 1200oC - preferenciais
- 600 a 1200oC - toleráveis
- Menor que 600oC - inaptas
b) Temperatura média do mês mais quente menor que 20oC – inaptas por insuficiência térmica.
SOLOS (Ideal):
- Relevo plano a suavemente ondulado (menor que 8% de declive)
- Textura média (15 a 35% de argila) a argilosos ( 35% a 60% de argila)
- Profundos ( 1 a 2m de profundidade)
OBS.: Normalmente regiões aptas para milho e feijão também são aptas para soja.
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MANEJO DO SOLO 
1. SISTEMA PLANTIO DIRETO 
1.1. Requisitos para a implantação
 
 1.1.1. Conscientização
 1.1.2. Levantamento dos recursos (solos, plantas daninhas, máquinas e equipamentos, recursos humanos)
 1.1.3. Planejamento 
 
1.2. Cobertura do solo
 
 1.2.1. Espécies para a cobertura do solo (aveia, nabo forrageiro, ervilhaca peluda, centeio, ervilha forrageira, Crotalaria juncea, guandú e outras produtoras de grãos como trigo, milho (safrinha), sorgo, triticale, aveia branca, girassol, feijão, canola, milheto...)
 1.2.2. Manejo de restos de culturas e da cobertura do solo
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2. PREPARO DO SOLO 
- Redução do número de operações ao mínimo:
Deixa a superfície rugosa
Mantém os restos culturais total ou parcialmente na superfície
- Implementos adequados
- Profundidade de trabalho adequada
- Umidade adequada:
Arado e grades:
		- Argilosos: 60 a 70% da capacidade de campo
 - Arenosos: 60 a 80% da capacidade de campo
Escarificador e subsolador: 30 a 40% da capacidade de campo
MANEJO DO SOLO (Cont...)
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CALAGEM
1. Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+:
	
	NC(t ha-1) = Y [Al3+ - (mt . t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)], em que:
 	
	Y = valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo (CTH) e que pode ser definido de acordo com a textura do solo. mt=20% (máxima saturação por Al3+ tolerada)
	t = CTC efetiva, em cmolc/dm3
	X=2 (disponibilidade mínima de Ca2+ + Mg2+ requerida pela cultura)
	Al3+, Ca2+ e Mg2+, são expressos em cmolc/dm3
	
2. Método da saturação por bases:
	NC(t ha-1) = T(Ve – Va)/100, em que:
	T = CTC a pH = 7,0 = SB + (H + Al), em cmolc/dm3
	SB = Soma de bases = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+, em cmolc/dm3
	Va = Saturação por base atual do solo = 100 SB/T, em %
	Ve = Saturação por base desejada ou esperada para a cultura, em %
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CALAGEM (Cont.)
3. Quantidade de calcário a ser usada:
QC (t ha-1) = NC x PI/20 x 100/PRNT
	
Exemplo de cálculo: Considerar um calcário com PRNT = 80%, incorporado a 20cm de 		profundidade. Resultados da análise do solo:
	
1. Método da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+:
	NC = Y [Al3+ - (mt . t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]
	NC = 3 [0,8 – (20 x 1,01/100)] + (2 – 0,2)
	NC = 1,794 + 1,8
	NC = 3,594 t/ha
	QC = 3,594 x 20/20 x 100/80
	QC = 4,4925 t/ha
2. Método da saturação por bases:
	NC = T(Ve – Va)/100
 NC = 8,01(50 – 2,6)/100
 	NC = 3,796 t/ha
	QC = 3,796 x 20/20 x 100/80
	QC = 4,745 t/ha
		Argila (%)
		Al3+
		Ca2+
		Mg2+
		H + Al
		SB
		t
		T
		V (%)
		
		cmolc/dm3
		
		60
		0,8
		0,1
		0,1
		7,8
		0,21
		1,01
		8,01
		2,6
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ADUBAÇÃO MINERAL
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Inoculação das Sementes
com Bradyrhizobium
1.Introdução: Estima-se que para produzir 1000 kg de grãos são necessários 80 kg de N. A fixação biológica do nitrogênio (FBN) é a principal fonte de N para a cultura da soja. Bactérias do gênero Bradyrhizobium, quando em contato com as raízes da soja, infectam as raízes, via pêlos radiculares, formando os nódulos. A FBN pode, dependendo de sua eficiência, fornecer todo o N que a soja necessita.
2.Qualidade e quantidade dos inoculantes: a quantidade mínima de inoculante (turfoso ou líquido) a ser utilizada deve fornecer 600.000 a 1.200.000 células/semente.
3. Cuidados ao adquirir inoculantes:
	- Não adquirir e não usar inoculante com prazo de validade vencido e
	que não tenha uma população mínima de 1x109 células viáveis por
	grama ou por mL do produto;
	- No Brasil são utilizados quatro estipes de Bradyrhizobium nos inoculantes. Duas de Bradyrhizobium japonicum (Semia 5079 = CPAC 15 e Semia 5080 = CPAC 7) e duas de Bradyrhizobium elkanii (Semia 587 e Semia 5019 = 29w). Garantir a presença de pelo menos uma de cada estirpe no inoculante adquirido.
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Inoculação das Sementes (Cont.)
4. Cuidados na inoculação:
	- Para melhor aderência dos inoculantes turfosos, recomenda-se umedecer a semente com 300 ml/50 kg semente de água açucarada a 10% (100 g de açúcar e completar para um litro de água);
	- Manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo;
	- Fazer a semeadura logo após a inoculação;
	- A distribuição do inoculante turfoso ou líquido deve ser uniforme em todas as sementes.
5. Métodos de inoculação:
	5.1. Inoculação nas sementes
Inoculante turfoso - umedecer as sementes com solução açucarada ou outra substância adesiva, misturando bem. Adicionar o inoculante, homogeneizar e deixar secar à sombra. A distribuição da mistura açucarada/adesiva mais inoculante nas sementes deve ser feita, preferencialmente, em máquinas próprias, tambor giratório ou betoneira.
Inoculante líquido - aplicar o inoculante nas sementes, homogeneizar e deixar secar à sombra.
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Inoculação das Sementes (Cont.)
	5.2. Inoculação no sulco de semeadura: 
		Esse procedimento pode ser adotado desde que a dose de inoculante seja, no mínimo, seis vezes superior à dose indicada para as sementes.
6. Aplicação de fungicidas às sementes junto com o inoculante: 
		Deve ser evitada desde que as sementes possuam alta qualidade fisiológica e sanitária e o solo apresente com boa disponibilidade hídrica e temperatura adequada para rápida germinação e emergência. Caso essas condições não sejam atingidas, o produtor deve tratar a semente com fungicidas, dando preferência às misturas Carboxin + Thiram, Difenoconazole + Thiram, Carbendazin + Captan, Thiabendazole + Tolylfluanid ou Carbendazin + Thiram, que demonstraram ser os menos tóxicos para o Bradyrhizobium.
7. Aplicação de micronutrientes nas sementes: 
		O Co e o Mo são indispensáveis para a eficiência da FBN, para a maioria dos solos onde a soja vem sendo cultivada. As indicações técnicas atuais desses nutrientes são para aplicação de 2 a 3 g de Co e 12 a 30 g de Mo/ha via semente ou em pulverização foliar, nos estádios de desenvolvimento V3-V5.
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Inoculação das Sementes (Cont.)
8. Aplicação de fungicidas e micronutrientes nas sementes, junto com o inoculante: 	
	
		A aplicação dos micronutrientes juntamente com os fungicidas, antes da inoculação, reduz o número de nódulos e a eficiência da FBN. Assim, quando se utilizar fungicidas no tratamento de sementes, como alternativa, pode-se aplicar o Co e o Mo (2 a 3g/ha e 12 a 30g/ha, respectivamente) por pulverização foliar entre os estádios V3 - V5. 
9. Nitrogênio mineral:
	
		Resultados obtidos em todas as regiões onde a soja é cultivada mostram que a aplicação de fertilizante nitrogenado na semeadura ou em cobertura em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, em sistemas de semeadura direta ou convencional, além de reduzir a nodulação e a eficiência da FBN, não traz nenhum incremento de produtividade para a soja. No entanto, se as fórmulas de adubo que contêm nitrogênio forem mais econômicas do que as fórmulas sem nitrogênio, elas poderão ser utilizadas, desde que não sejam aplicados mais do que 20 kg de N/ha.
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SEMEADURA 
1. Umidade e temperatura do solo:
		A semente de soja, para a germinação e a emergência da plântula, requer absorção de água de, pelo menos, 50% do seu peso seco. 
		A temperatura média do solo, adequada para semeadura da soja, vai de 20oC a 30oC, sendo 25oC a ideal para uma emergência rápida e uniforme. Semeadura em solo com temperatura média inferior a 18oC pode resultar em drástica redução nos índices de germinação e de emergência, além de tornar mais lento esse processo. Isso pode ocorrer em semeaduras anteriores à época indicada em cada região. Temperaturas acima de 40oC, também, podem ser prejudiciais.
2. Profundidade: Efetuar a semeadura a uma profundidade de 3 a 5 cm. Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos arenosos, sujeitos a assoreamento, ou onde ocorre compactação superficial do solo.
3. Posição semente/adubo: O adubo deve ser distribuído ao lado e abaixo da semente, pois o contato direto prejudica a absorção da água pela semente, podendo até matar a plântula em crescimento, principalmente em caso de dose alta de cloreto de potássio no sulco (acima de 80 kg de KCl/ha).
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SEMEADURA (Cont.)
4. Época de semeadura:
- Região Centro-Oeste: De modo geral, o período preferencial para a semeadura de soja vai de 20 de outubro e 10 de dezembro. Entretanto, é no mês de novembro que se obtém as maiores produtividades e altura de planta adequada. Na maioria dos casos, semeaduras de final de dezembro e de janeiro podem ocasionar reduções de rendimento de até 50%, em relação a novembro. Para viabilizar a sucessão de culturas, recomenda-se a utilização de cultivares precoces. Estas informações são válidas, também, para Rondônia
e sul de Tocantins.
- Regiões Norte e Nordeste: As áreas de cultivo de soja estão distribuídas em uma vasta região, em áreas que se diferenciam muito quanto ao período de ocorrência de chuvas. Assim, a época mais indicada para semeadura da soja, varia de estado para estado e dentro de um mesmo estado, conforme descrito a seguir. 
- Maranhão - no sul, novembro a 15 de dezembro; no norte, janeiro.
- Pará - no sul (Redenção), novembro a 15 de dezembro; no nordeste (Paragominas), 15 de dezembro e janeiro; no noroeste (Santarém), 10 de março a abril.
- Piauí - no sudoeste (Uruçuí - Bom Jesus), novembro a 15 de dezembro.
- Tocantins - no norte (Pedro Afonso), novembro a 15 de dezembro.
- Roraima - na região central (Boa Vista), maio.
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SEMEADURA (Cont.)
5. Diversificação de cultivares:
		As flutuações anuais do rendimento, para uma mesma época, são, principalmente, determinadas por variações climáticas anuais. Uma prática eficiente para evitar tais flutuações é o emprego de duas ou mais cultivares, de diferentes ciclos, numa mesma propriedade, procedimento especialmente indicado para médias e grandes áreas. Desse modo, obtém-se uma ampliação dos períodos críticos da cultura (floração, formação de grãos e maturação), havendo menor prejuízo se ocorrer, entre outros fatores, deficiência ou excesso hídrico, os quais atingirão apenas uma parte da lavoura.
6. População e densidade de semeadura:
		A população padrão de plantas de soja foi reduzida gradativamente, nos últimos anos, de 400 mil para, aproximadamente, 320 mil plantas por hectare.
		Em áreas mais úmidas e/ou em solos mais férteis (fertilidade natural ou construída), onde, com freqüência, ocorre acamamento das plantas, a população pode ser reduzida de 20%-25% (ficando em torno de 240-260 mil plantas), quando em semeadura de novembro, para evitar acamamento e possibilitar maior rendimento.
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SEMEADURA (Cont.)
Em semeaduras de outubro e de dezembro, é recomendável, na maioria das situações, especialmente em regiões/áreas onde a soja não apresenta porte alto, ou para cultivares que se comportam assim, mesmo na melhor época de semeadura, não reduzir a população para menos de 300 mil plantas, para evitar o desenvolvimento de lavouras com plantas de porte muito baixo. Em condições extremas, é aconselhável até aumentar para 350-400 mil plantas/ha.
De modo geral, cultivares de porte alto e de ciclo longo requerem populações menores. O inverso também é verdadeiro.
Indica-se espaçamento entre fileiras de 40 a 50 cm. Espaçamentos mais estreitos que 40 cm resultam em fechamento mais rápido da cultura, contribuindo para o controle das plantas daninhas, mas não permitem a realização de operações de cultivo entre fileiras.
7. Cálculo da quantidade de sementes e regulagem da semeadora:
	Considerando que % germinação fornecida pela empresa pode ser superior ao valor de emergência das sementes no campo, é necessário que esta seja determinada no local onde a soja vai ser cultivada. No calculo da quantidade de sementes, acrescentar 10%, como fator de segurança.
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SEMEADURA (Cont.)
Fotoperiodismo:
Como a soja é uma planta de dias curtos (PDC), com noites curtas (dias longos, isto é, fotoperíodo acima do fotoperíodo crítico) - as plantas continuam o crescimento vegetativo e não produzem flores até que o comprimento da noite ultrapasse determinada duração, que é específica para cada cultivar (12:45h, para a maioria das variedades).
A identificação de tipos de soja de período juvenil longo (juvenilidade sendo entendida como a fase inicial do crescimento durante a qual o florescimento não é induzido sob condições de dias curtos) e a incorporação deste caráter em cultivares comerciais, permitiu a expansão da cultura da soja para áreas de menores latitudes e com maior amplitude de sua época de plantio.
Em resumo, PDC floresce (Soja):
FP≤ FPC
Após período de juvenilidade (soja=curto (apta a florescer após o V2) ou longo (apta a florescer após o V8-V10)).
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CULTIVARES 
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publica anualmente informações sobre as cultivares inscritas no Zoneamento Agrícola de cada Unidade da Federação.
Nos últimos anos, atendendo à demanda por produtos com maior valor agregado, têm sido lançadas cultivares de soja com características especiais para o consumo in natura e para a indústria de alimentos. Para essa linha de produtos, são consideradas diversas características tais como: sementes graúdas com alto teor de proteína, coloração clara do hilo e que conferem boa qualidade organoléptica aos produtos de soja (QO); ausência das enzimas lipoxigenases (AL), conferindo sabor mais suave aos produtos de soja; teor reduzido do inibidor de tripsina Kunitz (KR), o que permite a redução de tratamento térmico e dos custos de processamento; e tamanho, coloração e textura de sementes ideais para produção de “natto” (PN - alimento fermentado japonês). Dentre as cultivares desenvolvidas para esse fim e que apresentam algumas das características citadas, destacam-se: BR-36 (QO), BRS 155 (KR), BRS 213 (AL), BRS 216 (PN), IAC PL-1 (QO), UFVTN 101 (AL), UFVTN 102 (AL), UFVTN 103 (AL), UFVTN 104 (AL), UFVTN 105 (AL), UFVTNK 106 (AL, KR).
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DOENÇAS
Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas e como conseqüência da monocultura. A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de quase 100%.
Na safra 2001/2002 uma nova doença, a ferrugem da soja causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi detectada desde o Rio Grande do Sul até o Mato Grosso e na safra seguinte espalhou-se em praticamente todas regiões produtoras representando uma ameaça para a cultura em função dos prejuízos causados e do aumento de custo de produção para seu controle.
O nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines Ichinohe), identificado pela primeira vez na Região dos Cerrados em 1991/92, na safra 1996/97 já havia sido constatado em mais de 60 municípios brasileiros nos estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo, de Goiás, de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
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MANEJO DE INSETOS-PRAGAS
Níveis de dano para tomada de decisão de controle:
Lagartas desfolhadoras (A. gemmatalis e P. includens): Devem ser controladas quando forem encontradas, em média, 40 lagartas grandes (>1,5 cm) por pano-de-batida (duas fileiras de plantas), ou com menor número se a desfolha atingir 30%, antes da floração, e 15% tão logo apareçam as primeiras flores. Para controle com Baculovírus, considerar como limites máximos 40 lagartas pequenas (no fio) ou 30 lagartas pequenas e 10 lagartas grandes por pano-de-batida. Em condição de seca prolongada e com plantas menores de 50 cm de altura, reduzir esses níveis para a metade, para a aplicação de Baculovírus.
Percevejos: O controle deve ser iniciado quando forem encontrados quatro percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm por pano-de-batida. Em campos de produção de sementes, o nível deve ser reduzido para dois percevejos por pano-de-batida.
Broca das axilas: Controlar quando a lavoura apresentar em torno de 25% a 30% de plantas com ponteiros atacados.
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CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
- Período crítico de competição: Livre de competição até o florescimento (40 a 65 dias após o plantio).
OBS.: com bom preparo do solo as invasoras só começam a competir 30 dias após o plantio. Assim, o período crítico seria dos 30 aos 65 dias.
- Métodos de controle: O melhor método é específico para cada situação, considerando as espécies de plantas infestantes e a viabilidade técnica e econômica da opção escolhida, como tamanho da área e equipamentos disponíveis.
1. Cultural ou ecológico: Utilização das características
ecológicas da cultura e da planta daninha de tal forma que a cultura se beneficie durante o seu estabalecimento e desenvolvimento, tornando-se dominante.
◘ Princípio básico: as primeiras espécies que se instalam tendem a excluir as demais.
◘ Aplicação prática: dar condições para que a cultura tenha crescimento vigoroso e ocupe rapidamente o solo, antes do estabelecimento das invasoras.
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CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS (Cont.)
2. Mecânico: Arado, grade, enxada ou cultivador (dias quentes e secos).
◘ Capina manual: é o método mais simples e eficaz, porém demanda grande quantidade de mão-de-obra. Apropriado para pequenas áreas, estações experimentais e/ou complemento a outros métodos (8-10 serviços por hectare).
◘ Capina mecânica:
	▪ Cultivador: Tração animal (1 serviço por hectare) ou mecânica (1-2h por hectare). Vantajoso em solos com formação de crostas. Possíveis danos no sistema radicular e não controla plantas daninhas na fileira de plantas (2-3 serviços por hectare).
	▪ Número de capinas: depende das espécies prevalecentes e da intensidade de infestação. Duas a três capinas antes da floração são suficientes.
3. Químico: herbicidas sobre o solo ou plantas daninhas sem causar danos à soja.
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COLHEITA
1. Fatores que afetam a eficiência da colheita:
- Mau preparo do solo;
- Inadequação da época de semeadura, do espaçamento e da densidade;
- Cultivares não adaptadas;
- Ocorrência de plantas daninhas;
- Retardamento da colheita;
- Umidade inadequada;
- Má regulagem e operação da colhedora.
2. Tipos de perdas e onde elas ocorrem:
a) perdas antes da colheita: causadas por deiscência ou pelas vagens caídas ao solo antes da colheita (3%);
b) perdas causadas pela plataforma de corte: que incluem as perdas por debulha, as por altura de inserção e as por acamamento das plantas que ocorrem na frente da plataforma de corte (80% a 85%);
c) perdas por trilha, separação e limpeza: em forma de grãos que tenham passado através da colhedora durante a operação (12%).
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COLHEITA (Cont.)
4. Como avaliar as perdas:
Para avaliar as perdas durante a colheita, recomenda-se a utilização do copo medidor de perdas. Este copo correlaciona volume com massa, permitindo a determinação direta de perdas em sacas/ha de soja, pela simples leitura dos níveis impressos no próprio copo. A perda tolerável é de no máximo uma saca de 60 kg/ha.
As sementes devem se coletadas numa armação de duas barras de madeira (comprimento variável) e dois pedaços de barbante, com o comprimento da barra de corte da colhedora, de modo a formar um retângulo de 2m2 de área.
2m2
Comprimento da barra de corte (C)
L=2/C
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Fonte Consulta
http://www.cnpso.embrapa.br/download/tpsoja_2007.pdf
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