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AS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL Professor: Siddharta Legale Monitor: Vinicius Carvalho Roteiro da Aula e bibliografia indicada • Noções sobre as fontes • Fontes: Princípios, Costumes e Tratados (Convenção de Viena) • Meios auxiliares de interpretação: jurisprudência e doutrina • Novas fontes: atos unilaterais e decisões de organizações • José Francisco Rezek, Direito Internacional Público – Curso elementar. Ed. Saravia Noções introdutórias Conceito de Fontes de DIP • Segundo Hildebrando Accioly, Geraldo E. Nascimento e Silva e Paulo B. Casella (2012, p. 146) ‘as fontes são os modos formais de constatação do direito internacional’. • Segundo Francisco Rezek ‘as fontes são o local de onde se poderia buscar, idoneamente, normais internacionais (2010, p. 09). Histórico • O primeiro documento a relacionar as fontes de Direito Internacional foi a Convenção sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias de 1907, editada ao final da segunda conferência de Paz de Haia, onde o Brasil foi representado por Rui Barbosa. Ficou estabelecido que as fontes do Direito Internacional seriam as convenções, os costumes, os princípios gerais do direito e a equidade. • Em 1920 é editado o Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional (CPJI), estipulando as fontes clássicas do Direito Internacional, inserindo apenas a doutrina dos mais renomados juristas e a jurisprudência. Atualmente • A CPJI encerrou suas atividades no inicio da segunda guerra mundial. No entanto, sua sucessora, a Corte Internacional de Justiça, manteve o mesmo estatuto e estabeleceu em seu artigo 38, as fontes formais do Direito Internacional: – As convenções internacionais, gerais ou especiais que estabelecem regras expressamente reconhecidas pelos estados litigantes; – O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como direito; – Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas e sob a ressalva do artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. Princípios Princípios Gerais da CVDT • Obrigação de Não frustrar o objeto e finalidade de um tratado antes de sua entrada em vigor (artigo 18 da CVDT) • -Pacta Sunt Servanda (artigo 26 da CVDT) • A boa-fé deve ser vista em todo tratado em vigor que obriga as partes e deve ser cumprido. • Livre consentimento. Direito Interno e Observância de Tratados (Artigo 27).Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. Princípios gerais da CVDT • Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) - Artigo 53 da CVDT. • É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. Princípios e o pós-positivismo • Princípios também são normas • Comandos de otimização (Alexy) • Dimensão de peso dos princípios (Dworkin) • Ponderação • Como a nova interpretação constitucional pode ser pensada diante do fenômeno de constitucionalização do DIP ou da internacionalização do direito constitucional? Costumes Costumes • Tratados e Costumes são as fontes primárias de DIP, portanto, não existe hierarquia entre eles. • Elementos do costume: – Um material (objetivo) - a prática reiterada, a repetição regular ao longo do tempo. – Outro espiritual (subjetivo) - recebe o nome de Opinio Iuris, uma convicção de que determinada conduta é a correta a se tomar perante a sociedade internacional. Características dos Costumes • I. Aceitação: O Estado deve aceitar o costume • II. Uniformidade: As práticas devem ser iguais • III. Duração: Tempo suficiente de uma repetição de prática. Deve-se analisar o caso concreto. • E os costumes selvagens? • Os costumes podem ser provados por meio de prática diplomática e também pelo Direito Interno. Costumes • O costume pode revogar um tratado (embora o sentido inverso seja mais comum) • Vale o critério de ‘lei especial revoga uma lei geral’ o que equivale à preferência e não hierarquia entre estas fontes. • O costume pode ser regional, como o asilo diplomático, uma tradição latino-americana (até previsão em tratado em 1954 pela OEA) Princípios Gerais de Direito • Os princípios gerais de Direito reconhecidos pelas “Nações Civilizadas” são as diretrizes fundamentais do Direito, utilizados para a busca de significados ou para entender o conteúdo e definir a abrangência de uma obrigação jurídica. • Os princípios visam dar uma solução aos casos que nem tratados e nem costumes servem a solução de um caso concreto. • Segundo Francisco Rezek (2010, p.135), a expressão ‘’nações civilizadas’’ está atrelada aos princípios aceitos internamente em uma grande gama de países, excluindo apenas aqueles originários de sociedades primitivas (isto é, não organizadas civilizadamente) Princípios Gerais do Direito. • Os Princípios Gerais do Direito Internacional podem ter sua origem no próprio Direito Internacional e também aqueles conhecidos no Direito Interno das diversas nações e utilizados nos seus julgamentos. • Importante salientar, contudo, que nesta última hipótese, A CIJ decidiu em 1950 no caso Etiópia Versus África do Sul, que os princípios não oriundos originalmente do Direito Internacional, devem adaptar-se a este ambiente, não sendo possível empregar uma argumentação principiológica do Direito interno caso o DI não permita sua utilização. • São exemplos de princípios utilizados no Direito Internacional: Pacta Sunt Servanda, boa-fé, venire contra factum propium, coisa julgada etc. Tratados internacionais As convenções Internacionais • Segundo Alberto do Amaral Júnior, as Convenções são também conhecidas como tratados, acordo, ajuste, compromisso, arranjo, ata, ato, carta, código, declaração, estatuto, convênio, memorando, pacto, regulamento, protocolo. • Segundo Francisco Rezek, os tratados são ‘acordo formal concluído entre pessoas de Direito Internacional Público e destinado a produzir efeitos jurídicos que se exprimem com precisão, haja vista o consentimento expresso e fidedigno das partes em pactuar sobre determinado assunto. ’ Convenções Internacionais • Os tratados podem ser bilaterais, quando firmados por entes e multilaterais, concluídos por diversos sujeitos de Direito Internacional Público. • As convenções que regulavam os tratados são a Convenção de Havana de 1928 e a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, ambas em vigor no Brasil • Observação: A CVDT/69 entrou em vigor no âmbito internacional em 1980, mas entrou em vigor no Brasil apenas em 2009, pelo decreto 7.030, quarenta anos após sua assinatura. Tratados internacionais Artigo 2.1.a da CVDT Artigo 2: Expressões empregadas 1. Para os fins da presente convenção: a) ‘Tratado’ significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos’ Atenção! visão crítica insere tb organizações internacioanis e não apenas os Estados aí. TratadosInternacionais • ‘Acordo’ pressupõe, no mínimo, duas vontades. • ‘Internacional’: Sua natureza é Direito Internacional • ‘Escrito’: Deve-se ler como público, pois o tratado deve ter publicidade. • ‘Entre Estados’: Entre sujeitos de Direito Internacional • Regido pelo Direito Internacional: Traz direitos e deveres perante o Direito Internacional e é condicionado por suas normas. • ‘um ou mais instrumentos’: O tratado, por vezes, não vem em único texto. • ‘Qualquer que seja sua denominação’: Acordo, convenção, protocolo, carta... Tratados Internacionais • Quanto ao número de partes podem ser bilaterais, multilaterais - Os tratados bilaterais se diferem dos multilaterais, pois estes não são sinalagmáticos, ou seja, não há reciprocidade. • Quanto à natureza das obrigações, o tratado pode ser “tratado-normativo” x ‘tratado contrato’, quando as obrigações são mais concretas e normativo, com obrigações mais abstratas e principiológicas. Tratados Internacionais • Quanto à adesão, os tratados podem ser fechados, quando não admitem adesões e abertos, que permitem novos membros. • Os tratados abertos pode ser ainda livres, quando qualquer um pode ser membro e condicionados, quando o pretendente deve cumprir algumas determinações. • Observação: Qual a classificação da Carta da Organização das Nações Unidas? Multilateral, normativo, aberto e...Condicionado! Para ser parte da carta da ONU é necessário ser ‘Amante da paz’ Convenção de Viena de direito dos tratados Conceito • Acordo formal( por escrito) • Conceito • Entre Estados (convenção de Viena) Crítica ou interpretação sistemática: sujeitos da SI, como OI • Regido pelo Direito Internacional Público • Destinado a produzir efeitos jurídicos Competência • P/ Celebrar tratados(treaty-making Power)-delimitado pelo Dir.Pub. Interno.No Brasil,a Constituição(art84,VIII) confere ao Executivo • P/ representar no Exterior delimitado pelo DI – Chefe do Estado e do Gov. – Plenipotenciários (Min.das rel. exteriores, Chefe da missão diplomática , quem apresentar carta de poderes, Legitimado pelo costume internacional) – Delegações nacionais (ex: diretores executivos de uma org. int que recebem delegação ou servidor de um estado que não é necessariamente um diplomata) Estrutura do tratado • Preâmbulo - motivos e pressupostos que não integram o compromisso ou circunstâncias que servem de elementos p/ interpretação • Parte dispositiva - artigos Compromisso cláusulas • Anexos - Símbolos, compromisso, gráficos Ilustrações Expressões do consentimento • Assinatura – simples=>executivo com confirmação ad referendum posterior pelo legislativo – completa=> não precisa de referendum • Ratificação – ato unilateral de signatário de um tratado em obrigar em definitivo. Caracteriza-se pela junção da vontade do legislativo com a do Executivo que, como ato unilateral de soberania, é dotado de discricionariedade e irretratabilidade. • Adesão – manifestação do estado em obrigar-se, integrando-se a determinado tratado já existente. • Obs. Reserva – trata-se de um qualificativo do consentimento, ou seja, o desejo de certo estado de não se obrigar quanto a determianda cláusula. Deve ser aceita pelos outros Estados do tratado para possuir validade Vícios do consentimento • Com agravo do direito público interno abuso ou desvio de poder do negociador(art.46 da Convenção de Viena) • Erro, dolo e coação sobre o negociador • Coação sobre o Estado Extinção • Por violação substancial – pode acarretar extinção total ou parcial • Por vontade comum – ab-rogação predeterminada=> condição resolutiva – ab-rogação superveniente => vontade de todos ou da maioria • Por ato unilateral => denúncia => manifesta vontade de não ser parte • Por alteração substancial nas circunstâncias( rebus sic standibus) – Ocorre seja pela extinção do objeto quando a parte invoca a impossibilidade da execução para desobrigar-se, seja porque as circunstâncias com o passar do tempo mudaram de tal magnitude que, no presente, justifica-se o descumprimento – Obs. Critica de Charles Rousseau: A cláusula não deve servir de justificativa para ruptura unilateral do tratado. Antes, deve-se recorrer a tentativas de acordos ou a um juízo arbitral ou judicial internacional Meios auxiliares de interpretação Fontes Secundárias ou meios de intepretação de Direito Internacional • Nas palavras de Celso Lafer, ‘as normas secundárias disciplinam a sanção e a produção jurídica’, visando ‘assegurar a observância e a execução das normas primárias. • Jurisprudência; e • Doutrina. Doutrina • A doutrina (entendimento de certos jurisconsultos ou think tanks) é uma fonte de convencimento do Juiz. • No Direito Internacional, a doutrina relevante é aquela capaz de mudar a maneira de pensar o Direito Internacional. • Exemplos: Cursos da Academia de Direito Internacional de Haia. Jurisprudência • A Jurisprudência é o conjunto de decisões judiciais proferidas pela própria CIJ e de outros tribunais internacionais (ex TPR ou CIDH). • Importante notar que não na seara internacional a figura do precedente vinculante, bem como que a corte não é obrigada a seguir as decisões proferidas anteriormente, embora seja a tendência. Equidade Segundo Francisco Rezek (2010, p. 147): ‘’Já não se cuida aqui de instrumentos úteis à correta interpretação da norma jurídica existente, mas de meios para compensar seja a inexistência de norma, seja sua evidente falta de préstimo para proporcionarão caso concreto um deslinde minimamente justo’. Por isso, a equidade será utilizada quando convidada formalmente, não constituindo, estritamente uma fonte de Direito Internacional Público. Novas fontes do DIP? Novas fontes de Direito Internacional • São aquelas que não se encontram no artigo 38 da CIJ, mas são utilizadas reiteradamente. – Atos Unilaterais de Estados e – Decisões das Organizações Internacionais. Atos Unilaterais de Estados • São manifestações unilaterais de vontade dos Estados, vinculando-os a uma determinada conduta, da qual ele não pode se distanciar. Não exigem contraprestações e tem como destino a comunidade internacional. • Ex1: Notificações, reconhecimento, denúncia (de um tratado), renúncia (de uma carta de plenos poderes), reserva (de uma cláusula de um tratado). • Ex2: Caso da Declaração de Ihlen – Min. das RE Dniamarquês fez declaração oral, registrada em notas obrigou a não criar dificuldades ao Estatuto Jurídico da Groenlândia Oriental. • Ex3: Decreto Imperial brasileiro n. 3749/1986 – livre acesso a navegação comercial de todas as bandeiras nas águas do Amazonas. Não há tratato. Decisões das Organizações Internacionais • As decisões geram efeitos para seus Estados-Membros mesmo que não tenham expressado seu consentimento favorável a adoção da decisão. • As decisões podem ser divididas entre soft law e hard law. • Por soft law entendem-se aquelas decisões desprovidas de caráter sancionatório, como da Assembleia Geral das Nações Unidas. • Por Hard Law, entendem-se aquelas decisões cujos efeitos jurídicos são compulsórios e não podem ser violados sob pena de responsabilização Internacional do Estado-membro. FIM
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