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RESUMO - SOCIOLOGIA_ INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE.

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RESUMO RESUMO RESUMO RESUMO –––– “SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE”.“SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE”.“SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE”.“SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE”. 
 
Érika Masin Emediato 
 
Capítulo I Capítulo I Capítulo I Capítulo I –––– Introdução.Introdução.Introdução.Introdução. 
 
Os animais desenvolvem estilos próprios de comportamento que lhes permitem a 
sobrevivência. O homem, como uma dentre as várias espécies de animais existentes, também 
desenvolveu processos de convivência, reprodução e defesa. Estas são atitudes instintivas, isto 
é, ações e reações espontâneas e que dispensam o aprendizado. Entretanto, ao contrário dos 
outros animais, que por dificuldades impostas pelo ambiente, quer por particularidades da 
própria espécie, também desenvolveu comportamentos que dependem de aprendizado. (Ex: As 
crianças aprendem a conter sua fome e a comer em horários regulares, aprendem a brincar e a 
obedecer e, mais tarde, quando crescem, aprendem a trabalhar, a administrar e a governar). 
O homem, portanto, distingue-se das demais espécies porque grande parte de seu 
comportamento não se desenvolve naturalmente em sua relação com o mundo nem se 
transmite a sua descendência pelos genes. Ele necessita do aprendizado para adquirir a maior 
parte de suas formas de comportamento. 
 
Logo, para “tornar-se” humano, o homem precisa do convívio social – só assim terá condições 
de aprender com os seus semelhantes uma série de atitudes que jamais poderia desenvolver no 
isolamento. 
 
Esse aprendizado é proporcionado por um sistema de símbolos que constituem as linguagens, 
por meio das quais somos capazes de nos comunicar e transmitir nossos conhecimentos. 
 
O homem interpreta a realidade e atribui sentido a ela. Esse conhecimento do mundo, no 
entanto, é marcado pelo espaço e tempo que o produz e pelos grupos com os quais dividimos 
nossas experiências. Por isso é que há tanta diversidade de interpretações da realidade que 
nos cerca. 
 
No Ocidente, durante a Antiguidade, predominou o pensamento mítico e religioso que concebia 
o mundo como uma obra divina submetida aos desígnios do criador. Essa mentalidade mítica, 
que não trata o mundo em suas bases materiais e objetivas, fez com que o desenvolvimento do 
espírito especulativo fosse preterido em favor de uma reflexão metafísica da natureza. 
Assim, para os egípcios e para os babilônios, a eficiência do pensar lógico e cientifico limitava-
se ao seu pragmatismo, isto é, à necessidade de solucionar problemas particulares que se 
apresentavam como obstáculos ao transcurso da existência. 
 
O pensar como um exercício voltado pra si mesmo, capaz de desenvolver mesmo sem uma 
aplicabilidade imediata, e independente das crenças religiosas e do pensamento mítico, teve 
suas raízes históricas na civilização grega. Deu-se o nome de milagre grego a este salto 
qualitativo de conhecimento humano sobre si e a natureza, em que se abandonou a explicação 
mítica e o princípio da interferência das forças sobrenaturais nos destinos do homem para 
dirigir-se à obtenção do saber por meio da abstração comandada pela razão. Tinha início a 
busca por explicações científicas para a vida. 
 
Durante a Idade Média, quando a Europa volta a ser uma sociedade predominantemente 
agrária e teocrática, a razão deixa de oferecer a melhor explicação para se entender o mundo. 
Novamente é a fé que condiciona e explica o comportamento humano e a sociedade. Apenas as 
ordens religiosas, isoladas nos mosteiros, tinham acesso aos textos de filosofia, geometria e 
astronomia. A população laica deixa de participar desse saber. 
 
No Renascimento, entretanto, o homem ocidental redescobre os textos antigos e o prazer de 
investigar o mundo – uma atividade válida por si mesma, livre de suas implicações religiosas e 
metafísicas. Aprimoram-se as técnicas e os utensílios de medição, desenvolveram-se as 
universidades e tanto a imprensa quanto os outros meios de comunicação espalharam o 
conhecimento a um número crescente de pessoas. 
 
Foi em meio a esse movimento que surgiu, no século XIX, a Sociologia – a ciência da sociedade. 
Foi esta nova ciência resultante da necessidade dos homens de compreender as relações que 
estabelecem entre si e a natureza da vida coletiva sobre uma perspectiva nova das crenças 
religiosas e do senso comum. A partir de então o homem começou a experimentar métodos e 
instrumentos de análise capazes de interpretar e explicar a experiência social segundo os 
princípios do conhecimento científico. 
 
O conhecimento da Sociologia não ficou restrito aos cientistas sociais, mas acabou sendo 
apropriado pelo cidadão comum e passou a fazer parte de seu cotidiano. O homem intui a 
existência de regularidade em nossa forma de comportamento e reconhece que por trás da 
diversidade entre as pessoas existe certa padronização nas suas formas de agir e pensar. 
 
Hoje a Sociologia ganha nova importância e se confronta com novos desafios. O mundo 
contemporâneo exige a retomada e a análise de conceitos consagrados. Enfim, é hora de 
repensar os padrões que ordenam a vida social. 
 
Capítulo ICapítulo ICapítulo ICapítulo II I I I –––– A Sociologia préA Sociologia préA Sociologia préA Sociologia pré----científica.científica.científica.científica. 
 
(Neste capítulo a autora expõe o surgimento desse mundo cada vez mais laico e independente 
da tutela da religião que levou o homem a pensar e a analisar a realidade em toda sua 
objetividade, e não como resultado da vontade divina. O ponto de partida, portanto, é o 
Renascimento). 
 
O Renascimento consistiu na ruptura com o mundo medieval. 
 
Transformações: Maior contato com outros povos proporcionado pela expansão comercial e 
marítima; crescimento urbano; intensificação da produção artística e literária; retomada de 
princípios norteadores da cultura greco-romana; mentalidade renovadora e mais laica, a qual 
foi se desligando do sagrado e das questões transcendentais para se ocupar de preocupações 
mais imediatistas e materiais, centradas principalmente no homem. 
 
Para alguns historiadores, foi também um período de grande turbulência social e política. 
 
De qualquer forma, o Renascimento representa uma nova postura do homem diante da 
natureza e do conhecimento. O homem renascentista redescobre a importância da dúvida e do 
pensamento especulativo. O conhecimento deixa de ser encarado como uma revelação, 
resultante da contemplação e da fé, para voltar a ser, como o fora para os gregos e romanos, o 
resultado de uma bem conduzida atividade do pensamento. O homem assume seu papel na 
história como agente dos acontecimentos. 
É nesse ambiente propício de curiosidade, dúvida e valorização humana que o pensamento 
científico adquire nova importância, e, com ele, o interesse pelo entendimento da vida social. 
 
As utopias. Os filósofos renascentistas desenvolveram o modelo que seria, aos seus olhos, a 
sociedade perfeita. Thomas Morus concebeu “Utopia” – uma ilha imaginária na qual os 
habitantes haviam alcançado a paz, a concórdia e a justiça. Apresenta ideais de vida 
moderada, igualitária e laboriosa, assim como defende, em termos políticos, a monarquia 
absoluta (já propondo, no entanto, ideais modernos de representatividade social como única 
fonte de legitimidade do poder e a necessária sujeição do soberano às regras que o 
consagraram). Na medida em que Thomas Morus enfoca um estado de perfeição, ele realizou, 
por oposição, um exercício de análise, crítica e denúncia da sociedade vigente. Analisar as 
contradições sociais e procurar resolvê-las, acreditar que o bem-estar do homem depende das 
condições sociais, como fez Thomas Morus, é o germe do pensamento sociológico. 
 
Maquiavel. Em O Príncipe, Maquiavel se propõe a analisar o poder e as condições pelas quais 
um monarca absoluto é capaz de conquistar,reinar e manter seu poder. Como Thomas Morus, 
Maquiavel acredita que a paz social depende das características pessoais do Príncipe, das 
circunstâncias históricas e das oportunidades. Acredita também que do bom exercício da vida 
política resulta a felicidade do homem e da sociedade. Mas, sendo mais realista que os 
utopistas, Maquiavel faz de O Príncipe um manual de ação política. O autor tinha por objetivo 
conhecer a realidade tal como se apresentava, ao invés de procurar imaginar apenas como ela 
deveria ser. 
 
É pela obra de Thomas Morus e Maquiavel que percebemos como as relações sociais passam a 
constituir objeto de estudo dotado de atributos próprios e a paz social deixa de ser, como no 
passado, conseqüência do acaso, da vontade divina ou da obediência dos homens às escrituras. 
 
Uma nova etapa do pensamento burguês. O Renascimento foi o momento de transição da 
sociedade medieval para o capitalismo moderno (sistema econômico focado na produção e na 
troca, na expansão comercial, na circulação crescente de mercadorias e de bens materiais). 
Novos valores, sentimento e atitudes passaram a reger a vida e o comportamento social: O 
homem buscava cultivava a sua subjetividade feita de sentimentos de pontos de vista pessoais, 
os seus anseios eram direcionados para a sua existência terrena (ficando sem segundo plano as 
preocupações com a vida após a morte) e, no campo econômico, o lucro se torna o objetivo 
principal de qualquer atividade. 
 
Cientificismo. Em busca do lucro, estimulou-se a produção. Racionalidade e planejamento 
começaram a ser exigidos dos produtores, bem como o desenvolvimento de tecnologia para a 
produção em larga escala. Nessas condições, incentiva-se a pesquisa científica. Essa 
curiosidade científica se dirige, de forma inusitada, para a compreensão da sociedade, que 
passa a ser vista como uma realidade diferente e própria, sobre a qual interferem os homens 
como agentes. 
 
A Ilustração, movimento filosófico que sucedeu o Renascimento, baseava-se na firme convicção 
da razão como fonte de conhecimento. Em relação à vida social, os filósofos da Ilustração 
procuraram entender a sociedade como um organismo vivo, ou seja, composto de partes 
interdependentes, cada uma delas como características e necessidades. Desse exercício de 
discernimento resultou também a compreensão de diferentes instâncias da vida social – as 
relações políticas, jurídicas e sociais. Percebe-se o aprofundamento do estudo das relações 
sociais, o desenvolvimento de análises abstratas da realidade e a capacidade de criar modelos 
explicativos para o funcionamento da vida social. 
 
Em busca da razão prática. Nos séculos XVII e XVIII o conhecimento se transformava não só 
numa exaltação da vida e dos feitos de seus heróis (como no Renascimento), mas também num 
processo que se revelava útil e aplicável a vida prática. A emergente sociedade burguesa 
apresentava necessidades urgentes que desafiavam os cientistas: melhores condições de vida, 
prolongamento da existência humana, o desenvolvimento tecnológico capaz de baratear os 
produtos, aumentar a produtividade e aprimorar a produção e a armazenagem de 
mercadorias, etc. 
 
Filosofia social. A burguesia já se sentia suficientemente forte e confiante em seus propósitos 
para dispensar o absolutismo, regime que havia permitido a consolidação do capitalismo. 
Fortalecida, ela propunha agora formas de governo baseadas na legitimidade popular, dentre 
as quais surgia preponderantemente a idéia de República. 
Racionalidade natural: Tendo por base a idéia de que a sociedade era regida por leis naturais, 
semelhantes em seu determinismo àquelas que regem a natureza, os filósofos da Ilustração 
rejeitavam toda forma de controle político que interviesse sobre essa racionalidade natural e 
física. O controle das relações humanas deveria resultar da livre ação dessas leis, cuja lógica 
era objetivo da ciência descobrir. Livre de coibições, obstáculos e jugos, o homem seria capaz de 
exercer sua soberania, escolhendo bem entre os fins propostos. 
 
Jean-Jacques Rousseau foi um dos mais ardorosos defensores dessa idéia e um dos mais 
críticos da sociedade de seu tempo. Afirmava que a base da vida social estava no interesse 
comum e no consentimento unânime dos homens em renunciar às suas vontades particulares 
em favor da coletividade. Identificou no aparecimento da propriedade privada a fonte de toda a 
diferenciação e injustiça social. Tornou-se, assim, partidário de uma sociedade que defendesse 
princípios igualitários e cuja organização política tivesse uma base livre e contratual. 
 
John Locke também defendeu a idéia da sociedade resultante da livre associação entre 
indivíduos dotados de razão e vontade que, como para Rousseau, teria uma base contratual. 
Mas, ao contrário de Rousseau, reconhecia, entre os direitos individuais, o respeito à 
propriedade. Recomendava que estes princípios estivesse expressos na Constituição. 
 
Estes filósofos, por sua preocupação histórica e por encararem a sociedade como uma matéria 
em desenvolvimento, de origem natural e não divina, davam início a uma forma de pensar que 
levaria á descoberta das bases materiais das relações sociais. Mas ainda estavam presos ao 
princípio da individualidade por entenderem a vida coletiva como a mera fusão de sujeitos. 
 
Adam Smith. No esforço por entender as relações econômicas, Adam Smith pensava a 
sociedade não como um conjunto abstrato de indivíduos dotados de vontade e liberdade, tal 
como haviam feito Rousseau e Locke, mas como um conjunto de seres cujo comportamento 
obedece a regras diferentes das que regem a ação individual. Percebe que a coletividade é 
muito mais do que a soma dos indivíduos que a compõem. 
 
Legitimidade e liberalismo. A filosofia social desse período teve, em relação à Renascentista, a 
vantagem de não constituir apenas uma crítica social baseada no que a sociedade poderia 
idealmente vir a ser, mas de criar projetos concretos de realização política para a sociedade 
burguesa emergente, 
A idéia de Estado como uma entidade cuja legitimidade se baseais na pretensa 
representatividade da sociedade é um avanço em relação a monarquia absolutista. Também foi 
difundida a idéia de divisão do Estado em três poderes. Essa divisão estabelecia a distribuição 
de tarefas governamentais e a mútua fiscalização entre os poderes do Estado. 
 
O milagre da ciência. Os homens do século XVIII se mostraram otimistas em relação às 
vitoriosas conquistas do conhecimento humano e em sua capacidade de controlar as forças da 
natureza. Se o pensamento racional e científico parecia válido para explicar a natureza, 
intervir sobre ela e transformá-la, ela poderia também explicar a sociedade. 
 
As questões de método. Da preocupação com o método mais adequado para o conhecimento da 
natureza derivara diferentes modelos de pesquisa e de maneiras de se fazer ciência: indução e 
dedução. Tanto o método indutivo quanto o dedutivo são traduzidos em procedimentos válidos 
para as pesquisas sobre a natureza da sociedade. 
 
Anticlericalismo. A Igreja foi questionada como fonte de poder secular, político e econômico, na 
medida em que se imiscuía em questões civis e de Estado. Tal questionamento levou à 
descrença na doutrina e na infalibilidade eclesiásticas, bem como ao repúdio da atuação do 
clero. 
 
A Igreja como objeto de pesquisa. Defendida por uns, repudiada por outros, a Igreja perdia, de 
qualquer maneira, o importante papel de explicar o mundo aos homens, passando, ao 
contrário, a ser explicada por eles. 
 
A sacralização da ciência. A sociologia se desenvolveu no século XIX, quando a racionalidade 
das ciências naturais e se seu método haviam obtido o reconhecimento necessário para 
substituir a religião na explicação da origem, desenvolvimento e finalidade do mundo. Com a 
mesma proposta de isenção de valores com que se descobriam as leis dafísica, julgava-se 
possível descobrir as leis que regulavam as relações entre os homens na sociedade. Toda essa 
nova mentalidade orientou a formação da primeira escola científica do pensamento sociológico: 
o Positivismo. 
 
Capítulo III Capítulo III Capítulo III Capítulo III –––– A Sociologia Clássica.A Sociologia Clássica.A Sociologia Clássica.A Sociologia Clássica. 
 
O Darwinismo Social. A expansão da indústria, resultante das Revoluções Burguesas no 
século XIX, trouxe consigo a consolidação da sociedade capitalista, estruturada no lucro e na 
produção ampliada de bens. Ao final daquele século, porém, a economia européia passou por 
crises de superprodução (o crescimento do mercado não obedeceu ao ritmo de implantação da 
indústria, isto é, houve um excedente de oferta sobre a demanda). Como conseqüência, as 
empresas sobreviventes se uniram, disputando entre elas o mercado existente. A livre 
concorrência foi sendo substituída pela concentração das atividades produtivas nas mãos de 
um pequeno número de produtores. Começaram a se formar grandes monopólios associados a 
poderosos bancos, que passaram a financiar a produção por meio do capital financeiro, o que 
gerou dívidas crescentes. 
 
Ultrapassar os limites da Europa era a única saída para garantir a sobrevivência dessas 
indústrias e o lucro desses bancos. Nos outros continentes era possível obter matéria prima 
bruta a baixíssimo custo e mão de obra barata. Havia também pequenos mercados 
consumidores, além de áreas extensas para investimentos em obras de infra-estrutura. 
 
Porém, a exploração eficaz das novas colônias encontrava resistência nas estruturas sociais e 
vigentes nesses continentes que, de forma alguma, atendiam às necessidades do capitalismo 
europeu. A transformação desse mundo conquistado em colônias que se submetessem aos 
valores capitalistas revestiu-se de uma aparência humanitária que ocultava a violência da 
ação colonizadora: “missão civilizadora”. A “civilização” era oferecida, mesmo contra a vontade 
dos dominados, como forma de “elevar” essas nações do seu estado primitivo a um nível mais 
desenvolvido (a sociedade capitalista industrial do século XIX). 
 
Essa forma de pensar foi inspirada no modelo teórico desenvolvido no âmbito das ciências 
naturais por Charles Darwin para explicar a evolução das espécies animais. Transposta a 
idéia de seleção natural para a análise da sociedade, surgiu o darwinismo social – “as 
sociedades se modificam e se desenvolvem de forma semelhante, segundo um mesmo modelo e 
tais transformações representam sempre a passagem de um estágio inferior para outro 
superior, em que o organismo social se mostra mais evoluído, mais adaptado e mais complexo. 
Esse tipo de mudança garante a sobrevivência dos organismos – sociedades e indivíduos – 
mais fortes e mais evoluídos”. 
 
Assim, as sociedades mais simples e de tecnologia menos avançada deveriam evoluir em 
direção a níveis de maior complexidade e progresso na escala da evolução social, até atingir o 
estágio mais avançado ocupado pela sociedade industrial européia. 
 
Uma visão crítica do darwinismo social. Esse tipo de transposição de conceitos físicos e 
biológicos para o estudo das sociedades e do comportamento humano promoveu desvios 
interpretativos graves, que acabaram por emprestar uma garantia de cientificismo a ações 
guiadas por preconceito e interesses particulares. Identificar a especificidade das regras que 
regem as sociedades é fundamental para o uso dos conceitos de outras ciências. 
 
Duas formas de avaliar as mudanças sociais. O desenvolvimento industrial gerava, a todo 
momento, novos conflitos sociais. Os empobrecidos e explorados organizavam-se, exigindo 
mudanças políticas e econômicas. Os primeiros pensadores sociais positivistas responderam a 
suas reivindicações com as noções de “ordem e progresso”. Os conflitos deveriam ser sempre 
contidos quando pudessem em risco a ordem estabelecida ou ainda quando inibissem o 
progresso. Auguste Comte identificava, portanto, dois movimentos vitais na sociedade que 
devem ser assegurados: Dinâmico (representa a passagem da sociedade para formas mais 
complexas de existência, como a industrialização) e Estático (responsável pela preservação dos 
elementos permanentes de toda organização social). 
 
Organicismo. É outra escola que se desenvolveu no rastro das conquistas das ciências 
naturais. Todos os cientistas do organicismo partem do princípio de que existem caracteres 
universais presentes nos mais diversos organismos vivos. Procuravam assim criar uma 
identidade entre leis biológicas e leis sociais, hereditariedade e história. Entendem as análises 
das relações sociais humanas como integradas aos estudos universais das espécies vivas. 
Ignoram, portanto, a especificidade histórica e cultural do homem (“os organicistas 
procuravam características universais da espécie humana, deixando de lado suas 
particularidades”). 
 
Da Filosofia social à Sociologia. Todas essas escolas de pensamento partiram de uma atitude 
laica e pragmática em relação ao comportamento humano e já procuravam identificar os 
princípios que governam a vida social. Mas foi o Positivismo a corrente que primeiro 
sistematizou o pensamento sociológico. Isto é, foi o Positivismo o primeiro a definir 
precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação e, além disso, 
definir a especificidade do estudo científico da sociedade, distinguindo esse estudo das outras 
áreas do conhecimento. Seu principal representante foi Auguste Comte. 
Positivismo = “positivo” (certo, seguro, definitivo). Crença no poder dominante e absoluto da 
razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis. O positivismo se 
inspirava no método de investigação das ciências da natureza e procurava identificar na vida 
social os mesmos princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. Logo, o 
primeiro princípio teórico do positivismo era a tentativa de constituir seu objeto, pautar seus 
métodos e elaborar seus conceitos à luz das ciências naturais, procurando dessa maneira 
chegar à mesma objetividade e ao mesmo êxito nas formas de controle sobre os fenômenos 
estudados. 
 
A Sociologia de Durkheim.A Sociologia de Durkheim.A Sociologia de Durkheim.A Sociologia de Durkheim. 
 
Embora Auguste Comte seja considerado o pai da Sociologia, Durkheim é apontado como um 
de seus primeiros grandes teóricos. Era positivista e, por essa razão, queria definir com rigor a 
sociologia como ciência, rompendo com as idéias de senso comum. Definiu o objeto da sociologia 
como sendo os fatos sociais. 
 
O fato social é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente e preexistente. 
 
O fato social possui três características: 
 
1) Coerção social: É a força com que os atos exercem sobre os indivíduos, levando-os a 
conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e 
escolha. A coerção social se manifesta através das sanções legais e das sanções espontâneas. 
As sanções legais são as sanções prescritas pela sociedade sob a forma de leis. (Ex: Multas de 
trânsito). As sanções espontâneas são as sanções que afloram como resposta a uma conduta 
considerada inadequada por um grupo ou pela sociedade. (Ex: Olhares de reprovação). 
A educação, formal e informal, desempenha uma importante tarefa nessa conformação dos 
indivíduos à sociedade em que vivem. Após algum tempo, as regras são internalizadas nos 
membros do grupo e transformadas em hábitos. 
2) Exterioridade. O fato social existe e atua sobre os indivíduos independentemente de sua 
vontade ou de sua adesão consciente, sendo, assim, “exteriores aos indivíduos”. 
 
3) Generalidade. O fato social é geral, isto é, se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, 
na maioria deles. A natureza do fato social é coletiva. 
 
Durkheim definiu o métodode conhecimento da sociologia. Para ele, como para todos os 
positivistas, a explicação científica exige que o pesquisador estabeleça e mantenha certa 
distância e neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. É preciso manter a objetividade 
da análise. Assim, o sociólogo, para que não distorça a realidade dos fatos, deve deixar de lado 
suas “prenoções” (sentimentos pessoais em relação àquilo que está sendo estudado). 
Levando às últimas conseqüências essa proposta de distanciamento entre o cientista e seu 
objeto de estudo, o que já era assumido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o 
sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, ou seja, como objetos que lhe são exteriores. 
Durkheim propõe o exercício da dúvida metódica, isto é, o constante questionamento a ser 
realizado pelo cientista sobre a objetividade dos fatos estudados, procurando anular sempre a 
influência de suas prenoções. 
 
Suicídio. Durkheim estudou profundamente o suicídio, utilizando nesse trabalho toda a 
metodologia defendida por ele. Para ele, o suicídio é um fato social por sua presença universal 
em toda e qualquer sociedade e por suas características exteriores e mensuráveis, 
completamente independentes das razões que levam cada suicida a acabar com a própria vida. 
O suicídio dependeria das leis sociais e não da vontade individual do suicida. A prova disso 
estava na regularidade com que variavam as taxas de suicídio de acordo com as alternâncias 
das condições históricas. 
 
Sociedade: um organismo em adaptação. A sociedade, como todo organismo, apresenta estados 
que podem ser considerados normais ou patológicos (saudáveis ou doentios). O fato social é 
normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma 
função importante para sua a adaptação ou para a evolução desta sociedade. O fato social se 
encontra generalizado pela sociedade quando representa o consenso social, isto é, quando 
representa a vontade coletiva a respeito de determinada questão. Sobre o fato desempenhar 
alguma importante função social, temos como exemplo o crime: Punindo o criminoso, os 
membros de uma coletividade reforçam seus princípios, renovando-os. O fato social é 
patológico quando, ao contrário, se encontrar fora dos limites permitido pela ordem social e 
pela moral vigente. 
 
Consciência coletiva. Para Durkheim, os fatos sociais tem existência própria e independem 
daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam uma consicencia 
individual (seu modo próprio de pensar e agir), pode-se notar, no interior da sociedade, formas 
padronizadas de pensamento e conduta. Existe, portanto, uma consciência coletiva. 
 
Classificação das espécies sociais. Durkheim, com base em apurada observação experimental, 
comparou as diversas sociedades, classificando-as das mais simples às mais complexas. 
Estabeleceu ainda a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como 
o motor de transformação de toda e qualquer sociedade. 
Solidariedade mecânica é a solidariedade que predominava nas sociedades pré-capitalistas. 
São pequenas sociedades, nas quais os indivíduos se identificam em muitos aspectos: família, 
religião, tradição e costumes. É essa correspondência de valores que garante a coesão social. 
Aqui a consciência coletiva exerce todo o seu poder de coerção sobre os indivíduos. 
De modo distinto, a solidariedade orgânica é a solidariedade típica das sociedades capitalistas, 
ditas mais “modernas” ou “complexas. Nestas, há maior diferenciação individual e social. Além 
de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são 
bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. A consciência coletiva 
se afrouxa. A coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na 
tradição ou nos costumes compartilhados, mas nas normas jurídicas e também na união social 
que surge na medida em que a acelerada divisão do trabalho social tornou os indivíduos 
interdependentes. 
 
Durkheim e a sociologia científica. Durkheim se distingue dos demais positivistas pela sua 
rigorosa postura empírica, centrada na verificação dos fatos que poderiam ser observados, 
mensurados e relacionados por meio de dados coletados diretamente pelo cientista. 
 
SoSoSoSociologia alemã: A contribuição de Max Weber.ciologia alemã: A contribuição de Max Weber.ciologia alemã: A contribuição de Max Weber.ciologia alemã: A contribuição de Max Weber. 
 
O pensamento alemão distingue-se do francês e do inglês pela preocupação com o estudo da 
diferença, característica de sua formação política e de se desenvolvimento econômico. Na 
França e na Inglaterra o pensamento se voltou para a universalidade. 
 
Assim, há um contraste entre o positivismo e o idealismo. 
 
Como visto, para o positivismo, a história é um processo universal de evolução da humanidade, 
cujos estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar 
sociedades humanas de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade 
desaparece, diluída nessa lei geral que os pensadores positivistas tentaram reconstruir. 
Durkheim, por exemplo, alerta para que não se confunda uma espécie social com as fases 
histórias pelas quais ela passou, explicitando que uma espécie deve definir-se por caracteres 
mais constantes. 
 
O idealismo se opõe a esta concepção. Para Max Weber, a pesquisa histórica é essencial para a 
compreensão das sociedades. O caráter particular e específico de cada formação social deve ser 
respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a busca de evidências (coleta de 
documentos e esforço interpretativo das fontes), torna-se um poderoso instrumento para o 
cientista social. Weber consegue combinar duas perspectivas: a histórica, que respeita as 
particularidades de cada sociedade, e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de 
cada fase do processo histórico. 
 
Weber inaugura uma corrente “compreensiva-hermenêutica”. Isso porque Weber propunha 
para suas análises o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de 
sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas. 
 
Ação social. O objeto da investigação de Weber é a ação social. A ação social é a conduta 
humana dotada de sentido, isto é, a conduta humana dotada de uma justificativa 
subjetivamente elaborada, ou ainda, é a conduta humana dotada de motivação. Assim, o 
homem passou a ter, como indivíduo, significado e especificidade. É o agente social que dá 
sentido a sua ação: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e 
seus efeitos. 
 
Assim, vejamos a diferença da teoria weberiana em relação ao positivismo: 
 
Para o positivismo, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles (Lembre-se 
do que diz Durkheim sobre o fato social: “O fato social exerce uma coerção sobre os indivíduos, 
levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua 
vontade e escolha”). A idéia é de que o indivíduo age sem qualquer motivação. 
 
Para Weber, ao contrário, não há oposição entre indivíduo e sociedade. As normas sociais só se 
tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada 
sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela 
emotividade. 
 
A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na 
realidade social que lhe interesse estudar. 
 
O caráter social da ação individual decorre da interdependência dos indivíduos. Um ator age 
sempre em função da sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores. 
Pela freqüência com que certas ações sociais se manifestam, o cientista pode conceber as 
tendências que levam os indivíduos, em determinada sociedade, a agir de determinadomodo. 
 
Ação social x relação social. Quando o motivo da ação é compartilhado, temos uma relação 
social. (Ex: Numa sala de aula, todos querem aprender. O objetivo da ação dos vários sujeitos é 
compartilhado. Logo, há relação social). Se o motivo da ação não é compartilhado, há somente 
uma ação social. (Ex: Se peço informação a alguém na rua, sou movido pela necessidade de 
chegar a algum lugar. Essa motivação não é compartilhada entre eu e aquele que me dá a 
informação). 
 
A tarefa do cientista. O cientista, como todo indivíduo em ação, também é guiado por seus 
motivos, sendo impossível descartar-se de suas prenoções, como propunha Durkheim. Existe 
sempre certa parcialidade na análise sociológica. Os fatos sociais não são coisas, mas 
acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura desvendar. Entretanto, uma vez 
iniciado o estudo, o cientista deve se conduzir pela busca da maior objetividade na análise dos 
acontecimentos. A realização da tarefa científica não deveria ser dificultada pela defesa das 
crenças pessoais do cientista. 
O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade 
pura dos fatos. 
 
O tipo ideal. Para atingir a explicação dos fatos sociais, Weber propôs um instrumento de 
análise que chamou de “tipo ideal”. Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos 
casos particulares analisados. O cientista constrói um modelo acentuando aquilo que lhe 
pareça característico. Ex.: Tipo do grande proprietário de terra romano (homem que vive na 
cidade, pratica a política e quer, antes de tudo, perceber rendas em dinheiro). 
 
A Ética Protestante e o espírito do capitalismo. É um dos trabalhos mais conhecidos e 
importantes de Weber, no qual ele relaciona o papel do protestantismo na formação do 
comportamento típico do capitalismo ocidental moderno. O protestantismo possui como valores 
a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho. 
É essa a mentalidade propícia ao capitalismo, em flagrante oposição ao alheamento e à atitude 
contemplativa do catolicismo, o qual era voltado para a oração, para o sacrifício e para a 
renúncia da vida prática. 
 
Análise histórica e método compreensivo. Weber mostrou em seus estudos a fecundidade da 
análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais. Desenvolveu 
suas análises de forma mais independente das ciências naturais. Foi capaz de compreender a 
especificidade das ciências humanas como aqueles que estudam o homem como um ser 
diferente dos demais e, portanto, sujeito de leis de ação e comportamento próprios. 
 
Ética da Convicção x Ética da Responsabilidade. A ética da convicção é a ética dos indivíduos. 
Os indivíduos agem de certa maneira porque estão convictos que esta é a maneira correta de 
agirem. A ética da responsabilidade é a ética dos governantes. O Estado não pauta o seu agir 
em valores, mas em metas. Assim, o Estado age de determinada maneira porque assim 
tornará possível o alcance de certas finalidades. 
 
Estado. Para Weber, o Estado é quem detém o uso legítimo da força. 
 
 
 
Karl Marx e a história da exploração do homemKarl Marx e a história da exploração do homemKarl Marx e a história da exploração do homemKarl Marx e a história da exploração do homem 
 
Simultaneamente às elaborações dos fundadores da Sociologia, porém iluminando outras 
questões propostas pela realidade social, desenvolveu-se o pensamento de Karl Marx, expresso 
pela teoria do materialismo histórico, originando a corrente de pensamento mais 
revolucionária tanto do ponto de vista teórico como da prática social. 
 
Marx foi especialmente sensível às dificuldades que a Europa enfrentava numa época de pleno 
e contraditório desenvolvimento do capitalismo: ao mesmo tempo em que crescia, tornava mais 
agudos os seus conflitos e dissensões. As contradições básicas da sociedade capitalista e as 
possibilidades de superação apontadas pela sua obra não puderam, pois, permanecer 
ignoradas pela Sociologia. 
 
Marx, influenciado pelo pensamento hegeliano, percebia a história como um processo coeso 
que envolvia diversas instâncias da sociedade – da religião à economia – e cuja dinâmica se 
dava por oposições entre forças antagônicas – tese e antítese. Desse embate emergia a síntese 
que fechava o processo dialético. 
 
Marx teve significativo contato com o pensamento socialista francês e inglês do século XIX e 
admirava o pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa e suas propostas de 
transformação social. Contudo, denominava-os de “utópicos” por nenhum deles ter considerado 
seriamente a necessidade de luta política entre as classes sociais e o papel revolucionário do 
proletariado na implantação de uma nova ordem social. O socialismo de Marx, ao contrário, 
era denominado de “científico”. 
 
Há ainda na obra de Marx toda a leitura crítica do pensamento clássico dos economistas 
ingleses como Adam Smith e David Ricardo. Essa trajetória é marcada pelo desenvolvimento 
de conceitos importantes como alienação, classes sociais, valor, mercadoria, trabalho, mais-
valia e modo de produção. 
 
Finalmente, é preciso fazer referência ao seu grande interlocutor Friedrich Engels. 
 
Analisemos os principais conceitos do socialismo científico: 
 
1) Alienação: Alienação significa privação, falta ou exclusão. 
 
No campo econômico, a indústria, a propriedade privada e o assalariamento alienavam o 
operário dos meios de produção (matéria prima, ferramentas, máquinas e terra) e do fruto de 
seu trabalho, os quais eram apropriados pelo empresário capitalista. 
 
Politicamente, também o homem se tornou alienado. Na sociedade de classes, o Estado 
representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta. 
 
O pensamento filosófico também se tornou atividade exclusiva de um grupo determinado. 
Alienado, o homem só pode recuperar a integridade de sua condição humana pela crítica 
radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na 
vida social. Essa crítica radical, contudo, só se efetiva na práxis, que é a ação política 
consciente e transformadora. 
 
2) Classes sociais: Da divisão dos homens em proprietários e não-proprietários dos meios de 
produção se originam as classes sociais: os “proletários” e os “capitalistas”. 
 
Os proletários são os trabalhadores despossuídos dos meios de produção e que vendem sua 
força de trabalho em troca de salário. Os “capitalistas” são aqueles que, possuindo meios de 
produção sob a forma legal da propriedade privada, apropriam-se do produto do trabalho de 
seus operários em troca dos salários do qual eles dependem para sobreviver. 
 
As classes sociais formadas pelo capitalismo estabelecem instransponíveis desigualdades entre 
os homens. Uma enorme quantidade de riquezas se concentra nas mãos de uns poucos 
indivíduos que têm o objetivo e as possibilidades de acumular bens e obter lucros cada vez 
maiores. 
 
 As relações estabelecidas entre as classes são relações de oposição em razão de interesses 
inconciliáveis (proletário quer menor jornada de trabalho, maiores salários e participação nos 
lucros da venda do que produziu ao mesmo tempo em que o capitalista quer maior jornada de 
trabalho, menores salários e direito à propriedade do que foi produzido). 
Apesar das oposições, as classes sociais são complementares e interdependentes, pois uma só 
existe em função da outra. 
 
Para Marx, a história humana é a história da luta de classes. 
 
3) Força de trabalho: É o que o proletário, nada por nada mais possuir, oferece ao capitalista 
em troca de salário. No capitalismo, a força de trabalho se torna uma “mercadoria”. 
 
4) Salário: O salário é o valor da força de trabalho. 
 
5) Valor: A força de trabalho é uma mercadoria, mas não se trata de uma mercadoria 
qualquer. É a única mercadoriacapaz de “criar valor”. Assim, o valor de um bem depende da 
força de trabalho empregada na sua produção. 
 
6) Lucro: É o ganho superior ao investimento. O capitalista produz para obter lucro, isto é, 
quer ganhar com seus produtos mais do que investiu. 
 
7) Mais-valia: É o valor excedente produzido pelo operário, o qual não retorna ao operário na 
forma de salário, mas incorpora-se ao produto e é apropriado pelo capitalista. 
 
8) Infra-estrutura: Setor da sociedade organizado para a produção material. 
 
9) Superestrutura: Setor destinado à produção ideológica e simbólica dessa sociedade. 
 
As relações políticas. Após a análise do modo de produção capitalista, Marx estudou as formas 
políticas produzidas no seu interior. Para Marx, as condições específicas de trabalho geradas 
pela industrialização tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o 
conjunto da classe trabalhadora, e, consequentemente, tendem a impulsionar a sua 
organização para a ação política. 
 
Materialismo histórico. Marx entende que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a 
forma como os homens se organizam para a produção de bens. 
A produção de bens engloba as forças produtivas (são as condições materiais de toda produção: 
matérias-primas, instrumentos, técnica e trabalhadores) e as relações de produção (são as 
formas pelas quais os homens executam a atividade produtiva: trabalho assalariado, servidão, 
escravidão, etc.). 
 
A historicidade e a totalidade/Amplitude da contribuição de Marx. Marx concebia a realidade 
social como uma concretude histórica, isto é, como um conjunto de relações de produção que 
caracteriza cada sociedade num tempo e espaço determinados. Por outro lado, cada sociedade 
representava para Marx uma totalidade, isto é, um conjunto único e integrado das diversas 
formas de organização humana nas suas mais diversas instâncias – família, poder, religião. 
Apesar de considerar as sociedades como totalidades e como situações históricas concretas, 
Marx conseguiu, pela profundidade de suas análises, extrair conclusões de caráter geral e 
aplicáveis a formas sociais diferentes. Daí a razão para a contribuição de Marx ter sido tão 
ampla. 
 
A sociologia, o socialismo e o marxismo. É importante não confundir estes conceitos. 
 
Capitulo IVCapitulo IVCapitulo IVCapitulo IV –––– Sociologia Contemporânea.Sociologia Contemporânea.Sociologia Contemporânea.Sociologia Contemporânea. 
 
Sociologia e a expansão do capitalismo.Sociologia e a expansão do capitalismo.Sociologia e a expansão do capitalismo.Sociologia e a expansão do capitalismo. 
Nesse ponto, o texto inicia o estudo de uma área da sociologia que mereceu especial atenção no 
século XX e a que se deu o nome de Sociologia do Desenvolvimento. Trata-se de teorias que se 
dedicaram ao estudo de problemas surgidos com o desenvolvimento sem precedentes do 
capitalismo industrial e de sua internacionalização. 
No entanto, antes de expor essas teorias da Sociologia do Desenvolvimento, o texto explica a 
história da expansão do capitalismo industrial. Entendida a expansão do capitalismo 
industrial e os problemas que ela gerou, aí sim passaremos às teorias da Sociologia do 
Desenvolvimento. 
 
Contexto: Após a 1ª Guerra Mundial, surgiram novas potências industriais (destaque para 
EUA e URSS), os ideais de livre concorrência deram lugar ao capitalismo monopolista com a 
participação do Estado como patrocinador das economias nacionais e novas nações foram 
consolidadas na Ásia e na África. A capitalização de recursos, o aumento do consumo e a 
necessidade de barateamento dos custos com matéria-prima e força de trabalho pressionaram 
as potências industriais a expandirem sua estrutura econômica para além das fronteiras 
nacionais. 
 
Para tanto, as novas nações tiveram de adotar o modelo de sociedade ditado pela Europa, 
organizando um aparato de Estado capaz de implementar políticas econômicas voltadas para o 
desenvolvimento do capitalismo industrial. 
 
Assim, não se tratava mais de uma simples exploração econômica, como a garantida pelo pacto 
colonial (não se tratava apenas da livre exploração de recursos naturais por parte das 
metrópoles). Foi preciso criar condições que permitissem o ingresso das novas nações no 
contexto das relações econômicas internacionais. 
 
A modernização, a criação de uma burocracia estatal, a incipiente industrialização e o 
aparecimento de outras classes sociais dotaram as novas nações de uma estrutura semelhante 
à dos países industrializados. 
 
As nações do mundo todo passaram a ser classificadas de acordo com índices econômicos que 
as diferenciavam como “avançadas” ou “atrasadas”, sendo essa diferenciação de mero grau e 
não de qualidade (Ou seja, todas as nações do mundo passaram a possuir o mesmo formato 
capitalista industrial, mas cada nação se encontra num estágio de “desenvolvimento” menor 
ou maior). 
 
Voltando na história: Em sua origem, o capitalismo promoveu a subordinação do campo à 
cidade, isto é, da subordinação da produção agrária aos interesses da indústria: 
Isso porque o capitalismo estabeleceu, de um lado, proprietários dos meios de produção, 
compradores da força de trabalho e, de outro, trabalhadores, vendedores da própria força de 
trabalho. Com isso teve fim a “indústria doméstica”, sistema pelo qual um comerciante 
entregava a um artesão matéria prima para que ele a transformasse em produto. Não há mais 
esses pequenos produtores. A atividade manufatureira fica exclusivamente por conta das 
indústrias de propriedade dos capitalistas. 
A manufatura era cada vez mais lucrativa para o capitalista e a agricultura, ao contrário, 
proporcionava cada vez menos riquezas para o agricultor. 
 
Com a expansão mercantilista dos séculos XVI e XVII, essa mesma relação de exploração se 
repetiu entre metrópoles, manufatureiras, e colônias, agrícolas e exportadoras. 
 
Contra esse desequilíbrio houve movimentos revolucionários, como as revoltar camponesas do 
século XVIII. 
 
Com os movimentos de independência das colônias no século XIX, a economia dos países 
latino-americanos independentes continuou organizada segundo o modelo agrário-exportador e 
abastecendo a indústria européia com cada vez mais intensidade diante de aprimoramentos 
técnicos de transporte e de conservação das matérias-primas. Isso até fez com que outras 
zonas que eram destinadas à produção agrícolas se tornassem industriais já que a Europa já 
estava “bem servida”. 
Tornava-se cada vez maior a distância que separava as nações capitalistas “centrais” das 
nações agrícolas. 
 
No século XX, porém, há uma crise de superprodução e, além dela, as Guerras Mundiais, o que 
afetou a capacidade produtiva das “nações centrais”. Nos países periféricos, portanto, iniciou-
se a formação de uma indústria local de bens de consumo, a partir dos recursos acumulados 
com a exportação agrária (Ex: Industrialização de SP com o capital da exportação do café). 
Na medida em que as economias centrais se recuperavam, surgiam as empresas 
multinacionais, as quais abriram filiais em países de “Terceiro Mundo”. Assim foi chamado o 
conjunto de países que, como ex-colônias européias, buscava garantir seu espaço no mercado 
internacional. 
O Planeta passa a ser dividido em: Primeiro Mundo (nações de economia capitalista 
desenvolvida), Segundo Mundo (nações de economia socialista industrializada) e Terceiro 
Mundo (economias periféricas). 
 
As filiais foram beneficiadas com redução nos custos de produção (terra barata, baixos salários 
para a mão de obra e incentivos do governo). 
Nas nações subdesenvolvidas, por sua vez, o Estado foi fortalecido (foi ele o responsável por 
toda a modernização que tornou viável a implantação das multinacionais) e houve um 
incentivo às indústrias nacionais de artefatos subsidiários à produção de grande porte 
dominada pelas multinacionais. (Ex: A instalaçãode indústrias automobilísticas 
multinacionais foi um incentivo para as indústrias nacionais de autopeças). 
 
Atualmente, a globalização da economia capitalista industrial reforça as desigualdades 
estruturais entre países “desenvolvidos” e “subdesenvolvidos”. A abertura de mercado imposta 
pelo modelo econômico neoliberal tem criado grandes dificuldades para a indústria dos países 
subdesenvolvidos que não tem condições de competir com produtos mais baratos de melhor 
qualidade. Após “metrópoles e colônias” e “países industriais e colônias”, estamos diante de 
uma nova situação de dependência protagonizada por “países desenvolvidos e 
subdesenvolvidos”. 
 
Novos rumos da Sociologia: Hoje, ao contrário do que propunham as primeiras análises 
sociologias das diversidades culturais, as nações não podem mais ser divididas em “civilizadas” 
e “primitivas”. Diante da instalação do capitalismo industrial no mundo todo, o pensamento 
sociológico criou não só novas perspectivas para a análise das relações intersocietárias como 
também outros conceitos para identificar os processos que ocorrem nas diversas nações. 
 
A industrialização e o desenvolvimento passam a constituir o objeto central do estudo dos 
sociólogos, quer nas nações desenvolvidas quer naquelas em desenvolvimento. 
A emigração de intelectuais perseguidos pelos diversos regimes ditatoriais europeus desloca o 
eixo da produção científica e estimula o desenvolvimento das universidades no Novo 
Continente. 
 
Passou a predominar nas ciências sociais o interesse por temas como integração social, 
controle de violência, movimentos sociais, planificação e administração urbanas e 
planejamento empresarial. 
 
A sociologia norte-americana abandona modelos mais abrangentes e as análises mais 
universais para se dedicar a “teorias de médio alcance”. Também na Europa os modelos 
teóricos universais, como aqueles desenvolvidos por autores clássicos como Durkheim, Weber e 
Marx, deram lugar a teorias que se voltavam para determinados recortes da realidade social a 
partir de uma releitura das teorias clássicas. 
 
Passemos, então, ao estudo das teorias do desenvolvimento. 
 
As teorias do desenvolvimento: do evolucionismo à hermenêutica.As teorias do desenvolvimento: do evolucionismo à hermenêutica.As teorias do desenvolvimento: do evolucionismo à hermenêutica.As teorias do desenvolvimento: do evolucionismo à hermenêutica. 
 
Evolucionismo ou desenvolvimentismo: Surgiu, na sociologia, um novo tipo de evolucionismo, 
também chamado de desenvolvimentismo. De acordo com ele, as diferenças entre as 
sociedades não são de natureza, mas de graus de desenvolvimento. As comparações 
desenvolvimentistas tinham por objetivo incentivar os comportamentos direcionados ao 
desenvolvimento capitalista. Tentava encontrar nas novas nações as instituições básicas 
capazes de garantir a continuidade e a reprodução das relações capitalistas. As nações que se 
firmavam como centros de dominação política e econômica passaram a constituir modelos ou 
estágios superiores aos quais deveria chegar todo e qualquer povo. Para o evolucionismo, o 
desenvolvimento do capitalismo é uma meta histórica. Assim, as sociedades seriam 
classificadas em “desenvolvidas”, “semidesenvolvidas” ou “pré-capitalistas”. Essa classificação, 
na verdade, subsiste ainda hoje. 
 
Um exemplo de teoria desenvolvimentista foi aquela elaborada por William Rostow, segundo a 
qual é possível identificar etapas de desenvolvimento que caracterizam 05 tipos de sociedade: 
sociedade tradicional, sociedade em processo de transição, sociedade em início de 
desenvolvimento, sociedade em maturação e sociedade de produção em massa. Essa teoria é 
bastante criticável na medida em que despreza todas as particularidades das nações, as quais 
podem facilmente fazer com que a sociedade não atravesse as mesmas etapas em um único 
processo. (Ex: Índia. Passou de exportadora de seda a importadora de tecidos ingleses, isto é, 
de produtora a consumidora, revertendo o percurso proposto por Rostow). 
 
O desenvolvimentismo identifica entraves ao desenvolvimento. Os entraves ao 
desenvolvimento são dificuldades enfrentadas por algumas sociedades em razão de 
determinadas características que possuem. Aqui vemos a difusão de preconceitos. (Ex: Atribui-
se o nosso pouco desenvolvimento à composição da população e, em especial, às características 
étnicas e culturais dos povos nativos). 
 
Com o desenvolvimento, a sociologia parece ter dado um grande passo pra trás. 
 
Teorias dualistas: As teorias dualistas identificam em certos continentes, países ou regiões 
uma formação peculiar na qual coexistem duas estruturas distintas. Uma, “desenvolvida”, que 
apresenta crescimento industrial, expansão urbana, sistema de comunicações amplo e 
diversificado, alta produtividade e avanço tecnológico. Outra, “atrasada”, na qual encontramos 
cidades com pequena área e população reduzida, produção eminentemente agrária, níveis de 
renda baixos, produtividade insuficiente e dispersão demográfica. 
Assim, o dualismo pode se manifestar entre regiões de um mesmo país (região sudeste x região 
nordeste do Brasil), dentro duma mesma área territorial (pesca individual e itinerante x 
complexo industrial em Salvador), entre setores da economia (agricultura altamente 
mecanizada voltada para a exportação x incipiente produção manufatureira) ou ainda quando 
parte de uma mesma população se dedica ao trabalho assalariado e a outra ao trabalho 
autônomo de subsistência. 
 
Elias Gannagé, pesquisador dualista, considera subdesenvolvido, portanto, o país 
“caracterizado pela coexistência de dois sistemas econômicos e sociais, totalmente diferentes, 
cuja interação dos elementos estruturais é o comportamento normal”. 
 
Para os desenvolvimentistas, os entraves ao desenvolvimento são: a condução de políticas 
administrativas e econômicas, o comportamento das camadas dirigentes, a falta de estímulo 
para o progresso e a má orientação do governo. 
 
A estrutura não desenvolvida é considerada “atrasada”, “periférica”, “marginal” e 
“tradicionalista”. 
 
Periferia. O conceito de periferia diz respeito ao que, em uma sociedade, é secundário, 
irrelevante e até anormal em relação ao que é central, importante, desenvolvido. É um 
conceito usado apenas para regiões e setores “atrasados” no interior de uma sociedade ou 
nação “subdesenvolvida”. Muitos cientistas sociais, entretanto, empregam a expressão “países 
periféricos” para se referir às nações do dito Terceiro Mundo. 
 
Marginalidade. O conceito de marginalidade não se refere a partes da sociedade em estágio 
pré-capitalista de produção nem a uma fase de transição para o capitalismo, mas a setores 
constitutivos da sociedade que demonstram tradicionalismo em suas relações econômicas, 
políticas e sociais como resultado das relações internacionais em que a industrialização dos 
países “subdesenvolvidos” ocorre. 
 
Evolucionismo/desenvolvimentismo vs dualismo: 
Diferença: Os evolucionistas analisam as sociedades como estágios diferentes de crescimento 
dentro de um processo contínuo rumo ao desenvolvimento capitalista industrial. Os dualistas, 
por sua vez, pensam essas sociedades como estruturas em transição, isto é, fases de um 
processo pelo qual os desenvolvidos vão, pouco a pouco, influenciando os atrasados, 
incorporando-os gradativamente ao desenvolvimento. 
Semelhança: Em ambas as teorias o desenvolvimento capitalista é o alvo a ser alcançado. 
 
Críticas ao dualismo: Para a autora, a coexistência entre “tradicional” e “moderno” (entre 
subdesenvolvido e desenvolvido) se explica pelas relações de dependência que essas sociedades 
mantêm com o capitalismo internacional. O subdesenvolvido nada mais é do que o setor que, 
em vista dos objetivos e dos contratos assumidos, é excluído dos planos de desenvolvimento. E, 
mantendo-se fora dos planos de expansão econômica, sobreviveapelando às formas 
tradicionais de vida, recriadas para que a sociedade como um todo não entre em colapso ou 
falência. 
 
Em suma, as desigualdades tendem a se reproduzir e a se ampliar, e nunca a alcançar um 
equilíbrio. O desenvolvimento de um país ou de uma região resulta sempre do 
subdesenvolvimento de outro. 
 
Essa compreensão já aparece na teoria institucionalista formulada por Douglas North. 
 
Outro importante autor é Antony Giddens. Giddens não vê na época contemporânea o 
progresso que por ventura a sociedade tenha atingido. Afirma também que cada sociedade em 
um dado momento de sua história reinventa seu passado que assim é atualizado. Para 
entender esse processo que vai do passado ao presente, Giddens acredita no poder da 
Hermenêutica. 
Teorias da globalizaçãoTeorias da globalizaçãoTeorias da globalizaçãoTeorias da globalização 
 
Octavio Ianni foi um dos sociólogos brasileiros que mais escreveu sobre a globalização. Para 
entender a globalização, ele divide o processo histórico capitalista em 3 momentos: 
1) Emergência do capitalismo na Europa: instauração do trabalho livre, mercantilização da 
produção e organização do mundo sob a forma de Estados Nacionais. Grande acumulação de 
capital. Burguesia como classe dominante. O capitalismo já é global em razão do colonialismo. 
(É a 1ª globalização – capitalismo colonial). 
2) Industrialização do capitalismo e processo mais efetivo de sua implantação no mundo 
através do Imperialismo. Importante papel da tecnologia. Comunismo como movimento de 
forte oposição. (É a 2ª globalização – capitalismo industrial) 
3) É o momento que se costuma chamar de “Globalização”. Pós 2ª Guerra mundial. Os modelos 
alternativos ao capitalismo, como o comunismo, entram em decadência. Enfraquecimento dos 
Estados Nacionais. Redução do poder do Estado na economia. Vêm as multinacionais. 
Formação de organismos internacionais para a administração econômica, social e política (Ex: 
ONU e FMI). Informática revoluciona a produção de bens e a divisão internacional do trabalho 
com o advento da comunicação em massa por meio das mídias digitais. Capitalismo em sua 
fase efetivamente “planetária”. (É a 3ª globalização). 
 
As ciências, inclusive a sociologia, acompanharam e explicaram esse processo. 
 
Pós-modernidade. Globalização tem sido sinônimo de outros processos característicos da 
história contemporânea, entre eles a Pós-modernidade. No campo das artes, o conceito de pós-
modernidade é a ruptura com tudo o que caracterizou a produção artística da modernidade. 
Em razão da flexibilidade e a ampliação de seu uso, o termo pós-modernidade foi associado à 
quebra de valores e de princípios inquestionáveis da modernidade, como o nacionalismo, a 
democracia, a igualdade entre os homens e a justiça. 
Habermas identifica a pós-modernidade como o período correspondente à superação do modelo 
de compreensão do mundo construído na Modernidade: crença no pensamento científico, o 
papel da moralidade na condução da vida humana e o universalismo de pensamento e das 
formas de organização da sociedade. 
Assim, a pós-modernidade não é sinônimo da globalização, mas a reação da cultura à crise de 
paradigmas que a globalização promoveu. 
 
Informática e automação. Problemas e vantagens. O desenvolvimento da informática, da 
automação e das telecomunicações foi fator decisivo na constituição da globalização. Isso 
porque revolucionou a maneira de se conceber os processos produtivos. Uma nova mercadoria 
se firma no mundo como sendo a principal fonte de valor que circula pelas redes de 
comunicação: a informação. Ocorreu a adoção crescente de sistemas automatizados em 
substituição à mão de obra humana. O resultado é a grande onda de desemprego, além da 
obsolescência de antigas tecnologias e de profissões tidas como desnecessárias. Aumenta a 
exclusão social e o empobrecimento das regiões periféricas. A informática cria uma sociedade 
de múltiplas redes. 
 
Desterritorialização. É o desenraizamento. A comunicação em rede faz com que a gente se 
sinta mais distanciados de nossos vizinhos e mais irmanados com pessoas que sequer 
conhecemos, mas que mantemos contato pela internet. A tecnologia tem transformado o 
ambiente das cidades, tornando-as muito semelhante umas às outras (não há sensação de 
“esse é o meu habitat”). Grandes populações foram transferidas de um local para outro, 
deixando suas tradições e passando a mescla-las às culturas receptoras (hibridismo). Há perda 
de importância do território nacional. 
 
Metropolização. A cidade adquire nova feição e nova função – é o entroncamento de fluxos de 
informação, comunicação, habitantes e mercadorias. As grandes metrópoles oferecem 
cosmopolitismo, anonimato, coletivismo e pluralidade. Funcionam como grandes centros 
propulsores da globalização. 
 
Disparidades e desigualdades. A globalização acentua as disparidades. Nota-se uma 
aceleração crescente no desenvolvimento dos centros hegemônicos e o aumento da distância 
que os separa dos centros de desempenho inferior. 
 
Pobreza e exclusãoPobreza e exclusãoPobreza e exclusãoPobreza e exclusão 
 
Atualmente as sociedades são mais complexas e plurais: formam-se os mais diferentes grupos 
em razão de etnia, nacionalidade, religião, profissão e classe social. 
 
As evidências históricas demonstram que a cultura humana sempre esteve intimamente 
ligada, desde os seus primórdios, à idéia da distinção entre grupos sociais. Isto é, sempre 
houve diferentes formas de discriminação e distribuição desigual dos bens. 
 
Hoje essa realidade continua. Ainda há pobreza e exclusão. No mundo contemporâneo, porém, 
essa realidade tornou-se pouco aceitável. A razão para essa nova postura diante de populações 
pobres e excluídas é que a sociedade moderna sedimentou a idéia de que todos fazemos parte 
de uma totalidade: a humanidade. Assim fica mais difícil justificar as diferenças sociais. Há 
uma forte contradição entre os valores que defendemos e a desigualdade social. Logo, a 
desigualdade assume o caráter de privilégio de alguns e de injustiça para com outros. 
 
Também é difícil aceitar a pobreza de certas parcelas da população quando há abundância de 
bens produzidos pela indústria que seriam capazes de suprir a necessidades de todos. Mas, há 
o contrário, há mecanismos e apropriação e monopólio, os quais resultam na concentração da 
renda. 
 
Agrava esse caráter contraditório o caráter consumista da sociedade. Ao lado da pobreza, há 
grande apelo para o consumo. 
 
Pobreza relativa. A pobreza deixa de ser uma característica abstrata. Pessoas, grupos sociais e 
países passam a ser considerados pobres não só em relação a si mesmos (às dificuldades em 
atingir seus objetivos, em satisfazer suas necessidades e em melhoras as suas condições de 
vida), como também em relação aos demais com os quais são constantemente comparados a 
partir de determinados critérios: índice de analfabetismo, dívida externa, renda per capita, 
PIB, etc. 
 
Estado de carência múltipla. Além da clássica carência de bens materiais e de recursos à 
sobrevivência, há outras três formas de carência: 
Psicológica: autodesvalorização das populações pobre em relação às ricas; 
Social: completa impossibilidade de parcelas da população de terem êxito social, de atingirem 
um mínimo de prestígio e de manterem relações sociais estruturadas e permanentes; 
Política: Incapacidade de certos grupos sociais terem qualquer participação efetiva na vida 
pública ou acesso aos mecanismos de interferência e ação política. 
 
Atualmente, há ainda outra forma de pobreza, a tecnológica, representada pela falta de 
“alfabetização digital”. 
 
A responsabilidade do sistema. Além das teorias políticas, estudos econômicos e sociais 
também reservaram suas análises à compreensão do problema da pobreza. Os prognósticos 
sempre foram pessimistas e possuíam alta carga de alerta edenúncia. A autora, no entanto, 
ressalta a importância da vontade política para a solução dessa questão, uma vez que vivemos 
numa sociedade de abundância e não de escassez. 
 
O peso do fator biológico. Não podemos procurar no perfil da população as justificativas para a 
sua condição subalterna. Esse pensamento possui nítido caráter preconceituoso. Além do mais, 
sabemos que o homem, como essencialmente cultural, apresenta as características que o 
próprio meio social lhe proporcionou desenvolver (a questão, portanto, não é “natural” ou 
“biológica”). 
 
A pobreza crescente e incômoda. Hoje a massa de pobres chega a dois terços da população do 
Terceiro Mundo. Isso incomoda por vários motivos: demonstra a ineficiência da administração 
do Estado, porque parece crescer a quantidade de pessoas excluídas do contingente de 
consumidores nacionais, porque se teme que essa população crescente se organize e aja 
politicamente contra o sistema, porque constitui um sintoma evidente do malogro de uma 
sociedade que se pressupõe orientada para o bem comum. 
 
Urbanização e criminalidade. 35% da população pobre dos centros urbanos é formada por 
migrantes. O setor agrário está expulsando esses trabalhadores e o grande problema é que 
essa mão de obra não está sendo integralmente aproveitada na indústria. Logo, há uma 
parcela da população que, sem emprego, passa a viver como pode. E daí crescem também os 
índices de criminalidades. 
 
O estigma da pobreza. A pobreza gera distanciamento social, alienação e discriminação dos 
pobres. 
 
Um exército de reserva? Marx criou o conceito de “exército industrial de reserva”: Segundo 
Marx, a população desempregada ou subdesempregada que vivia na pobreza junto aos grandes 
centros industriais representaria uma força de manobra na constante luta entre trabalho e 
capital. Esses trabalhadores poderiam ser “recrutados” pela indústria a qualquer momento em 
períodos de greve, por exemplo. Hoje esse conceito de exército de reserva deve ser reavaliado. 
O desemprego passa a ser estrutural, a tecnologia de vanguarda torna a população 
marginalizada inaproveitável e também porque há uma tendência de permanente diminuição 
da jornada de trabalho na indústria. 
 
NoNoNoNovos modelos de explicação sociológicavos modelos de explicação sociológicavos modelos de explicação sociológicavos modelos de explicação sociológica 
Nesse capítulo são apresentados modelos teóricos que tem renovado a Sociologia e oferecido 
explicações valiosas para a compreensão da realidade social. São proposta que surgiram na 
Europa e nos EUA e que, sem se preocuparem com o desenvolvimento de modelos teóricos de 
abrangência universal, criaram novos conceitos, reavaliaram as teorias clássicas e 
apresentaram novas propostas metodológicas. 
 
A Sociologia Contemporânea se tornou interdisciplinar, influenciada pelo desenvolvimento de 
disciplinas como a Psicologia, a Psicanálise e a Lingüística. Em razão isso, aproximou-se das 
demais ciências humanas, afastando-se das ciências naturais que lhe haviam servido de 
modelo no século XIX. Passou a predominar o comportamento analítico mais genuíno e próprio 
das ciências que estudam o homem. 
 
Procuram resolver a oposição entre indivíduo e sociedade que era perceptível nos modelos 
clássicos. Para Durkheim, por exemplo, a sociedade se constituía num objeto de pesquisa em 
tudo diferente dos indivíduos que a compõe. Os autores contemporâneos, ao contrário, vem 
nessa dicotomia um equívoco. 
 
Critica-se Marx por essa não percepção do indivíduo: Marx não tem o indivíduo como elemento 
central da sua teoria. Ele analisa as sociedades exclusivamente sob o ponto de vista das 
classes sociais. Porém a idéia de uma classe social homogênea e indivisível é uma construção 
abstrata, bem diferente da realidade objetiva. Sem perceber o indivíduo, a teoria de Marx 
permitiu o desenvolvimento de interpretação deterministas a respeito da consciência 
individual (isto é, a consciência individual sempre seria determinada pela ideologia 
dominante). 
 
Mesmo em Max Weber são visitas dificuldades em harmonizar a noção de indivíduo e a 
sociedade. 
 
Assim, Nobert Elias contesta essa dicotomia entre indivíduo e sujeito ao dizer que é necessário 
deixar calara a inadequação de ambas as concepções, a de indivíduos fora da sociedade e, 
igualmente, a de uma sociedade fora de indivíduos. 
 
Tais posições não significam o abandono dos modelos clássicos, mas a sua necessária 
atualização e reinterpretação para que os conceitos possam se tornar adequados ao estudo da 
sociedade. 
 
Privilegiar o indivíduo implica recortes metodológicos mais reduzidos, desenvolvimento de 
teorias de menor abrangência e maior profundidade, métodos de pesquisa mais 
interpretativos, históricos e qualitativos. 
 
Escola de Chicago 
Contexto: Os EUA, na passagem do século XIX para o século XX, receberam grande 
contingente de imigrantes. Esses imigrantes reuniam-se em grupos de intensa sociabilidade, 
mas nem sempre capazes de evitar comportamentos inadequados ou criminosos. Jovens 
desenraizados reuniam-se em gangues e alimentavam, muitas vezes, o crime organizado. 
Também a recente industrialização da América era fonte de conflitos sociais que geravam 
preconceito e perseguição que, não raro, adquiria contornos raciais e éticos. 
 
O conjunto desses conflitos era quase sempre “resolvido” com o emprego da força policial. Isso 
deixava a sociedade em permanente estado de tensão racial e sem mecanismos de ação social 
que minimizassem essas tensões. 
 
Foi neste contexto que surgiu a Escola de Chicago, cuja produção científica teve seu apogeu 
entre 1915 e 1940. Inúmeros pesquisadores voltaram-se para a sociologia na busca de soluções 
para estes conflitos. Dedicaram-se especialmente ao estudo da cidade. Disso resultou uma 
Sociologia ao mesmo tempo urbana e pragmática. 
Algumas “teorias”: 
1) Pragmatismo, de John Dewey. 
2) Georg Simmel procurou entender o “estado de espírito da cidade”, ou seja, “as motivações, 
as mobilidades e os ritmos de vida da cidade”. 
3) Interacionismo simbólico, de George Hebert Mead. Valorização do caráter simbólico e 
subjetivo da ação social. Abandona-se a visão sistêmica da sociologia clássica em favor de uma 
abordagem mais interpretativa, simbólica e subjetiva do comportamento humano. 
 
Toda a produção científica desses pensadores se valeu da pesquisa empírica (depoimentos, 
testemunho oral, correspondência, documentos, entrevistas, etc). 
 
Em 1935 outro grupo se destaca em Chicago. Este grupo possuía uma sociologia mais 
durkheimiana. Estudou os processos de adaptação dos imigrantes poloneses à cidade, mas 
utilizando-se do conceito de anomia. A anomia é o termo com o qual Durkeim desginava o 
estado nocivo da sociedade quando não há consenso (lembrar do fato social patológico!). 
Autores: Robert Merton e Talcott Parsons, seguidos por W. Thomas e F. Znaniacki. 
 
Outros autores se destacaram com o estudo do processo de assimilação e marginalidade e 
procurando fundamentar um ponto de vista otimista. Priorizando o empirismo, desenvolveram 
o princípio da conduta analítica, segundo a qual os processos são perceptíveis a um 
pesquisador que inquira a realidade como um investigador. 
 
As pesquisas resultavam em relatórios pormenorizados e propostas exeqüíveis de intervenção 
que propunham desde formas eficientes de controle e fiscalização até medidas socioeducativas 
que efetivamente eram colocadas em prática. 
 
A Escola de Chicago preocupou-se com a aplicação de métodos etnográficos à analise social e 
deu ênfase às pesquisas das minúcias da vida cotidiana e dos processos simbólicos. A 
sociologia que resulta desses procedimentos ficou conhecida por Microssociologia. 
 
Escola de Frankfurt 
Contexto: No início do século XX, a Europa passa por grandes convulsões políticas: 
Industrialização da Itália e Alemanha, 1º GuerraMundial, Revolução Russa e, após, a 
instalação do governo autoritário de Stalin. Na Alemanha, durante a República de Weimar, 
ocorreram grandes conflitos entre a classe operária e o governo (houve um confronto entre a 
Liga Espartaquista, de inspiração marxista, e o governo). 
 
Nesse clima revolucionário surge o Instituto para a Pesquisa Social, ligado a Universidade de 
Frankfurt, em 1924. Alguns dos principais estudiosos são: Max Horkheimer, Friedrick Pollock, 
Theodor Adorno, Hebert Marcuse, Walter Benjamim e Eric Fromm. 
 
A primeira gestão fica a cargo de Horkheimer. Nesse período é lançada a Revista para 
Pesquisa Social, na qual os autores elaboram uma releitura dos filósofos clássicos que recebeu 
o nome de “Teoria Crítica da Sociedade”. Trata-se de uma doutrina cética e cheia de 
pessimismo que procura estudar os insucessos do movimento operário na Alemanha. 
 
Nos primeiros anos o Instituto foi financiado por recursos doados por seus fundadores judeus. 
Assim, a ascensão do nazismo coloca em risco a continuidade dos trabalhos da Escola de 
Frankfurt. Durante o nazismo, portanto, os pesquisadores do Instituto passaram a trabalhar 
em anexos instalados fora da Alemanha (Londres, Paris, Zurique e Estados Unidos). Com o 
fim do nazismo, alguns professores voltam à Alemanha. 
 
De maneira geral, as teorias desenvolvidas pela Escola de Frankfurt procuram rever os 
princípios marxistas, incorporando conceitos importantes da Sociologia do Conhecimento e da 
psicanálise. Tinham por objeto de pesquisa a ação revolucionária e a análise da 
mercantilização das relações culturais e da produção cultural. 
Os estudiosos da Escola de Frankurt criticam duramente os meios de comunicação em massa 
(“mass media”). Isso porque atribuíam aos meios de comunicação em massa o sucesso da 
doutrina nazista na Alemanha. Com esse fim, Horkheimer e Adorno criam o conceito de 
“indústria cultural”: a produção tecnológica, lucrativa, planejada e em série de bens 
simbólicos. 
 
O último nome de relevo da Teoria Crítica é o de Jürgen Habermas, assistente de pesquisa na 
Escola de Frankurtde 1956 a 1959. Ele pertence a outra geração, que não passou pelo exílio 
nem compartilhou dos conflitos na Alemanha promovidos pelas lutas operárias e pela ascensão 
do nazismo. 
 
Suas preocupações estão centradas nas dimensões ideológicas do conhecimento e na 
identificação de seus múltiplos condicionamentos. Desenvolve a “teoria dos interesses 
cognitivos”, demonstrando a impossibilidade de neutralidade científica proposta por muitos 
sociólogos. Nesse trabalho Habermas já mostra o papel central da comunicação em sua 
pesquisa, elaborando o conceito de ação comunicativa – uma interação simbolicamente 
mediada. 
 
Habermas identifica dois tipos de razão na cultura humana: 
Razão instrumental: É a razão voltada para o domínio da natureza e a superação dos limites 
humanos. É característica da indústria e das ciências exatas; 
Razão comunicativa, voltada para a realização e a liberdade humanas. É característica das 
ciências hermenêuticas. 
A grande crítica que ele tece em relação à sociedade contemporânea é a prevalência da razão 
instrumental sobre a razão comunicativa. 
 
Sociologia Francesa. 
Contexto: O nazismo e a ocupação alemã na França abalam o estudo da sociologia. A produção 
é relativamente diminuta. Desenvolve-se uma sociologia monográfica voltada para a releitura 
do marxismo a para a crítica do positivismo. Mas há nomes de destaque. É o caso de Pierre 
Bourdieu. 
 
Pierre Bourdieu iniciou sua pesquisa pela análise da educação e do patrimônio cultural das 
famílias. Procurando rever as heranças clássicas e buscando conciliar a análise da realidade 
objetiva com a da subjetividade, Bourdieu se dedica ao “construtivismo estruturalista”. 
 
Construtivismo dizia respeito aos esquemas mentais de percepção, pensamento e ação que 
caracterizam o comportamento dos indivíduos e que ele chamou de “habitus”. Por outro lado, o 
conceito de estruturalismo implicava o reconhecimento da existência do que ele chamou de 
“campo”, isto é, o reconhecimento da existência de formações sistêmicas que agem sobre os 
agentes sem que os agentes tenham consciência ou possam neles intervir. 
 
Pierre Bourdieu partia primeiro do desvelamento das estruturas sociais (“campo”) para depois 
entender as formas de representação subjetiva (“habitus”). Nota-se, assim, na sua obra, o 
resurgimento das tradições durkheimianas em razão do estudo das estruturas sociais 
(“campo”), porém transformadas pela complexidade dos estudos da forma como as estruturas 
sociais se imprimem em nossa mente, interiorizando-as (“habitus”)

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