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casos concretos DIREITO CIVIL V

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DIREITO CIVIL V – CASOS CONCRETO AV1 – DO 1 AO 7
RESPOSTAS:
CASO 1
Tendo como análise o posicionamento e a decisão do STF e a repercussão da tese sobre a relação de socioafetividade e a multiparentalidade, podemos extrair que o STF trouxe o reconhecimento jurídico da afetividade o que contribui para a adequada significação jurídica da afetividade e dos seus consectários. Ademais, trouxe inclusão e amparo jurídico, nessas questões ainda muito debatidas, dada a complexidade, tão característica das relações humanas. 
Outro grande ponto tratado foi o vínculo socioafetivo e biológico em igual grau de hierarquia jurídica, tal equiparação prestigia o princípio da igualdade entre os filhos, previsto no art. 227, parágrafo 6º, CF, e reiterado no art. 1.596 do Código Civil e art. 20 do ECA, mostrando-se adequada e merecedora de elogios, considerando assim, o vínculo biológico mas também ampliando esse vínculo para incluir nesse rol a relação socioafetiva. 
Em face do primado da liberdade, é assegurado o direito de constituir uma relação conjugal, uma união estável hétero ou homossexual. Repercute no plano jurídico do direito de família produzindo efeitos no plano pessoal, social e patrimonial. 
Ademais, a responsabilidade dos pais em relação aos filhos é entendida da mesma forma que na paternidade consanguínea e também socioafetiva. 
Assim sendo, compreende-se a família na sua dimensão ampliada, sem haver prevalência da relação biológica frente aos vínculos de afeto, levando em consideração o princípio da intervenção mínima do estado nas relações familiares, a liberalidade de constituir o núcleo familiar e ainda assim a dignidade da pessoa humana como valor preponderante. 
DOUTRINA
Caio Mário da Silva Pereira aponta que o Direito Brasileiro na contemporaneidade tem demonstrado novos elementos que compõe as relações familiares, ultrapassando os limites fixados na Constituição Federal de 1988, mas incorporando seus princípios. O Jurista observa que a família socioafetiva está se consolidando em nossa doutrina e jurisprudência com base no reconhecimento da convivência familiar e comunitária como Direito Fundamental, da não discriminação de filhos, da corresponsabilidade dos pais quanto ao exercício do poder familiar e do núcleo monoparental como entidade familiar. 
Cumpre salientar que o afeto tem invadido a Ciência Jurídica, inclusive para se reconhecer outros atributos nas relações paterno-filial, transcendendo aos aspectos exclusivamente psicológicos e sociológicos. Assim como o “respeito e consideração mútuo” - art. 1.566, inciso V, do Código Civil – e “lealdade e respeito” - art. 1.724, do mesmo diploma legal – o afeto e tolerância estão sendo incorporados como valores jurídicos no âmbito das relações familiares. ( PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito: Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 39)
A filiação socioafetiva, segundo lição de Maria Berenice Dias, é a filiação que resulta na posse de estado de filho, constituindo modalidade de parentesco civil de “outra origem”, com fundamento no art. 1.593 do Código Civil, sendo esta origem o afeto. Nesse sentido, ensina a Jurista que:
“[…] A filiação socioafetiva corresponde à verdade aparente e decorre do direito à filiação. A necessidade de manter a estabilidade da família, que cumpre a sua função social, faz com que se atribua um papel secundário à verdade biológica. Revela a constância social da relação entre pais e filhos, caracterizando uma paternidade que existe não pelo simples fato biológico ou por força de presunção legal, mas em decorrência de uma convivência afetiva.” 
Na filiação socioafetiva, prevalece a verdade real, exteriorizada pela posse de estado, prova esta da existência do estado de filho afetivo. Para a configuração da posse de estado de filho, a doutrina aponta três aspectos para o seu reconhecimento: tractatus, evidenciado no tratamento do pai para com o filho, criado, educado, e apresentado como filho; a nominatio, presente no uso do nome de família pelo filho e; a reputatio, quando o filho é conhecido pela opinião pública como pertencente à família de seus pais. ( DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, p. 366).
Nas palavras de Nelson Sussumu Shikicima: "a multiparentalidade é um avanço do Direito de Família, tendo em vista que efetiva o princípio da dignidade da pessoa humana de todas as pessoas envolvidas, demonstrando que a afetividade é a principal razão do desenvolvimento psicológico, físico e emocional". (SHIKICIMA, Nelson Sussumu. Sucessão dos ascendentes na multiparentalidade - Uma lacuna a ser preenchida. Revista ESA. Formatos Familiares Contemporâneos. Inverno - 2014 - Ano V nº18. p. 73).
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO. PADRASTO E ENTEADA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ADOÇÃO COM A MANUTENÇÃO DO PAI BIOLÓGICO. MULTIPARENTALIDADE. Observada a hipótese da existência de dois vínculos paternos, caracterizada está a possibilidade de reconhecimento da multiparentalidade. DERAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70064909864, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 16/07/2015).
(TJ-RS - AC: 70064909864 RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Data de Julgamento: 16/07/2015, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 22/07/2015)
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ADOÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 45 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. NÃO OCORRÊNCIA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA DEMONSTRADA COM O ADOTANTE. MELHOR INTERESSE DO ADOTANDO. DESNECESSIDADE DO CONSENTIMENTO DO PAI BIOLÓGICO. 1. Cinge-se a controvérsia a definir a possibilidade de ser afastado o requisito do consentimento do pai biológico em caso de adoção de filho maior por adotante com quem já firmada a paternidade socioafetiva. 2. O ECA deve ser interpretado sob o prisma do melhor interesse do adotando, destinatário e maior interessado da proteção legal. 3. A realidade dos autos, insindicável nesta instância especial, explicita que o pai biológico está afastado do filho por mais de 12 (doze) anos, o que permitiu o estreitamento de laços com o pai socioafetivo, que o criou desde tenra idade. 4. O direito discutido envolve a defesa de interesse individual e disponível de pessoa maior e plenamente capaz, que não depende do consentimento dos pais ou do representante legal para exercer sua autonomia de vontade. 5. O ordenamento jurídico pátrio autoriza a adoção de maiores pela via judicial quando constituir efetivo benefício para o adotando (art. 1.625 do Código Civil). 6. Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afetivo), a adoção de pessoa maior não pode ser refutada sem justa causa pelo pai biológico, em especial quando existente manifestação livre de vontade de quem pretende adotar e de quem pode ser adotado. 7. Recurso especial não provido.
(STJ - REsp: 1444747 DF 2014/0067421-5, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 17/03/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/03/2015)
CASO 2
Não. Filiação é a relação de parentesco em primeiro e segundo grau e em linha reta e o direito a filiação foi positivado no art. 227 §6° da CF que consagra a igualdade jurídica entre os filhos adotivos, aos havidos fora do casamento e aos de “outra origem” (art. 1593 do Código Civil) - abrangendo aqui a filiação socioafetiva, a reprodução assistida heteróloga, entre outras - os mesmos direitos e deveres oriundos da filiação biológica. 
De acordo com o Código Civil de 2002 e em análise ao caso concreto, podemos verificar que a atitude de Camila não tem amparo em nossa legislação, haja vista que o direito a filiação é personalíssimo, é direito natural do ser humano e a reação de Camila em relação à Gabriel é discriminatória, contrária a legislação que define as relações de família pautada em igualdade e respeito mútuo entre as partes.
DOUTRINA
SILVIO DE SALVO VENOSA define o instituto afirmando que “o parentesco é o vínculo que une duas ou mais pessoas, em decorrência de umadelas descender da outra ou de ambas procederem de um genitor comum (2011, p. 215)”.
Já CLÓVIS BEVILÁQUA (apud GONÇALVES, 2011, p. 309) entende que o parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem do mesmo tronco ancestral.
Para PONTES DE MIRANDA (apud GONÇALVES, 2011, p. 309), parentesco seria a relação que vincula entre si pessoas que descendem uma das outras, ou de autor comum, que aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro, ou que se estabelece, por fictio iuris, entre o adotado e o adotante.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. SUCESSÃO. INVENTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL DOS ALUGUÉIS AUFERIDOS DE IMÓVEL DO ESPÓLIO. CONCORRÊNCIA DE IRMÃO BILATERAL COM IRMÃS UNILATERAIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.841 DO CÓDIGO CIVIL. 1. Controvérsia acerca do percentual da herança cabível em favor das irmãs unilaterais no inventário do "de cujus", que também deixou um irmão bilateral a quem indicara em testamento como herdeiro único. 2. Discussão judicial acerca da validade do testamento. 3. Possibilidade de o irmão bilateral levantar a parte incontroversa dos aluguéis do imóvel deixado pelo "de cujus". 4. Necessidade, porém, de depósito judicial da parcela controvertida. 5. Cálculo do valor a ser depositado em conformidade com o disposto no art. 1841 do Código Civil ("Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar"). 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
Acordão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do (a) Sr (a) Ministro (a) Relator (a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Sidnei Beneti.
(STJ - REsp: 1203182 MG 2010/0128448-2, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 19/09/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/09/2013)
CASO 3
Conforme disposição do Código Civil, a idade núbil é atingida aos 16 anos (art. 1517 CC) momento em que a pessoa pode se casar desde que haja consentimento dos pais ou de seus representantes legais, porém, caso haja recusa, é possível pedir o suprimento judicial para que haja esse consentimento, levando em consideração a recusa imotivada. 
Todavia é admitido no art. 1520 CC, o casamento entre menores de 16 anos em se tratando de gravidez ou no afastamento do cumprimento de pena. Esta última hipótese é considerada revogada por força da lei 11.106/2005 que suprimiu as excludentes de punibilidade dos incisos VII e VII do art. 107 do CP. 
Excepcionalmente a doutrina reconhece o matrimônio entre menores de 16 anos. Em outras circunstâncias, entretanto, é preciso que haja autorização judicial, consentimento dos pais, compreensão pelos menores dos deveres do casamento, bem como, a observância dos valores éticos e morais que circundam a família. 
Tal entendimento é evidenciado no enunciado do 329 do CJF da 4ª jornada de direito civil. Ante o exposto, trazem dois fundamentos para o caso concreto, admite-se o recurso e a apelação na forma do art. 1.009 e seguintes CPC. Não menos importante, é razoável mencionar o princípio do melhor interesse dos adolescentes. 
DOUTRINA
 		PORTALIS, citado por WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, afiança que ‘não seria político permitir a criaturas mal saídas da esterilidade da infância perpetuar em gerações imperfeitas a própria debilidade’. Aliás, a tendência no direito moderno manifesta-se no sentido de elevar a idade nupcial".
JOSÉ LAMARTINE CORRÊA DE OLIVEIRA é categórico em afirmar que "...qualquer solução legislativa que se proponha a equacionar esse conjunto de exigências de forma coerente com a visão ampla do ato matrimonial, como ato de vontade livre e pessoal dos noivos, deverá necessariamente equiparar a nubilidade à capacidade geral. É a solução das reformas italiana e alemã, que estabeleceram a idade de 18 anos como a idade da maioridade e da nubilidade, simultaneamente".
Posicionamentos coerentes e de peso. Entanto, outras visões nos chegam.
LECLERCQ afirma que "o catolicismo não admite que o casamento seja tratado como "uma operação estritamente fisiológica", pois o ato matrimonial não é meio de satisfazer os instintos e sim direito fundamental do indivíduo de procurar sua felicidade no casamento e na vida familiar".
Para FEDELE "os limites para contrair núpcias por razões eugênicas e de saúde são inconcebíveis por duas razões: a) porque a Igreja se preocupa com um bem supremo, que não tem igual: a salus animarum, que poderia ser comprometida por similar proibição para o perigo, ao qual seriam expostos todos os excluídos do matrimônio, de cair em pecado mortal; b) porque ao matrimônio, como sacramento, é juntada a comunicação da graça divina, e a Igreja não pode privar ninguém do direito de receber esta graça sacramental".
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA - CASAMENTO DE MULHER MENOR DE 16 ANOS - SUPRIMENTO JUDICIAL- DEFERIMENTO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. - Embora o Suprimento Judicial tenha ocorrido fora da hipótese excepcional do art. 1520 do CC (gravidez), verifico a ocorrência do fato consumado, tendo em vista a Certidão de Casamento datada de junho de 2011, mormente considerando que atualmente a noiva já conta com mais de 17 anos de idade e que, diante do consentimento expresso de seus pais já poderia se casar.
(TJ-MG - AC: 10051110004887001 MG, Relator: Hilda Teixeira da Costa, Data de Julgamento: 04/06/2013, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 14/06/2013)
SUPRIMENTO IDADE CASAMENTO Indeferimento - Autora com 15 anos de idade por ocasião do ajuizamento da ação e do sentenciamento Ausência de idade núbil Inexistência de enquadramento nas situações excepcionais previstas no art. 1.520 do Código Civil (gravidez ou processo criminal) Presunção legal de que o menor de 16 anos não possui maturidade psicológica para contrair matrimônio - Ausência de situação de necessidade ou extrema relevância para autorizar casamento a quem ainda não atingiu idade núbil Precedentes desta Câmara Aquisição da idade núbil no curso da ação, o que resulta na perda do objeto do presente apelo, não sendo hipótese de dispensa de proclamas, porque não se enquadra o caso dos autos a qualquer das situações do artigo 69 e seus parágrafos, da Lei 6.015/73 Sentença reformada para julgar extinta a ação (perda superveniente do objeto) - Recurso não conhecido.
(TJ-SP - APL: 54943920108260180 SP 0005494-39.2010.8.26.0180, Relator: Salles Rossi, Data de Julgamento: 09/11/2011, 8ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/11/2011)
CASO 4
Sim, ressaltando que até mesmo poderia se dar o seguimento da celebração por pessoa sem competência exigida por lei, em consonância ao disposto no artigo 1.554 do CC. 
Ademais, é nítido o que se declara no artigo 1.539 do CC , quando expressa sobre a impossibilidade da autoridade competente , que a celebração poderá prosseguir mesmo assim, por qualquer dos seus substitutos, conforme o § 1° a falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelos presidente do ato.
Sim , uma vez que fora declarada a aceitação dos nubentes, de forma pública, perante testemunhas e de autoridade competente , em concretizar o matrimônio. Nos termos do, art.1.514 do CC. 
Ainda assim, para fins aclamatórios, se faz necessário ressaltar que, mesmo que na disposição referida exija-se a declaração do juiz, é pacífico na jurisprudência pátria que o casamento se efetiva quando há a clara aceitação dos nubentes, respeitados os requisitos formais e públicos que a cerimônia requer. 
Restou-seevidenciado no caso em tela, que, o matrimônio se tornou efetivo no momento da aceitação em formar união conjugal sólida de fronte aos olhos da autoridade competente.
DOUTRINA
Uma primeira leitura do dispositivo leva a crer que o vínculo apenas se estabelece quando a autoridade celebrante declarar efetuado o casamento. Esse é o entendimento esposado, por exemplo, por Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald:
Após áridas discussões doutrinárias, através das quais alguns optavam por entender existente no momento da declaração de vontade, enquanto outros exigiam a leitura da fórmula sacramental, foram dissipadas as dúvidas através da clarividência do art. 1.514 [...]. Optou, portanto, o direito positivo em reconhecer a existência do casamento no exato instante em que a autoridade promove a leitura da fórmula sacramental, declarando-os casados. (Op. Cit., p. 279. No mesmo sentido, DIAS, p. 169 e GONÇALVES, p.101).
Para Venosa, a redação do art. 1.514 não dissipou a controvérsia, embora realmente uma primeira interpretação exija o pronunciamento da autoridade celebrante.
De acordo com o Código Civil, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento. Ou seja, os atos ocorrem de forma sucessiva e imediata. Por que, então, o questionamento? Explica Venosa: “A dúvida pode ter efeitos práticos, pois qualquer um dos circunstantes pode morrer nesse ínterim. É importante saber se morreram no estado de casados”. (VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2013).
Silvio de Salvo Venosa: “Se estiverem os cônjuges de boa-fé e tudo levando-os a crer na existência do matrimônio, não há como tê-lo inexistente.”(10ª ed., p. 82). Tal dispositivo extrapola os termos contido nas leis de organização judiciária dos Estados, na qual apresenta as autoridades competentes para exercer a presidência do ato solene, até que seja criada a justiça de paz mencionada na Constituição Federal (arts. 98, II, e 30 do ADCT). Destarte, com a inovação trazida por este artigo (1554 c.c.), fica inaplicável o disposto no artigo 1550, VI, concernente a competência ora examinada.
JURISPRUDÊNCIA
NÃO ENCONTRADA
CASO 5
Na relação entre João e sua enteada, configura-se vínculo de parentesco na linha reta em 1° grau por afinidade, já que ela era filha da esposa de João, fruto de casamento anterior. 
Assim sendo, o casamento entre os dois é considerado nulo, devido o impedimento previsto no art. 1.521, II, e art. 1.595, §2°, II, CC. 
Vale salientar, que esse vínculo de parentesco não é descontruído com a dissolução do casamento, razão pela qual estarão impedidos de casar por toda a vida. 
Levando em consideração o fato de haver uma violação ou norma de ordem pública, é cabível ação declaratória em qualquer razão, não podemos falar em prescrição ou decadência. Portanto o MP ou qualquer interessado capaz, terá legitimidade para a referida ação. 
Ante o exposto, o casamento é considerado inválido com fundamento no art. 1.548 3 1,549 do CC, todavia é possível que ambos mantenham relacionamento afetivo em que haja efeitos de natureza pessoal, social e patrimonial nos termos do art. 1.527, CC. 
Seria possível reconhecer tais efeitos caso fosse identificado casamento putativo, tendo em vista o princípio da boa-fé na forma do art. 1.561, CC, até a decisão declaratória de nulidade.
DOUTRINA
Tal como leciona Maria Helena Diniz: " Há impedimento oriundo de afinidade em linha reta, ou seja, entre sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada, madrasta e enteado mesmo após a dissolução do casamento que a originou, pois tal parentesco não se extingue "(Curso de direito civil brasileiro. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º v. Direito de Família, p. 229/230).
Merece transcrição a lição de Sílvio Venosa (Direito civil: direito de família. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005):"No sistema de nulidade do casamento, fica bem nítida a distinção entre vícios insanáveis e vícios sanáveis. Os impedimentos, as causa as causas de anulação e as causas suspensivas visam evitar que essas hipóteses ocorram. No entanto, se o casamento se realizar com infração aos impedimentos do art. 1.521, o casamento será nulo, por expressa redação do art. 1.548, II. Também é nulo o casamento do enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil (art. 1.548, I).
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL. AUTORIZAÇÃO PARA CASAMENTO. ÓBICE LEGAL. PARENTESCO POR AFINIDADE EM LINHA RETA. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.595, II, DO CCB. PEDIDO IMPOSSÍVEL. SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DA INICIAL CONFIRMADA. DECISÃO POR ATO DA RELATORA (ART. 557 DO CPC). APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70060926581, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 07/11/2014).
(TJ-RS - AC: 70060926581 RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Data de Julgamento: 07/11/2014, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 11/11/2014)
CASO 6
Sim, o Agricultor poderá pedir a anulação do casamento, visto que o mesmo logrou em erro essencial na pessoa do seu consorte . A constatação da nítida motivação em puro interesses e proveitos financeiros na efetivação do matrimônio, no entendimento consolidado nos tribunais pátrios, caracteriza-se o erro quanto a pessoa do cônjuge em relação consorte inocente. O prazo para propor a ação anulatória é de três anos. Nesses termos os artigos 1.550, III, 1.557, I, 1 .560, III, todos do código civil. 
DOUTRINA
Sendo assim, a clássica doutrina de Sá Pereira ensina que "nos atos jurídicos, quer nos casamentos, o interesse geral é que domina as nulidades absolutas, com esta diferença, porém: naqueles a sua posição é sempre a mesma, ao passo que, neste ele se desloca, e ora está na anulação, ora está na manutenção do casamento"
A anulação do casamento concretiza-se em modo de dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial pela confirmação de sua invalidade, feita por sentença judicial proferida em ação anulatória ajuizada para esse fim, desde que seja verificado os casos em que o casamento estiver corrompido por vício sanável. SILVIO RODRIGUES (2004) ensina que:
Quando o casamento é celebrado ferindo apenas o interesse de quem o Estado tem o dever de proteger, por considerá-lo hipossuficiente, a reação do ordenamento jurídico é mais moderada. Como não há ameaça à ordem pública, dispõem as partes da possibilidade de intentar ação anulatória, pois ao legislador é indiferente a sobrevivência do casamento.
Assim vemos que o casamento poderá ser anulado em até sete situações: Quando possuir erro essencial em relação à pessoa do outro cônjuge. O erro essencial está relacionado à honra, à identidade ou à boa fama do outro cônjuge, à ignorância de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, que possa colocar em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência, e a ignorância de doença mental grave;
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ALEGAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL. SENTENÇA REFORMADA PELA ESPECIFICIDADE DO CASO. DOUTRINA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. O apelante, pessoa de pouca instrução, se viu rapidamente envolvido e, concomitantemente ao momento que conheceu a recorrida, já firmou pacto antenupcial de comunhão universal de bens e, em 30 dias, se casaram. Os fatos que dão causa ao pedido (ingenuidade do varão, ignorância acerca das consequências da escolha do regime de comunhão universal de bens e alegação de que a mulher pretendia, apenas, aquinhoar seu patrimônio), no caso dos autos, são suficientes para caracterizar hipótese de erro essencial (art. 1.557 do CCB - erro quanto à honra e boa fama). DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70052968930, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 02/05/2013)
(TJ-RS - AC: 70052968930 RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos,Data de Julgamento: 02/05/2013, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 07/05/2013)
CASO 7
Sim. Conforme disposição do art. 1.565, CC, um dos cônjuges pode adotar o sobrenome do outro mediante requerimento de habilitação no qual será dirigido ao oficial do cartório competente ou então após o casamento por meio de ação judicial, cuja a competência será do juiz da vara de família por se tratar de uma ação de estado. Nos termos dos arts. 56 e 57 do referido artigo e Lei da 109. 
DOUTRINA
Segundo o mestre Silvio de Salvo Venosa: Anteriormente, estabelecia o art. 240 do Código Civil de 1916 que a mulher assumia, pelo casamento, “os apelidos do marido”. Portanto a mudança do nome da mulher, assumindo o do marido, era obrigatória, devendo ela ter seu nome averbado no registro, bem como retificados todos os seus documentos.
Com o advento do Código Civil de 2002, inspirado na Constituição da República Federativa do Brasil, sobretudo nos direitos fundamentais insculpidos em seu artigo 5º, os direitos de personalidade foram protegidos, incluindo nesse rol o direito ao nome, direito personalíssimo da pessoa humana previsto no art. 16 do Código Civil, in verbis: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. PEDIDO DE ADOÇÃO DO PATRONÍMICO DO CÔNJUGE ESTRANGEIRO. CASAMENTO REALIZADO NA SUÉCIA. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO. POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO DO SOBRENOME DO MARIDO QUE NÃO ENCONTRA IMPEDIMENTO LEGAL. COSTUME LARGAMENTE ADOTADO NO BRASIL. Com o advento do Novo Código Civil, o artigo 1565, § 1º, do Código Civil passou a dispor que: "Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro". O artigo 70, § 8º, da Lei de Registros Publicos igualmente prevê a possibilidade da adoção do nome do cônjuge em razão do matrimônio, possibilidade estendida também ao companheiro (artigo 57, § 2º a 6º, LRP). A escolha pela adoção do sobrenome do cônjuge pode ser, inclusive, exercida a qualquer tempo, até mesmo depois de realizado o casamento. Logo, não há impedimento legal para a adoção pela autora do sobrenome do cônjuge apenas pelo fato de ela ter contraído matrimônio em outro país. A partir do matrimônio é criada nova entidade familiar, de modo que não há prejuízo à identificação do nome do cônjuge à nova entidade familiar, costume largamente adotado no Brasil. Sentença reformada. Recurso provido.
(TJ-SP - APL: 10255487920158260100 SP 1025548-79.2015.8.26.0100, Relator: Carlos Alberto Garbi, Data de Julgamento: 17/11/2015, 10ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/11/2015)

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