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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE INDIARA RIBEIRO GUIMARÃES ENGENHARIA AGRÍCOLA São Cristóvão – SE Setembro de 2017 INDIARA RIBEIRO GUIMARÃES Cadastro Ambiental Rural – CAR Trabalho solicitado pelo professor Ariovaldo Antonio Tadeu Lucas, para fins avaliativos na disciplina de Direito Agrário e Legislação Rural. São Cristóvão – SE Setembro de 2017 Introdução O relatório foi escrito baseando-se no curso de capacitação realizado na Universidade Federal de Sergipe, em que uma funcionária pública explicou qual o objetivo do registro dos imóveis rurais, as suas responsabilidades sociais, bem como foi realizado uma simulação de cadastro, passo a passo. Ao debulhar-se sobre este material é possível compreender o passo a passo de como realizar o cadastramento de maneira simples, tendo como foco todos os agricultores, principalmente os pequenos produtores que maioria das vezes não possui escolaridade, não aceitam determinadas legislações, não conseguem perceber benefícios em fazer isto. É necessário ter, sobretudo persuasão, cautela e humildade para e contribuir com este projeto. Cadastro Ambiental Rural O Cadastro Ambiental Rural – CAR, se trata de um registo em cumprimento ao novo Código Florestal que o criou no âmbito do Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente – SINIMA. A partir de 2017 nenhum imóvel rural deverá receber concessão de crédito agrícola pelas instituições financeiras caso esteja adequado ou "buscando" se adequar à Lei Federal nº 12.651, isso se dá pela necessidade do cumprimento da cláusula pétrea da Constituição Federal de 1988, artigo 225, que impõe tanto ao poder público como toda a sociedade civil zelar pelo meio ambiente. Faz-se necessário compreender que o meio ambiente é entendido diante de sua máxima complexidade, consiste na observância a todos os seres vivos, suas interações, manifestações e criações. A Lei Federal nº 12.651, no seu artigo 1º-A estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. As Áreas de Preservação Permanente – APP estão nas margens de rios, lagoas ou nascentes, mangues, restingas (quando fixadoras de dunas) e topo de morros. A respeito dos lagos, quando intermitentes, não é necessário compor APP. As áreas de Reserva Legal são destinadas para assegurar o uso econômico e sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, serve para conservar a biodiversidade, a fauna e a flora nativa. Se o imóvel estiver localizado na Amazônia Legal: 80% no imóvel situado em área de florestas; 35% no imóvel situado em área de cerrado; 20% no imóvel situado em área de campos gerais. Se o imóvel estiver localizado nas demais regiões do país: 20%. A partir desta exigência legal, todos os imóveis rurais devem destinar parte de sua área para compor a Reserva Legal e nos locais onde há recursos hídricos permanentes e naturais a composição da Área de Preservação Ambiental, os imóveis que não possuem esta determinação, ao realizar o cadastro identifica a área onde pretende compor sua Reserva Legal, e tem um período de até 20 anos para já ter concluído o projeto. É possível utilizar-se das APP’s como Reserva Legal, ou seja, a área onde consiste em APP, ao realizar o registro aproveitá-la também como Reserva Legal. É importante frisar que a Reserva Legal pode ser concedida de outro imóvel rural, até mesmo em outro estado da federação brasileira. Por exemplo, eu tenho uma propriedade em Sergipe e não quero compor Reserva Legal, posso arrendar uma Reserva Legal com o tamanho em medida do mesmo ao qual deveria compor e tenho aquela Reserva Legal como parte da minha propriedade, porém não estando no mesmo perímetro. Atualmente existem empresas de consultoria neste ramo que se utiliza de áreas degradadas para reflorestamento e posteriormente negociando com outros agricultores que não querem compor Reserva Legal e preferem pagar para a manutenção da reserva de outro. Antes de realizar o cadastramento é necessário identificar a área do imóvel e analisar suas características morfológicas. É aconselhável para estudantes que não possuem equipamentos de alta precisão, algum aplicativo de celular que seja capaz de colher informações a respeito da coordenada geográfica para ser utilizada no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural - SICAR, inserindo esta informação facilita a construção da planta e memorial descritivo, através do georreferenciamento, que através do próprio SICAR é possível construir a planta georreferenciada do imóvel. Pessoas que manuseiam softwares mais avançados como o ArcGIS podem utilizar-se desta ferramenta e inserir as imagens no sistema, porém existem outras possibilidades, como o Google Earth, que fornece imagens de satélite em boa precisão, isso não significa que sobrepõe a informação do sistema, serve como atributo diante da análise do órgão ambiental, neste caso, aqui em Sergipe é a ADEMA - Administração Estadual do Meio Ambiente que se encarrega de ir até a propriedade e verificar a autenticidade das informações que foram inseridas no sistema. Esta planta georreferenciada deve conter a indicação das coordenadas geográficas, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização das remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e da Reserva Legal. Áreas de Uso Restrito: pantanais e planícies pantaneiras e áreas com inclinação entre 25º e 45º. São áreas sensíveis cuja exploração requer a adoção de boas práticas agropecuárias e florestais. Pantanais e Planícies Pantaneiras – Nessas áreas é permitida a exploração ecologicamente sustentável, considerando-se as recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa. Novas supressões de vegetação nativa para o uso alternativo do solo ficam condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente. Foto de Rui Madruga Áreas de inclinação entre 25º e 45º-Nessas áreas é permitido o manejo florestal sustentável e o exercício das atividades agrossilvipastoris, fazendo-se o uso de boas práticas agropecuárias. É vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social. Foto de Marcelo Muller As áreas consolidadas são as áreas de imóveis rurais ocupadas antes de 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris. Após conseguir o Cadastramento Ambiental Rural, isso significa que o imóvel está regularizado, ou comprometido em regularizar em até 20 anos a sua propriedade. Os imóveis em que ainda não tinham nem mesmo destinado as áreas de Reserva Legal, deverá compor a área com vegetação nativa, a recuperação do solo, caso esteja degradado. Ao está regularizado ou buscando regularizar-se diante dos órgãos ambientais é possível conduzir melhor as negociações econômicas, a concessão de crédito por parte das instituições financeiras, o auxílio dos órgãos competentes no tocante ao apoio técnico e jurídico, com isso, incentivando a geração de renda para os agricultores. No entanto, para que haja o desenvolvimento econômico no imóvel rural, a concessãode crédito fundiário por parte das instituições financeiras, exige não só o cadastramento no SICAR, como também todas as obrigações impostas pela Lei 12.651/12. Conclusão O poder público tem por atribuição prestar apoio técnico e jurídico, assegurada a gratuidade para esses casos, sendo, entretanto, facultado aos pequenos proprietários ou possuidores rurais fazê-lo por seus próprios meios. Com a perceptível ineficiência das empresas públicas do Estado de Sergipe que não realizam concursos públicos há décadas, não fazem projetos de extensão para inserir os alunos da universidade e as licitações tão camufladas e não geram nenhum desenvolvimento econômico. Analisando os dados dos imóveis já cadastrados no sistema, é perceptível que o Nordeste fica atrás das demais regiões, tendo apenas 77% de área cadastrada e especificamente o estado de Sergipe possui 76,42% dos imóveis rurais cadastrados (até 31.08.2017). Isso significa que é um momento oportuno para os alunos das agrárias, entrarem no mercado de trabalho, aqueles que conseguem gerar lucros para o agricultor. Quando um agricultor decide se regularizar diante dos órgãos ambientais, é justamente motivado pela facilidade em obter crédito fundiário e consequentemente realizar algum empreendimento, que consigo trás geração de emprego e renda, inserindo pessoas na economia ativa do Brasil. Referências bibliográficas http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/01/acordos- globais (acesso em 18.09.2017) http://www.florestal.gov.br/numeros-do- car (acesso em 22.09.2017) http://www.florestal.gov.br/documentos/car/boletim-do- car/3077-boletim- informativo-car- agosto- 2017/file (acesso em 22.09.2017) Legislação Agrária e Ambiental, SENAR – Brasília, 2015. https://www.embrapa.br/codigo-florestal/entenda-o-codigo-florestal/area-de-uso-restrito (acesso em 26.07.2017) Lei Federal nº 12.651.
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