Buscar

RESUMO - Nilma Lino Gomes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autora - Nilma Lino Gomes 
Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: 
 
INTRODUÇÃO
	A discussão sobre relações raciais no Brasil é permeada por uma diversidade de termos 
e conceitos. Destacando o papel dos movimentos sociais, do movimento negro, os quais redefinem e redimensionam a questão social e racial na sociedade brasileira, dando-lhe uma dimensão e interpretação políticas. A diferença entre pretos e pardos em relação à obtenção de vantagens sociais e outros importantes bens e benefícios (ou mesmo em termos de exclusão dos seus direitos legais e legítimos) é tão insignificante que podemos agregá-los em uma única categoria, a de negros, uma vez que o racismo no Brasil não faz distinção entre pretos e pardos como se imagina o senso comum. (SANTOS 2002: 13).
- IDENTIDADE.
	No espaço da cultura e da história que definimos as identidades sociais (todas elas, e não apenas a identidade racial, como também as identidades de gênero, sexuais, de nacionalidade, de classe social, etc. É um desafio desenvolver uma identidade negra positiva em uma sociedade que, ensina aos negros, desde muito cedo, que para ser aceito é preciso negar-se a si mesmo. 
Como entender o conceito de identidade? Segundo o antropólogo Kabengele Munanga, a identidade sempre fez parte de todas as sociedades humanas, seja qual for seu grupo o 
seu conceito de valores sempre será de acordo a sua cultura. A definição de si mesmo e a definição dos outros tem funções conhecidas como: a assistência do grupo e proteção do território contra inimigos externos, as manipulações de ideias e pensamentos. (MUNANGA, 1994:177-178).
 
A identidade aparece como um recurso para conceber um nós, - nós homens, nós mulheres, nós negros. Esse nós, de acordo com a autora se refere à identidade no sentido da analogia, quando falamos nós estudantes, estamos nós autodeclarando que somos estudantes, esse método não precisamente é usada de maneira eficaz, porem se torna um recurso proveitoso. 
 Identidade não é algo novo. É um elemento importante na criação de relacionamento e de referencias culturais dos grupos. Mostra traços culturais que se expressam através de praticas linguísticas, festivas, comportamento e tradições populares. 
Identidade não se limita apenas a cultura, ela envolve também os grupos sócio-políticos e históricos. 
De acordo com Novaes, esse processo pode ser visto quando nós referimos aos negros, aos índios, às 
mulheres, entre outros grupos. 
- IDENTIDADE NEGRA.
	Segundo Nina, a identidade negra no Brasil é como uma construção social, histórica, cultura e plural. Saindo do entendimento que determinado grupo étnico/racial tem de si mesmo em relação com o outro. No olhar de Munanga a identidade negra no sentido político é: tomada de consciência de um segmento étnico racial excluído da participação na sociedade, para a qual contribuiu economicamente, com trabalho gratuito como escravo, e também culturalmente, em todos os tempos na história do Brasil (MUNANGA, 1994: 187). 
A identidade negra deve ser respeitada e discutida também em ambiente escolar. É indispensável que seja integrada de maneira responsável por professores capazes de respeitar a diversidade cultural.
- RAÇA. 
	O termo raça no Brasil é repleto de inúmeras interpretações. “Qual é a sua raça?” pode ser visto como uma pergunta de censo ou como uma piadinha racista, a forma como se reage a essa pergunta dependerá em grande parte da compreensão da leitura e da construção da identidade étnica/racial de quem é perguntado. Pode se atribuir esse estranhamento ao uso do termo raça entre negros e brancos devido ao passado escravista e de diferenciação entre essas duas classes ao longo da história. 
O termo “raça” é ainda o que melhor contém a dimensão da discriminação do negro. É importante observar a reação das pessoas ao mencionar o termo “raça” em como este está sendo atribuído. Hitler, por exemplo, usava “raça” num conceito biológico, no sentido de dominação entre classes superiores. Já o Movimento Negro usa o termo se baseando na dimensão social e política do próprio, e ainda o utilizam, pois a discriminação racial no Brasil não existe apenas por aspectos culturais de seus representantes, mas também por conta de seu fenótipo ser visto como desagradável. Ouve-se com muita frequência, palavras ríspidas relacionadas a aparecia dos negros, comprovando o racismo ainda presente na sociedade, que insistem em negar seu problema. 
Raças são na realidade construções sociais, políticas e culturais produzidas nas relações sociais e de poder ao longo do processo histórico. É de grande importância preparar profissionais da educação, para que estes passem compreensão certa do termo para crianças e adolescentes, para que eles possam aprender a enxergar, perceber, comparar e classificar as diferenças.
- ETNIA 
	 Os estudiosos preferem usar o termo etnia ao invés do termo raça, por achar que raça está ligada ao determinismo biológico onde diz que raças são superiores e inferiores, ideia que já se encontra eliminada, ainda mais com os horrores causados na Segunda Guerra Mundial. O conceito raça passou a causar repulsão aos intelectuais, fazendo com que o termo etnia ganhasse força ao fazer referencia a povos diferentes. Etnia é usado pela autora como termo de referência ao pertencimento ancestral e étnico/racial dos grupos de nossa sociedade. Refletir sobre a questão racial brasileira não é algo que deve interessar somente aos negros, a superação do racismo é uma questão que deve ser refletida por todos nós.
- RACISMO.
 	Um dos mais complexos assuntos da atualidade é valido um olhar mais cuidadoso. A autora enxerga o racismo por dois lados, o primeiro como um comportamento, ação resultante da aversão, pessoas com ódio destinado a outras; o segundo lado se dá a partir de certos grupos acreditarem na existência de raças superiores e inferiores. 
	Os pesquisadores Edson Borges, Carlos Alberto Medeiros e Jacques d’ Adeskey afirmam que o racismo é um comportamento social que está presente na história da humanidade, podendo ser expresso de duas formas interligadas: individual e institucional. 
	Individual: atos discriminatórios cometidos por indivíduos contra outros indivíduos. 
	Institucional: implica práticas discriminatórias sistemáticas ocasionadas pelo Estado ou com o seu apoio indireto.
- ETNOCENTRISMO
 	 Etnocentrismo designa o sentimento de superioridade que sua cultura tem em relação às outras, sendo importante diferenciar “racismo” de “etnocentrismo”. O etnocêntrico se enxerga como um ser melhor, acreditando que seus valores e suas culturas são melhores. Ele não pensa em aniquilar ou destruir os costumes dos outros, mas, sim de evitá-lo ou até mesmo de convertê-lo.
-PRECONCEITO RACIAL.
	 Ao consultar um dicionário e procurar a palavra “preconceito”, encontra se a definição: julgamento prévio de pessoas de outros grupos; julgamento com conceitos antecipado e inflexível. “O individuo preconceituoso é aquele que se fecha em uma determinada opinião, deixando de aceitar o outro lado dos fatos.” Zila Bernd (1994: 9 10). 
	É comum ouvirmos que “no Brasil não existe preconceito racial, pois é somos frutos de uma grande mistura racial e étnica”. Mas de forma sutil o preconceito racial se mostra resistente e cada vez mais presente no cotidiano. Houve épocas em que o racismo era explicito com xingamentos, agressões físicas e verbais, já hoje o preconceito está “escondido e corriqueiro” com piadinhas que inferioriza o negro. Essa contradição na forma como o brasileiro expressa o seu sentimento e o julgamento das pessoas negras confirma a lamentável existência do preconceito racial entre nós.
	Nenhuma criança nasce preconceituosa. Ela aprende a sê-lo, ou seja, a criança aprende a se socializar e os julgamentos raciais lhe são mostrados por meio dos adultos que as cercam, sendo também, a mídia o um dos principais ambiente de socialização. 
	No nosso país existe um sistema social racista quepossui mecanismos para operar as desigualdades raciais dentro da sociedade, por isso é necessário discutir a superação do preconceito, juntamente com as formas de superação do racismo e da discriminação racial.
DISCRIMINAÇÃO RACIAL. 
	Discriminar é o mesmo que “distinguir”, “diferenciar”, “separar”. Vale lembrar que discriminação racial é diferente do preconceito, e que o ato de discriminar não pode vir como um produto do preconceito. Maria Aparecida Silva Bento Teixeira (1992:21) acredita que esse pensamento é fruto do mito da democracia racial “como não temos preconceito racial no Brasil, aqui não temos discriminação racial.”. 
	A autora nos alerta para um outro foco de análise, mostrando que a discriminação racial pode ser originada de outros processos sociais, políticos e psicológicos que vão além do preconceito desenvolvido pelo indivíduo. A discriminação por interesse tem a noção de privilégio como foco principal, onde um grupo acredita que deve ter privilégios em cima de outros, 
	 Luciana Jaccoud e Nathalie Begin nos dizem que a literatura especializada traz mais duas distinções entre tipos de discriminação. As discriminações diretas e indiretas. 
Discriminação racial direta: Aquela que a pessoa discriminada é excluída expressamente em razão de sua cor. Um exemplo disso é a proibição de uma pessoa em determinado local por causa de sua cor
Discriminação indireta: Práticas aparentemente neutras, mas que na realidade criam desigualdades em relação a pessoas que tem as mesmas características. Poderá ser imperceptível até mesmo para quem está sendo discriminada. 
	Para as autoras a discriminação indireta é compreendida como a forma mais perversa de discriminação, pois alimenta estereótipos sobre o negro e é exercida sob o manto de praticas administrativo ou institucional.
- DEMOCRACIA RACIAL
	Todos gostaríamos que o Brasil tivesse uma sociedade em que os diferentes grupos étnico-raciais vivessem em situação real de igualdade social, racial e de direitos. No entanto, os dados estatísticos sobre as desigualdades raciais na educação, no mercado de trabalho e na saúde e sobre as condições de vida da população negra, revelam que tal situação não existe de fato.
	O mito da democracia racial pode ser compreendido como uma corrente ideológica que pretende negar a desigualdade racial entre brancos e negros no Brasil como fruto do racismo, afirmando que existe entre estes dois grupos raciais uma situação de igualdade de oportunidade e de tratamento. o mito da democracia racial atua como um campo fértil para a perpetuação de estereótipos sobre os negros, negando o racismo no Brasil, mas, simultaneamente, reforçando as discriminações e desigualdades raciais.
	O sociólogo Gilberto Freyre, por meio do seu livro Casa-Grande e Senzala (1933), publicado na década de 30, tem sido apontado por vários autores e autoras como um dos principais teóricos que interpretou, sistematizou e divulgou o mito da democracia racial ao afirmar que, no Brasil, as três “raças” formadoras da nossa sociedade conviviam, desde a escravidão, de maneira mais amistosa, quando comparadas outras sociedades multirraciais e/ou de colonização escravista existentes no mundo.
	O Movimento Negro tem sido um importante ator social na desmistificação do mito da democracia racial no Brasil, juntamente com pesquisadores(as) negros(as) e brancos(as) que se posicionam contra o racismo. A expectativa desse movimento e de todos aqueles que se posicionam contra o racismo e a favor da luta antirracista é de construir um país que, de fato, apresente e crie condições dignas de vida e oportunidades iguais para toda a sociedade, principalmente para os grupos sociais e étnico-raciais que vivem um histórico comprovado de discriminação e exclusão.

Outros materiais