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Psicologia da Educação - Piaget

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Universidade Estadual de Alagoas 
Disciplina: Psicologia da Educação 
Professor: Vicente José Barreto Guimarães 
 
PARANDO PARA PENSAR 
Pensando no significado das palavras 
O cognoscente tem autonomia no processo de construção de seu conhecimento 
Que conhece que toma conhecimento: O conhecimento reside na mente do sujeito 
cognoscente. 
Idiossincrasia 
O adjetivo idiossincrático tem o significado de (i) “relativo ao modo de ser, de sentir 
próprio de cada pessoa” (ex.: o perfil do leitor é alguém que, pelas suas características 
idiossincráticas, pretende uma revista informal) ou (ii) “relativo à disposição particular 
de um indivíduo para reagir a determinados agentes exteriores” (ex.: este medicamento 
pode ter efeitos secundários idiossincráticos), sendo sinônimo de idiossincrásico. 
Ex.: o perfil do leitor é alguém que, pelas suas características idiossincráticas, pretende 
uma revista informal; este medicamento pode ter efeitos secundários idiossincráticos. 
Conteúdo da aula 
O bebê explora, põe tudo na boca, descobre novos objetos. A menina brinca de casinha, 
o menino representa uma corrida com seus carrinhos de brinquedo. Um pouco mais 
tarde, ambos voltam a atenção às regras de conduta e moralidade. Já o adolescente, mais 
reflexivo, é capaz de construir argumentos para rebater os dos pais e planejar o próprio 
futuro. São formas diferentes de interagir com o mundo, que vão se tornando mais 
complexas à medida que o indivíduo cresce. Na obra de Jean Piaget (1896-1980), esses 
mecanismos recebem o nome de esquemas de ação e são considerados o motor do 
conhecimento. 
 
Há inúmeras possibilidades de esquemas de ação (leia um resumo do conceito na última 
página). Mamar, sugar, puxar e prender são esquemas comuns no desenvolvimento da 
inteligência sensório-motora (em média, até 2 anos de idade). Imitar, representar e 
classificar é típico da inteligência pré-operatória (aproximadamente de 3 a 7 anos), 
assim como ordenar, relacionar e abstrair caracteriza o período operatório-concreto (de 
 
 
8 a 11 anos). Já argumentar, deduzir e inferir aparece na estruturação da inteligência 
operatória formal (a partir dos 12 anos). É com base nesses esquemas que as pessoas 
constroem as estruturas mentais que possibilitam o aprendizado (leia um trecho de livro 
sobre o assunto no quadro da próxima página). "Inicialmente, isso se dá com a 
experiência empírica, concreta. Em seguida, conforme a criança vai se desenvolvendo, 
ela caminha em direção ao pensamento formal, abstrato", explica Agnela da Silva 
Giusta, professora de Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (PUC-MG). 
As pesquisas científicas de Piaget sobre as características do pensamento infantil 
receberam a contribuição de importantes acontecimentos em sua trajetória pessoal. 
Entre 1925 e 1931, nasceram seus três filhos, ponto de partida para uma etapa de 
observação de seus comportamentos. Após uma criteriosa análise dos dois primeiros 
anos de vida dos bebês, Piaget chegou à conclusão de que a inteligência se desenvolve 
desde o nascimento - e não com o surgimento da fala, como era comum pensar até o 
início do século 20. 
No livro A Epistemologia Genética, o pensador suíço divide o processo "dinâmico e 
infinito" do desenvolvimento da capacidade de conhecer em quatro períodos. No 
sensório-motor, que vai desde o nascimento até os 2 anos, a criança conhece o mundo 
por meio dos esquemas de ações que trabalham sensações e movimentos. Ao nascer, o 
bebê percebe o mundo como uma extensão do seu corpo. Ao desenvolver o esquema de 
sucção, por exemplo, o bebê começa a diferenciar o que é seio da mãe, o bico da 
mamadeira, a chupeta ou mesmo o dedo. Com o tempo, consegue identificar objetos 
que são sugáveis ou não. Um dos principais resultados desse período é a criança tomar 
consciência de si mesma e dos objetos que a cercam. "Esse processo é chamado por 
Piaget de construção do objeto permanente, ou descentração", explica Cilene Charkur, 
professora aposentada da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" 
(Unesp), campus de Araraquara. 
Nessa fase, mesmo antes de falar e pensar, a criança consegue realizar condutas 
consideradas lógicas, ligadas à ação sobre objetos concretos. Um bebê de 8 meses, por 
exemplo, pode afastar um brinquedo para pegar outro de seu interesse. "Nesse caso, ele 
coordena dois esquemas: um esquema meio (afastar) e outro esquema fim (pegar). 
Trata-se de uma integração recíproca entre duas ações e não só uma associação 
mecânica", afirma Adrian Oscar Dongo Montoya, professor da Unesp, campus de 
Marília. 
 
A capacidade de simbolizar marca a passagem de período 
Uma conquista mais significativa, porém, aparece quando a criança desenvolve a 
capacidade semiótica - ou seja, a habilidade de atribuir valor simbólico às coisas. Por 
exemplo, ouvir a palavra "cadeira" e ser capaz de imaginar um modelo sem precisar tê-
lo diante dos olhos naquele momento. Essa capacidade - a de representação - indica, 
para Piaget, a entrada no período pré-operatório (de 3 a 7 anos), com o aparecimento 
dos primeiros esquemas de ação mentais - como a fala. "A linguagem é uma ação 
sofisticada. Com ela, é possível transformar o mundo sem recorrer aos objetos", afirma 
Agnela. 
 
No terceiro período, chamado de operatório-concreto (de 8 a 11 anos), a criança amplia 
a capacidade de agir (ou seja, operar) sobre o real (os objetos concretos). Já é capaz de 
relacionar, classificar, comparar objetos seguindo critérios lógicos e realizar as 
primeiras operações aritméticas e geométricas. "É possível trabalhar com grandes 
números, superando os limites impostos pela contagem com suporte físico", diz Agnela. 
 
O que marca a entrada no quarto período, o operatório formal, a partir dos 12 anos, é a 
capacidade de pensar por hipótese. O indivíduo pode agir não só sobre o real mas 
também sobre o possível, criando teorias. Por exemplo, pode imaginar que, se não 
houvesse a Revolução Francesa, a monarquia seria o sistema de governo predominante 
até hoje. Essa hipótese não é real, mas é possível. 
 
 
TUDO EM FAMÍLIA O nascimento dos três filhos, retratados nesta foto de 1936, forneceu elementos à 
teoria 
 
 
 
Entre os legados do conceito, a importância da infância 
Um dos grandes legados da noção de esquemas de ação foi a compreensão da 
importância da primeira infância no desenvolvimento da inteligência. "O resultado disso 
é que há hoje em todo o mundo uma grande demanda por uma Educação Infantil de 
qualidade, que possibilite aos pequenos vivenciar, interagir, experimentar e, com isso, 
ampliar o desenvolvimento de suas possibilidades cognitivas", lembra Adrian. 
 
Isso não impediu que algumas nuances da ideia fossem mal interpretadas. O apego 
excessivo à faixa etária de cada período é um deles. "Muitos professores compreendem 
os estágios como uma forma congelada de classificação dos alunos, sem perceber que a 
indicação de idade é apenas uma aproximação e que as passagens de uma fase para 
outra dependem da qualidade das interações de cada um com o meio", explica Agnela. 
 
Essa postura pode gerar dois problemas. O primeiro é considerar apenas o ensino do 
conteúdo sem notar os conhecimentos e as habilidades de que o aluno dispõe para 
compreendê-lo. No outro extremo, está o comportamento de ficar apenas focado no que 
o aluno consegue fazer e não atentar para ensinar outros conteúdos mais complexos. 
"Um bom trabalho deve congregar os dois pontos de vista: enxergar as potencialidades 
das crianças e também aonde se quer chegar, tendo claros os conteúdos que não devem 
ser deixados de ensinar", explica Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo (USP). O próprio Piaget refutava a ideia de que é 
necessário esperar passivamente que as estruturasmentais se formem. Ao contrário, a 
ação educativa favorece fortemente essa construção. 
 
Para cumprir esse objetivo, vale sempre favorecer uma atitude inquiridora, com a 
utilização, por exemplo, de situações-problema (leia a última página). "Em qualquer 
idade, a criança precisa ser provocada", afirma Cilene. Para ela, um dos grandes 
desafios do professor é gerar interesse pelo que deve ser ensinado. "Não existe uma 
criança que não tenha vontade de aprender. O problema é que muitas vezes as condições 
ofertadas nas aulas não são favoráveis." 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 Piaget, J. A Construção do Real na Criança, Jean Piaget. São Paulo, Ed. Ática, 2007. 
________A Epistemologia Genética, Jean Piaget. São Paulo. Ed. Martins Fontes, 2010.

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