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A Lei e a ordem Primitiva

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A Lei e a ordem Primitiva
Bronislaw Malinowski
Antropologia Jurídica
2º Estágio
Roteiro de aula 
Professora: Dra. Cristiane Leal
Bronislaw Malinowski ( Abril de 1884 – Maio de 1942) foi um antropólogo polaco. Considerado um dos fundadores da Antropologia Social. Fundou a Escola funcionalista. Suas grandes influências incluíam James Frazer . Malinowski inova a Antropologia com seu método etnográfico.
INTRODUÇÃO
O Estudo da lei primitiva → diz respeito ao estudo das diversas forças que contribuem para a ordem, a uniformidade e a coesão em uma tribo selvagem;
A lei e a ordem invadem o cotidiano das sociedade “primitivas”, no entanto, não foi dada à sua análise a devida importância.
A Antropologia do presente deixa de lado lei primitiva justamente porque tem uma ideia exagerada, ou mesmo equivocada sobre ela. (Justamente porque não se permite realizar observações em campo).
Nos estudos sobre lei e ordem entre sociedades primitivas, é recorrente o pressuposto de que, nestas sociedades, o indivíduo é completamente dominado pelo grupo.
A submissão automática ao costume e o problema real
Pressuposto de alguns antropólogos : E. Sidney e Dr. Rivers – a submissão automática. Dizem eles: “esses grilhões são aceitos por ele( selvagem) como algo natural e que eles nunca procura rompê-los.
Esses autores defendem a ideia de que métodos inconscientes respondem pela lei entre os “primitivos”. 
Para o autor, por outro lado, as forças que constituem a lei primitiva são extremamente complexas e dificultam uma interpretação mais real de como ela verdadeiramente ocorre.
Se definirmos a força da lei em termos de uma autoridade central chegaremos á conclusão de que em sociedades primitivas a lei não precisa ser imposta, é obedecida espontaneamente. ISSO NÃO OCORRE SEGUNDO MALINOWSKI. Para ele, a lei não é imposta por nenhum motivo indiscriminado, como o medo, mas por incentivos psicológicos e sociais muito complexos.
Em uma incursão etnográfica na Melanésia, Malinowski procura compreender a natureza da lei primitiva e das forças legais por meio da análise de todas as regras concebidas e seguidas como obrigatórias.
Melanésia  é uma região da Oceania( ilha dos negros) localizada, no extremo oeste do Oceano Pacífico e a nordeste da Austrália. 
As descrições da vida melanésia que se seguem nos capítulos a seguir, tratando sobre a economia, as relações de reciprocidade, o casamento, as cerimônias, as práticas religiosas e sociais, contribuem para que fique clara a ideia de que, na verdade, as regras entre eles, são obedecidas por coação social e psicológica. E que todos tem consciência das consequências que podem sofrer caso não obedeçam.
II. A economia da melanésia e a teoria do comunismo primitivo
A pesca e a economia;
Obrigações múltiplas;
Temos na Melanésia um sistema composto e complexo de propriedade que de modo algum se refere ao comunismo.
Há na atividade a pesca um complexo sistema de divisão de funções e obrigações mútuas
Analisando a Canoa vemos claramente a ordem, a lei, e os privilégio definidos. 
A canoa: Propriedade privada!
O pesquisador em campo! A observação participante
III. A força das obrigações econômicas
Para nos aprofundarmos na natureza dessas obrigações o autor se propõe a acompanhar de perto a pesca.
Nativos do interior ( fornece legumes e verduras) e os nativos da praia ( peixes) → As duas aldeias confiam uma na outra para suprir suas necessidades de alimento. Há uma valorização do alimento mais raro. Cria-se uma dependência mútua.
Cada comunidade tem uma arma para fazer cumprir seus direitos: a reciprocidade. ( sistema de mutualidade)
IV. Reciprocidade e organização social
A maneira como as relações de reciprocidade são elaboradas deixam-nas ainda mais rígidas. Entre duas comunidades as trocas não se dão a esmo. Ao contrário, cada um tem seu parceiro permanente na troca, e os dois tem de tratar um com o outro. Muitas vezes são parentes. Ou seja as trocas não se fazem tão somente por vínculos comerciais, mas também outras espécies de laços que unem os participantes.
O princípio de interdependência que se estabelece cria sanção para cada regra.
V. A lei, o interesse pessoal e a ambição social
Além da coerção das reciprocidades há outros motivos que mantêm os pescadores em sua tarefa.
A utilidade da ocupação;
O desejo de uma boa alimentação;
A Ambição e a vaidade – estão associados a exibição de alimentos e de riqueza. Ao presentear o melanésio sente uma manifestação de poder e uma elevação da personalidade
Começamos a ver como o dogma da obediência mecânica à lei impediria que o observador enxergasse os fatos realmente pertinentes da organização legal primitiva.
VI. As regras da lei nos atos religiosos
Similitude entre os “selvagens” e nós: “a lei civil basicamente se ocupa com a propriedade e com a riqueza”;
É possível encontrar o aspecto legal em qualquer outro domínio da vida tribal → Nos ritos de luto há o caráter do pesar, dos sentimentos; há o caráter religiosos, a solicitude pelo espírito do falecido; mas há também nas cerimônias fúnebres o caráter legal – das obrigações e dos direitos;
Como isso ocorre? A viúva deve manifestar mortificação por um longo período. Essa obrigação não deixa de ter reciprocidades! A viúva recebe: 3 dias depois da morte do esposo, um pagamento ritual e um outro substancial, por suas lágrimas. Mais tarde recebe pagamentos pelos serviços de luto.
VII. A lei do casamento
Não somente estabelece um laço entre marido e mulher, mas também impõe uma relação permanente de mutualidade entre o homem e a família da mulher. 
A mulher e seu irmão
O chefe legal da família
Os inhames e a exibição pública
A avaliação pública impõe uma coerção psicológica definida sobre o doador.
VIII. O princípio as concessões mútuas na vida tribal
O Relacionamento matrimonial; a cooperação na pesca; a troca dos alimentos pelas tribos; o autor utilizou estes exemplos da vida nativa para mostrar o funcionamento concreto do real mecanismo da lei e da coerção social e psicológica, segundo ele as verdadeiras forças , razões e motivos que fazem o homem cumprir suas obrigações;
Todo o cidadão que estime honra deve cumprir com suas obrigações, mas a submissão não se deve a nenhum instintos ou sentimento de grupo , “ mas ao complexo funcionamento de um sistema em que cada ato tem seu lugar e deve ser realizado sem falha[...] todos tem consciência de sua existência e podem prever as consequências em cada caso concreto” (p.38)
X. As regras do costume definidas e classificadas
O autor reafirma que a ideia de submissão mecânica não convém aos “selvagens”. Antes, eles possuem : “ uma série de regras compulsórias, sem nenhum caráter mítico, não enunciadas m nome de Deus, nem impostas por nenhuma sanção sobrenatural, mas providas de uma força puramente social” (p.44)
“As regras são seguidas por que sua utilidade prática é reconhecida pela razão e comprovada pela experiência”(p.44).
XI. Uma definição antropológica da lei
A obediência das leis – a força compulsória e a dependência mútua. Ler junto com a turma o primeiro parágrafo do texto!
O selvagem não é um extremado coletivista nem um individualista – é uma mistura de ambos!
Coletivista + Individualista = Selvagem
A lei primitiva não consiste de preceitos negativos . Não existe nenhuma atmosfera de terror que se imponha ao nativo. A quebra dos costumes é evitada antes por um mecanismo especial, social, cujo estudo é o verdadeiro terreno da jurisprudência primitiva. 
A lei e seus fenômenos não são instituições independentes. Antes representam um aspecto da estrutura da vida tribal. 
REFERÊNCIAS
MALINOWSKI, B. A lei Primitiva e a ordem. In: Crime e Costume na Sociedade Selvagem. Brasília: Editora da UnB, 2003.

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