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APOSTILA PRÁTICA DE ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL Prof. MÁRCIO BOTELHO DE CASTRO Profa. VANESSA DA SILVA MUSTAFA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 2009 TÉCNICA DE NECROPSIA ANAMNESE 1. Identificação do animal: espécie, raça, nome, número, sexo, idade, pelagem, procedência, sinais característicos. 2. Identificação do proprietário: nome, endereço e telefone. 3. Médico veterinário responsável: nome e CRMV. 4. Histórico clínico: descrição completa dos sintomas clínicos e dados epidemiológicos. Com detalhamento do tempo de ocorrência dos sintomas e gravidade dos mesmos. 5. Diagnóstico clínico provisório: diagnóstico(s) mais provável(eis) (suspeita clínica). 6. Data e hora da morte: - Descrever se a morte foi natural ou eutanásia (método de eutanásia). 7. Data e hora da necropsia: NECROPSIA “A necropsia é uma mensagem de sabedoria dos mortos para os vivos.” BENBROOK, 1947. EXAME EXTERNO 1. Estado geral do animal: Constituição e estado nutricional. 2. Alterações cadavéricas: Alterações post-mortem de todos os órgãos e tecidos. 3. Tegumento: Integridade (ex.: lesões de continuidade, ulcerações), pêlos (ex.: áreas de alopecia, pêlo se soltando facilmente), pigmentação, elasticidade, parasitas. Mamas: número, falhas, defeitos, presença de nodulações e massas. Escroto: número, tamanho e consistência dos testículos e defeitos. Chifres, unhas e cascos: deformidades e alterações. 4. Cavidades e orifícios naturais (pálpebras, globo ocular, orifícios nasais, cavidade oral, pavilhão auricular, ânus e genitais): coloração, conteúdo, corrimentos (tipo e quantidade). ABERTURA DO CADÁVER A técnica correta a ser utilizada varia de acordo com a espécie do animal. EQUÍNOS: decúbito lateral direito (Fig. 1 e Fig. 2). BOVINOS: decúbito lateral esquerdo (Fig. 3 e Fig. 4). PEQUENOS RUMINANTES: semelhante a bovinos ou decúbito dorsal. CÃES E GATOS: decúbito dorsal (Fig. 5 e Fig. 6). SUÍNOS: decúbito dorsal (Fig. 7). Os esquemas abaixo demonstram as técnicas mais comuns de abertura de cadáveres nos animais domésticos. Fig.1 Decúbito lateral direito e linha de incisão para abertura do cadáver de um eqüino Fig.2 Pele rebatida e membros esquerdos desarticulados. Linhas de incisão para a abertura da cavidade torácica e abdominal. Fig.3 Decúbito lateral esquerdo e linha de incisão para abertura do cadáver de um bovino. Fig.4 Pele rebatida e membros direitos desarticulados. Linhas de incisão para a abertura da cavidade torácica e abdominal de um bovino. EXAME INTERNO 1. Linfonodos (Submandibulares, cervicais superficiais, inguinais, pré-crurais, mamários e poplíteos): tamanho, coloração, consistência e superfície de corte. Comparando com o linfonodo contralateral. 2. Cavidade torácica: Líquidos - presença, tipo, coloração e quantidade. Posição dos órgãos na cavidade - deslocamentos, ectopias, hérnias, aderências pleurais etc. 3. Cavidade abdominal: Líquidos - presença, tipo, coloração e quantidade. Posição dos órgãos na cavidade - deslocamentos, torções, ectopias, hérnias, etc. Fig.5 Decúbito dorsal e linha de incisão para abertura do cadáver de um cão. Suínos são incisados na mesma forma. Fig.6 Abertura da cavidade torácica de um cão pela retirada do esterno (plastrão costal). EXAME DOS CONJUNTOS 1. PRIMEIRO CONJUNTO (língua, faringe, laringe, tonsilas, esôfago, tireóides, paratireóides, traquéia, timo, pulmões e coração): Observar forma, volume, coloração, brilho, consistência, aspecto interno e externo, secreções, lesões e parasitas. Coletar fragmento de todos os órgãos. A Fig. 8 e Fig. 9 demonstram a retirada do primeiro conjunto em pequenos e grandes animais e na Fig. 10 a forma correta de exame do coração. Fig.8 Retirada do primeiro conjunto em um cão Fig.9 Retirada do primeiro conjunto em um bovino. Língua: aspecto do músculo, presença de nódulos, áreas com alteração de consistência, coloração, etc. * Realizar cortes transversais sequenciais em toda extensão. Tireóides e paratireóides: tamanho, coloração, consistência, assimetrias, superfície, nodulações, etc. Separar o esôfago da traquéia, deixando o mesmo ligado ao conjunto somente pela orofaringe. Com o auxílio de uma pinça e tesoura romba-fina, com cuidado para não danificar a mucosa, abrir o órgão em toda sua extensão. Esôfago: coloração, presença de conteúdo, parede do órgão e mucosa. Observar se há presença de nódulos, parasitas, etc. * Coletar o esôfago com a serosa sobreposta em papel, isopor ou outro anteparo, evitando que o mesmo deforme após a fixação ou que a mucosa sofra alterações após manipulação. Traquéia: com auxílio de uma tesoura romba-fina abrir o orgão desde a cartilagem epiglote até a carina. Abrir os brônquios principais e acessórios incisando juntamente o parênquima pulmonar. Observar a coloração das mucosas da traquéia e brônquios, formato dos anéis cartilaginosos, presença de conteúdo, lesões, etc. Pulmões: tamanho do órgão (impressão das costelas), coloração, consistência, presença de nódulos/cistos/abscessos, áreas fibrosadas, regularidade da superfície do órgão, presença de pigmentos (antracose). Observar áreas das lesões descrevendo minuciosamente a localização dessas alterações. O órgão deve ser fragmentado sequencialmente para observar o parênquima do mesmo. * Cuidado ao manipular o pulmão, evitar excesso de manipulação antes da coleta de fragmento para histopatologia. Analisar linfonodos mediastínicos: observando tamanho, coloração, consistência, etc. Timo: coloração, consistência, tamanho, etc. * É observado somente em animais jovens. * Em aves observa-se uma diminuição desse órgão, mas não seu desaparecimento. Devendo ser analisado em aves adultas. Fig.10 Exame do coração de um eqüino. Inicialmente deve-se inspecionar cuidadosamente o pericárdio, sua aparência; presença, volume e aspecto do líquido pericárdico. Fazer a remoção do pericárdio. Inspecionar o volume, forma e a superfície cardíaca em busca de alterações. Iniciar o exame interno do órgão ao abrir o ventrículo direito até a veia cava (A). Fazer nova incisão atingindo a artéria pulmonar (B). Incisar o ventrículo esquerdo até alcançar a veia pulmonar (C). Acessar e analisar a artéria aorta (D). * Ter o cuidado de não atingir o septo interventricular. Inspecionar o diâmetro das câmaras, espessura do miocárdio dos ventrículos e átrios, superfície de corte, presença e tipo de coágulos. Inspecionar cuidadosamente as valvas cardíacas: superfície, irregularidades, espessamento, etc. C D A B 2. SEGUNDO CONJUNTO (omento e baço): Observar forma, volume (borda do órgão), coloração, brilho, consistência, superfície de corte e lesões. O baço deve ser seccionado transversalmente em toda sua extensão. Deve-se observar no omento presença de nódulos, áreas de hemorragia, edemas, aderências, etc. 3. TERCEIRO CONJUNTO (diafragma, fígado, vesícula biliar, pré-estômagos, estômago, porção inicial do duodeno e pâncreas): Diafragma: observar possíveis alterações. Deposição de fibrina, hérnia, etc. Pré-estômagos: observar mucosa (retirar epitélio pigmentado que recobre as mucosas, com auxílio da faca, para analisar as mucosas), integridade da parede, lesões, corpos estranhos e conteúdo alimentar. * Amarração dupla com barbante à entrada do esôfago paraevitar a saída de conteúdo alimentar estomacal. Estômago e duodeno: Abrir o estômago iniciando pelo esôfago e seguindo pela curvatura maior até abertura completa do duodeno. Observar coloração e aspecto da mucosa, espessura da parede, conteúdo (quantidade e tipo), parasitas, corpos estranhos e lesões. * Amarração dupla na saída do duodeno. Fígado: coloração, tamanho, consistência, superfície, lobulação, bordas, superfície de corte, lesões e parasitas. O órgão deve ser todo seccionado. Vesícula biliar: inspeção externa e manobra de Virchow (comprimir a vesícula biliar e observar na saída do colédoco, no duodeno, o fluxo de bile - esta prova detecta processos obstrutivos que dificultam a saída da bile). Após, observar tipo de conteúdo, coloração, volume, espessura e cor da mucosa. Pâncreas: coloração, tamanho, consistência, superfície, superfície de corte, lesões e parasitas. 4. QUARTO CONJUNTO (intestinos) Separar as alças intestinais do mesentério com uma faca e inspecionar a serosa e os linfonodos mesentéricos. * Amarração dupla das extremidades (início do jejuno e final do cólon) dos intestinos para evitar extravasamento do conteúdo. Abrir toda a extensão do órgão com tesoura (ponta romba voltada para luz do órgão) ou enterótomo. Observar coloração, espessura e integridade da mucosa, conteúdo intestinal, corpos estranhos, parasitas e lesões. * Coletar fragmentos de intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e de intestino grosso (ceco, cólon e reto) com a serosa sobreposta em jornal, isopor, etc, evitando que o fragmento deforme após a fixação ou que a mucosa se altera devido manipulação excessiva. 5. QUINTO CONJUNTO (orgãos urogenitais) SISTEMA URINÁRIO Rins: Exame externo: aspecto (liso ou rugoso), coloração, tamanho, consistência. * Destacar a cápsula renal e observar a presença de aderências. A cápsula é retirada após secção do órgão. Exame interno: ao corte, observar o aspecto, coloração e lesões na região cortical e medular. Analisar relação cortico-medular. Na pelve renal inspecionar o volume, conteúdo e alterações. Ureteres: dilatações e lesões. A análise é externa. Não sendo aberto normalmente. Bexiga: exame externo; volume, coloração. Exame interno: quantidade, cheiro e aspecto da urina, exame da mucosa. * Se a bexiga se encontrar repleta deve ser feita compressão na mesma para observar se existe obstrução no fluxo normal da urina. SISTEMA GENITAL Machos: Próstata: coloração, tamanho, consistência, superfície de corte e lesões. Uretra: mucosa, presença de estenoses e lesões. Pênis: coloração da mucosa e lesões. Prepúcio: coloração da mucosa e lesões. Testículos: coloração, forma, tamanho, consistência, simetria e lesões. Fêmeas: Prenhez: presente ou ausente, número de fetos e tempo de gestação aproximado. Ovários: coloração, tamanho, forma e simetria; presença e número de folículos, corpos lúteos, corpos hemorrágicos e corpos albicans. Observar e descrever lesões. Corpo, cornos uterinos e cérvix: aspecto, tamanho, coloração das mucosas, simetria, lesões, exame dos anexos embrionários se houver prenhez. Presença de conteúdo (tipo e quantidade). Vagina: coloração da mucosa, espessura e alterações. Vulva: posição, presença de nódulos, secreções (tipo e quantidade). Uretra: mucosa, presença de estenoses e lesões. 6. SEXTO CONJUNTO (sistema nervoso - cérebro, cerebelo, bulbo, medula e meninges): Remover a cabeça do animal na região da articulação atlanto-occipital. * Tentar remover o máximo possível de fragmento medular. O exame do sistema nervoso requer técnica especial para a retirada do encéfalo e medula. O encéfalo (cérebro, cerebelo e bulbo) pode ser removido de maneiras distintas nas várias espécies de animais domésticos. Porém, o uso de uma machadinha é o ideal na maioria das situações, além da praticidade desse método. Quando disponível, principalmente para pequenos animais, pode-se usar uma serra pequena ao invés da machadinha. Esta técnica permite a retirada completa dos hemisférios cerebrais, cerebelo, bulbo e parte inicial da medula espinhal. O exame da medula espinhal é bastante laborioso, e por razões óbvias, só é realizado quando houver indicação. A técnica de abertura da caixa craniana pode ser também realizada com uma serra comum, formão, martelo ou faca e tesoura. O local de acesso para retirada do encéfalo independe do material utilizado. Esta técnica está apresentada nas Fig.11 e Fig.12 (bovinos), Fig.13 (eqüinos) e Fig.14 (cães). Depois de remover a calota craniana a dura mater deve ser separada do encéfalo, para isso são realizadas secções lateralmente a foice do cérebro (sentido rostro- caudal) e acima do tentório cerebelar (sentido latero-lateral), retirando os mesmos (Fig. 15). Com cuidado deve se retirar o encéfalo, cortando/desconectando os bulbos olfatórios (região rostral do cérebro – córtex frontal), nervos ópticos (base do cérebro - quiasma óptico) e os pares de nervos cranianos que ainda conectam o encéfalo à caixa craniana. Após a remoção do sistema nervoso, observar tamanho, coloração, consistência, substância branca e cinzenta, ventrículos e alterações. Fig.11 Técnica para retirada do encéfalo de bovinos. Local para retirar calota craniana e acessar encéfalo. Fig.12 Técnica para retirada do conjunto Gânglio de Gasser (G) /hipófise (H) /rede admirável (R) (GRH). 7. SÉTIMO CONJUNTO (sistema ósteo-muscular – músculos, ossos, articulações, etc) Realizar cortes na musculatura dos membros e abrir as articulações à procura de lesões. Examinar algumas articulações principais (ex: articulação coxo-femural; articulação fêmuro-tíbio-patelar; articulação úmero-radio-ulnar) à procura de desgaste anormal e inflamações. Analisar quantidade, consistência e aparência do líquido sinovial. Forçar a fratura das costelas (técnica usada principalmente em pequenos animais) para observar o indício de descalcificação óssea. Quando há distúrbios na calcificação óssea, ocorre a flexão anormal do osso ou a formação de fraturas em “galho verde”. Fig.14 Técnica para retirada do encéfalo de cães (A). Vista panorâmica após a remoção da calota craniana (B). A B Fig.13 Técnica para retirada do encéfalo de eqüinos. As linhas representam o local onde os ossos devem ser serrados. Fig.15 Técnica para retirada do encéfalo. Retirada da dura mater. 8. DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO: Consiste no resultado da necropsia. Deve ser claro e conciso. Precisar a etiologia do processo e as lesões mais importantes. Quando possível, estabelecer a “causa mortis” se o animal não foi sacrificado. IMPORTANTES ACHADOS DURANTE A NECRÓPSIA LOCAL NORMAL PATOLÓGICO CAUSA SUPERFÍCIE PULMONAR PLEURA PLISSADA E PULMÃO CREPITANTE. PLEURA LISA. AUMENTO DO VOLUME PULMONAR. PLEURA PLISSADA E PULMÃO CREPITANTE. PULMÃO HIPERCREPITANTE E PÁLIDO. ENFISEMA ALVEOLAR PLEURA PLISSADA E PULMÃO CREPITANTE. PULMÃO HIPOCREPITANTE. ATELECTASIA, EDEMA PULMONAR E BRONCO- PNEUMONIAS. TESTE DA FLUTUAÇÃO PULMONAR FLUTUA. AFUNDA. ACÚMULO DE LÍQUIDOS OU AUSÊNCIA DE AR. * NEONATOS QUE NÃO CHEGARAM A RESPI- RAR. CONTEÚDO NA TRAQUÉIA E BRÔNQUIOS AUSENTE OU PEQUENO REVESTIMENTO MUCOSO. LÍQUIDO ESPUMO-SO OU HEMOR-RÁGICO E EXSUDATOS. EDEMA OU HEMORRAGIA PULMONAR E BRONCOPNEUMONIAS CÁPSULA RENAL LISA E FACILMENTE DESTACÁVEL. IRREGULAR E ADERIDA. PROCESSOS INFLAMATÓRIOS.BORDAS DO BAÇO E FÍGADO BORDAS CORTANTES. BORDAS ARREDONDADAS. INDICA AUMENTO DE VOLUME DO ÓRGÃO. SUPERFÍCIE HEPÁTICA LISA E SEM DEPRESSÕES. IMPRESSÕES DAS COSTELAS NA SUPERFÍCIE. HEPATOMEGALIA. MANOBRA DE VIRCHOW PRESSIONANDO A VESÍCULA BILIAR, A BILE FLUI NORMALMENTE ATÉ O DUODENO. A BILE NÃO FLUI SOB PRESSÃO DA VESÍCULA. OBSTRUÇÃO COM OU SEM ICTERÍCIA. COSTELAS FRATURAM AO MEIO E ESTALAM AO SEREM ENVERGADAS. FRATURAM EM GALHO VERDE. DESMINERALIZAÇÃO. MUCOSA DOS PRÉ- ESTÔMAGOS PIGMENTADA E DESPRENDENDO-SE FACILMENTE APÓS ALGUMAS HORAS ALTERAÇÕES NA PIGMENTAÇÃO E ADERÊNCIAS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS. ÓRGÃOS OCOS PAREDE APARENTEMENTE COMPOSTA POR UMA ÚNICA CAMADA. PAREDE APARENTEMENTE COMPOSTA POR TRÊS CAMADAS DISTINTAS. EDEMA MURAL COLHEITA DE MATERIAL PARA EXAMES COMPLEMENTARES 1. HISTOPATOLOGIA Colher fragmentos de vários órgãos e tecidos que sejam necessários para elucidar o diagnóstico. Isto deve ocorrer o mais precocemente possível após a morte do animal. Os fragmentos de tecido devem ter no máximo 0,5 cm (meio centímetro) de espessura para que o fixador atue de forma adequada. * O tamanho do fragmento deve ser representativo do tecido ou lesão, devendo apenas, ser sempre respeitada a espessura máxima. Sempre, ao colher amostras de uma área com lesão, incluir também no mesmo fragmento uma área de tecido normal adjacente. O fixador utilizado com maior freqüência para histopatologia é o formol tamponado a 10%. É um bom fixador, econômico, fácil de ser adquirido e se presta a grande maioria dos exames histopatológicos usuais. Deve ser formulado da seguinte maneira: FORMOL 37-40% (encontrado no comércio) .......... 100 ml ÁGUA ....................................................................... 900 ml Após o preparo, acondicionar em frasco plástico bem vedado e colocar carbonato de cálcio até a saturação (pode-se usar alguns fragmentos de giz branco no fundo do recipiente). Deixar a solução em repouso e usar o sobrenadante. Os fragmentos de tecido devem ser acondicionados em frascos de boca larga e de tampa plástica (preferencialmente) contendo no mínimo 10 a 15 vezes o volume das peças em fixador. Estas normas devem ser sempre seguidas para que ocorra a fixação adequada dos tecidos. Jamais envie o órgão todo ou grandes blocos de tecidos comprimidos em pequenos frascos, ou frascos de boca estreita, e com pequenas quantidades de fixador. Neste caso será necessário a quebra do recipiente para a retirada do material, que quase certamente estará mal fixado, e não se prestará ao estudo. Isto acima descrito demostra erro grosseiro e inconcebível a um Médico Veterinário. Após acondicionado adequadamente em seu recipiente com o fixador, o frasco deve ser etiquetado e bem identificado. Junto ao material, devem ser enviados todos os dados clínicos, epidemiológicos e laudo de necrópsia, para que o patologista possa orientar-se. Dê sempre preferência para enviar as amostras a um patologista veterinário, pois alguns patologistas médicos, apesar de excelentes profissionais, não estão habituados a muitas afecções só observadas nos animais e a freqüência com que ocorrem. BIBLIOGRAFIA BENBROOK, E.A. The value of necropsy in veterinary medicine. J. Am. Vet. Med. Assoc., Illinois, v.111, p.65-66, 1947. JONES, T.C.; GLEISER, C.A. Veterinary Necropsy Procedures. Rochester, J. B. Lippincott, 1954. 136p. SANTOS, J.A.; MELLO, M.R. Diagnóstico Médico-Veterinário (colheita de material). Rio de Janeiro, Nobel, 7a ed., 1987. 190p. SUMMERS, B.A.; CUMMINGS, J.F.; DE LAHUNTA, A. Veterinary Neuropathology. St. Louis, Mosby -Year Book, 1995. EXEMPLO DE FICHA DE NECROPSIA: Proprietário: Prontuário: Data: Nome do animal: Espécie: Sexo: Idade: Raça: Pelagem: Médico Veterinário responsável: CRMV: NECROPSIA EXAME EXTERNO: 1. Estado geral do animal (constituição, estado nutricional, sinais externos, cicatrizes, alterações cadavéricas, etc): 2. Tegumento (Pele, cascos, unhas, chifres, mamas e bolsa escrotal): 3. Cavidades naturais e mucosas (pálpebra, conjuntiva e olhos, narinas, boca, pavilhão auricular, ânus e genitais): EXAME INTERNO: 1. Linfonodos: Submandibulares_____________________ Cervicais superficiais Inguinais__________________________________________ Poplíteos Outros: 2. Cavidade torácica: Apresenta líqüidos: Não Sim Quantidade:________ml. Coloração: Tipo:_______________________________________________ Posição dos órgãos na cavidade: Normal Alterada Descreva: 3. Cavidade abdominal: Apresenta líqüidos: Não Sim Quantidade:________ml. Coloração: Tipo:_______________________________________________ Posição dos órgãos na cavidade: Normal Alterada Descreva: EXAME DOS CONJUNTOS: 1. PRIMEIRO CONJUNTO (língua, faringe, laringe, tonsilas, esôfago, tireóides, paratireóides, traquéia, pulmões e coração): 2. SEGUNDO CONJUNTO (epiplon e baço): 3. TERCEIRO CONJUNTO (diafragma, fígado, vesícula biliar, pré-estômagos, estômago, início do duodeno e pâncreas): Diafragma: Fígado: Vesícula biliar: Manobra de Virchow: positiva negativa Pré-estômagos,estômago e início do duodeno: Pâncreas: 4. QUARTO CONJUNTO (intestinos): 5. QUINTO CONJUNTO (Sistema urinário: rins, ureteres, bexiga e uretra. Aparelho genital - Machos: próstata, uretra, pênis, prepúcio e testículos. Fêmeas: presença de prenhez, vagina, cérvix, corpo e cornos uterinos, tuba uterina e ovários): 6. SEXTO CONJUNTO (Sistema nervoso: cérebro, cerebelo, ponte, bulbo, meninges e medula): DIAGNÓSTICO: Causa mortis: Material colhido para histopatologia e fixador utilizado: Observações: Professor responsável: Equipe de execução da necropsia (nome e número):
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