Buscar

Aula 7 A técnica de Necrópsia

Prévia do material em texto

Aula 1: A técnica de Necrópsia
Sanidade Avícola
Professor: Huarrisson
A necropsia é uma ferramenta importante para iniciarmos o processo de diagnostico, pois é a partir dela, mesmo que eu não diagnostique de forma especifica o agente etiológico, eu posso pelo menos através dos achados macroscópicos da técnica de necropsia, circunscrever alguns possíveis agentes etiológicos que estejam envolvidos naquele processo de doença de uma granja. 
Dentro da avicultura, diariamente o patologista faz necropsia, isso faz parte da rotina da sanidade avícola. 
A técnica de necropsia, é uma técnica de baixa sensibilidade (que é a capacidade de discriminar os indivíduos doentes de uma população) e de baixa especificidade (capacidade de qualquer teste de diagnostico descriminar corretamente os indivíduos saudáveis). 
E por que que mesmo assim ela é usada como ponto norteador do sistema de diagnostico? Porque eu uso a necropsia como parte de um processo de diagnostico, para circunscrever os possíveis agentes etiológicos, uma vez os sintomas das doenças são parecidos. 
Então a necropsia não vai me dizer de 20 indivíduos, quem é que está me causando a doença, mas vai me dizer pelo menos os mais suspeitos. E ainda pode me dar indicações de associações etiológicas, porque hoje na veterinária não existe mais aquele processo de doença unicausal. Hoje a doença é multicausal. 
Objetivos da necropsia
Conhecer a causa da enfermidade e/ou mortalidade dos animais
Circunscrever os possíveis agentes etiológicos
Obtenção das amostras, elegendo os tecidos de predileção do agente etiológico. 
Melhorar o conhecimento da enfermidade
Estudos jurídicos, pouco usada. Mais usada como processo inicial de diagnóstico. 
Seleção dos animais para a necropsia
Conceito de patologia de populações
Devem ser representativas do quadro clínico
Evitar aves que aparecem esporadicamente com um processo individual patológico;
Aves “refugo” que aparecem normalmente não devem ser incluídas na amostragem, taxa de refugagem do lote, são aves normalmente acometidas dentro da população, são alterações consideradas normais. 
Aves mortas
Dentro de um sistema de produção, quando se pensa em animais de produção, as patologias são pensadas de forma coletiva e não me preocupo com processos patológicos individuais. O que interessa é o que acontece na granja em um geral. Se a maioria das aves de determinado lote, apresentam sintomas respiratório, eu vou me preocupar com patologias que acometem o sistema respiratório. Eu não vou me preocupar com aves de problema locomotor ou neurológico, porque essas aves não serão utilizadas para fazer necropsia. As aves que devo utilizar para servir de amostra para fazer necropsia, devem ser aves que sejam representativas do quadro clinico do lote de uma forma geral, não usar aves morta, ou graves com patologias individuais, e não usar aves refugo, usar aves que sejam amostrativas para o lote. 
Não pode fazer necropsia de ave morta, porque ocorre muita alteração cadavérica, podendo causar confusões e erros de diagnóstico.
O que norteia o número de amostras, é a frequência da presença do agente causando a patologia. 
Coletar as aves de forma aleatória, que apresentem o sintoma clínico em diferentes locais dentro do galpão. 
Aves refugo são aves que tem condições menores naturalmente, que já são naturalmente mais fracas. 
Quantas aves eutanasiar? Como eu devo coletar essas aves? O número de aves depende fundamentalmente da frequência da doença, e não do tamanho do lote. Coleto as aves de vários pontos de forma aleatória.
Métodos de Eutanásia:
Resolução nº 714, em 20 de junho de 2012. Esta Resolução do CFMV “dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais, e dá outras providências”,
Artigo 15 – métodos inaceitáveis para eutanásia
CONCEA 2013: Diz que se existe a possibilidade de usar métodos que promovem o bem-estar animal, eu sou obrigado a usar aquele método. Se eu tenho a possibilidade e usar anestésico, eu devo usar. 
Deslocamento cervical, apenas em aves abaixo de 3kg, e que a técnica seja executada por médico Veterinário treinado. 
Decaptação, em aves sedadas ou dessensibilizadas por eletronarcose.
CO2 só pode ser usado em casos de emergência sanitária. Espuma densa que mata as aves por asfixia, também usado somente em casos de emergência sanitária. 
Art. 15. São considerados métodos inaceitáveis para eutanásia em animais: embolia gasosa (causa dor extrema);
Traumatismo craniano (quando mal aplicado produz dor severa);
Incineração in vivo (causa morte por queimadura causando dor e sofrimento);
Hidrato de cloral para pequenos animais (por ser dose dependente causa extrema angústia);
Clorofórmio ou éter sulfúrico (são tóxicos e causam dor e sofrimento);
Descompressão (pode causar dor extrema);
Afogamento (causa dor e sofrimento);
Exsanguinação sem inconsciência prévia (causa angústia e dor);
Imersão em formol ou qualquer outra substância fixadora (causa dor e sofrimento);
Uso isolado de bloqueadores neuromusculares, cloreto de potássio ou sulfato de magnésio (causam dor e angústia);
Qualquer tipo de substância tóxica, natural ou sintética, que possa causar sofrimento ao animal e/ou demandar tempo excessivo para morte;
Eletrocussão sem anestesia prévia (causa dor e angústia);
Qualquer outro método considerado sem embasamento científico e/ou que não esteja devidamente aprovado pelo CFMV.
Métodos aceitáveis e aceitos sob restrição (conforme Resolução CFMB nº1000/2012)
ACEITOS
Barbitúricos ou outros anestésicos gerais injetáveis; anestésicos inalatórios seguidos de outro processo. 80mg/kg de peso vivo por via endovenosa ou intraperitoneal. 
ACEITOS SOB RESTRIÇÃO
N2/argônio; deslocamento cervical; decapitação; CO2 edimento para assegurar a morte
Métodos de Eutanásia:
Não deve ser doloroso
O animal deve alcançar rapidamente um estado de inconsciência e morte
O método deve requerer uma imobilização mínima do animal
Deve evitar a excitação do animal
Deve ser apropriado para a idade, espécie e saúde do animal, minimizando o medo e o estresse que este pode sofrer.
Deve ser confiável, reprodutível, irreversível e fácil de administrar (doses baixas).
O que é permitido fazer no abate? Eletropulsão, eletronarcose (não é técnica de abate e sim de dessensibilização). Tem 2 métodos de decapitação: Ou manual, que a pessoa fica com a faca decapitando as aves, ou a própria planta do frigorifico tem uma guilhotina. 
Então de forma geral é feito uma dessensibilização seguida de decapitação, sendo a dessensibilização uma etapa dos métodos de eutanásia, e a decapitação é o método em si mesmo. 
É proibido utilizar somente a dessensibilização como método de eutanásia, porque para a ave morrer por eletronarcose sofre muita variação de peso. Tem ave que é mais sensível e tem ave que é menos, tem ave que morre e tem ave que não. Então para evitar isso, você apenas coloca um nível de voltagem que dessensibiliza para depois finalizar com a decapitação. Além disso, a eletronarcose tem outro problema: Quando você aumenta muito a voltagem para que ocorra a morte, você prejudica a qualidade da carne. 
O método de eutanásia mais utilizado na pratica é o deslocamento de cervical, mas tem algumas restrições: Que a ave tenha menos de 3 kg e que seja feito por um profissional treinado. 
Métodos de Eutanásia em Massa
Por exemplo, você tem o surto de uma doença como a Influenza Aviária e Doença de NewCastle. Qual é o procedimento veterinário? Eutanasiar o lote completo. Então você entra em uma situação que a gente chama de emergência sanitária. Quando ocorre uma emergência sanitária, você pode abrir mão de alguns métodos de eutanásia, que não necessariamente são humanitários. Esse método da espuma, é um método de eutanásia por asfixia e que não é humanitário, e sim sanitário.
Deve ser seguro para a pessoa que irá executar
Esteticamente aceitável
Material para a necropsia:
Bisturi, pinça e Tesoura, frasco para coletar material, formol, etc.
Característicase fases da técnica de necropsia:
Necropsia sistemática: fazer sempre da mesma forma, afim de estabelecer etapas.
Necropsia ordenada
Necropsia completa
Como se executa a necropsia? Porque ela tem que ser sistemática? Porque eu não posso começar a analisar os achados em uma ave de um jeito e fazer de outro jeito em outra ave. Então ela tem que ser feita da mesma forma em todas as aves, de forma sistemática, ordenada e completa. Tem que analisar todos os órgãos, tecidos e sistemas.
Esquema Geral da Técnica de Necrópsia:
Exame externo da ave e coleta de amostra in vivo, coletando sangue ou soro. 
Preparação do cadáver e abertura da cavidade celomática
Extração dos órgãos internos
Estudo e avaliação dos órgãos internos
Estudo da cabeça – Avaliação da cavidade nasal e do encéfalo
Estudo do aparato locomotor – Avaliação dos nervos, articulação, ossos e músculos.
Deve-se fazer o exame externo da ave, observar se tem ectoparasitas, analisar mucosas, pele, etc.
Coleta de sangue: Extração de sangue mediante a punção de vasos sanguíneos, veiada asa, e ai coleto o sangue por gotejamento. Outro ponto de coleta de sangue, pode ser na veia da pata que é melhor pois passa entre dois ossos. O problema é nas galinhas de postura que tem a perna fina e ai essa veia é muito fina também. Quando a ave é muito jovem, coleta-se da veia jugular. E quando precisa de muito sangue, a gente faz punção cardíaca, mas só pode ser feita com a ave sedada. 
OBS: Lembrando que esse sangue coletado por gotejamento não pode ser utilizado para exames biológicos, porque ele não foi coletado de forma séptica. 
A postura da ave na bancada tem que ser em decúbito dorsal com as patas voltadas para quem vai fazer a necropsia. Deve-se molhar a ave com solução de detergente para evitar que as penas dela voem durante a necropsia e contamine os materiais e para manter a pele dela hidratada, para facilitar a visualização de lesões. 
Inicialmente se faz 2 cortes entre o peito e a coxa e em seguida faz a deslocação da articulação coxo-fêmural, expondo a cabeça do mesmo. Deve-se analisar a cabeça do fêmur, que deve estar lisa, branca e brilhante. Em seguida, vou rebater a pele desde a cloaca até o bico e vou divulsionar/tirar a pele de cima do peito, para avaliar se há lesões na musculatura peitoral e região do pescoço. Na região do pescoço na parte de trás em aves jovens, tem um órgão do sistema imunológico primário que é o timo, e ele é trilobulado, com 3 lóbulos tímicos, ele involui a medida que a ave cresce. 
Na abertura da cavidade celomática, tiro todo o peito e ai exponho todos os órgãos. Nisso, eu posso observar a localização dos órgãos, o tamanho, se está tudo direitinho ou não. 
 
Em seguida eu avalio os sacos aéreos, eles têm que ser transparentes e bem delgados. 
No próximo passo, tem que retirar todos os órgãos em blocos da cavidade celomática, e o professor começa a fazer isso pela boca. Ele faz 2 cortes na comissura labial, corta o osso hioide, o palato, e ai encontra-se o esôfago e a traqueia. Vai dissecando ao longo da cavidade celomática, retirando todos os órgãos, com exceção do pulmão e o rim. 
Extração dos pulmões: São bem aderidos na cavidade celomática da ave. Esse corpo é limitado anatomicamente, pois sua capacidade de expansão é bem menor quando comparado com um mamífero. 
Ai retiro tudo, ficando apenas o pulmão e o rim (são trilobados). No abatedouro se tira o rim de dentro da carcaça utilizando um aspirador, porque ai ele aspira a cavidade celomática e ai consigo retirar o pulmão e o rim. 
Ficou ainda o reto grudado na cloaca e na região dorsal do reto tem a bolsa de fabrício, que é o 2º órgão linfoide da ave. Então para não retirar a bolsa junto com a cloaca, eu faço um corte em torno da cloaca com uma tesoura mesmo e retiro. 
No macho adulto, observa-se o testículo que fica na porção cranial do rim. E na fêmea antes da maturação sexual, tem um órgão vestigial e que é esponjoso, que vai evoluir ainda para se tornar o órgão reprodutivo da fêmea. 
Por último, separa-se os órgãos por sistema para avalia-los. 
Coração: parede do VE bem espessa, parede do VD muito delgada. 
Comparar sempre a Bursa com o tamanho do baço, avaliando assim se a ave está com a Bursa aumentada ou diminuída, a Bursa normalmente involui com o crescimento da ave. 
Cabeça: após fazer o corte hexagonal, colocar a cabeça no formol por 6 horas afim de que o encéfalo se torne mais endurecido, só depois retirar de fato o encéfalo para enviar para o diagnóstico. 
Traumas em tecido peitoral:
Em aves de postura os traumas hemorrágicos estarão apenas na parte superficial, enquanto que nas lesões hemorrágicas causadas por agentes etiológicos as lesões estarão sempre em tecidos profundos também.

Outros materiais