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ECA - SLIDE 10

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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Aula 10 – Os crimes e as infrações administrativas previstas pelo ECA, e o procedimento de apuração de infrações administrativas às normas de proteção a criança e ao adolescente .
AULA 10
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Conteúdo Programático desta aula
Crimes previstos pelo ECA;
Infrações administrativas previstas pelo ECA;
Procedimento de apuração de infrações administrativas às normas de proteção à criança e ao adolescente.
 
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Muitas vezes, o descumprimento às normas previstas no ECA corresponde a um crime (com penas de reclusão e detenção) ou a uma infração administrativa (com penas de multa), também previstos pelo ECA. 
O ECA prevê infrações de duas espécies: penais e administrativas. 
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Infrações penais – Artigos 228 até 244B
Infrações administrativas – Artigos 245 em diante
Destaques importantes:
Os crimes do ECA não são os únicos que possuem criança ou adolescente como vítimas
Os crimes são de ação penal pública incondicionada
Existem infrações penais culposas
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Quanto ao artigo 226, é importante destacar que as normas gerais do Código Penal devem ser aplicadas apenas às infrações penais, e não às administrativas. Por fim, a previsão do artigo 227 é desnecessária, pois a partir do momento em que a lei não traz outra modalidade de ação penal, incide a regra, sendo ela pública incondicionada, não havendo necessidade de tal disposição expressa.
A competência dos delitos contra a infância e juventude são da Vara Criminal da respectiva Comarca e não da Justiça da Infância e Juventude, que não julga a prática de crimes. 
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ART. 228 
Sujeito ativo: o encarregado de serviço (enfermeiro) ou o dirigente do hospital ou entidade correlata; 
Sujeito passivo: a coletividade e também a genitora e o neonato; 
Tipo objetivo: deixar de manter registro das atividades nos prontuários pelo prazo de 10 anos; e ainda deixar de fornecer declaração de nascimento; 
Elemento subjetivo: é o dolo e também a negligência (omissão) na obrigação desses atos. 
É crime omissivo, e não admite tentativa. 
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ART. 229 
Sujeito ativo: o médico, enfermeiro ou o dirigente do hospital; 
Sujeito passivo: a coletividade e também a parturiente e o neonato; 
Tipo objetivo: deixar de identificar o neonato e a parturiente e também deixar de fazer o exame de diagnóstico e terapêutica de recém nascido; 
Elemento subjetivo: é o dolo e também a culpa na modalidade de negligência; 
É crime omissivo, e não admite tentativa. 
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ART. 230 a 235
Tutela, principalmente, de direitos ligados à liberdade.
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ART. 232 
Sujeito ativo: a pessoa que detém poder sobre o menor (pais, tutor, curador, etc.); 
Sujeito passivo: o menor submetido a vexame ou constrangimento; 
Tipo objetivo: submeter a criança ou o adolescente a vexame ou a constrangimento; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
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ART. 236 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que obste a atividade do Juiz, do MP ou do membro do Conselho Tutelar no exercício de suas funções; 
Sujeito passivo: a autoridade judiciária, membro do MP ou do Conselho Tutelar; 
Tipo objetivo: impedir ou embaraçar (colocar obstáculos) na execução das funções destes entes; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
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ART. 237 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que subtraia criança ou adolescente; 
Sujeito passivo: o responsável legal; 
Tipo objetivo: subtrair (retirar) criança ou adolescente do responsável legal com o fim de colocação em família substituta; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
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ART. 238 
Sujeito ativo: responsável legal (e somente ele: é personalíssimo). No parágrafo único, é qualquer pessoa que oferece ou efetiva a paga ou recompensa; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente; 
Tipo objetivo: prometer entrega do filho ou do pupilo, ou efetuar esta entrega, mediante pagamento prévio (paga) ou posterior (recompensa); 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é formal, e admite tentativa. 
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ART. 239 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que promova ou auxilie a efetivação do ato. Inclui-se as entidades que realizam contatos com famílias estrangeiras; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente submetido e a coletividade atingida; 
Tipo objetivo: ajudar pessoa envolvida nesta conduta; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a promoção ou auxílio, e admite tentativa. 
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ART. 240 até 241E
Pornografia Infanto Juvenil
Alteração pela Lei 11829/08
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ART. 242 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que forneça armas, munições ou explosivos; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente que adquire arma, munição ou explosivo; 
Tipo objetivo: vender ou dar à criança e adolescente, arma, munição ou explosivo; 
Elemento subjetivo: é o dolo; O crime se consuma com a venda, fornecimento ou entrega, e admite tentativa. 
A doutrina entende que no que tange à arma de fogo, explosivo ou munição, aplica-se o estatuto do desarmamento em detrimento do art. 242 do ECA, pois em caso de conflito entre leis especiais, aplica-se o critério cronológico. Sendo assim, é aplicável o art. 16 da Lei 10826/03, só restando aplicação para o art. 242 do ECA no que tange à arma branca.
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ART. 243 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que venda, forneça ou entregue; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente objeto da entrega destes produtos; 
Tipo objetivo: vender, fornecer, ministrar (receitar) ou entregar à criança ou adolescente, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a venda, ministração ou entrega, e admite tentativa. 
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Surge controvérsia no que tange ao fornecimento de bebida alcoólica.
Vejamos posicionamento da doutrina – Profa. Cristiane Dupret, em Curso de Direito da Criança e do Adolescente:
“O artigo 81 do ECA prevê a proibição de venda a crianças e adolescentes de vários produtos, dentre eles, as substâncias que possam causar dependência física ou psíquica. Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
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I - armas, munições e explosivos; 
II - bebidas alcoólicas; 
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; 
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
qualquer dano físico em caso de utilização indevida; 
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; 
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. 
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No entanto, o artigo 81 fez uma separação desnecessária entre dois incisos: bebidas alcóolicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida. Afinal, já é incontestável na Medicina que o álcool está dentre as substâncias que podem causar dependência. No entanto, cabe indagar se o artigo 243 abrangeria as bebidas alcóolicas, pois, de acordo com esse entendimento, a contravenção prevista no artigo 63 da Lei das Contravenções Penais – LCP (DL 3688/41) estaria revogada em seu inciso I. Há projeto de lei do Senado visando a incluir o artigo 243-A no ECA, passando a tipificar expressamente a venda de bebidas alcóolicas. 
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Vejamos o que dispõe o artigo 63 da LCP:
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: 
        I – a menor de dezoito anos; 
        II – a quem se acha em estado de embriaguez; 
        III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais; 
        IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza : 
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
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Três entendimentos foram construídos acerca do tema:
1º) O crime do artigo 243 abrange a venda de bebidas alcóolicas, revogando parcialmente a contravenção penal do artigo 63. 
A bebida alcóolica está incluída entre as substâncias que podem causar dependência. Além disso, o legislador não fez menção ao artigo 81, não havendo por que vincular e restringir sua aplicação com base na distinção feita nesse artigo. 
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  2º) No que tange a bebida alcóolica, não estaria caracterizado o crime do artigo 243, mas sim a contravenção penal do artigo 63. Tendo em vista que, se o artigo 81 separou as substâncias, poderia ter mencionado a bebida no artigo 243, mas não o fez. Não se poderia permitir uma analogia in malam partem para alcançar aquele que servisse bebida alcóolica a menor de 18 anos. Dessa forma, servir bebida alcóolica a criança ou adolescente continuaria caracterizando contravenção penal, diferente de outras substâncias que podem causar dependência física ou psíquica, ainda que por uso indevido. Trata-se de entendimento majoritário.
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3º) Caracteriza mera infração administrativa. Trata-se de combinação necessária do artigo 81, II, com o artigo 249 do ECA, tendo em vista que a proibição de venda de bebida alcóolica sempre é contida em portaria da Justiça da Infância e Juventude.
Vejamos o entendimento que vem sendo aplicado pela Quinta Turma do STJ: 
A distinção estabelecida no art. 81 do ECA das categorias "bebida alcoólica" e "produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica" exclui aquela do objeto material previsto no delito disposto no art. 243 da Lei 8.069/90; caso contrário, estar-se-ia incorrendo em analogia in malam partem (Precedentes do STJ). Resp 942288 / RS – Min Jorge Mussi – Quinta Turma – 28/02/2008
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 ART. 244-A – Este artigo encontra-se tacitamente revogado pelo art. 218B do Código Penal, incluído pela lei 12015/09, que abrange todas as condutas antes previstas no art. 244A
Sujeito ativo: qualquer pessoa, incluindo no §1º, o proprietário do local, gerente e o responsável (administrador na falta do gerente); 
Sujeito passivo: criança ou adolescente que sofre a ação ilícita do agente; 
Tipo objetivo: submeter (obrigar) a criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a submissão da criança ou adolescente à prostituição ou exploração sexual, e admite tentativa. 
 
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ART. 244-B 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que corrompe ou facilita a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la, inclusive utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, mesmo de salas de bate papo da internet; Sujeito passivo: criança ou adolescente que sofre a ação ilícita do agente; 
Tipo objetivo: submeter a criança ou adolescente à corrupção para a prática de infração penal; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a submissão da criança ou adolescente à corrupção, e admite tentativa. 
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IMPORTANTE: Não se aplica às infrações administrativas a prescrição a que alude o art. 109 do Código Penal, mas sim, por analogia, as regras da prescrição de matéria civil. Aplica-se, contudo, o princípio da retroatividade da lei posterior mais benéfica, prevista no art. 2º do Código Penal.
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Procedimento para imposição de sanção, por prática de infração administrativa:
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos do retardamento.
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Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do requerido;
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
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Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento.  
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.
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