Buscar

Apostila de penal I - 2 ESTAGIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PENAL I – 2º ESTÁGIO 
ABRANGÊNCIA ESPACIAL DA LEI PENAL
TERRITÓRIO BRASILEIRO, PARA EFEITOS PENAIS: 
No nosso encontro passado nós vimos o conceito de território para efeito penal; vimos que esse conceito é jurídico pois, além de abranger os marcos físicos que são o solo/subsolo, as águas interiores, o mar territorial, esse compreendendo a faixa de água de 12 milhas marítimas (medida na preamar), e o espaço aéreo (que vai até a coluna atmosférica, ou seja, até onde há gravidade) que está acima de todos esses marcos físicos, tem também, por extensão legal, inserido nesse conceito de território: as embarcações e aeronaves brasileiras, essas embarcações e aeronaves nós vimos que quando elas são publicas na origem ou, não sendo públicas na origem, mas estão afetadas no serviço público brasileiro, elas constituirão território brasileiro onde quer que se encontrem. Assim, todo crime que acontecer no interior dessa embarcação ou aeronave estará acontecendo no Brasil.
Nós vimos, por outro lado, que as embarcações ou aeronaves que não são públicas na origem e nem estão a serviço público, ou seja: são privadas (particulares ou comerciais), só serão consideradas território brasileiro, por extensão, para efeito penal quando estiverem sobrevoando ou navegando por nosso território, fora isso só serão consideradas território por extensão se estiverem em espaço aéreo internacional ou em águas internacionais.
Vimos que a definição de água internacional ou espaço aéreo internacional tem a ver com aquela faixa de água salgada posterior às 12 milhas, quer dizer: até as 12 milhas, nós temos território nacional, não só a faixa de água, mas o espaço aéreo acima dessas 12 milhas.
Assim, a partir das 12 milhas, nós estaremos em águas internacionais e se for uma aeronave, nós estaremos em espaço aéreo internacional. Vimos que na faixa que começa a partir das 12 milhas e vai até as 24 milhas corresponde à Zona Econômica e que, a partir das 24 milhas é considerada Zona Contígua. O Brasil tem interesse jurídico nessas áreas, mas são outros interesses que não os de natureza penal, então ele exerce o poder de policia, poder de ingressar numa embarcação para ver se ela esta trazendo no lastro, por exemplo algum espécime de fauna que seja prejudicial ao nosso ecossistema. O Brasil pode, por exemplo, exercer o direito de exploração econômica, pode impedir essa exploração por outras embarcações de origem estrangeira, mas qualquer fato criminoso que ocorra nesse espaço, não estará ocorrendo no Brasil, porque as águas internacionais e o espaço aéreo internacional, não constituem território de pais nenhum, são de uso comum de todos os países. Aí, o que prevalecerá é o critério do pavilhão ou da bandeira: se a embarcação estiver registrada no Brasil, então a bandeira desta será brasileira. Logo, o registro da embarcação ou aeronave é que vai definir sua bandeira ou nacionalidade, e, consequentemente, a competência para julgar o crime ocorrido a bordo desta. Então todo o crime ocorrido a bordo dessa embarcação ou aeronave que não esteja nesse espaço de 12 milhas, vai estar acontecendo no país em cujo o registro está a embarcação ou aeronave. 
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA - E a intra-territorialidade da lei penal estrangeira ou internacional para o crime ocorrido no Brasil.
Nós vimos também da leitura do artigo 5º, lido mais de uma vez, que o principio-regra que vai informar a aplicação da lei penal no espaço é o da territorialidade temperada. E o que isso significa? Significa que, a princípio, todo o crime que ocorra em nosso território, independentemente da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo, será processado e julgado segundo as leis penais brasileiras e pelo Judiciário Brasileiro, então o principio- regra é o principio da territorialidade temperada, e porque estou dizendo que é o principio regra? Porque nós não adotamos o principio da territorialidade absoluta e sim territorialidade temperada. 
Se tivéssemos adotado o principio da territorialidade absoluta, todo o crime que ocorresse no nosso território, seria exclusivamente julgado por nós, pela nossa lei penal e pelo nosso Judiciário, independentemente da nacionalidade da vitima ou infrator, seria sempre de competência do Brasil. Porém, nós adotamos o principio da territorialidade temperada; nós e toda a comunidade internacional. 
E o que isso significa? Significa que se tivermos celebrado acordo internacional, seja ele bilateral ou multilateral, permitindo a aplicação de uma lei penal estrangeira ou uma lei penal internacional a um crime ocorrido em nosso território, então é essa lei estrangeira ou internacional que vai regular o fato. Esses acordos internacionais a que o Brasil se obriga, acarreta na relativização da nossa soberania para permitir a intraterritorialidade de uma lei penal estrangeira ou uma lei penal internacional que vai entrar no nosso território para o processo de julgamento desse caso, então por isso se chama esse fenômeno de intrarerritorialidade ou seja uma lei de fora seja de um pais estrangeiro ou internacional vai ingressar no nosso território pra apanhar esse crime que ocorreu no nosso território e com isso afastando a aplicação da lei penal Brasileira e o julgamento pelo Poder Judiciário Brasileiro. 
Que situações seriam essas de intraterritorialidade de lei penal estrangeira? São os crimes praticados por pessoas abrangidas pelas IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS, tratadas nas Convenções de Viena: se o individuo está abrangido pela imunidade diplomática e comete um crime aqui no Brasil, em função dessa convenção, ele não vai se submeter à jurisdição penal brasileira, em nenhuma de suas etapas, quer dizer que a lei penal Brasileira e o judiciário Brasileiro não vão poder ser movimentados de forma alguma para a investigação do crime, a prisão cautelar do criminoso, a instauração de processo criminal contra ele etc. Contudo, como afirmei para vocês, imunidade não significa impunidade, mas apenas que essas pessoas não se sujeitam à jurisdição penal do país onde estão servindo (país acreditado, em linguagem de direito internacional), mas, sim, à jurisdição penal do seu pais de origem (ou pais acreditante).
Assim, se comete, por exemplo, um homicídio aqui no Brasil, não vai se sujeitar ao exercício do poder punitivo brasileiro, mas vai se sujeitar ao do seu país de origem, seja este mais gravoso ou mais benéfico, então é a jurisdição do seu pais que vai prevalecer. Então o Brasil tem o dever de comunicar o fato a esse pais representado por essa pessoa, e é esse pais que vai instaurar sua justiça criminal para processo e julgamento desse fato. Uma informação que eu não dei e é extremamente importante é a de que essa imunidade ela não é renunciável pela pessoa que representa seu pais, seja ela um diplomata, seja chefe de estado ou de governo ou Dirigente de um órgão internacional, não é renunciável por estes porque essa imunidade é conferida ao país ou órgão internacional que tem essa pessoa numa linha de frente em um pais estrangeiro e que precisa exercer suas funções com um mínimo de segurança; então essa pessoa - vamos imaginar que no pais dela a pena cominada ao homicídio seja a de morte e aqui no Brasil a pena é de privação de liberdade, ai ela diz assim: eu renuncio à minha imunidade, para ter ao seu favor a aplicação da lei penal Brasileira que é mais benéfica. Essa renúncia terá algum efeito jurídico ou alguma relevância jurídica? Nenhuma.
Realmente, não se pode renunciar a uma prerrogativa que não lhe pertence, mas sim ao Estado ou Organismo Internacional (ONU, OEA etc). Agora, se esses renunciarem, aí, sim, essa renúncia terá relevância jurídica e o Brasil poderá processar essa pessoa por suas leis. 
A imunidade diplomática é uma imunidade total, é material, processual, prisional e até testemunhal. Mas, vejam: o cônsul, em regra, não tem imunidade porque não representa o pais, politicamente, mas apenas nas questões comerciais; então, em regra, os cônsules não têm imunidade diplomática, mas apenas quando há umacordo internacional bilateral ou multilateral, prevendo essa imunidade é que ela vai ser diplomática, ou seja, tem a ver com as suas funções de representação econômica, ou seja, não é total ou absoluta, como no caso da imunidade diplomática propriamente dita, conferida aos representantes políticos pelas Convenções de Viena
Vejam só: as convenções de Viena não prevêem imunidade aos familiares que acompanham o corpo diplomático nas suas missões, a imunidade é conferida para eles e também é ate o segundo secretário. Se você ocupa postos menores ao desse escalão também não estará abrangido pela imunidade diplomática. Porém, as outras práticas internacionais estendem essa imunidade aos familiares que acompanham essas delegações e estão sob sua dependência; então é extensível para esses familiares e isso é realmente observado, no mundo todo é observado. Então, foi um costume que se estabeleceu praeter legis, já que a lei internacional não a prevê, mas é até para garantia do exercício das funções de forma mais tranquila do estrangeiro que está no país e os familiares que estão com ele, são costumes diferentes, muitas vezes a ordem jurídica é totalmente diferente, então se não houver o mínimo de garantia de paz para esse diplomata e com isso a garantia tem que ser estendida para família não tem como ele exercer a sua missão. 
Não estão abrangidos pela imunidade diplomática os empregados particulares do membros dessa missão. Então, por exemplo: se um diplomata ou um chefe de Estado leva, por exemplo, seu motorista pessoal, sua secretaria particular, cozinheira etc eles não estarão abrangidos pela imunidade diplomática.
No que atine à intra-territorialidade da lei penal internacional, o exemplo é o Estatuto de Roma (os acordos internacionais, tratados e convenções em geral levam o nome do local onde são celebrados; então o estatuto de Roma teve esse nome porque foi firmado na capital da Itália). Trata-se de um estatuto importantíssimo porque instituiu o Tribunal Penal Internacional.
Notem que, desde o pós-segunda guerra mundial, a comunidade internacional insistia na instituição de uma corte internacional para julgar os crimes contra a humanidade, dentre os quais, inseridos os crimes de guerra, e se temia que isso não fosse avante, tornar-se uma realidade porque, para instituir esse tribunal internacional, havia necessidade de 60 países assinarem esse tratado, e ai uma forte pressão e oposição de potências como EUA, Rússia, Índia, China e Israel estes países estavam com soldados em guerras localizadas ou em missões em solo estrangeiro temiam que seus nacionais fossem submetidos a uma jurisdição internacional, que para eles não seria interessante, então bloquearam bastante esse acordo; mas, por fim, esse acordo saiu e saiu com mais de 100 assinaturas.
O Brasil foi um dos primeiros países a celebrar esse acordo internacional e é por isso que, quando a corte foi instalada (esse tratado de Roma foi nacionalizado no Brasil por um decreto, o de nº 4.388, de 2002), como o Brasil foi um dos primeiros, teve direito de indicar um jurista para integrar a Corte internacional. O Brasil indicou uma Desembargadora do TRF da 3° região, Dra. Sylvia Steiner, que foi sabatinada e aprovada por unanimidade e passou a integrar esse tribunal penal internacional, em 2003, que constitui um órgão permanente, porém a composição é temporária, como ocorre com a justiça eleitoral aqui no Brasil, que é um órgão permanente, mas de 2 em 2 anos, muda a composição, então a mesma coisa acontece com o tribunal penal internacional porque os juízes exercem mandatos e esses mandatos duram até 8 anos podendo ser revogado, então após esse período há nova indicação, nova sabatina, nova seleção para composição da corte.
O Tribunal Penal Internacional tem uma competência especifica que é só para crimes contra a humanidade e é interessante, muito proveitoso que vocês façam a leitura, porque é altamente didática; realiza interpretação autentica contextual, definindo os crimes contra a humanidade; o procedimento, princípios informadores etc.
O Estatuto de Roma prevê até a pena de morte, então o Brasil, é claro, quando celebrou o tratado o fez com ressalva porque nós não aceitamos pena de morte, a não ser em caso de guerra declarada, nem prisão perpétua; então o Brasil não pode ser compelido a aplicar a pena de morte, nem prisão perpetua porque essa ressalva constou no tratado quando o assinou.
O TPI é competente para o processo e julgamento dos crimes contra a humanidade praticados após a vigência do Estatuto, em prestígio ao princípio do juiz natural (primeiro tem que ter o órgão jurisdicional para depois, os fatos que ocorrerem a partir daí, serem julgados por esse órgão, isso veio legitimar os julgamentos, porque depois da segunda guerra mundial, todos os crimes contra a humanidade continuaram a ser julgados por tribunais de exceção, porque é o Conselho de Segurança da ONU que institui a corte e declina os membros. Ou seja, primeiro ocorre o crime para depois se instituir o órgão julgador e isso viola garantias individuais e muito caras à ordem democrática. O julgamento por tribunal de exceção, como ocorreu com o de Nuremberg, foi realizado pelos países vencedores do conflito mundial; e esses tribunais que estão ai em Ruanda, Kosovo etc todos eles instituídos pelo órgão de segurança da ONU, padecem do mesmo vicio do de Nuremberg: são tribunais de exceção, então, em boa hora foi instituída essa corte internacional em prol da humanidade.
Lembram do homicídio daquela missionária estrangeira, Doroty Stein, ocorrido aqui no Brasil? Essa missionária estrangeira se envolveu com questões ligadas a madeireiros, e foi morta por defender os locais contra os interesses dos madeireiros. Pois bem. Denunciaram o Brasil ao Tribunal Penal Internacional, para que avocasse o julgamento do caso, mas isso não foi possível porque a intraterritorialidade do Estatuto de Roma para o julgamento de crime ocorrido no Brasil, não se dá da mesma forma que a imunidade diplomática (imunidade de jurisdição penal brasileira), porque a competência do TPI é subsidiária, então o TPI só vai julgar o crime, de forma supletiva, ou seja, se no pais onde o fato ocorreu não houve o seu julgamento ou se houve, mas foi viciado. Não julgará qualquer crime, mas apenas os arrolados no art. 7º do Estatuto de Roma e que tenham ocorrido depois da instituição do TPI, se não houver a presença desses requisitos o TPI não vai poder fazer absolutamente nada. Até hoje eu não tenho noticia do TPI ter julgado nenhum crime ocorrido aqui no Brasil.
OBS: Eu só posso afirmar a intra-territorialidade de lei penal estrangeira envolvendo imunidade consular se houver algum tratado ou convenção outorgando essa imunidade também ao cônsul ou missão consular.
TERRITORIALIDADE TEMPERADA E A EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA (CRIMES OCORRIDOS EM TERRITÓRIO 
Quando a lei penal estrangeira ou a lei penal internacional ultrapassar os limites do nosso território para julgar um crime ocorrido no Brasil, a esse fenômeno se dá o nome de INTRA-TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL (INTERNACIONAL OU ESTRANGEIRA).
 A recíproca também é verdadeira, que é a EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA. Isso porque adotamos o Princípio da Territorialidade Temperada, então tanto vai permitir que uma lei estrangeira ou internacional julgue um crime ocorrido aqui no Brasil quanto vai permitir o inverso, ou seja, um crime ocorrido em um país estrangeiro ser julgado pelo Brasil. Ou seja, agora, é a lei brasileira que vai extrapolar os limites do território nacional para alcançar esse crime que ocorreu em outro pais, então essa situação já é o reverso da moeda. 
LUGAR DO CRIME (art. 6º, CP)
Mas antes de visitarmos o art. 7º, do CP, que trata das hipóteses de extraterritorialidade, vamos antes falar sobre o lugar do crime, quando este envolve mais de um país em suas fases puníveis. Essa espécie de crime é classificada como crime de espaço máximo ou à distância e é tratada no art. 6°, do Código Penal, queassim dispõe:
 “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” 
Esse lugar do crime tratado no artigo 6º do Código Penal, é também uma regra de direito penal internacional (os arts. 5º ao 9º são regras de direito penal internacional). 
	Quando o artigo 6º trata do lugar do crime, não está tratando de todo e qualquer crime, mas de uma modalidade específica de crime, é aquele cuja execução ocorre no território de um país e a consumação desse crime só vai ocorrer no território de outro pais, esse tipo de crime é classificado como: crime de espaço máximo ou crime a distancia.
ETAPAS DO CRIME – E OS CRIMES DE ESPAÇO MÁXIMO
Em regra, a punição pela prática de um crime se dá sempre a titulo de dolo ou intenção, os crimes dolosos ou intencionais sempre seguem um caminho, itinerário, são as etapas ou fases do crime doloso. A 1ª é a cogitação, também chamada no latim (nuda cogitatio) é quando surge a idéia, o pensamento, projeto criminoso. É uma fase interna, pois. No modelo de Direito Penal do Fato, essa fase é irrelevante porque não se pune alguém pelo que é ou pensa, mas pelo que concretamente faz, de forma consciente, objetivando colocar em risco relevante ou causar uma lesão relevante a um bem tutelado pelo Direito Penal e pertencente ao outro. Assim, a responsabilidade penal se funda na culpa pelo fato.
A 2ª fase ou etapa do crime é externa e consiste na prática de atos preparatórios. O sujeito começa a se preparar para realizar o crime. É nessa fase que ele escolhe os meios, analisa a relação custo-benefício, como e quando vai realizar o crime, os efeitos colaterais etc. Trata-se da preparação ou ato preparatório ou (conatus remotus).
Essa fase aqui no Brasil, também em regra, é irrelevante porque em casos pontuais o legislador penal vai criminalizar ato preparatório como no caso da associação criminosa tipificada no art. 288, com a nova redação (antigo bando ou quadrilha). O que está criminalizado no artigo 288? Três ou mais pessoas formarem uma sociedade para praticar crimes, essa sociedade criminosa pode não vir a praticar nenhum crime, mas o fato dela existir já é um crime em si, autônomo. Então o que é que o legislador fez ai? Criminalizou o ato preparatório, como é o crime de você ter petrechos usualmente utilizados em falsificações, isso é exceção da exceção, conta-se nos dedos das mãos a criminalização em atos preparatórios, então aqui também é irrelevante.
	A 3ª etapa é a do início da execução do crime ou (Conatus proximus), a partir desta fase já tem relevância penal, e, portanto, é punível. Mas, quando é que eu inicio a execução? Quando eu exteriorizo a minha vontade, de forma consciente, objetivando realizar os elementos que compõem a definição legal de um crime. Por exemplo: o crime tipificado no art. 121, do CP, contém dois elementos integrantes: matar alguém. Assim, quando eu aponto a arma municiada em direção da vítima; ou dou para a vítima alimento envenenado, estou numa fase externa punível, porque aí há aptidão na conduta para realizar o verbo incriminador.
Os atos de execução são aqueles que têm aptidão para realizar o núcleo ou o verbo do tipo incriminador, isso aqui tem relevância penal, qualquer um de nós pode ser processado e julgado por ter praticado os atos de execução, ainda que a 4ª etapa, que é a consumação, não ocorra. E aí o crime ocorreu, porém em sua forma tentada. Ou seja, iniciada a execução do crime, este não se consuma por circunstância alheia à vontade do agente. 
Nem todo crime admite a tentativa, como são exemplos os crimes culposos. Nesses crimes, o sujeito não quer produzir o resultado lesivo, nem aceita com sua conduta vir a produzi-lo. 
Então, a tentativa envolve apenas os crimes dolosos, materiais e plurissubsistentes. Isso porque para o crime doloso admitir a tentativa, o resultado físico descrito no tipo tem que se realizar (oresultado físico é necessário para a consumação). Ademais, o crime deve ser plurissubsistente, ou seja, a conduta se realiza através de mais de um ato, de sorte que só assim, entre um ato e outro, pode ser interrompida por motivo alheio à vontade do agente, como ocorre no exemplo do homicídio: o cara comprou a arma, municiou a arma, apontou a arma contra a vitima, deflagrou o 1º projétil e não pegou, nem o 2º e 3º, no 4º ele foi imobilizado, a vitima reagiu e ele não pode prosseguir e a vítima não morre. Ou ainda, apontou a arma municiada para a vítima e ao apertar o gatilho, este travou; ou ele atirou todos os projetéis e nenhum atingiu o alvo. Houve a consumação? Não. O crime de homicídio só se consuma quando a vitima vem a óbito. Afinal, a conduta incriminada é MATAR ALGUÉM! Nesse caso, como ele praticou atos de execução, atos objetivando a morte, mas não conseguiu, então eu não tenho o crime consumado eu tenho o crime tentado. 
Já que entendemos as fases do crime: O que é que ocorre com os crimes de espaço máximo ou a distância? Os atos de execução ocorrem num país e a consumação ou tentativa vai ocorrer em outro pais. O caminho do crime envolve mais de um país. Então quando acontece isso, o lugar do crime que está no artigo 6º é informado pela Teoria da Ubiquidade, então vai ser lugar do crime tanto o pais onde foi praticado o ato de execução como o pais onde foi consumado o crime ou ele se deu na forma tentada. 
	Então vejam, vamos imaginar, nós estamos na fronteira entre Brasil e Paraguai, especificamente na Ponte da Amizade, certo? O agente do crime está no lado brasileiro, quando atira na vítima e esta se encontra no lado paraguaio, onde cai morta. O que foi que aconteceu com esse crime de homicídio?! Os atos de execução foram praticados onde?! No Brasil. Mas, e a consumação? Ah, esta se deu no Paraguai. Então o que foi que aconteceu com esse homicídio: ele ocorreu todo ele no Brasil ou todo ele no Paraguai? Não. Parte dele ocorreu no Brasil e parte dele, no Paraguai. Sendo assim, iremos aplicar o artigo 6º, por se tratar de um crime a distância ou de espaço máximo.
E quando isso não ocorre, qual a regra que vamos utilizar? Se o crime não ultrapassa o território brasileiro, ainda que atravesse várias unidades da federação, o lugar do crime não será definido pelo art. 6º, do Código Penal, mas, sim, pelo art. 69 e seguintes, do Código de Processo Penal, que traz mais de um critério para definir o lugar do crime, quando não se possa utilizar o critério precedente. Por exemplo: o lugar onde se produziu o resultado; ou o lugar do domicílio do infrator; ou a depender da espécie de crime, o lugar onde a conduta foi realizada etc. Assim, se todo caminho do crime, todo ele, não sai dos limites do território Brasileiro, eu não estou diante de um crime a distância ou de espaço máximo. Portanto, não vou aplicar o art. 6º, do CP, mas, sim, o CPP.
Mas, voltando para o campo do Direito Penal, eu só vou aplicar o artigo 6º que é uma norma de Direito Penal Internacional, quando o crime envolver o Brasil e outro País igualmente soberano, e ai, a competência para o processo e julgamento, tanto vai ser do Brasil quanto desse país envolvido no caminho do crime, com apoio na Teoria da Ubiquidade. 
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA
Agora vamos ver em que situações, os crimes não ocorreram no Brasil, e sim num país estrangeiro qualquer e o Brasil vai dizer: a competência é minha, sou eu que vou julgar, é a minha lei penal que vai ser aplicada, é o meu Poder Judiciário que vai julgar e é ele que vai executar a sanção. Então, são os casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira.
Aqui precisamos de muito cuidado, meninos e meninas, muito cuidado, porque nós temos três possibilidades de extraterritorialidade da lei penal Brasileira, cada uma submetida a sua própria disciplina, com tratamento bem diferenciado. Então vamos ver que situações são essas?
A primeira está contida no artigo 7º, inciso I, alíneas, a, b, c, d, c.c. o § 1º, do Código Penal. Essas situações ali descritas, gente, olhe, tragamos códigos, se não puderem trazer, porque vem muito carregados, façam como eu disse, imprimam, vão lá no site planalto www.planalto.gov, ou então vão no google e põe assim, Código Penal, ele vai trazer, ai vocês imprimem e selecionam o artigo 1º até o 29, imprimem frente e verso, não vai dar nem 4 folhas e vocês tem que contar com a legislação na mão. É importante que vocês conheçam a lei, eu não estou dizendo que vocês têm que decorar, o nosso direito é legislado, não tem que decorar, mas precisamos, pelo menos, nos localizar, ter uma idéia de onde encontrar a disposição legal dentro do sistema em que inserida.
As hipóteses contidas no art. 7º, inciso I, alíneas “a” “b” “c” e “d” tratam da extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira, sendo cada uma informada por um princípio: as alíneas “a’ “b” e “c” do inciso I são informadas pelo princípio da defesa, real ou da proteção. E o que estabelece este princípio? Verificando a nacionalidade do bem jurídico protegido se aplica a lei do seu país, isso sustentado pelo interesse soberano de proteger seus bens jurídicos onde quer que eles sejam lesionados então é questão de soberania.
 Já a alínea “d” desse inciso I é informada pelo princípio da justiça universal ou justiça cosmopolita; aqui nessa situação o que é que acontece? O crime não afeta o país mais toda a ordem internacional e é dever de todo membro da comunidade internacional agir para reprimir, punir esse crime, como é o caso do genocídio, é só um exemplo.
Então, recapitulando, as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada previstas no inciso I alíneas “a’ “b” e “c”, são informados pelo princípio da defesa real da proteção e a hipótese da alínea “d” é informado pelo justiça universal ou cosmopolita, vamos ver logo que hipóteses são essas. Primeira situação, alínea “a” – crime praticado no exterior contra a vida ou a liberdade de locomoção do nosso chefe de Estado e Governo já que nosso sistema é Presidencialista, é numa pessoa só que se concentram: o Presidente da República ou quem estiver no seu exercício. Assim, se for vítima no estrangeiro de crime contra a sua vida ou contra a sua liberdade de locomoção, vai se aplicar essa regra.
Vejam, prestem bem atenção, que só há interesse do Brasil, em extrapolar os limites de seu território, para aplicar sua lei penal de forma incondicionada, quando o crime envolve a vida ou a liberdade do Presidente da República (ou está no exercício da Presidência). Então, vejam: não é toda aquela massa de crimes prevista no código penal e na legislação penal extravagante. Tem que ser crime contra a vida, quais são os crimes contra a vida que nós temos? Homicídio; indução ou auxilio ao suicídio; aborto e infanticídio. Já os crimes contra a liberdade, temos: cárcere, seqüestro etc.
Assim, se o Presidente da República foi vítima de um crime de furto ou de injúria ou qualquer outro crime, o Brasil não vai aplicar a lei penal brasileira para esse crime que ocorreu no exterior.
A segunda hipótese trata dos crimes contra o patrimônio e a fé pública de todos os entes da administração direita e indireta das 3 esferas, ou seja, crime contra o patrimônio da União, dos Estados, dos Municípios, Distrito Federal, das Autarquias, das Fundações Públicas. Também se insere nesse conceito, para fins penais, as Sociedade de Economia Mista e as Empresas Públicas.
Assim, a nacionalidade brasileira desses bens jurídicos: patrimônio público e fé pública exigem sua proteção contra condutas lesivas a estes, praticadas no exterior. O Brasil precisa dessa segurança, então a extraterritorialidade da lei penal Brasileira é incondicionada: o Brasil não precisa preencher nenhum requisito, nenhuma condição para poder agir, certo?! 
Terceira situação – crimes contra a administração pública Brasileira por quem esteja a seu serviço no exterior, ai já é um crime próprio não é? Então é administração pública a vítima e o autor do crime tem que ser servidor público brasileiro que está no exterior a serviço desta administração, imagine por exemplo, que um membro de uma embaixada, servidor público, e lá pede ou exige propina para liberar um visto por exemplo, não é, então está cometendo um crime de corrupção ativa ou de concussão quando ele exige que é mais grave ainda contra a administração pública. A legitimidade a idoneidade do serviço público prestado pelo Brasil, no exterior, não pode cair no descrédito, então mesmo que ocorra no estrangeiro é a lei penal brasileira, é o Judiciário Brasileiro que atuarão. 
A última situação (alínea d, do inc. I) é informada pelo princípio da justiça universal ou cosmopolita. O Brasil, adotou o princípio da justiça universal de forma limitada, só tutelando o genocídio, e se o genocida for brasileiro ou sendo estrangeiro tiver domicilio no Brasil. Então, se, chega um genocida aqui no Brasil em férias e vem curtir nossas águas mornas do Atlântico (quando ele ingressa no nosso território, a polícia federal, que faz o controle das fronteiras, acessa suas bases de informações e verifica que esse indivíduo é procurado pelo crime de genocídio. Ele é Brasileiro? Não é. Ele mora no Brasil? Não mora. Então a justiça criminal brasileira pode ser provocada para o processo e julgamento desse genocida aqui no Brasil? Não pode. O máximo que o Brasil pode fazer é promover a sua extradição para aquele país onde o fato se deu para que ele seja processado e julgado, então já vimos que tratamos de forma bem tímida só genocídio e o genocida tem que ser brasileiro e se ele não for brasileiro, tem que ser estrangeiro com domicilio no Brasil. Então se ele está aqui no Brasil a qualquer título que não por força de domicílio, está de férias, a trabalho, etc. enfim, não poderemos instaurar o processo para julgá-lo por crime de genocídio. 
Todas essas situações de extraterritoriedade incondicionada trazem em si um problema gravíssimo que é a ofensa ao princípio ne bis in idem, ou, no bis in idem, esse princípio é de natureza processual e penal, o que estabelece esse princípio? Que ninguém deve ser julgado, mais de uma vez pelo mesmo fato, que ninguém deve ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato, que ninguém pode ser mais de uma vez obrigado a cumprir pena pelo mesmo fato, um julgamento com absolvição ou condenação e ponto final. Só que quando o Brasil diz que esses crimes que ocorrem no exterior envolvem bens jurídicos de nacionalidade Brasileiro ou então envolve genocídio praticado por brasileiro ou estrangeiro domiciliado no Brasil, há um grande risco, uma grande probabilidade de duplo processo, duplo julgamento e dupla apenação pelo mesmo fato. Ou seja, o país onde ocorreu o crime instaura, no exercício da sua soberania, o exercício de seu poder punitivo; e o Brasil, por entender que a competência é sua, sua soberania também lhe autoriza a instaurar o processo criminal aqui no Brasil e ai nós vamos ter situações que imagine só: lá no estrangeiro o cara é absolvido e, pelo mesmo fato, aqui no Brasil é condenado; ou lá é condenado e aqui é absolvido; e o que é pior lá é condenado e que aqui também é condenado.
Então há uma flagrante ofensa ao princípio ne bis in idem. O Brasil reconhece isso. Reconhece que está ofendendo esse princípio e aí, para minorar, não é para resolver a ofensa, mas para minorar, ou seja, diminuir as consequências dessa violação, incluiu logo em seguida ao artigo 7º, o 8º no Código Penal que trata da compensação de penas. É a única garantia que o Brasil dá é essa: a compensação das penas.
Dita esse artigo 8º que: se o indivíduo é punido no estrangeiro e é punido aqui no Brasil e as penas aplicadas forem semelhantes, vamos supor que a pena lá é privativa de liberdade, aqui também é privativa de liberdade, uma pena vai ser computada na outra, ou seja, se fará uma mera operação aritmética, vamos supor que lá pegou 10 anos, aqui pegou 17; quanto de pena ele terá que cumprir? Apenas 7 anos de pena no Brasil. E se for inverso? Lá pegou 17 e aqui pegou 10, vai cumprir quanto? Nada, porque lá já cumpriu pena superior. Então uma meraoperação aritmética. 
E se as penas não forem semelhantes? Se são distintas as penas, não há como fazer essa compensação, não é? Ai o ar. 8º, do CP, determina que o cumprimento da pena no estrangeiro vai servir como causa obrigatória de atenuação da pena imposta no Brasil. Lembram daquele processo de dosagem da pena, que lhes expliquei quando tratamos do Princípio da Individualização das Penas? Vai ser na segunda fase, na primeira fase analisa as circunstâncias judiciais e define a pena base; na segunda fase analisa se há atenuantes e/ou agravantes e define a pena provisória; na terceira fase examina as causas de aumento e de diminuição e define a pena definitiva, então vai ser utilizada na segunda fase da dosimetria da pena, ai, ainda é pior, porque só vai se usar um fração (um quinto, um sexto, um sétimo).
EXTRA-TERRITORIALIDADE CONDICIONADA DA LEI PENAL BRASILEIRA
 Agora vamos para as situações que todo mundo está querendo saber, a colega já lembrou, o colega já lembrou, lá atrás também, que são as hipóteses de extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira. O que é que acontece aqui? O Brasil reconhece a competência originária do país onde aconteceu o crime e diz: olhe minha competência vai ser subsidiária, vai ser supletiva, eu só vou agir se esses cinco requisitos ou condições a que eu me impus observar, estiverem presentes, cumulativamente. 
Então ai já tem um monte de filtro, a possibilidade de haver duplo processo, duplo julgamento e dupla apenação será remotíssima, diferente do que acontece aqui no inciso I.
Agora vamos ver as hipóteses, que são três, e as condições, que são cinco, para que o Brasil possa aplicar a lei penal brasileira aos crimes ocorridos em território estrangeiro.. 
Muito bem, vejamos a 1ª hipótese: o crime ocorreu no estrangeiro, mas o Brasil se obrigou a reprimir e punir esse crime através de algum acordo internacional, tratado ou convenção internacional. Qual é o princípio que informa essa regra? Já dá para intuir, pelo caso do genocídio: princípio da justiça universal da justiça cosmopolita, ele assumiu perante a comunidade internacional a obrigação de prevenir e reprimir os crimes catalogados nesses acordos internacionais. 
O Brasil, gente, tem acordo internacional para repressão de vários crimes, por exemplo: tráfico de pessoas, antigamente era só tráfico de mulheres, mas depois que começaram a traficar meninos também para o comercio de sexo homossexual, então mudou para tráfico de pessoas, tráfico de órgãos, tráfico de armas, tráfico de entorpecentes, pirataria, pedofilia, uma infinidade de tratados internacionais. Tratados que tratam de cabos submarinos, nós agora estamos dependentes desses cabos de fibra ótica praticamente para a ligação de todos com todos, está dependendo destes cabos, então também esse tratado envolvendo os cabos submarinos e outros tantos mais que vocês podem encontrar em suas pesquisas na rede mundial e na doutrina, o Brasil de obrigou a reprimir, prevenir e punir esses crimes. 
Então se ocorreu no estrangeiro e as cinco condições listadas estiverem presentes, o Brasil vai poder processar e julgar esse crime mesmo que não tenha ocorrido no território nacional. 
 A segunda hipótese, é o crime praticado por brasileiro no estrangeiro, qual é o princípio que informa? É o princípio da nacionalidade ativa ou personalidade ativa, que leva em consideração a nacionalidade do sujeito ativo do crime. Isso porque todo cidadão deve manter o padrão de conduta fixado por seu ordenamento jurídico, mesmo fora do território nacional.Tem-se que ter o mesmo padrão de conduta considerada boa, aceitável. Então se um brasileiro comete um crime no estrangeiro e as cinco condições previstas são atendidas, o Brasil vai poder julgar esse brasileiro.
 Terceira situação, os crimes praticados em embarcação ou aeronave brasileira particular ou mercante, quando se encontra no território estrangeiro, e esse país não se interessa pelo julgamento, não faz nada, nós vimos que as embarcações e aeronaves privadas e mercantes brasileiras só são território brasileiro para fins penais se estiverem transitando em nosso territórios ou então em águas internacionais ou espaço aéreo internacional. Assim, se estiverem no território de outro país, o crime que ocorrer a bordo dessas embarcações ou aeronaves brasileiras, estará ocorrendo no território estrangeiro.
 Mas aí esse país não se interessa, geralmente porque o bem jurídico dele não foi afetado, ele não sente interesse, aí, nesse caso, o Brasil vai poder julgar esse crime que ocorreu no território estrangeiro se preenchidas as cinco condições previstas no § 2º do art. 7ª, CP. 
A primeira condição é o criminoso entrar no território nacional, o que quer dizer isso, gente? Que dizer que basta o sujeito ativo do crime tocar nosso território. Não precisa permanecer nele. EX: , a embarcação entrou na faixa das 12 milhas, então entrou ou tocou o território nacional, tocou, porque essa faixa de água salgada é território Brasileiro. Tocou, não precisa ficar. Imaginem a seguinte situação: um navio público Brasileiro está ancorado num porto estrangeiro qualquer, esse brasileiro sai do navio, de folga, comete um crime e volta para o navio, o que foi que ele fez? Cometeu um crime no estrangeiro e voltou para o Brasil, não é, então está preenchido o primeiro requisito, perceberam, tocar nesse sentido, tocar o território nacional. 
A LEI PENAL NO TEMPO
1. O TEMPO DO CRIME. TEORIAS:
TEORIA DA ATIVIDADE: o tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado (art. 4º do CP) 
TEORIA DO RESULTADO: o tempo do crime será o da ocorrência do resultado.
TEORIA MISTA OU DA UBIQÜIDADE: o tempo do crime será o da ação ou da omissão, bem como o do momento do resultado.
2. PRINCÍPIO DA EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL. ESPÉCIES
É a faculdade que tem a lei penal de continuar a regular os fatos ocorridos durante sua vigência (ultra-atividade da lei penal) ou retroagir para alcançar aqueles que aconteceram antes de sua entrada em vigor (retroatividade da lei penal), desde que benéficas ao agente.
LEMBRETE 1: Lembrem-se que pelo princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, o princípio da extra-atividade da lei penal só é aplicável, quando se tratar de LEX MITIOR (lei mais benéfica). Jamais será aplicado quando se tratar de LEX GRAVIOR.
LEMBRETE 2: o princípio da extra-atividade da lei penal só é aplicável quando ocorrer a sucessão de leis penais no tempo. Assim, quando não ocorrer o confronto de leis que se sucederam no tempo, disputando o tratamento de determinado fato, não se poderá falar em extra-atividade da lei penal e em conflito intertemporal de leis penais, mas, sim, em conflito aparente de normas penais, que é resolvido com a aplicação dos princípios da especialidade, concussão, subsidiariedade e alternatividade.
EX: homicídio culposo ocorrido em agosto de 1997. Ação Penal ajuizada em dezembro de 1997, quando já se encontrava em vigor o novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). O Código Penal previa pena de detenção de um a três anos). O CTB prevê pena de detenção de dois a quatro anos e suspensão da habilitação). Qual a disposição penal será aplicada ao caso? Por quê?
3. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS e NOVATIO LEGIS IN PEJUS
A lei nova pode beneficiar o agente quando: trouxer causas de diminuição de pena, reduzir prazos prescricionais, condicionar a ação penal à representação do ofendido...
A lei nova pode ser prejudicial quando: ampliar o rol das circunstâncias agravantes, criando causas de aumento de pena, aumentando o prazo prescricional, trazendo novas causas interruptivas ou suspensivas da prescrição etc.
LEMBRETE 3: A NOVATIO LEGIS IN MELLIUS SERÁ SEMPRE APLICADA RETROATIVAMENTE, AINDA QUE O AGENTE JÁ TENHA SIDO CONDENADO E A SENTENÇA TRANSITADO EM JULGADO (ou seja, não possa mais ser modificada na via recursal).
3.1. APLICAÇÃO DA NOVATIO LEGIS IN PEJUS NOS CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS (SÚMULA Nº 711 DO STF)
SÚMULA 711: A lei penal maisgrave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
4. ABOLITIO CRIMINIS (ART. 2º DO CÓDIGO PENAL, C.C. O ART. 61 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL)
“Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos da sentença condenatória”.
Descriminalizada a conduta, o juiz, com base no art. 61, do CPP, deve declarar a extinção da punibilidade ou a requerimento do Ministério Púlico.
4.1. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS (cessam todos os efeitos penais da sentença condenatória. Apenas remanescem os efeitos civis. Assim, nos termos do art. 584, II, do CPC , a sentença penal constituirá título executivo judicial. O an debeatur (o que é devido) não pode ser questionado, mas apenas o quantum debeatur ( quanto é devido).
5. SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO (ENTRE A DATA DO FATO E O TÉRMINO DO CUMPRIMENTO DA PENA)
“A regra da ultra-atividade e da retroatividade são absolutas no sentido de, sempre, ser aplicada ao agente a lei que mais lhe favoreça, não importando, na verdade, o momento de sua vigência, isto é, se na data do fato, na data da sentença ou mesmo entre esses dois marcos” (Rogério Greco)
5.1. LEI INTERMEDIÁRIA (EX: a lei a ser aplicada não é a vigente na data do fato, nem aquela em vigor na data da sentença)
5.2. SUCESSÃO DE LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS (ART. 3º, CP x ART. 5º, XL, DA CF/88)
“Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”.
A POSIÇÃO DE ALBERTO SILVA FRANCO E DAMÁSIO DE JESUS- Sustentam que como “a lei foi elaborada em função de acontecimentos anormais ou em razão de uma eficácia previamente limitada no tempo, não se pode esquecer que a própria tipicidade dos fatos cometidos sob seu império inclui o fator temporal como pressuposto da ilicitude punível ou da agravação da sanção” 
OBS: TESE ACOLHIDA PELA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
A POSIÇÃO DE NILO BATISTA, ZAFFARONI, ALAGIA E SLOKAR- Não pode o legislador infraconstitucional abrir exceção em matéria que o constituinte erigiu como garantia individual. Logo, o art. 3º, do CP não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
6. COMBINAÇÃO DE LEIS 
É a possibilidade de o juiz extrair de dois diplomas os dispositivos mais benéficos ao agente, desprezando aqueles outros que o prejudiquem. 
Alerta: O Supremo Tribunal Federal fixou a tese jurídica, em regime de repercussão geral, de que é inconstitucional a combinação de leis, por violar o rincípio da reserva legal e a tripartição das funções estatais, em razão da usurpação da competência legislativa..
7. IRRETROATIVIDADE DA LEX GRAVIOR E AS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Há controvérsia. Parte da doutrina defende que a regra da irretroatividade da lex gravior não é absoluta, porque não contempla as medidas de segurança, devido a sua natureza (assistencial ou curativa). A lei deve ser aplicada imediatamente quando o estado de perigosidade do agente o recomende, ainda que seja mais gravosa.
Contudo, essa interpretação é de constitucionalidade duvidosa, tendo em conta que a medida de segurança, a despeito de sua natureza curativa, é espécie de sanção penal, assim como a pena o é. Logo, não há espaço para tratamento diferenciado, submetendo-se sua disciplina também ao princípio da anterioridade da lei penal mais gravosa.
8. APLICAÇÃO DA LEX MITIOR DURANTE O PERÍODO DE VACATIO LEGIS
Somente com a entrada em vigor de uma lei é que lhe devemos obediência. Assim, a melhor solução é suspender o curso do processo até a vigência da lei nova mais benéfica (inclusive porque, fatalmente, em se aplicando a lei em vigor mais gravosa, assim que entrar em vigor a lei mais benéfica, esta, necessariamente retroagirá para beneficiar o agente, por força da garantia constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica).
Contudo, há quem defenda que essa regra apenas diz respeito à norma penal incriminadora, ou àquela que agrave a aplicação da pena ou que, de qualquer modo prejudique o agente. Assim, em se tratando de lex mitior pode ser aplicada durante o período de vacatio legis. (posição não unânime, defendida pelo Ministro Vicente Cernicchiaro e acolhida pelo TARS (RT 667/330)
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO (Resumo)
1. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO - Regula situações em que o comportamento criminoso interessa a mais de um país.
1.1. Princípios aplicáveis: territorialidade – defesa – nacionalidade – justiça universal e da representação.
1.2. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: a lei brasileira é aplicável ao crime ocorrido em nosso território, inclusive o considerado território por extensão, independentemente da nacionalidade do autor ou da vítima – art. 5º, §§ 1º e 2º, do CP.
OBS: O conceito de território compreende o SOLO (e SUBSOLO) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, AS ÁGUAS INTERIORES, O MAR TERRITORIAL (Lei 8.617/93 – 12 milhas marítimas, medidas, a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular), A PLATAFORMA CONTINENTAL E O ESPAÇO AÉREO correspondente.
Exceções: as previstas no art. 5º, CP (convenções, tratados e regras de direito internacional. Ex: imunidades diplomáticas- por envolver questão de reconhecimento de soberania nacional), e os casos especiais de extraterritorialidade previstos no art. 7º, do Código Penal, disciplinadas por aplicação dos seguintes princípios:
1.3. PRINCÍPIO DA DEFESA OU REAL DA PROTEÇÃO: tem em vista a titularidade ou a nacionalidade do bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão pelo crime cometido. 
- finalidade: acautelamento dos Estados contra violação de interesses vitais.
- punição também pelo Estado brasileiro: art. 8º, CP.
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA NACIONALIDADE
OBS: O Brasil não concede extradição de brasileiro nato, em nenhuma hipótese. Quanto ao brasileiro naturalizado, em regra o Brasil apenas realiza sua extradição passiva se este cometeu o crime , antes de adquirir a nacionalidade brasileira (art. 5º, LI, da Constituição Federal de 1988)
- extradição: Lei 6.815/80, arts. 76 e 77.
Personalidade ativa: submissão à lei brasileira dos brasileiros que tenham cometido crime no estrangeiro, desde que cumpridos os requisitos do § 2º do art. 7º do Código Penal (condições de persecução penal)
Personalidade passiva: art. 7º, § 3º, CP: punição do crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil – submissão aos requisitos do § 2º do art. 7º, do CP.
1.5. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE OU JUSTIÇA UNIVERSAL: os Estados deveriam obrigar-se a punir o criminoso que se encontra em seu território, seja qual for a nacionalidade do agente ou o lugar da prática do crime.
1.6. PRINCÍPIO DO PAVILHÃO OU DA BANDEIRA OU DA REPRESENTAÇÃO: atribui ao Estado sob cuja bandeira está registrada a embarcação ou aeronave o poder de sujeitar à sua jurisdição penal os responsáveis por crimes praticados a bordo dessa embarcação ou aeronave, ainda que em alto-mar ou território estrangeiro.
2. LUGAR DO CRIME: TEORIAS. A TEORIA ADOTADA PELO BRASIL (mista ou da ubiqüidade) – art. 6º, CP.
3. EXTRATERRITORIALIDADE
3.1. Extraterritorialidade incondicionada – art. 7º, inc. I:
Alíneas a, b e c – aplicada em razão do princípio da proteção ou defesa.
Alínea d – aplicada em razão do princípio da justiça universal ou cosmopolita. 
EFEITOS: aplicação incondicional da lei penal brasileira, ainda que o infrator tenha sido absolvido ou condenado por lei estrangeira, ressalvada a aplicação do art. 8º, CP.
3.2. Extraterritorialidade condicionada – ART. 7º, inc. II, a, b e c e § 3º.
Alínea a - justiça universal. Ex:tráfico, pirataria.
Alínea b - nacionalidade ou personalidade ativa. EX: crimes praticados por brasileiros no exterior. 
Alínea c – representação. EX: crime praticado a bordo de embarcação ou aeronave brasileira, quando esta está em território estrangeiro e aí não é julgado.
Condições:as previstas no § 2º, letras a a e.
§ 3º - proteção ou defesa
Condições: há duas condições extras, além daquelas estabelecidas no § 2º e alíneas, a saber: não ter sido pedida a extradição ou, se requerida, ter sido negada; haver requisição do Ministro da Justiça.
LUGAR DO CRIME
Três teorias disputam o tratamento da matéria:
1. Teoria da atividade: lugar do crime é o da prática da ação ou omissão, ainda que outro seja o da ocorrência do resultado.
2. Teoria do resultado: lugar do crime é aquele em que ocorreu o resultado.
3.Teoria da ubiqüidade: lugar do crime é tanto o da ação ou omissão quanto aquele em que produzido o resultado.
LUGAR DO CRIME PARA O NOSSO CÓDIGO PENAL: TEORIA DA UBIQÜIDADE 
“Art. 6º. Considera-se praticado o crme no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”
A vantagem da adoção dessa teoria é o tratamento dos crimes a distância e se destina à solução de problemas de direito penal internacional. Não se destina à definição de competência interna, mas, sim, à definição da competência da justiça brasileira.
EX: alguém, residente no Iraque, envia uma carta-bomba tendo como destinatário uma vítima residente no Brasil. Se adotada, pelo Brasil, a teoria da atividade e, pelo Iraque a teoria do resultado, o agente ficaria impune.
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (exercício de soberania estatal – não importa a nacionalidade do agente)
Conceito de território nacional: abrange o SOLO (e SUBSOLO) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, AS ÁGUAS INTERIORES, O MAR TERRITORIAL (Lei 8.617/93 – 12 milhas marítimas, medidas, a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular), A PLATAFORMA CONTINENTAL E O ESPAÇO AÉREO correspondente.
O Código Penal adotou a Teoria da Territorialidade Temperada: mesmo soberano, o Estado Brasileiro, em determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, tratados e regras di direito internacional (art. 5º, caput, do Código Penal)
REGRA GERAL: Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5º, CP). 
Aplicação da legislação brasileira aos crimes praticados dentro do território nacional, incluídos os casos considerados fictamente como sua extensão, a saber:
§ 1º do art. 5º: constituem extensão do território nacional, para efeitos penais, as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem.
§ 1º do art. 5º: constituem extensão do território nacional, as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto mar ou no espaço aéreo correspondente (ou seja, em lugar onde não há a soberania de qualquer país, será aplicada a legislação brasileira à embarcação ou aeronave de bandeira nacional)
§ 2º do art. 5: aplica-se a legislação brasileira às embarcações ou aeronaves estrangeiras PRIVADAS que se encontrem pousadas ou ancoradas no território nacional ou no espaço aéreo correspondente/mar territorial.
PRINCÍPIO DO PAVILHÃO OU DA BANDEIRA OU DA REPRESENTAÇÃO: atribui ao Estado sob cuja bandeira está registrada a embarcação ou aeronave o poder de sujeitar à sua jurisdição penal os responsáveis por crimes praticados a bordo dessa embarcação ou aeronave, ainda que em alto-mar ou território estrangeiro.
- princípio complementar ao da territorialidade
- previsão: art. 7º, II, c, do Código Penal.
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA NACIONALIDADE
O Brasil não concede extradição de nacionais (art. 5º, LI, da Constituição Federal de 1988) - extradição: Lei 6.815/80, arts. 76 e 77.
2. Personalidade ativa: submissão à lei brasileira daqueles que tenham cometido crime no estrangeiro, desde que cumpridos os requisitos do § 2º do art. 7º do Código Penal (condições de perseguibilidade penal)
3. Personalidade passiva: art. 7º, § 3º, CP: punição do crime cometido contra brasileiro fora do Brasil – submissão aos requisitos dos §§ 2º e 3º e suas alíneas do art. 7º, do CP.
4. Princípio da defesa ou real da proteção: tem em vista a titularidade ou a nacionalidade do bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão pelo crime cometido – art. 7º, I, alíneas a, b e c.
- finalidade: acautelamento dos Estados contra violação de interesses vitais.
- punição também pelo Estado brasileiro: art. 8º, CP.
5. Princípio da universalidade ou justiça universal: os Estados devem obrigar-se a punir o criminoso que se encontra em seu território, seja qual for a nacionalidade do agente ou o lugar da prática do crime
- aplicação secundária: diversidade dos sistemas penais existentes e problemas dos crimes políticos.
OBS: adoção restrita desse princípio: art. 7º, II, a, do Código Penal.
Ex: falsificação de moeda, tráfico ilícito de entorpecentes, tráfico de mulheres, de crianças, de armas etc.
- prevalência do princípio da territorialidade
6. Imunidades
São prerrogativas da função ou do cargo, e não privilégios.
Imunidade diplomática: questão de reconhecimento da soberania nacional.
- embaixador, familiares e funcionários diplomáticos.
- são responsabilizados criminalmente pela legislação do país de origem.
 Imunidade parlamentar: art. 53, CF/88.
-garante a liberdade de pensamento no exercício do mandato.
- deputados estaduais e vereadores: dentro dos limites territoriais (art. 29, VIII, CF/88)
Pena cumprida no estrangeiro e eficácia da sentença estrangeira
Art. 8º, CP: critérios de aplicação.
Art. 9º, CP: eficácia da sentença estrangeira.
- homologação pelo STJ (art. 105, I, i, da CF/88 (com a redação da Emenda 45/2004).
ESTUDO DA NORMA PENAL
1.INTRODUÇÃO
2.CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS:
NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS
PRECEITOS DA NORMA PENAL INCRIMINADORA:
PRECEITO PRIMÁRIO (preceptum iuris)
PRECEITO SECUNDÁRIO (sanctio iuris) 
NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS:
FINALIDADES:
Tornar lícitas determinadas condutas.
São as NORMAS PENAIS PERMISSIVAS JUSTIFICANTES 
(Ex: arts. 23, 24 e 25, todos do Código Penal)
Afastar a culpabilidade do agente, erigindo causas de isenção de pena
São as NORMAS PENAIS PERMISIVAS EXCULPANTES
 (Ex: arts. 26, caput, e 28, § 1º, do Código Penal)
Esclarecer determinados conceitos
São as NORMAS PENAIS EXPLICATIVAS
 (Ex: arts. 327 e 150, § 4º, do Código Penal)
Fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal.
São as NORMAS PENAIS COMPLEMENTARES
 (Ex: art. 59, do Código Penal)
NORMAS PENAIS EM BRANCO
NORMAS PENAIS EM BRANCO HOMOGÊNEAS
Ex: art. 237, do Código Penal (recebe complemento do art. 1.521, incs. I a VII, do Código Civil)
NORMAS PENAIS EM BRANCO HETEROGÊNAS
Ex: art. 16, da Lei de Tóxicos (recebe complemento da Portaria expedida pela ANVISA)
NORMAS PENAIS INCOMPLETAS OU IMPERFEITAS OU TIPOS PENAIS REMETIDOS.
Ex: art. 304, do Código Penal.
ANOMIA E ANTINOMIA
CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS
.Princípios utilizados na solução do conflito aparente de normas:
a) Princípio da especialidade (lex specialis derrogat generali) Ex:art. 121 em confronto com o art. 123, do Código Penal.
b) Princípio da subsidiariedade Ex: arts. 238, 239, 249 e 307, do Código Penal
c) Princípio da consunção Ex: art. 171 do Código Penal x art. 297 do Código Penal
d)Princípio da alternatividade
Ex: art. 33 da Lei 11.343/2006
FATO TÍPICO: ESTUDO DA CONDUTA
Nós vimos na aula anterior que a CONDUTA é constituída por 4 elementos:
A vontade 
A finalidade 
A exteriorização (inexiste conduta enquanto enclausurada na mente)
A consciência
Vimos também que a ausência de voluntariedade acarreta a ausência de conduta. Assim, não temos conduta diante do caso fortuito, da força maior (coação física ou vis absoluta), dos atos reflexos ou do estado de inconsciência (sonambulismo)
Dando continuidade ao estudo do FATO TÍPICO e a um dos seus elementos, que é a conduta, vamos estudá-la, hoje, quanto às formas, as normas das condutas comissivas e das condutas omissivas, as teorias que as explicam. Pois bem:
Quanto às formasde conduta, temos a ação e a omissão. A ação constitui um comportamento positivo, um fazer. Já a omissão se traduz num comportamento negativo, num não fazer.
Assim, ao realizarmos uma ação, estaremos praticando uma conduta comissiva, que pode vir a se tornar típica quando desatendemos a preceitos proibitivos. Ou seja, a norma manda não fazer e o agente faz.
Já na omissão, se a conduta omissiva for típica, estaremos diante de um desatendimento a um mandamento imperativo, ou seja, a norma manda agir e o agente se omite. 
A conduta omissiva merece um melhor exame, pelo que passaremos a examinar a concepção e as teorias que fundamentam essa modalidade de conduta.
CONCEPÇÃO: Quando a norma impõe a realização de uma conduta positiva, a omissão dessa imposição legal gera a lesão da norma mandamental. Nesse caso, a norma é lesionada mediante a omissão da conduta ordenada. CAPEZ alerta que a omissão está necessariamente ligada a uma ação, porque não existe uma omissão em si mesma, mas apenas a omissão de uma ação determinada. É por isso que o legislador, na elaboração de tipos omissivos, utiliza técnica diferente daquela utilizada na elaboração de tipos comissivos. Nestes, ele descreve a conduta proibida (não matar). Nos omissivos, ele descreve a conduta devida (socorrer), com o que ficam proibidas as condutas que dela diferem.
Vejamos as teorias da omissão:
TEORIA NATURALÍSTICA: a omissão é um fenômeno causal, que pode ser claramente percebido no mundo dos fatos. Constitui um fazer, um comportamento positivo: quem se omite faz alguma coisa. O omitente, ao permanecer inerte, fez coisa diversa da que deveria ser feita. Se a omissão é uma ação, então tem relevância causal, ou seja, aquele que se omite também dá causa ao resultado e por ele deve responder.
CRÍTICA (REINHART MAURACH): se a omissão é um nada, do nada, nada pode surgir. Em outras palavras, dentro da lei de causa e efeito, a inatividade não pode ser provocadora de nenhum resultado.
EX: pedestre presencia atropelamento e acompanha inerte a vítima sofrer até a morte. Não se pode dizer que existe nexo causal entre a omissão do pedestre sádico e as múltiplas fraturas que levaram a vítima à morte. Naturalisticamente, o nexo causal foi estabelecido entre o condutor do veículo atropelador e as lesões e entre estas e o resultado morte. É certo que a conduta omissiva impede que se interfira na cadeia causal, mas, positivamente não causa nenhum resultado. O que ocorre é que o omitente poderia ter interrompido o nexo de causalidade e assim evitado o resultado, mas isso é bem diferente de afirmar que foi o omitente o causador do resultado. Esse o erro resultante da aplicação da TEORIA NATURALÍSTICA, já que o omitente deveria ser responsabilizado por homicídio, por tê-lo causado. Não nos filiamos a essa corrente, de sorte que, no Brasil, o omitente seria responsabilizado apenas pela omissão de socorro, qualificada pelo resultado morte (art. 135, § único, 2ª parte, CP), e não, por homicídio.
TEORIA NORMATIVA: Quem se omite, nada faz, portanto, nada causa. Assim, o omitente não deve responder pelo resultado, pois não o causou. Excepcionalmente, a despeito de não haver nexo de causalidade entre a omissão e o resultado, admite que o omitente seja responsabilizado pelo resultado sempre que caracterizado o chamado “dever jurídico de agir”. Ou seja, a omissão penalmente relevante é aquela caracterizada pelo não fazer aquilo que tinha o dever jurídico de fazer. Em suma, para que a omissão tenha relevância causal (por presunção legal) é preciso que haja uma norma impondo o dever jurídico de agir.
A omissão não é “um fazer” nem, simplesmente, um “não fazer” , mas, sim, um “não fazer” o que concretamente podia e devia se feito, de acordo com o procedimento que uma pessoa normal teria naquela situação, que é o previsto na norma incriminadora.
Nosso Código Penal prevê 3 hipóteses em que há o dever jurídico de agir:
1.quando houver determinação específica prevista em lei (dever legal);
2. quando o omitente tiver assumido por qualquer outro modo a obrigação de agir (dever de garantidor);
3. quando o omitente, com seu comportamento anterior, criou o risco para a produção do resultado, o qual não impediu (dever por ingerência na norma). 
OBS: essas hipóteses servem de baliza ao juiz, que não pode delas se afastar, não ficando, pois, ao seu livre arbítrio a análise dos casos concretos.
FORMAS DE CONDUTAS OMISSIVAS:
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS: inexiste o dever jurídico de agir, faltando, com isso, o segundo elemento da omissão, que é a norma impondo o que deveria ser feito. Nesse caso, o omitente só praticará crime, ou seja, a omissão só terá relevância penal, se houver tipo incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera conduta.
Ex: arts. 135 (omissão de socorro) e 269 (omissão de notificação de doença), do Código Penal.
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS ou OMISSIVOS IMPUROS, ESPÚRIOS, PROMÍSCUOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO: neste caso, o agente tinha o dever jurídico de agir, ou seja, não fez o que deveria ter feito. Aqui, a omissão tem relevância causal. Como conseqüência, o omitente não responde só pela omissão como simples conduta, mas pelo resultado produzido, salvo se este não lhe puder ser atribuído por dolo ou culpa.
CRIMES OMISSIVOS POR COMISSÃO: nestes crimes, há uma ação provocadora da omissão. Ex: chefe que impede que sua funcionária, que está passando mal, seja socorrida. Se ela morrer, o chefe responderá por crime comissivo ou omissivo? Seria por crime omissivo por comissão. Essa categoria não é reconhecida por grande parte da doutrina.
PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO: ocorre quando o omitente, tendo o dever jurídico de evitar o resultado, concorre para ele ao quedar-se inerte. Neste caso, responderá como partícipe. Observe que quando não existe o dever de agir não se fala em participação por omissão, mas em conivência ou participação negativa, hipótese em que o omitente não responde pelo resultado, mas por sua mera omissão (CP, art. 135). Assim, não fica caracterizada a participação do agente pela conduta omissiva de presenciar a prática do crime.
REQUISITOS DA OMISSÃO: para a caracterização da conduta omissiva é necessário analisar se o omitente tinha poder, nas circunstâncias, para executar a ação desejada, mediante a aferição dos seguintes requisitos:
conhecimento da situação típica
consciência, por parte do omitente, de seu poder de ação para a execução da ação omitida ( é o chamado dolo da omissão, em analogia ao dolo da ação)
possibilidade real, física, de levar a efeito a ação exigida. Se o obrigado não estiver em condições de na situação levar a efeito essa tarefa, poderá servir-se de um terceiro, também obrigado, ou não, a cumpri-la.
Na presença de tais circunstâncias, verifica-se que o omitente tinha a real possibilidade de agir, ou seja, poder para executar a ação exigida, caracterizando, portanto, a conduta omissiva.
SUJEITOS DA CONDUTA TÍPICA x A PROBLEMÁTICA DA IMPUTAÇÃO DE CRIME À PESSOA JURÍDICA, INTRODUZIDA PELA CF/88 (crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (art. 173, § 5º, CF/88) e crimes contra o meio ambiente (art. 225, § 3º,CF/88 – Lei 9.605/98) em face dos seguintes argumentos:
DEBATEM-SE OS ADEPTOS DE DUAS CORRENTES: 
TEORIA DA FICÇÃO (criada por Savigny): é tradicional em nosso sistema penal. Para essa corrente, a pessoa jurídica tem existência fictícia, irreal ou de pura abstração, carecendo de vontade própria. Falta-lhe consciência, vontade e finalidade, requisitos imprescindíveis para a configuração do fato típico, bem como imputabilidade e possibilidade de conhecimento do injusto, necessários à culpabilidade, de maneira que não há como admitir que seja capaz de delinqüir e de responder por seus atos.
TEORIA DA REALIDADE OU DA PERSONALIDADE REAL (precursor Otto Gierke). A pessoa coletiva possui uma personalidade real, dotada de vontade própria, com capacidade de ação e de praticar ilícitos penais. É assim capaz de dupla responsabilização: civil e penal.No caso, há um sistema paralelo de imputação: há um sistema de imputação para a pessoa física e outro para a pessoa jurídica. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato, o que demonstra a adoção do sistema de dupla imputação.
OBS: as grandes empresas, diante de seu poderio econômico e alto grau de complexidade de sua estrutura, criam um ambiente, um clima que facilita e incita os autores físicos (ou materiais) a cometerem delitos em benefício dos agrupamentos, daí a idéia de não sancionar somente a estes autores materiais (que podem ser mudados ou substituídos) mas, também e, sobretudo, a própria empresa.
Ausência de consciência, vontade e finalidade. Contra-argumento: a pessoa jurídica tem vontade própria, distinta da de seus membros; nasce e vive do encontro de vontades individuais de seus membros. A vontade coletiva é capaz de cometer crimes tanto quanto a vontade individual
Ausência de culpabilidade. Contra-argumento: a pessoa jurídica é responsável pelos seus atos, devendo o juízo de culpabilidade ser adaptado às suas características. A reprovabilidade da conduta de uma empresa funda-se na exigibilidade de conduta diversa, a qual é perfeitamente possível, comparando-se o comportamento de uma empresa ao de outra.
Ausência de justificativa para a imposição da pena. Contra-argumento: as pessoas jurídicas têm vontade própria, destacada da de seus, pelo que a aplicação da sanção atinge o escopo que é a intimidação, retribuição e reeducação.
A condenação de uma pessoa jurídica poderia atingir pessoas inocentes. Contra-argumento: a pena não ultrapassa a pessoa da empresa, o que tem havido é uma confusão entre a pena e suas conseqüências indiretas sobre terceiros. Os sócios que não tiveram culpa não estão recebendo pena pela infração cometida pela empresa, mas apenas suportando efeitos que decorrem daquela condenação, do mesmo modo que a família do preso padece de dificuldades econômicas, enquanto este, arrimo do lar, cumpre sua pena.
Obs: Nossa Constituição Federal, nos casos em que especifica, adotou a responsabilização criminal da pessoa jurídica, filiando-se, assim, à TEORIA DA REALIDADE, pelo que não há lugar para aplicação de teoria baseada na responsabilidade individual subjetiva. Assim, é o finalismo, o funcionalismo e outras teorias do Direito Penal que devem adaptar-se à superior vontade constitucional, e não o contrário.

Outros materiais