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Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
I. Considerações Gerais
- tipo penal derivado (do homicídio): Trata-se de privilégio devido a uma perturbação advinda de um critério psicológico ou fisiopsicológico (norma especial de culpabilidade atenuada).
- crime autônomo 
- homicídio privilegiado
- não é considerado hediondo
II. 	 BEM JURÍDICO: É a vida humana (extrauterina)
Extra-uterina: Com o início do parto (homicídio, participação do suicídio, infanticídio)
III. 	OBJETIVO JURÍDICO: é a criança, nascente ou recém nascida, contra quem se dirige a conduta criminosa. 
 
IV. SUJEITOS
4.1. SUJEITO ATIVO: 
Crime especial próprio: a mãe no estado puerperal.
 Concurso de pessoas: 
Art. 30 do CP - Não se comunicam as circunstâncias e condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do tipo.
Circunstâncias: dados objetivos ou subjetivos acessórios que integram os tipos, com a finalidade exclusiva de fazer aumentar ou diminuir a pena.
Objetivas: dizem respeito à materialidade do fato. 
Ex.: modo de execução, meio, tempo, lugar, qualidades do sujeito passivo. 
Subjetivas: dizem respeito ao agente do fato.
Ex.: motivação, relação com o sujeito passivo, etc.
Excepcionalmente: alguma circunstância ao invés de simples acessórios integram elementos essenciais para a configuração do tipo penal – elementares do tipo.
Corrente 1) Inadmissível o concurso de pessoas, afinal o estado puerperal é circunstância pessoal, insuscetível de extensão aos coautores ou partícipes. Sendo assim, o terceiro responde pelo delito de homicídio.
Corrente 2) É condição de cunho pessoal, todavia, configura-se como elementar do tipo penal, razão pela qual é estendida ao coatuores ou partícipes (Régis Prado e Masson).
 Hipóteses:
a) a mãe e o terceiro realizam (executam) dolosamente a conduta do tipo (matar) – coautores de infanticídio. 
b) a mãe mata o nascente ou recém-nascido e é ajudada (por conduta secundária, ou seja, participação) pelo terceiro: mãe – CP 123 / terceiro: partícipe do CP 123. 
c) o terceiro mata a criança com a participação da mãe: terceiro - autor de homicídio / mãe – partícipe do homicídio, independentemente de estar em estado puerperal. 
4.2. SUJEITO PASSIVO: é a criança, nascente ou recém nascida, contra quem se dirige a conduta criminosa. 
“durante ou logo após o parto”: 
Durante – “ser humano nascente”: etapa de transição da vida extrauterina para intrauterina. A partir do início do parto, sob pena de aborto. 
Logo após – recém-nascido.
Obs. 1: é dispensável a vida autônoma, sendo suficiente a prova da vida biológica, sob pena de crime impossível. Ex.: existência de ar nos pulmões.
Nestes termos, a anencefalia trata-se de crime impossível (CP 17), haja vista que não há vida apta a justificar a intervenção penal, vide ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental) nº 54.
Obs. 2: A gestante sob a influência puerperal mata equivocadamente o filho de outro - responderá como se tivesse praticado o delito que possuía o dolo. É o denominado infanticídio putativo. Sendo assim, corresponde a infanticídio diante do instituto do erro sobre a pessoa – Art. 20, §3º e Art. 70, ambos do CP: não são consideradas as qualidades da vítima real, mas sim sobre aquele que queria praticar o crime (dolo). 
Todavia, caso mate um adulto responderá por homicídio.
Obs. 3 - Princípio da Especialidade: não incidem as agravantes genéricas previstas no art. 61, II e e h do CP, pois tais circunstâncias já constituem elementares do delito, sob pena de bis in idem. 
V. Tipo Objetivo: Matar, sob a influência puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
a) delito de forma livre: admite qualquer forma de execução (comissiva ou omissiva). Inclusive, admite comissivo por omissão (garante).
b) Presença de elemento normativo (depende de interpretação do jurista, pois se trata de juízo de valor). É o estado puerpério. 
4.1. Conceito de Estado Puerperal: É um estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno, gerando profundas alterações psíquicas e físicas (dores, perda de sangue, fadiga muscular), que chegam a transformar a mãe, deixando sem plenas condições de entender o que está fazendo.
Em suma, trata-se de um desequilíbrio fisiopsiquico: é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições anteriores à gravidez. Em outras palavras, é o espaço de tempo variável que vai do desprendimento da placenta até a involução total do organismo materno às suas condições anteriores ao processo de gestação.
Obs. 1: é imprescindível o vínculo causal (subjetivo) entre a morte da criança dada naquele lapso temporal e o estado puerperal. Cabe à perícia determinar se a conduta delituosa foi realmente impulsionada pelas perturbações físicas e psíquicas decorrentes do parto. Isso porque o estado puerperal existe normalmente, mas nem sempre é capaz de gerar perturbações capazes de diminuir a culpabilidade. 
Obs. 2: Se a perícia constatar que a mulher não praticou a conduta sob a influência do estado puerperal, responderá pelo crime previsto no art 121. Em suma, a diferença está em 04 especializantes:
Matar sob influência de estado puerperal
Praticado contra o filho
Filho durante o parte 
ou logo após
Obs. 3: Não se confunde com inimputabilidade penal ou semi-imputabilidade, pois ainda que em estado puerperal, a mulher é imputável. Todavia, nada impedi que, por outras razões, seja periciada a inimputabilidade ou semi. 
Obs. 4: tem que ser o filho nascente ou recém nascido. Caso seja outro filho, haverá homicídio. 
4.2. Elemento temporal: a expressão “logo após” deverá ser interpretada no caso concreto. 
Obs. 1 - Parto: o início é marcado pelo processos de dilatação do colo do útero e seu termino pela completa separação da criança do organismo materno, com a expulsão da placenta e o corte do umbilical. 
Obs. 2: Antes do início do parto corresponde ao delito de aborto (vida intrauterina).
Obs. 3 – “Logo após”: entende-se, em geral, que se trata da realização imediata e sem intervalo da conduta, enquanto durar o estado puerperal. Em suma, enquanto subsistirem os elementos indicativos deste estado, bem como sua influência no modo de agir estará acobertado por este delito, sendo necessário que a parturiente não tenha ingressado na fase de quitação (período que se firma o instituto maternal).
TIPO SUBJETIVO: Apenas é punido a titulo de dolo. Não admite a forma culposa
“Vontade livre e consciente de matar o nascente ou recém-nascido durante o parto ou logo após, motivada pelo estado puerperal”.
CONSUMAÇÃO x TENTATIVA: 
Com a morte do nascente. Em outros termos, é possível a tentativa, pois se trata de crime material (resultado naturalístico).
AÇÃO PENAL PÚBLICA: Incondicionada
Considerações Finais:
Art. 123 do CP (dolo de matar) x Art. 134, § 2º (dolo de perigo, quer expor a risco, neste caso a morte é culposa).

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