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Projetos de Pesquisa: Estratégias de Ensino e Aprendizagem em sala de aula (Jorge Santos Martins) A Pesquisa Científica e suas finalidades Pesquisar quer dizer partir de uma idéia que representa o tema ou objeto da pesquisa para poder investigar seus aspectos, ou colher informações em fontes diversas e desse modo construir sobre ele um conhecimento mais completo. A pesquisa tem, pois, como finalidade última conhecer melhor e explicar o objeto de seu estudo, um fato ou situação-problema. Ela pode ser várias modalidades. Descritiva, quando descreve e interpreta as características de seu objeto de estudo; Experimental, quando vai testar, aferir ou comprovar todos os dados colhidos, medições enunciadas em laboratório, em campo, na sociedade, em grupos, no trabalho etc.; Explicativa, destinada a identificar fatores ou causas de ocorrências de fenômenos e aprofundar os conhecimentos a respeito deles; Bibliográfica, quando busca em obras, autores e documentos informações e dados ou explicações do fato do objeto de estudo; Documental, quando investiga arquivos, imprensa, museus, dados históricos, biografias, etc. A pesquisa científica é uma atividade de busca, realizada de acordo com as normas e os procedimentos da metodologia da ciência, destinada a descobrir respostas, explicar algum fato ou indicar a devida solução para uma situação-problema. De acordo com os objetivos a pesquisa pode ser: Espontânea ou empírica, quando não é estruturada, nem sistematizada: quando não aprofunda a investigação; quando não se preocupa com as causas. Exemplos: pesquisa comercial publicitária, política, educacional, sociológica, as pesquisas do dia-a-dia. Teórica pura, quando procura conhecimentos mais profundos quando se destina a estabelecer teorias e princípios. Exemplo: pesquisa genética, quântica, física, tecnológica, etc. Científica ou formal, chamada também acadêmica, quando é estruturada e realizada de acordo com os métodos científicos: quando investiga as causas dos fatos: quando se apóia e se realiza por meio de projetos. Para fazer uma pesquisa são indispensáveis certas condições umas referentes ao pesquisador e outras referentes a seu trabalho: Referentes ao pesquisador (qualidades pessoais): Conhecer bem o assunto a ser pesquisado; Interesse pela pesquisa; Criatividade, sensibilidade e flexibilidade em modificar atitudes; Disponibilidade de tempo para se dedicar à pesquisa; Paciência e persistência no trabalho; Acreditar em si mesmo e nos resultados a obter. Referentes ao trabalho do pesquisador: Recursos humanos, cooperadores e auxiliares; Equipamentos indispensáveis; Recursos financeiros para gastos e remuneração de serviços. Planejamento de pesquisa Começar uma pesquisa sem planejá-la é improvisar, é fazê-la de forma insegura, é expor-se a desistir do trabalho, ou faze-lo malfeito, ou mesmo a fracassar na tarefa. Qualquer pesquisa científica só se realiza de maneira eficiente e correta quando obedecer a um planejamento, traçado de acordo com normas metodológicas e constatando de etapas, técnicas e outros procedimentos para sua realização e a avaliação dos resultados obtidos. O planejamento determinará como deve executada a pesquisa. Ele conduzirá à escolha e ao uso de meios para realizá-la. A pesquisa poderá efetuar-se em diferentes níveis, cada um correspondendo a um tipo de projeto, como: projeto formal, projeto experimental, projeto programa, projeto global, etc. Planejar é indicar como deve ser feita, mediada e avaliada a pesquisa, quer dizer, é traçar o caminho que conduza suas ações em todos os aspectos e etapas até atingir sua finalidade. O projeto representa uma proposta de trabalho, que quer dizer, de um modelo operacional ou metodológico capaz de conduzir a realização da pesquisa através de etapas ou frases, cada uma com seus componentes próprios, destinados a alcançar certo resultado. Denomina-se também projeto formal, uma vez que parte de planejamento preestabelecido e organizado para indicar: O que deve ser alcançado; Por que deve ser feito; Como deve ser feito; Quando e onde deve ser feito Projeto de pesquisa Elaborar um projeto de pesquisa consiste em determinar sua estrutura construída por etapas distintas, cada uma com seus elementos essenciais podendo ser visualizados da seguinte forma para melhor compreender a seqüência da realização de seus constituintes. Formulação do ASSUNTO TEMÁTICO delimitado e problematizado. JUSTIFICATIVAS da escolha. OBJETIVOS gerais e específicos: “Conhecer melhor o assunto-problema”. 1 - Estuda-lo no aspecto teórico e prático. 2 - Identificar possíveis soluções para ele. Enunciar HIPÓTESES como suposições sobre o problema. Ou questões para serem investigadas. METODOLOGIA a utilizar nas pesquisas: � � De referenciais teóricos. Pesquisa bibliográfica específica. O que dizem os autores especialistas sobre essa situação-problema? Extrair de obras opiniões que direcionem e fundamentem o que for apresentado no trabalho. ________________________________ A pesquisa bibliográfica será feita por meio de: Leitura analítica em livros, revistas. Internet. Usam-se: Anotações, resenhas, fichamento de transições, resumos, esquemas. De dados e informes práticos. Pesquisa descritiva ou de campo. Que experiência ou vivência tenho relacionada a esse assunto temático? Buscar dados e informes que comprovem as idéias a expor no trabalho. ________________________________ Para coletar dados sobre as hipóteses usam-se: 1 – estratégias: como a observação direta, entrevistas, visitas, reuniões, perguntas, etc.; 2 – técnicas: formulários, gravações, fotografias, questionários, etc � � TRATAMENTO DOS DADOS OBTIDOS NAS PESQUISAS. Tabulação para classifica-los em valores numéricos e percentuais. Analisar e interpretar o que os valores significam para o estudo. Tirar deduções ou princípios que determinam esses resultados. CONCLUSÃO Dificuldades a superar. Resultados previstos. Conhecimentos a aprofundar sobre o tema. Bibliografia básica. Detalhando os constituintes desse gráfico, tem-se: � Definição do foco temático Definir o fato e identifica-lo como tema (o que se vai pesquisar?). Esse é o componente inicial e gerador de todo o projeto. O tema deverá ser escolhido de forma bem clara e definida a partir de diagnóstico de necessidades ou idéias que ocorrem. Para isso deverá ser feito um levantamento listando várias sugestões de temas, justificativas ou motivos da realização da pesquisa (o que a motivou?). A escolha obedecerá a critérios que determinarão o objeto da pesquisa ou campo de investigação e estudo que será a área do conhecimento a ser abordada e tratada. Os critérios podem ser de duas categorias: Critérios internos: aqueles que dizem respeito ao tema ou assunto: Se é pertinente e se enquadra no contexto todo estudo; Se é relevante, importante, ou destacado para ser pesquisado; Se é oportuno seu estudo (se está dentro de interesse ou demanda atual); Se é prioritário seu estudo (ou se há preferência de outros); Se tem valor científico (se atende a exigências culturais e de pesquisa); Se apresenta alguma novidade seu estudo (se sai do lugar comum). Critérios externos: aqueles que dizem respeito a outras circunstâncias: Se é viável a execução da pesquisa sobre ele; Se haverá tempo disponível para realizá-la; Se há material bibliográfico ou documental disponível para referenciá-lo; Se há instrumentos necessários para pesquisa de campo ou de laboratório; Se há disponibilidade de outros recursos necessários à pesquisa. Ao definir o tema convém não esquecer que o melhor tema será sempre aquele: Que ainda é pouco explorado; Que tem menos abrangência (amplitude); Que não tem outros temas afins muito próximos.O tema problematizado Costuma-se afirmar que a investigação científica se inicia quando se percebe a existência de um problema ou dificuldade e somente terá continuidade com a tentativa de descobrir hipóteses para chegar às causas e, por elas, à solução. Diz Rudio (1981, p.75) que “problematizar um tema é explicitar, de maneira clara, qual a dificuldade que se pretende resolver, limitando seu campo e apresentando suas características”. Problematizar é propor o tema na forma de uma situação que inquiete ou de uma dificuldade a ser discutida. Para problematizar costuma-se perguntar: por que acontece isso? Como seria contrário? Problematiza-se o tema porque, sem problema ou dificuldade, não há campo de pesquisa. No instante em que se percebe o assunto como problema, surge a tentativa de descobrir suas causas pelo exercício da hipótese, que, por sua vez, guiará as observações sobre ele e as tentativas para soluciona-lo ou resolve-lo. A habilidade do pesquisador estará, pois, em enunciar o assunto temático como problema, o que possibilitará descobrir a maneira mais exata de estudá-la e transforma-lo em terreno investigativo que exige a descoberta de caminhos para seu melhor estudo. Aconselha-se transformar o enunciado do assunto em pergunta ou nalguma forma que apresente a existência de uma dificuldade a ser resolvida a partir das respostas vindas de perguntas como: Por que acontece isso? Para que se fez isso? Quais os motivos de qual fato? Que conseqüências resultarão disso? Problematizar significa, pois: Transformar o assunto em problema, pois assim se torna o tema pesquisável de modo a poder produzir respostas específicas, e será muito facilitado o trabalho da pesquisa; Identificar no tema escolhido alguma dificuldade teórica ou prática, para qual se deve encontrar uma solução; Descobrir no assunto uma situação anormal que preocupe. Quando se problematiza um tema já se faz o corte ou reduz sua extensão, uma vez que pesquisar tema amplo poucos resultados trará, por ser difícil de ser estudado. Corte ou delimitação temática Delimitar o foco de investigação é reduzir a extensão do assunto a pesquisar, é diminuir seu campo, é dar preferência a um só ângulo a ser investigado para facilitar mais o estudo e a análise do tema escolhido e não perder em informações dispersivas, ou seja, escolher apenas um aspecto entre vários focos ou ângulos listados pelos quais poderá ser encarado ou tratado. Delimitar é especificar um assunto temático, dimensiona-lo a um só aspecto para: Reduzir o campo de seu estudo; Facilitar a busca do que se quer saber sobre ele; Definir melhor a escolha do referencial teórico de apoio que conduza a fazer perguntas sobre o tema. Delimitação é a escolha de um só ângulo do tema que facilitará muito o trabalho, pois ficará mais reduzido e definido o foco a ser explorado. Para isso convém listar vários aspectos ou enfoques do assunto e escolher, de preferência, aquele já transformado em problema, por estar especificado, para ser explorado na pesquisa, mesmo que ainda deva ser mais reduzido. A delimitação é feita mediante cortes, restrições, escolha de um só aspecto ou por especificação do assunto, por detalhamento ou circunstâncias, como, por exemplo, idade, gênero, cultura, área, desenvolvimento interesse, local, horário etc. A delimitação pode ocorrer quanto ao assunto ou domínio a respeito do qual se quer saber algo. Assim, realmente, ficará mais fácil tratar e desenvolver o assunto temático por ele estar bem especificado, delimitado e reduzido. A delimitação tem um papel muito importante no processo da pesquisa científica e por isso o contexto ou situação em que o assunto ocorre deve ser conhecido a fundo, pois há fatores que influem nele e interferem na sua ocorrência como os dois temas citados. A delimitação já converte o tema em problema e possibilita recorrer á escolha de um referencial teórico mais definido, assim como a escolha de estratégias ou hipóteses para chegar ás causas e comprovar as suposições sobre elas. Objetivos da pesquisa Definir objetivos consiste, basicamente, em descrever aquilo que se quer atingir ou atitudes a desenvolver ao término do estudo do assunto (para que esta pesquisa?). Os objetivos de uma pesquisa são alvos, portanto, propósitos definidos ou resultados previamente estabelecidos a serem realizadas. Os objetivos têm por finalidades: Orientar a escolha dos conteúdos a serem estudados. Determinar as estratégias a serem usadas. Escolher o processo de avaliação da pesquisa/estudo. Objetivos Gerais Os objetivos não podem ser definidos de forma muito ampla, nem genérica ou abrangente demais, e é costume serem classificados em gerais e específicos. São sempre relacionados ao tema de forma abrangente, propondo estudos mais aprofundados pela pesquisa, e devem traduzir atributos ou atitudes observáveis ou mesmo mensuráveis a conseguir com o estudo ou trabalho. Em geral indicam o ponto de partida e a direção a seguir na busca de algo a realizar, solucionar ou de resultado a atingir. São expressos por verbos do sentido amplo, indefinido, como: comprovar, caracterizar, desenvolver, promover, melhorar, apoiar, fomentar, resolver, viabilizar, solucionar, sondar, conscientizar, propor, determinar, indicar, estimular, fortalecer, contribuir, possibilitar, esclarecer, demonstrar, aprofundar, facilitar e etc. Os objetivos gerais podem até ser amplos quando se referem à aprendizagem ou ao conhecimento que se espera obter ao final de um trabalho, contudo precisam ser detalhados ou explicitados pelos objetivos específicos na maneira como devem ser alcançados. Objetivos Específicos Os objetivos específicos descrevem de maneira clara o que deve ser feito para atingir o objetivo geral, como os alvos a serem alcançados no tempo e no espaço pela investigação ou as características a observar, medir, explicar definir ou comprovar. Traduzem – se por verbos que indicam atitudes ou ações, ou verbos que identificam características, comparam fatos, como: aumentar, diminuir, melhorar, apresentar, enunciar, estabelecer, capacitar, adequar, introduzir, contatar, criar, organizar, mostrar, construir, definir, identificar, chegar a, assimilar, mudar, traduzir, desempenhar, realizar etc. Por vezes usam-se dois ou mais verbos que traduzam a idéia de formar mais clara, como: observar e identificar, destacar e explicar, ajudar e compreender, definir e listar, reconhecer e reproduzir, identificar e usar, reproduzir e comparar, localizar e explicitar, relacionar e utilizar. Tomada de posição Ao escolher um ponto de vista como vai ser tratado o tema, assume-se uma posição diante dele, sendo que tal atitude deverá vir especificada por um verbo de ação. Esse ponto de vista será a tese da pesquisa, que em geral é identificada pelo enunciado: “O presente estudo (ou esta pesquisa) pretende mostrar, provar, evidenciar, explicar...”. Sobre essa posição serão realizadas as atividade e feitos os estudos indicados no projeto da pesquisa e destinados a explicar e fazer deduções. Tudo o que se pesquisar e se escrever deverá ser sempre voltado para esse ponto de vista ou posição temática (tese). Conceito e formulação das hipóteses Não se pode deixar de relembrar que as hipóteses devem ser enunciadas com base nas presumíveis causas do fato, ou de possíveis soluções para a situação-problema. Formular uma hipótese é estabelecer uma relação entre duas ou mais variáveis que se baseia nas relações dedutivas de causa e efeito, produtor e produto. Exemplo hipótese: Para conseguir seu alimento a aranha faz a teia Nota-se que essa proposição é composta por dois elementos ou duas variáveis. Uma é básica ou principal: a aranha faz a teia. Outra é atributiva: para conseguir seu alimento. Nela se atribui um valor, ou mais de um, á primeira variável ou variável básica. Quando mais simples foro enunciado da hipótese, mais indagações ela oferece para pesquisar, maior será o campo de investigação. Vejamos as respostas a estas perguntas: Como construir uma hipótese? Quais são mos tipos de hipóteses? Quais são as características básicas da hipótese? A construção ou enunciação da hipótese não segue regras fixas. Se houvesse regras a cumprir, haveria limites para o pensamento e criatividade. Contudo há apenas certas diretrizes ou orientações para que, ao ser formulado a hipótese, o pesquisador se baseie: - no conhecimento pessoal ou intuição do fato investigado. Num trabalho científico, o pesquisador não pode limitar-se a formular uma hipótese, mas deverá construir bom número delas sobre o problema, pois elas constituirão alternativas que devem ser especificadas e avaliadas. Convém fazer uma lista de alternativas e dos meios pelos quais elas poderão ser avaliadas. Depois é só rejeitar as irrelevantes, aceitar as mais válidas, justificar por que são consideradas válidas. Tipos variáveis Segundo o pensamento de Trujillo (1973), as teorias de base ou fundamentos teóricos que devem ser explicitados para a formulação do problema servem de referencia e apoio, ou, melhor ainda, servem como esquema para orientar e sistematizar o trabalho de pesquisa, pois as hipóteses são os elos entre os fatos estudados e as teorias. Teoria, aqui considerada como conjunto de proposições ou princípios, já constatados como válidos e que obedecem: A uma estrutura lógica que define as noções básicas; A regras de conteúdo empírico que servem para construir proposições; A sua validade universal considerada como princípio ou lei. Portanto, é indispensável que o pesquisador estude bem a literatura relacionada com o assunto que vai investigar, pois esse conhecimento que possibilitará deduzir e formular claramente as hipóteses que serão submetidas a provas e confrontadas com referencial teórico já estudado. O trabalho científico lida continuamente com variáveis que representem atributos ou valores próprios à compreensão dos fatos, e que sempre estão inter-relacionadas, como: Causa-efeito; Estímulo-reação; Produtor-produto. O termo variável aqui empregado tem apenas conceito operacional e refere-se a tudo aquilo que pode assumir valores diferentes tornando mais preciso o enunciado de hipótese. Há diversos tipos de variáveis, como: Contínuas e descontínuas; Analíticas: quantitativas e qualitativas; Variáveis independentes e dependentes; Intervenientes, antecedentes, suficientes, etc. A variável é contínua quando seus valores estão em progressão que não pode ser interrompida. Exemplo: Ela tem a idade de 15 anos, 16,17,18... Há graduação e não pode passar de 15 para 18. A variável é descontínua quando pode ter alternativas ou interrupções. Exemplo: alguém andando no meio da rua pode ou não ser atropelado. A variável é qualitativa quando é classificada por atributos não mensuráveis. Exemplo: trata-se de pessoa psicótica, ou tímida, ou pobre. A variável é quantitativa quando tem atributos ou características que podem ser medidas, contratadas. Exemplo: Ele ganha R$ 2.500 ou ele tem 1,80 de altura, ou a família é constituída por sete membros. As variáveis analíticas ou relacionais são as independentes e as dependentes. As variáveis independentes quando influenciam outras variáveis ou as dependentes. Exemplo: os doentes gostam de ver programas religiosos na TV. Os jovens não assistem programas políticos na TV. Os fatores doença ou idade determinam ou influenciam (são causa) do gostar de... ou do não assistir a... Doença e idade são, portanto, variáveis independentes (causas). Variáveis dependentes são as que dependem de outras – são os efeitos – das independentes. Elas são manifestadas ou precisam ser descobertas. Exemplo: os alunos que faltam as aulas têm baixo aproveitamento. Vê-se nesse exemplo que a variável dependente está condicionada à freqüência, portanto dependente da primeira e esta é que determina a segunda. A hipótese formulada como uma solução provisória pelo pesquisador em geral tem por base a observação, ou intuição; é a causa explicação de um fato, ou possível resposta para um problema. As hipóteses são enunciadas de causas para fatos, ou de respostas para situações-problema, realmente existentes. São princípios que se supõem para chegar a certa conseqüência ou efeito. A enunciação dessas hipóteses pode ser: declarativa, interrogativa ou negativa. Para confirmar se uma hipótese é verdadeira, convém isola-la para testa-la ou intensifica-la, ou seja, convém repetir o fato várias vezes para ver se os efeitos são os mesmos. Qualquer hipótese poderá se tornar lei ou princípio se for comprovada de forma correta e confiável, ou seja, digna de crédito (verídica). A lei ou teoria é obtida pelos levantamentos, estatísticos e comprovações de freqüência em que ocorrem os fatos ou problemas. METODOLOGIA PARA COMPROVAR AS HIPÓTESES Fazem parte da metodologia pra testar as hipóteses estratégias que são utilizadas na busca de dados bibliográficos e nas pesquisas de campo e outras formas de abordagem que se fizerem necessárias, as quais possibilitam a obtenção de dados e sua tabulação. Entre as técnicas ou procedimentos usados para buscar e coletar dados, destacam-se: observação, entrevistas, depoimentos, aplicação de questionários e formulários, fotos, consultas a arquivos, museus, Internet etc. Em caso de trabalho científico escrito, será necessário registrar os dados bibliográficos e informes, visualizá-los por meio de gráficos de barras, linhas, curvas, ou pelo método estatístico por meio de porcentagens, cálculos, elaboração de tabelas, ou ainda por resultados de experimentação, comparação etc. Citemos alguns: a observação, que é a ferramenta indispensável a qualquer trabalho científico e por meio da qual serão coletados dados e informações acerca do fato. a coleta de dados do fato investigado é feita por intermédio de questionários, entrevistas, anotações, fichas etc. a análise, que é a decomposição de um todo em suas partes. a síntese, que é a composição do todo pelas suas partes. a experimentação, que é a observação do fato em laboratório quando se repetem ou modificam as condições ambientais. a comparação ou confronto de fatos ou dados para diferenciá-los em graus qualitativos ou quantitativos. IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO A busca de comprovantes começa da observação, que é o ponto de partida do trabalho investigativo. Observar é fixar a vista e aplicar os sentidos sobre alguma coisa para obter dela todos os dados e informações necessários ao trabalho de pesquisa, e entender bem o tema e a definição dos termos dos enunciados. A observação identificará o que é e o que não é real no fato ou no objeto da pesquisa. Por isso ela deverá ser feita in loco, colhendo e anotando todas as informações que possibilitem: determinar os diversos aspectos do objeto observado; detectar as características do assunto; coletar subsídios complementares. Por meio da observação pode-se responder aos itens: o que pesquisar?- com definição clara do tema; por que pesquisar?- para cumprir propostas prévias; para que pesquisar?- para alcançar os objetivos; como pesquisar? – usando os instrumentos apropriados. A observação pode ser feita de duas maneiras: -Assistemática ou ocasional, quando ocorre sem ser planejada ou de forma imprevista. Contudo deve ser registrada, pois o que foi observado poderá despertar interesse em ser aprofundado. -Sistemática ou formal, também chamada científica, é aquela que acontece dentro de propósitos previamente definidos, portanto é planejada para cumprir certas operações e atingir certos objetivos. A observação sistemática pode ser realizada de dois modos: - diretamente, aplicando os sentidos sobre o fato; - indiretamente, aplicando instrumentos, comoentrevistas, questionários, consulta documental. CONFIRMAÇÃO DAS HIPÓTESES Qualquer hipótese, para ser considerada válida ou verdadeira (isto é, para poder funcionar como lei, ser aceitável), precisa ser testada, confrontada e confirmada pelos dados coletados durante a observação dos fatos ou do trabalho de campo. O pesquisador deve obter o máximo de dados para conferir e estar ocorrência do fato. As hipóteses formuladas inicialmente no que tiverem maior ocorrência nos fatos e após serem discutidas e confirmadas pelos dados são hipóteses válidas, portanto têm mais probabilidade de serem verdadeiras, podendo transforma-se em leis, e darão mais inteligibilidade aos fatos ou assuntos-problema estudados na pesquisa. O pesquisador, após examinar, comparar e discutir, poderá tirar um conclusão a respeito do problema estudado, ou reformular as hipóteses iniciais das correlações estabelecidas entre hipóteses e dados, poderá chegar e uma teoria ou princípio geral a ser aplicada aos fatos que tiverem características idênticas. Teoria científica é aqui considerada um conjunto de proposições ou hipóteses confirmadas ou sustentadas, pela sua validade, diante da realidade observada. DISCUSSÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Discutir significa avaliar e identificar partes que, quando postas em sucessão e em comparação com outras, sirvam para relacionar e encadear idéias e possibilitem chegar a uma conclusão. Depois da observação dos fatos que possibilitou a coleta de dados, procede-se ao julgamento do resultado, isto é, põem-se em confronto as hipóteses e os dados coletados para saber se elas são confirmadas pelos fatos, ou para saber se a conseqüências delas se produzem em outros exemplos ou não. Analisar dados para deduzir leis ou princípios é,na verdade, a real finalidade do uso das hipóteses na pesquisa científica. Analisar significa confrontar dados com hipóteses para procurar entender o que eles traduzem como uma lei ou princípio, para depois apresentar um modelo que possa ser aplicado em casos semelhantes. Analisar é reunir e classificar os dados por similaridade ou afinidade de aspectos em categorias com o mesmo título genérico. Para efetuar essa análise seguem-se as etapas: - selecionam-se os dados que merecem mais confiabilidade; - tabulam-se e codificam-se os dado, classificando-os por categorias em tópicos, atribuindo-lhes números, símbolos ou letras, ou por conjunto de categorias ou elementos mais significativos; -quantificam-se os dados em porcentagens e estatísticas. Listam-se os elementos ou dados coletados e numeram-se por afinidade com base nas semelhanças dentro de suas categorias. A análise das hipóteses conduz à passagem do conhecimento dos fatos observados pear ao enunciado das leis a que eles estão submetidos e pelas quais são regidos. Depois da observação dos fatos que possibilitou a coleta de dados, procede-se ao julgamento do resultado, isto é, põem-se em confronto as hipóteses e os dados para se deduzir alguma lei que seja típica ou comum aos mesmos fatos. Dessa forma, os estudiosos conseguem cumprir a principal meta da pesquisa que é descobrir, analisar e poder explicar a causa dos fatos que foram estudados. Interpretar é buscar seus significados, é tomar uma posição própria a respeito de idéias enunciadas, dos resultados, das categorias que representam. É acrescentar outras a essas idéias para sintetizar o sentido geral dos resultados da pesquisa, buscando aquele que represente uma lei ou princípio a ser aplicado em fatos semelhantes, sujeitos às mesmas circunstâncias, permitindo interpreta-los e estabelecer conexões e contradições. A discussão ou análise das hipóteses é a passagem do conhecimento dos fatos para o enunciado das leis a que eles estão submetidos e pelas quais são regidos. Assim, numa pesquisa de projeto escolar, certo aluno afirmou (hipótese) que “as marés são causadas pela lua”. Se os dados que obtiver em leituras ou por meio de informações de vários entrevistados comprovarem a mesma afirmação, significa que essa hipótese é válida.
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