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GENÉTICA VETERINÁRIA CONTROLE DA EXPRESSÃO GÊNICA Biologia Molecular Básica – Módulo III: Avançado Organização gênica – Aula 1 Profª. Christina Gaspar Villela – Extensão de Biologia – Fundação CECIERJ/CEDERJ 2 a produção de uma proteína. Portanto, o termo expressão gênica refere-se ao processo em que a informação codificada por um determinado gene é decodificada em uma proteína. Teoricamente, a regulação em qualquer uma das etapas desse processo pode levar a uma expressão gênica diferencial dos genes que codificam proteínas e dos genes que codificam RNAs funcionais. A partir de um DNA molde até a produção de uma proteína funcional, existem vários pontos que podem influenciar a expressão gênica. A Figura 1 ilustra tais pontos. 2. Por que regular a expressão gênica? Alguns produtos gênicos, como as moléculas de tRNA, rRNA, proteínas ribossomais, RNA polimerase e enzimas que participam de processos metabólicos essenciais, são chamados moléculas de “manutenção”, pois são componentes essenciais de quase todas as células de qualquer organismo vivo. Os genes responsáveis pela produção dessas moléculas de “manutenção” são expressos continuamente e são, por isso, chamados genes constitutivos. Em contrapartida, a quantidade de genes em uma determinada célula, ou tipo celular, é muito maior do que o número de proteínas necessário para o funcionamento daquela célula. A expressão desnecessária de genes e a conseqüente produção de proteínas resultariam em um gasto energético muito grande. Então podemos concluir que é vantajoso regular a transcrição, modulando assim os níveis de RNAs que são produzidos em um determinado momento da vida daquela célula. Se pensarmos em termos evolutivos, a existência de um mecanismo de regulação provavelmente ofereceu aos organismos uma vantagem seletiva sobre os organismos que não o possuíam, e por isso muitos dos organismos – como bactérias Figura 1: Diferentes etapas do fluxo da informação gênica e os diferentes pontos em que a produção de uma proteína funcional pode ser regulada. • Expressão gênica • Importância do controle da expressão gênica • Genes cons7tu7vos • Genes reguladores 1. Controle posi7vo: o produto do gene regulador a7va a expressão de um ou mais genes estruturais. ATIVADOR 2. Controle nega7vo: o produto do gene regulador desa7va a expressão de genes estruturais. REPRESSOR Controle da expressão gênica em procariotos • Moléculas indutoras: par=cipam em conjunto com um a=vador. • Moléculas co-repressoras: par=cipam em conjunto com um repressor. Controle da expressão gênica em procariotos • Regulação nega7va: o repressor está ligado ao operador na ausência da molécula co-repressora. • Regulação posi7va: o a=vador se liga ao operador na ausência da molécula indutora, a=vando a transcrição. Controle da expressão gênica em procariotos • mRNAs policistrônicos (poligênicos): um mesmo transcrito codifica mais de uma proteína. • Operon: conjunto de genes funcionalmente relacionados, sendo expressos em um único mRNA. Controle da expressão gênica em procariotos Controle da expressão gênica em procariotos Biologia Molecular Básica – Módulo III: Avançado Organização gênica – Aula 1 Profª. Christina Gaspar Villela – Extensão de Biologia – Fundação CECIERJ/CEDERJ 6 repressor (gene I), que possui seu próprio promotor. A Figura 2 ilustra o arranjo dos diferentes componentes do Operon Lac. O operador ao qual ele se liga mais fortemente (chamado O1) encontra-se ao lado do sítio de início da transcrição. O gene I é transcrito a partir do seu próprio promotor (P1) e é independente dos genes do Operon Lac. O Operon Lac possui, ainda, outros dois operadores secundários, aos quais se liga o repressor lac. O operador O2 está localizado próximo à posição +410 (dentro do gene que codifica para a ǃ-galactosidase). Já o operador O3 está localizado próximo à posição –90 (dentro do gene I, que codifica o repressor). O repressor Lac se liga ao operador principal O1 e a um dos operadores secundários (O2 ou O3). Como conseqüência, ocorre a formação de uma alça formada pelo DNA presente nos dois sítios de ligação. A formação da alça bloqueia o início da transcrição, pois “esconde” o promotor dos genes Z, Y e A. Veja na Figura 3 a estrutura da alça. Quando a lactose está disponível, o Operon Lac é induzido. Uma molécula indutora (sinal) se liga a um sítio específico do repressor Lac, causando uma mudança conformacional que leva à dissociação entre o repressor e o operador. O indutor do sistema Figura 2: Operon Lac de Escherichia coli. Figura 3: O repressor Lac se liga ao operador principal (O1) e a um dos operadores secundários (O2 ou O3), formando uma alça no DNA que envolve o repressor. Operon Lac – E.coli Controle da expressão gênica em procariotos Operon Lac – E.coli Controle da expressão gênica em eucariotos • Mul7celular • Expressão de 10% dos genes • Regulação da expressão gênica em cada tecido • “Cascata” de regulação: circuitos de expressão gene=camente pré-programados • Genes reguladores chaves Controle da expressão gênica em eucariotos pode ativar a expressão de vários outros, dentre os quais novos genes que passarão a regular os futuros passos do processo. Assim, a morfogênese é um processo coordenado de regulação seqüencial da expressão gênica. As informações anteriores demonstram que os vários caminhos de diferenciação celular desenvolvidos a partir do zigoto seguem um “circuito pré-programado de expressão gênica”, no qual um evento inicial (fecundação) ativou um conjunto de genes. Dentre os genes ativados, alguns têm função reguladora, atuando tanto na ativação de um segundo conjunto de genes quanto na inativação de genes do primeiro conjunto. Desse segundo conjunto de genes alguns são também reguladores, ativando a expressão de um terceiro conjunto de genes, e assim por diante. A ordem seqüencial da expressão desses genes é, portanto, geneticamente pré-programada. Figura 1: Diferenciação celular. Uma célula zigoto dá origem a uma vasta gama de fenótipos celulares diferentes no organismo adulto. As células de músculo e de neurônio são apenas exemplos dentre os muitos tipos celulares que exibem fenótipos altamente divergentes em animais. Vá ao texto complementar Desenvolvimento embrionário no homem, que está na plataforma e acompanhe as etapas da morfogênese. Tenho certeza de que você vai gostar! Controle da expressão gênica em eucariotos Classificação dos genes - Regulação • Expressão cons7tu7va (genes cons7tu7vos): manutenção das funções essenciais • Genes regulados e induzíveis: indução pelo ambiente Esses diversos passos podem ser individualmente regulados. Em outras palavras: se algum desses passos sofrer interferência, a quantidade ou a funcionalidade do produto final do gene em questão serão também afetadas. Figura 2: Esquema ilustrativo das diversas etapas nas quais a expressão de um gene de eucarioto pode ser regulada. Controle da expressão gênica em eucariotos 1) Regulação transcricional 2) Regulação pós-transcricional 3) Regulação traducional 4) Regulação pós-traducional Controle da expressão gênica em eucariotos 1) Regulação transcricional • Remodelamento da croma7na • Ligaçãode proteínas reguladoras Controle da expressão gênica em eucariotos Remodelamento da croma7na • Nucleossomos: transcricionalmente ina7vos Figura 3: Correlação entre o nível de compactação da cromatina e a ocorrência de transcrição. A transcrição é observada em regiões onde o DNA não está compactado. Os mecanismos através dos quais a célula controla os níveis de condensação do cromossomo dar-se-ão através de modificações na estrutura do DNA e das histonas capazes de provocar tal controle. Tais modificações correspondem à adição, ou remoção, de radicais à molécula de DNA ou às proteínas histonas a ele associadas. Dentre essas modificações, destacam-se os processos de metilação do DNA e metilação, acetilação e fosforilação das histonas. 5.2. REGULAÇÃO DA TRANSCRIÇÃO POR PROTEÍNAS REGULADORAS A transcrição em eucariotos é realizada por três RNA polimerases distintas (I, II e III). Dentre elas, a RNA polimerase II (RNA pol II) é a responsável pela produção dos RNA mensageiros, que, por sua vez, serão traduzidos para a produção de proteínas. A RNA pol II se acopla às regiões promotoras dos genes (Caixa TATA e Caixa CAAT) com o auxílio de vários fatores de transcrição. A partir de então, tem início a fase de elongação da transcrição. Nesta aula, você já viu que em cada tecido ou condição do organismo eucarioto um conjunto específico de genes será transcrito, enquanto os demais genes permanecerão inativos. Se as seqüências conservadas, “Caixa TATA” e “Caixa CAAT”, estão presentes nos promotores de praticamente Controle da expressão gênica em eucariotos Remodelamento da croma7na • Me7lação do DNA • Me7lação, ace7lação e/ou fosforilação das histonas Controle da expressão gênica em eucariotos Ligação de proteínas reguladoras • RNA pol II: produção de RNAm (Caixas TATA e CAAT – fatores de transcrição) • Proteínas reguladoras: reconhecimento (sí=os de ligação) e acoplamento – a7vadoras ou repressoras Controle da expressão gênica em eucariotos 2) Regulação pós-transcricional • Emenda alterna7va de éxons ou splicing • Edição do RNAm • Estabilidade do RNAm Controle da expressão gênica em eucariotos Emenda alterna7va de éxons (splicing) São descritos diferentes mecanismos de regulação pós-transcricional. Como nossa intenção não é esgotar este assunto, destacaremos três mecanismos principais: 1. Emenda alternativa de éxons ou splicing 2. Edição do RNAm 3. Estabilidade do RNAm 6.1. REGULAÇÃO DO PROCESSO DE “EMENDA ALTERNATIVA DE ÉXONS” A retirada de íntrons e a emenda dos éxons compõem um passo crucial do processamento do RNA em eucariotos. Esse processo permite a eliminação das seqüências correspondentes aos íntrons do transcrito primário (pré-RNAm) e a subseqüente reunião (emenda) dos éxons. Muitos genes de eucariotos apresentam um elevado número de íntrons. Teoricamente, todos eles devem ser retirados durante o processamento do pré-RNAm. Assim, no decorrer do processo, os diversos éxons deverão ser emendados. As células utilizam o processamento do RNA como uma importante forma de regulação da expressão gênica. Tal mecanismo é denominado emenda alternativa de éxons e consiste em selecionar os éxons que serão emendados para compor o RNAm final. Dessa forma, um mesmo pré-RNAm pode dar origem a duas ou mais formas alternativas de RNAm, em função dos éxons utilizados na montagem de cada uma. Conseqüentemente, cada um desses RNAms variantes dará origem a uma diferente forma da proteína, na qual domínios estarão presentes ou ausentes em função dos éxons que compõem os respectivos RNAms. Esse fenômeno é conhecido em Biologia Molecular por splicing (terminologia inglesa que significa união). Controle da expressão gênica em eucariotos Edição do RNAm • Inserção, deleção ou modificação de nucleo]deos Ex.: Apolipoproteína (remoção de colesterol dos tecidos) Controle da expressão gênica em eucariotos Apolipoproteína: ^gado • Inserção, deleção ou modificação de nucleo]deos Ex.: Apolipoproteína Apolipoproteína: intes7no • Inserção, deleção ou modificação de nucleo]deos Ex.: Apolipoproteína Controle da expressão gênica em eucariotos Controle da expressão gênica em eucariotos Estabilidade do RNAm • RNAm: período de “vida ú=l” • Duração no citoplasma: estabilidade do RNAm • Degradação: remoção da cauda poliA (desadenilação) Controle da expressão gênica em eucariotos Estabilidade do RNAm • RNAm: período de “vida ú=l” • Duração no citoplasma: estabilidade do RNAm • Degradação: remoção da cauda poliA (desadenilação) Figura 5: Esquema ilustrando o mecanismo de degradação de RNAm dependente de desadenilação. O primeiro passo no processo de degradação é a remoção da cauda poliA realizada por enzimas denominadas desadenilases. A seguir, a estrutura capacete 5’ é rapidamente removida e o resto do RNAm é rapidamente atacado por exonuclease. A regulação dos processos de degradação do RNAm tem sido amplamente estudada. De maneira geral, os modelos sugerem a existência de proteínas capazes de se associar às extremidades “capacete” e “cauda poliA” dos RNAms, inibindo ou promovendo a ação das enzimas de degradação. Assim, se as proteínas associadas aos transcritos de um dado gene forem estabilizadoras, o processo de degradação será inibido, resultando em maior estabilidade do mRNA. Entretanto, se as proteínas associadas forem desestabilizadoras, a degradação será induzida, resultando em menor vida-média daqueles transcritos. Tal modelo explica como os transcritos de um dado gene apresentam estabilidade “média” maior (ou menor) que os demais. Você poderá entender melhor este mecanismo de controle da expressão gênica acessando a animação Regulação pós-transcricional na plataforma! Aproveite! Controle da expressão gênica em eucariotos 3) Regulação da tradução Presença de regiões codificadoras adicionais Tradução Códon de iniciação (AUG) Regiões (anteriores) codificadoras de pequenos peptídeos Controle da expressão gênica em eucariotos 4) Regulação pós-traducional Modificações pós-traducionais: Processamento de polipepVdeos (clivagem proteolí=ca ou adição de grupos) conferindo estrutura ideal para o desempenho de sua função biológica. Controle da expressão gênica em eucariotos 4) Regulação pós-traducional Controle da estabilidade da proteína: Mecanismos regulados de degradação da proteína. Ex.: Vias de degradação ubiqui7na-proteassomo Controle da expressão gênica em eucariotos Controle da expressão gênica em eucariotos Via de degradação ubiqui7na-proteassomo Controle da expressão gênica em eucariotos 2) Regulação
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