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Sobre Juros Abusivos

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Sobre Juros Abusivos
No código civil:
 CAPÍTULOIV
 Dos Juros Legais
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.
No código tributário nacional:
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
        § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
O Artigo 1.061 do Código de 1916 e o Artigo 404 do Novo Código
O artigo 1.061 do Código de 1916 dispunha que as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros da mora e custas, sem prejuízo da pena convencional.
Cabe examinar a diferença entre o que dispunha o artigo 1.061 do Código de 1916 e o que dispõe o artigo 404 do Novo Código, que também se dirige às perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro.
O artigo 404 do Novo Código prevê a incidência da atualização monetária, além dos juros, custas e honorários advocatícios. Merece especial atenção o parágrafo único desse artigo 404, que permite ao juiz conceder ao credor indenização suplementar, se provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Na ocorrência da mora, surgem os juros. Estes podem ser compensatórios ou moratórios. Juros compensatórios, supracitado nesse trabalho, são aqueles que remuneram o credor por ser privado de usar a coisa. Os juros moratórios, não obstante, consistem na Indenização pelo retardamento do adimplemento. Os juros moratórios podem ser: Convencionais, quando as partes estipularem a taxa de juros moratórios até 12% anuais e 1% ao mês; E legais, se as partes não os convencionarem, pois, mesmo que não se estipulem, os juros moratórios serão sempre devidos.
A mora pode ser extinta através da purgação ou emenda desta, que nada mais é que pagar a dívida, ou seja, credor e devedor deixam de ter obrigações entre si. As implicações são: os juros e multa deixam de correr e a dívida se extingue.
A purgação da mora por parte do devedor efetiva-se como já dito antes com a oferta real, devendo abranger a prestação mais os prejuízos causados pelo atraso. Caso se trate de prestação pecuniária deverá ser corrigida monetariamente, caso seja necessário. É o que consta no artigo 401 inciso I do Código Civil de 2002.
Por parte do credor, a emenda se dá quando este se oferece a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data, como traz a redação do inciso II do artigo 401 do Código Civil de 2002. Deve ainda o credor indenizar o devedor por todos os prejuízos que este experimentou por força de seu atraso.
JUROS REMUNERATÓRIOS
Art. 1.262 do CC 1916 e 591 do NCC
O artigo 1.262 do Código de 1916 exigia cláusula expressa para que os juros remuneratórios fossem devidos e permitia a fixação de taxa abaixo ou acima da taxa legal, com ou sem capitalização. O artigo 1° da Lei da Usura estabelecia um teto de 12% ao ano para a taxa de juros e vedava a capitalização (exceto dos saldos anuais em contas-correntes). Portanto, os juros remuneratórios tinham de ser convencionados, ficavam sujeitos ao limite da Lei da Usura e, em princípio, não podiam ser capitalizados.
O artigo 591 do Novo Código apresenta três inovações importantes: (i) presume devidos juros sempre que se trata de mútuo destinado a fins econômicos, (ii) limita os juros à taxa dos juros legais e (iii) permite a capitalização anual em qualquer caso.
Se a Selic for reconhecida como taxa de juros legais, esta abarcará desvalorização da moeda e juros. Assim, parece irrefutável o entendimento de que os contratos não poderão estipular cumulativamente juros à taxa máxima permitida (Selic) e correção monetária.
Se a taxa dos juros legais for de 1% ao mês (CTN, art. 161), os contratos poderão estipular a cumulação dos juros à taxa máxima permitida (1% ao mês) e acrescentar a correção monetária. Observe-se, entretanto, que, de acordo com a Lei n° 9.069/95 (Plano Real), a periodicidade mínima permitida para a correção monetária será de um ano.
Ainda que seja reconhecida a constitucionalidade da aplicação da Taxa Selic, as partes, no uso da autonomia de suas vontades, podem estipular juros segundo um percentual, caso em que poderão também pactuar a correção monetária. Mas, neste caso, o teto dos juros estipulados mais correção monetária não poderá ultrapassar a Taxa Selic, por força do limite imposto pelo artigo 591 do Novo Código Civil.
Note-se finalmente que, se a Selic baixar substancialmente, como todos esperamos, ainda será provavelmente mais vantajosa para o credor do que a estipulação de juros percentuais mais correção monetária. Isto porque a Selic reflete a desvalorização da moeda a cada mês e a correção monetária reajusta as prestações em degraus anuais.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
Vale salientar que o Código Civil de 2002 não estabeleceu uma taxa de juros legais compensatórios, fazendo-se mister a integração em razão da lacuna. Consequentemente, por analogia, a taxa de juros legais compensatórios é a mesma estipulada para os juros legais moratórios, ou seja, aquela referente à mora no pagamento de impostos à Fazenda Nacional: 1% ao mês (CC de 2002, art. 406 c/c o art. 161, § 1.°, do CTN).
Como o limite imposto aos juros convencionais moratórios decorre dos art. 1° e art. 5° do Decreto Lei 22.626/33, conclusão semelhante se extrai do Código Civil de 2002 ao se interpretar o art. 406, cumulado com o art. 5°. do Decreto Lei 22.626/33 e art. 161, $ 1°., do Código Tributário Nacional.
Desse modo, ainda que o art. 406 do Código Civil de 2002 tenha definido apenas a taxa legal de juros moratórios, aplicável quando não houver convenção dessa espécie ou quando a lei determinar sua aplicação, certo é que as partes não poderão convencionar livremente esses juros, ainda que a Emenda Constitucional 40/2003 tenha suprimido o limite de 12% ao ano do § 3.° do art. 192 da CF de 1988.
É inquestionável que lei geral posterior não revoga e tampouco altera lei especial anterior. Assim, o Código Civil de 2002, de caráter geral, não revoga ou altera o Decreto-Lei 22.626/33, que regula e limita os juros nos contratos.
Adotando esse raciocínio, é que encontramos no Código Civil de 2002 a função social, a boa-fé, a probidade e a transparência como princípios contratuais expressos (arts. 421 e 422). Por essas razões é que o atual Código Civil está longe de liberar as taxas de juros convencionais moratórios, como pode parecer diante de uma primeira e desatenta leitura do seu art. 406.
Ressalte-se que o pacto de juros legais dobrados, consoante art. 1°. do Decreto-Lei 22.626/33, que limita os juros convencionais compensatórios ao dobro da taxa legal, deve também, respeitar o disposto no art. 406 do Código Civil, nos exatos termos do art. 161, $ 1°., do Código Tributário Nacional. Nesse caso, poderão seraplicados juros legais dobrados, como prevê o art. 1.° do Decreto 22.626/33.
Portanto, no âmbito do Código Civil de 2002, em razão da revogação do art. 192, § 3.°, da Constituição Federal pela Emenda Constitucional 40/2003, os juros legais compensatórios para os demais contratos – que não sejam de mútuo, cujo limite é fixado pelo art. 591, do Código Civil de 2002 em 1% ao mês (art. 406 cumulado com o art. 161, § 1.°, do Código Tributário Nacional) – não poderão exceder 2% ao mês, que passa, então, a ser o limite legal para esses casos. É que, em razão da insubsistência do § 3.° do art. 192 da Constituição Federal, o dobro dos juros legais (art. 1.° do Decreto 22.626/33), corresponde ao dobro de 1%, juros legais, de acordo com o art. 406, combinado com o art. 161, § 1.°, do Código Tributário Nacional.
Diante do exposto, no caso de juros moratórios, as partes ficam limitadas a convencioná-los à taxa de 1% ao mês, sendo esta a taxa legal de juros moratórios e, por analogia, a taxa legal de juros compensatórios.
Considerando que o Decreto-Lei 22.626/33 limita o pacto de juros convencionais compensatórios ao dobro da taxa legal para todos os contratos, com exceção do contrato de mútuo que está subsumido art. 591, a taxa máxima de juros compensatórios que poderá ser pactuada nesses outros contratos no âmbito do Código Civil de 2002 é de 2% ao mês.
Sendo assim, por exemplo, nos financiamentos imobiliários, com exceção daqueles regulados pelo Sistema Financeiro de Habitação que se submetem a limites especiais, além dos financiamentos de bens móveis em geral, as partes poderão prever taxa de juros compensatórios de 2% ao mês (Código Civil de 2002, art. 406, Código Tributário Nacional, art. 161, § 1.°, e Decreto 22.626/33, art. 1.°).
Importante ressaltar que nos contratos de mútuo para fins econômicos, como o mútuo feneratício, ou seja, o empréstimo de dinheiro com o pagamento de juros compensatórios, esse limite não se aplica, posto que a taxa não poderá exceder a taxa fixada no art. 406.
O objetivo da lei, atendendo a função social, é de não permitir que o mútuo, especialmente o feneratício, possa levar o detentor do capital a um ganho exorbitante. Fica assegurada ao devedor a repetição do que houver pago a mais, no caso do contrato celebrado com infração a Lei de Usura, consoante art. 11 do Decreto-Lei 22.626/33. No caso de nulidade.
Dispõe o art. 184 do Código Civil de 2002, que a nulidade parcial de um ato não o prejudicará na parte válida, se esta for separável.
Em todo caso, a quantia deverá ser restituída em dobro, a teor do que dispõe o art. 42 do Código de Defesa do Consumidor.
Entretanto, segundo o verbete 159, da Súmula do Supremo Tribunal Federal, não se aplica a regra da devolução em dobro no caso da cobrança excessiva de boa-fé. Nesse caso a devolução se faz pelo excesso acrescido de correção monetária e juros legais. De acordo com essa orientação, a mens legis foi coibir práticas gravemente culposas ou dolosas.
Todavia, na visão de Luiz Scavone, a orientação merece reparo. “No âmbito da responsabilidade contratual não há qualquer distinção entre culpa leve ou grave, de tal sorte que a simples cobrança negligente, mesmo que de boa-fé, deve ensejar a devolução dobrada. Tratando-se de relação de consumo, a responsabilidade em regra é objetiva. Portanto, de acordo com os arts. 42 e 51 do Código de Defesa do Consumidor, o contratante lesado poderá ver-se ressarcido de valor equivalente ao dobro do que eventualmente tenha pago em excesso, vez que é nula a parte da cláusula que estabelece juros excessivos, dando ensejo a ação declaratória, de repetição de indébito ou até consignatória, entre outras, em virtude do disposto nos arts. 6.°, III-IV; 42 e 51, XV, da Lei 8.078/90, além dos arts. 1.°, 4.°, 11 e 13 do Decreto 22.626/33”.
Ou seja, juros de 1% ao mês ou 12% ao ano.
E segundo a Lei de Usura:
Art. 1º - É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil 1916, artigo 1.062). atual 406 – aquela que estiver em vigor para fazenda nacional
E ainda: Art. 5º. Admite-se que pela mora dos juros contratados estes sejam elevados de 1% e não mais
Art. 9º. Não é válida a cláusula penal superior a importância de 10% do valor da dívida.
Conclui-se que os juros legais são de 12% ao ano, e multa, 10%
A LEI DA USURA
Em face dos artigos 406 e 591 do Novo Código, estariam revogadas as disposições referentes a juros da Lei da Usura (Decreto n° 22.626/33)?
Como vimos, o artigo 406 do Novo Código, não contem qualquer limitação aos juros de mora. Prevaleceria, então, a limitação do artigo 1° da Lei da Usura, quando a taxa dos juros de mora for convencionada? Nesse caso, a limitação poderia corresponder a duas vezes a Selic, se não houver barreira constitucional à sua aplicação?
No que se refere a juros remuneratórios, o artigo 591 limita-os à Selic (taxa dos juros legais), disciplinando a matéria de modo diverso do previsto no artigo 1° da Lei da Usura. Não teríamos dúvidas em afirmar que a Lei da Usura está revogada neste particular.
Foi revogado também o artigo 4° da Lei da Usura, em face de o artigo 591 in fine admitir a capitalização anual dos juros em qualquer caso, e não somente em relação ao saldo líquido em conta corrente, como previa a disposição revogada.
Por fim, saliente-se que a eiva de nulidade prevista nos artigos 1° e 11 da Lei da Usura não se aplica na hipótese de se convencionarem juros em excesso ao limite previsto no artigo 591, pois a conseqüência imposta nesse mesmo dispositivo é a simples redução ao limite.
Já Gilberto Melo, Antes de tudo é preciso dizer que a Lei da Usura nunca foi revogada. Se a Lei da Reforma Bancária inovou na matéria, o fez permitindo que o Conselho Monetário Nacional pudesse limitar as taxas de juros. Se já havia um limite posto, este “limitar“, obviamente, se referia à fixação de novo limite menor, jamais maior, pois a lei não permitiu a liberação.
CONCLUSÕES
Se a Lei n° 9.065/95 for considerada constitucional:
a) taxa de juros legais = Selic.
b) perdas e danos referentes a obrigações de pagamento em dinheiro:
Juros de mora não pactuados = Selic sem correção monetária.
Se os juros de mora forem pactuados, pode-se acrescentar a correção monetária, desde que respeitado o limite da Lei da Usura, ou seja, duas vezes a Selic.
Indenização suplementar, se não houver cláusula penal.
c) juros remuneratórios:
Se não convencionados, destinando-se o mútuo a fins econômicos = Selic (juros legais), sem correção monetária.
Se convencionados, a Selic será o limite comum dos juros e correção monetária. A correção monetária deverá observar o art. 2° da Lei n° 10.192 (Plano Real) especialmente a periodicidade de um ano. Para verificar se a correção monetária. mais juros ultrapassam o limite da Taxa Selic deve-se tomar a Taxa Selic acumulada no período da correção monetária, no mínimo anual. A adoção da Taxa Selic sem a correção monetária tem a vantagem de não se sujeitar à periodicidade anual.
Permitida a capitalização anual.
2. Se a Lei n° 9.065/95 for considerada inconstitucional:
a) taxa de juros legais = 1% ao mês;
b) perdas e danos: juros de mora de 1% ao mês, mais correção monetária.
Indenização suplementar, se não houver cláusula penal.
c) juros remuneratórios:
Se não convencionados, destinando-se o mútuo a fins econômicos: 1% ao mês. A correção monetária só é devida se tiver sido convencionada, com observância da Lei n° 10.192 (Plano Real).
Se forem convencionados, não podem ultrapassar 1% ao mês. A correção monetária deverá ser contratada nos termos do art. 2° da Lei n° 10.192/01 (Plano Real), inclusive a periodicidade anual.
Permitida a capitalização anual.
DA APLICAÇÃO DO CDC: 
Conforme dispõe a súmula 297 do STJ, o código de defesa do consumidor – lei 8078/90, é aplicável às instituições financeiras, podendo assim servir de balize para a interpretação contratual. Diante desta possibilidade amparada pela referida súmula, é perfeitamenteplausível que se aplique, à interpretação contratual, os princípios que norteiam a relação fornecedor-consumidor ( no caso em tela, o prestador de serviço – consumidor), tais como a hiposuficiência do consumidor, a inversão do ônus da prova, a revisão do contrato frente à onerosidade excessiva.
Faz-se mister salientar que as regras inerentes aos contratos constantes no Código civil não poderão ser suprimidas, sendo utilizadas subsidiariamente, no que couber.
DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO:
O Código Civil de 2002, foi na contramão do que dispunha o Código de 1916. Isso porque o legislador se direcionou numa nova tendência, que ia de encontro ao liberalismo exacerbado outrora difundido, pelo próprio contexto da época. Com a publicação do novo Código civil, adotou a idéia já patenteada pelo constituinte de 1988, que elevou a função social ao status constitucional. Da mesma forma que a propriedade, os contratos devem atender à função social. É o que dispõe o art. 421 do referido codéx
Mas a concepção dada à função social, enquanto dogma, é bastante subjetiva, pouco tangível. Sedimentada, porém, é a idéia de que deve haver equilíbrio, principalmente para proteger o coletivo, o bem comum da sociedade. Isto se aplica, sem dúvida alguma, às relações de consumo. Senão, vejamos:
“A função social do contrato, de acordo com a tendência apontada, revelar-se-ia na idéia de relativo equilíbrio das prestações devidas por cada um dos contratantes, pois, se esse equilíbrio inexiste na constituição do contrato, permitida é a rescisão da avença por meio da lesão (CC, art. 157); se o desequilíbrio advém da superveniência de fatores subseqüentes, admite-se sua resolução por onerosidade excessiva (CC, arts. 478 a 480).” (RODRIGUES, Silvio. Direito Civil, Vol.III. 29ª Ed.,São Paulo: Saraiva, 2003p. 61).
O referido civilista aponta ainda, oportunamente, o elo de ligação entre o Código civil e o CDC, o que harmoniza a legislação e corrobora a idéia sobre função social nos contratos e nas relações de consumo: 
“Para dar-lhe um entendimento mais de acordo com o intuito do legislador de 2002, tive de buscar uma tendência. Encontrei-a no art. 4°, III, do Código de defesa do consumidor. Esse item determina que nas relações de consumo se atenderá ao principio da harmonização dos interesses dos participantes, sempre com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.” (idem, p. 60)
Frisa-se aqui a citação do art. 4°, III do CDC, que enfatiza o equilíbrio contratual.
DA ONEROSIDADE EXCESSIVA:
Apesar de a seção IV ,do capitulo II ,do titulo V ,do Código Civil, derivar da chamada teoria da imprevisão, que ampararia a revisão contratual somente em caso imprevisíveis, nosso anseio encontra respaldo legal, senão no art. 478 do CC, no art. 6°, V do CDC, que também ampara a revisão contratual em caso de onerosidade excessiva das prestações de uma das partes contratantes. Neste sentido, a doutrina:
“Em um parênteses convém lembrar que a solução mais audaz se encontra no Código de Defesa do Consumidor, que admite a revisão do contrato pelo juiz ainda quando os fatos supervenientes eram previsíveis” (RODRIGUES, Silvio. Direito Civil, Vol.III. 29ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2003. P. 134)
Neste caso em especial, vê-se que, interpretado à luz do CDC, o contrato ao qual se discute na presente, não pode em sua interpretação abster-se da notória hiposuficiência do consumidor, no caso o mutuário, bem como à onerosidade claramente e indubiamente excessiva constante no mesmo. Por isso, plausível é o pedido de revisão contratual, com base na onerosidade excessiva, podendo as partes acordarem sobre uma nova negociação, conforme o disposto no art. 479 do CC.
DO PRINCIPIO DA LIVRE INICIATIVA
Quando se fala em limitação de juros, os especialistas em direito bancário, principalmente aqueles mais apegados ao liberalismo econômico, logo alardeiam sobre o princípio constitucional da livre iniciativa, da livre concorrência. Talvez por pressão desta corrente ocorreu a supressão do inciso que tratava da limitação de 12% dos juros, constante no art.192 da CF. O que os seus defensores parecem não atentar, pelo menos não parecem dar a devida importância, é de que o principio constitucional da livre concorrência, um dos que norteiam a atividade econômica, presente no art. 170 da CF, vem ao lado (não há hierarquia entre princípios, não custa salientar) da defesa do consumidor. 
Ou seja, a livre concorrência não pode falar mais alto, ou possuir maior força jurídica, do que a proteção à relação de consumo, em especial à parte contratante mais desprotegida, expressamente designada – o consumidor. Quando as instituições bancárias aumentam excessivamente os juros de suas operações, desequilibram os outros princípios da ordem econômica e, uma vez frente à hiposuficiência do consumidor, cabe ao Poder Judiciário observar os ditames constitucionais.
O art. 4°, III, do CDC, atenta para a questão.
DA HIPOSUFICIENCIA DO CONSUMIDOR:
O art. 4°, I, do CDC, alude a hiposuficiência do consumidor, a sua pouca informação frente ao conhecimento do fornecedor acerca do produto ou do serviço oferecido, como principio direcionador da política nacional das relações de consumo. Vejamos o que diz a doutrina a respeito:
“O Código entende que o consumidor (aquela que está do lado de fora do balcão) é a parte mais fraca em relação ao fornecedor. Porque? Porque o fornecedor é especialista naquilo que faz e, por isso, detém as informações técnicas e estratégicas na fabricação dos produtos ou na organização dos serviços que oferece no mercado. Por exemplo, um contrato que o consumidor vai assinar – antes disso, o fornecedor já teve tempo de consultar especialista e de preparar o contrato de modo a atender às suas expectativas. E o consumidor? Na prática, além de não poder sequer discutir as clausulas do contrato, não tem as informações que orientaram a elaboração dele e, muitas vezes, nem entende o que está escrito ali.” (RIOS, Josué. Guia dos seus direitos. 12ªed., São Paulo: Globo, 2002. P. 389)
No caso em tela, clara é a hiposuficiencia do consumidor frente às disposições contratuais. Termos como taxa SELIC, bem como a diferença entre multa indenizatória e juros moratórios são alheios à realidade do mutuário. Certamente, ao assinar o contrato de adesão, nem lhe passou pela cabeça o exorbitante Montante do cálculo, até porque quem pede dinheiro emprestado para bancos, geralmente, está vivendo uma situação de emergência. Todos sabemos afinal que o juros pesam quando do pagamento das prestações – isso não é segredo, tampouco vê-se alguma saída para deter a ganância das instituições bancárias, frente à inércia do legislativo, frente à força dos lobistas. Mas também não é segredo que às vezes , pela força das necessidades, o contrato que já começa em desequilíbrio e se torna praticamente impossível de honrar a maioria das vezes, é inevitável, e o consumidor se obriga num acordo que talvez já saiba que não vai conseguir cumprir.
Importante, sobretudo, é lembrar que as relações de consumo devem começar, perdurar e terminar em equilíbrio. Talvez por isso que a teoria da imprevisão não tenha validade quando se trata de relação de consumo: o equilíbrio entre as partes deve prevalecer, desde que haja boa-fé e probidade. E neste caso, sem dúvida, há. O mutuário jamais teve a intenção de fraudar o pagamento; prova disso é este pedido de revisão contratual. O seu desejo é restituir o equilíbrio, de modo que possa honrar o acordado de maneira justa, o que não está sendo possível diante da crescente dívida, fruto da cobrança de juros exacerbados.
Além disso, é preciso atentar para o que dispõe o art. 51, IV do CDC, que declara como sendo nulas de pleno direito cláusulas contratuais que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada – juros de xx% sem dúvida colocam o mutuário em desvantagem exagerada, em comparação com os rendimentos da poupança, que é o principal fundo de recurso, como bem se sabe. Há ainda o desrespeito do art.591 do CC , que remete à limitaçãodos juros de mútuo de fins econômicos à taxa constante no art. 406 do referido códex, sob pena de redução dos mesmos juros. A taxa a que se refere seria a SELIC. 
O CDC mesmo, ao descrever vantagens tidas como exageradas, arrola a onerosidade excessiva, e a ofensa aos princípios do sistema jurídico ao qual pertence a relação de consumo, em seu art. 51, §1°, III e I, respectivamente. No caso do inciso I, em particular, o sistema jurídico ao qual pertence a mutuante é o Sistema Financeiro nacional, regulado pela lei 4595/64, conforme dispõe o art.1°, V da referida lei.
A referida lei nos lembra ainda, que a tão aclamada liberação de limitação das taxas de juros não é tão absoluta quanto possa parecer. Em seu art. 4°,IX, atribui ao Conselho Monetário Nacional a responsabilidade de limitar, sempre que necessário, as taxas de juros. “coincidentemente”, é o próprio conselho o responsável pela fixação da taxa SELIC, principal balize para a cobrança de juros de mercado. Não seria surpresa que o Conselho, se pudesse, estabeleceria a taxa SELIC como pedra fundamental para a fixação. Mas, infelizmente, não pode, por não ter respaldo legal para tanto. Porém, a maioria das operações é norteada por essa taxa, sendo a mesma citada como parâmetro de cálculo no contrato que ora se discute a revisão. Ora, se a taxa SELIC fora escolhida pela mutante como parâmetro para a cobrança da multa indenizatória, subtende-se que a mesma servira para a fixação dos juros compensatórios – e qualquer interpretação em sentido contrario poria a cláusula como ambígua, o que provaria, mais uma vez, a vulnerabilidade do consumidor, leigo, diante de tão complexo entendimento técnico. Reverencia-se, em casos de interpretação ambígua ou duvidosa, o art. 47 do CDC, sendo que as clausulas contratuais, então, devem ser interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
Faz-se mister ainda, a imprescindível lembrança da resolução 2878/01, alterada pela resolução 28/92/01, do Conselho monetário Nacional, que dispõe:
Art. 1º. Estabelecer que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, na contratação de operações e na prestação de serviços aos clientes e ao publico em geral, sem prejuízo da observância das demais disposições legais e regulamentares vigentes e aplicáveis ao Sistema Financeiro Nacional, devem adotar medidas que objetivem assegurar:
I - transparência nas relações contratuais, preservando os clientes e o publico usuário de práticas não equitativas, mediante prévio e integral conhecimento das clausulas contratuais, evidenciando, inclusive, os dispositivos que imputem responsabilidades e penalidades. (Grifo nosso)
O chamado Código de defesa do Consumir Bancário, como podemos perceber, também se preocupa com a equidade contratual.
Pode ser facilmente notado o desequilíbrio na relação contratual em tela. A onerosidade excessiva existe, não tendo o consumidor mutuário outra opção senão recorrer à revisão contratual, visto que é seu interesse honrar o compromisso, mas foge ao seu alcance a possibilidade de quitar as prestações de hoje, cujos valores “saltaram ao espaço na velocidade da luz”. Nada mais coerente com a ordem econômica vigente o restabelecimento do equilíbrio entre os contratantes, sob pena de , pegando emprestado os sábios dizeres do ministro Pádua Ribeiro, beneficiar o capital em detrimento da produção – nesse caso em detrimento de toda uma ordem jurídica, baseada na função social do contrato.
Melhor seria, então, do ponto de vista do justo, que houvesse a revisão contratual, de modo a reequilibrar a relação de consumo acordada quando da celebração do mesmo, partindo da premissa de que hoje a prestação se tornou excessivamente onerosa para o mutuário.
“Se analisarmos a questão sob a ótica do enquadramento dos contratos bancários no signo contratos de adesão, vemos que é bastante comum as instituições financeiras usarem em suas atividades contratos que, em geral, obedecem a padrões prévios, não conferindo qualquer margem negocial, normalmente receados de cláusulas pouco compreensíveis (e menos ainda indiscutíveis!) e leoninas, limitando-se aqueles que necessitam de crédito para suas atividades a aderir ou não, se bem que muitas vezes nem esta mínima possibilidade de opção conservam, pois às vezes o contrato é realmente indispensável e não há a quem recorrer.” (ALENCAR, Martsung F.C.R.. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aos contratos bancários e a posição do STJ e STF . Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1037, 4 maio 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8338>. Acesso em: 23 jun. 2010.)
Para aplicar corretamente a legislação em defesa dos direitos do consumidor, precisamos:
Estabelecer uma fronteira entre os juros abusivos e os juros não abusivos, ou seja, é necessário que estabeleçamos um limite, a partir do qual os juros são considerados abusivos.
Não há nenhuma lei ou regulamento que estabeleça o limite a partir do qual a taxa de juros é considerada abusiva.
Portanto, aplica-se a norma do artigo 335 (atual 375) do Código de Processo Civil, que diz que em falta de normas jurídicas particulares, o juiz deve aplicar as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece.
Na verdade não existe um valor X para determinar o que é ou não uma operação financeira com aplicação de juros abusivo, normalmente a Justiça entende que taxas abusivas são quando os índices são aplicados fora do contexto de mercado, ou seja, maiores que a média praticada pelo segmento em questão.
Quando uma instituição bancária ou financeira opera com valores acima da média praticada no mercado, ou os juros estão acima do valor que o Banco Central permite, quando entende-se que houve a aplicação de juros composto (juro sobre juro ou juros mês a mês) e/ou a cobrança de taxas e encargos predatórios ao contratar um crédito pessoal, empréstimo pessoal, financiamento ou operação que envolve a cobrança de taxas e juros.
Observando o que ordinariamente acontece, vemos que a taxa de juros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é de 3% ao ano, e que esta taxa é considerada baixíssima, e vemos que a taxa de juros na caderneta de poupança é de 6% ao ano, e que esta taxa é considerada baixa, e vemos também que o Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933, diz que nos empréstimos concedidos por pessoas que não são instituições financeiras a taxa de jurosmáxima permitida é de 12% ao ano.
Portanto, vemos que juros de 3% ao ano são juros baixíssimos, e que juros de 6% ao ano são juros baixos, e que juros de 12% ao ano são juros médios, pois são os mais altos admitidos por lei em caso de empréstimo concedido por pessoa que não é instituição financeira, mas a lei admite que possa haver juros mais altos do que estes, desde que o empréstimo seja concedido por instituição financeira.
Assim sendo, temos uma sequência, uma progressão, na qual juros de 3% ao ano são juros baixíssimos, juros de 6% ao ano são juros baixos e juros de 12% ao ano são juros médios. 
A referida progressão é uma progressão geométrica de base 2, pois nela o próximo número é sempre o número anterior vezes 2.
Dando continuidade a esta progressão, vemos que juros de 24% ao ano são juros altos, e que juros de 48% ao ano são juros altíssimos.
Portanto, juros superiores a 48% ao ano são juros abusivos, pois são juros manifestamente altos demais, uma vez que são juros maiores do que os juros altíssimos.
Assim sendo, temos a seguinte tabela:
TAXA DE JUROS - CLASSIFICAÇÃO
3% ao ano Baixíssima
6% ao ano Baixa
12% ao ano Média
24% ao ano Alta
48% ao ano Altíssima
Acima de 48% ao ano Abusiva
Ao verificar se a taxa de juros estipulada em um contrato é abusiva, devemos levar em conta a taxa de inflação que existia na época em que foi feito o contrato.
Portanto, deve ser considerada abusiva a taxade juros que for superior a 48% ao ano, após descontada a taxa de inflação que existia na época em que foi feito o contrato.
Alexandro Gomes Bezerra dos Santos é professor da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (FARN) e Assessor Ministerial junto à 12ª Procuradoria de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. Ele propõe uma taxa de juros de 3% ao mês e considera que esse número é" razoável ao contexto social e econômico em que vivemos "e garante os" princípios da dignidade da pessoa humana, da função social do contrato e da boa-fé objetiva. "
O professor compara o índice de inflação de 7,23% (medido de agosto de 2010 até agosto de 2011) às taxas médias anuais do cheque especial de 163,53%, do empréstimo pessoal de 117,02% e dos cartões de crédito de 129,85%. Ele lembra que" ao se celebrar um contrato de mútuo com uma determinada instituição financeira, se faz porque é preciso e não porque se deseja. "
Fica claro com a exposição desses índices que há desvantagem exagerada e, portanto, observam-se juros abusivos.
 Ressarcimento em dobro
Quando fica constatado ou a reclamação é procedente com relação a cobrança de taxas e juros abusivos, o consumidor consegue o ressarcimento em dobro de todas as quantias pagas indevidamente, conforme o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), por configurar abuso e má-fé. Nas operações de crédito em andamento, a Justiça manda a instituição financeira descontar os valores e fazer o recálculo da parcela (revisão de juros), que em geral diminui significativamente.

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