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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
FACULDADE DE DIREITO
A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E SERVIÇO E RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E SERVIÇO
BRUNO GOUVEIA
ITAÚNA
2017
BRUNO GOUVEIA
A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E SERVIÇO E RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E SERVIÇO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. 
Área de Concentração: Direito do consumidor.
10º Período Noturno
Orientadores: 
Prof. Deílton
Prof. Dr. _______
ITAÚNA
2017
BRUNO GOUVEIA
A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E SERVIÇO E RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E SERVIÇO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. 
Área de Concentração: Direito do Consumidor.
	
DATA DA APROVAÇÃO: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________________
Prof. Deílton Ribeiro Brasil (Orientador de Conteúdo Graduação e Mestrado) - Nota
______________________________________________________________
Profª Dra.Glória Maria de Pádua Moreira (Orientadora de Metodologia) – Nota
Média:
AGRADECIMENTOS
	
RESUMO
O trabalho aqui apresentando busca-se, primeiramente, analisar a diferenciação das responsabilidades civis encontradas não só no Código Civil, bem como no Código de Defesa do Consumidor.
Posteriormente, é necessário verificar como as responsabilidades civis objetiva e subjetiva se comportam a luz da Lei 8.078/1990, para, então, examinar a distinção entre a responsabilidade por fato do produto e serviço e responsabilidade por vício do produto e serviço. 
Por fim, busca-se, através de demonstração doutrinária, expor o que o Código do Consumidor inovou acerca desses dois institutos, os quais foram criados com o intuito principal de zelar da parte hipossuficiente da relação consumerista.
Palavras-chave: Código de defesa do consumidor, responsabilidade civil objetiva e subjetiva, vícios, produto, serviço.
INTRODUÇÃO
Após o Código Civil de 2002, ocorreram muitas inovações em relação ao revogado de 1916, afinal, é de claro e bom tom que, conforme a sociedade evolui e muda seus conceitos, o Direito deve acompanhá-la, suprindo seus interesses na letra da lei. 
Assim, no que consta a responsabilidade civil, sabe-se que a mesma teve suas modificações no novo ordenamento, no entanto, em comparativo a Lei 8.078/90, entende-se que há certas particularidades que se divergem. (BENJAMIN, 2012).
Neste sentido, busca-se analisar como se comporta a responsabilidade civil em relação ao Código de Defesa do Consumidor, este que, criado em 1990, veio para proteger e maximizar a atenção da lei em face dos consumidores.
Assim, destacam-se os institutos da responsabilidade por fato do produto e serviço e a responsabilidade por vício do produto e serviço, ambas discriminadas no CDC, as quais serão examinadas, bem como as suas distinções. (TARTUCE, 2012).
De início pretende avaliar a diferença entre responsabilidade civil objetiva da subjetiva, assim como a civil da penal, pois só assim se terá a ideia principal do que significa a responsabilização dos causadores dos danos em ambos aspectos.
Em seguida, é necessário esmiuçar a responsabilidade pelo fato do produto e serviço, na qual se analisa todas suas vertentes, tais como as suas noções conceituais, doutrinária e a derivada da Lei 8.078/90. (TARTUCE, 2012).
É de bom alvitre ressaltar as tendências acerca das classificações dos defeitos, assim como as excludentes que englobam a responsabilidade pelo fato do produto e serviço e, por fim, até uma análise em relação aos profissionais liberais, nos quais se aplica a responsabilidade subjetiva e não a objetiva como é aplicada, em regra, no Código. (BENJAMIN, 2012).
Ao que concerne à responsabilidade civil pelo vício do produto e serviço, é notável o exame acerca da classificação dos vícios segundo a determinação da majoritária doutrina, assim como as noções de conceito que regem o instituto e todos os seus desdobramentos no Direito do Consumidor e Direito Civil.
Abrange-se, ainda, acerca do prazo decadencial para arguir a reclamação. Quando um consumidor se vê prejudicado, deve se utilizar da Lei para sanar a sua necessidade, a qual corresponde aos danos gerados por certo produto ou serviço. Neste aspecto, deve se analisar o que é Código de Defesa do Consumidor estabelece para cada caso concreto, buscando a fruição dos seus direitos de forma plena. (BENJAMIN, 2012).
Assim, estuda-se a hipóteses que abrangem o Código de Defesa do Consumidor, sendo a solidária, como regra, porém abrange exceções, tais como a subsidiária. 
Existem momentos em que o consumidor deve priorizar algum respectivo responsável, seja o fornecedor ou produtor, no entanto, em outros acontecimentos, não há o que se vale de culpa individual, todos os envolvidos da fabricação/circulação do produto/serviço respondem igualmente pelo evento danoso, assim, encontra-se a responsabilidade solidária. (TARTUCE, 2012).
Na responsabilidade por fato do produto verifica-se a decorrência de consequências prejudiciais do dano, em linhas gerais, no contingente físico, assim como o moral, atacando não só a saúde mental, mas no todo. Usa-se, neste caso, a denominação de defeito ao fato do produto. Ressalta-se, ainda, a ocorrência de prescrição neste. (BENJAMIN, 2012).
Conquanto, na responsabilidade pelo vício do produto, não se fala em prescrição, mas sim de decadência, neste caso será individualizado cada caso, tratando-se de bem durável ou bem não durável. Aqui é necessário o exame acerca da qualidade e quantidade do produto, no caso de serviço, se há uma má prestação deste. (TARTUCE, 2012).
Complementa-se acerca das excludentes que a Lei 1.078/90 traz, as quais eximem os fornecedores, comerciantes e produtores de arcaram com os danos causados aos consumidores, uma vez que tenham cumprido todos os requisitos propostos pela lei.
Nota-se que em alguns momentos o próprio consumidor pode ser responsabilizado exclusivamente pelo defeito encontrado no produto adquirido, desta forma, seria aplicado erroneamente a responsabilidade de indenizar aos fornecedores e afins. (TARTUCE, 2012). 
É o objetivo do Código de Defesa do Consumidor em proteger e zelar, evidentemente, pelo seu consumidor, ao contrário do Código Civil de 2002. Defende-se a posição da Lei inovadora da década de 1990, uma vez que, anteriormente a esta, não havia alicerces seguros a fim da garantia de proteção da parte hipossuficiente da relação consumerista, logo, o que se percebia com frequência era a forma irreal em que os responsáveis pelos eventos danosos saíam pela tangente e se isentavam da indenização necessária a ser quitada ao consumidor. (BENJAMIN, 2012).
Desta maneira, pretende-se analisar o real funcionamento dos dois institutos já citados, haja vista a facilidade de ambos serem tratados como fácil solução para casos que outrora não se encontrava.
Por fim, é pontual que seja concretizado o que já foi demonstrado, em linhas gerais, uma vez que só assim se obtém a conclusão dos institutos apresentados, bem como todas as suas análises e impactos em âmbito de matéria civilista, mas principalmente em matéria consumerista.
A RES
PONSABILIDADE CIVIL
Neste aspecto, é necessário a análise de todas as vertentes acerca da responsabilidade civil em si, tanto em âmbito de matéria civilista quando na consumerista. Assim, busca-se esmiuçar os pontos importantes do instituto.
 Conceito de responsabilidade civil 
Entende-se que a responsabilidade civil se pontua no dever do outro indenizar àquele ao qualcometeu dano reparável – em suma. É a obrigação, que se subdivide entre objetiva e subjetiva, do autor da ação ou omissão em compensar a parte passiva pelo o ocorrido. 
Assim, preleciona Silvio Rodrigues (2003, p. 06): “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam.”.
Ainda, o ilustre Silvio Rodrigues (2010, p. 642) expõe, de acordo com a definição de De Plácido e Silva, o seguinte:
Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção. 
No que tange à evolução histórica sobre a inclusão da responsabilidade civil no ordenamento jurídico brasileiro, nota-se que no Código Civil de 1916 (BRASIL, 1916), traz, em seu artigo 159, a definição para a mesma. Ressalta-se que aqui apenas trata-se de responsabilidade subjetiva.
Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste Código, arts. 1.521 a 1.532 e 1.542 a 1.553. 
Com o crescimento econômico, assim como suas práticas constantes e imprescindíveis entre consumidores e seus respectivos fornecedores – em geral, o Código Civil na sua Reforma em 2002 com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro, analisou uma forma ampla de explanar a responsabilidade civil. Assim, como demonstra-se o artigo. 927, deste Código (BRASIL, 2002) em seu caput, exemplifica a responsabilidade subjetiva, bem como é feito no outrora revogado art. 159 do antigo Código, mas também, traz em seu parágrafo único, a exceção: a responsabilidade civil objetiva.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Desta feita, vê-se a necessidade de pontuar os diversos casos – embora excepcionais – que ocorrem nos entremeios da relação civil, e, como estudado adiante, na consumerista, primordialmente. 
Cita-se o ilustre Carlos Alberto Bittar (1994, p. 561), o qual leciona:
O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado. 
Considera-se, assim, que no envolvimento social da atualidade, há uma busca nefasta por parte do prejudicado em alcançar o seu ressarcimento, uma vez que o a lei o protege de tais eventualidades negativas.
Da responsabilidade civil objetiva
Segundo a doutrina tradicional, a responsabilidade civil deve-se fundar efetivamente na culpa do agente, esta qual, em sentido amplo. 
Entretanto, com o desenvolvimento da sociedade industrial, com o crescimento populacional e a problemática de seus desdobramentos, a teoria clássica da responsabilidade demonstrou-se insuficiente para solucionar todos os conflitos que são notados na atualidade (OLIVEIRA, 2016, p. 14).
Assim, entende-se que a responsabilidade passou a ser objetiva. Tal qual, reconhece como aquela que não depende de culpa ou da prova de culpa, se basta apenas com a comprovação do dano e do nexo de causalidade (OLIVEIRA, 2016, p. 14).
Desta feita, salienta-se, acerca da modificação da organização de responsabilidade, aqui, portanto, não é necessário o requisito de prova de culpa. Assim, não é correto afirmar que a vítima não deve comprovar o evento danoso, ao contrário, cabe-lhe comprovar o dano e o nexo de causalidade entre este e o produto ou serviço (BENJAMIN, 2012, p. 135).
Ressalta-se, contudo, que em relação a estes elementos, o juiz tem a faculdade da inversão do ônus da prova quando for admissível o relato ou quando o consumidor for hipossuficiente. 
Destarte, no que concerne à responsabilidade civil objetiva pautada na relação consumerista, deve-se voltar a análise de maneira específica.
Portanto, conforme o artigo 12, §3° do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), há a discriminação das hipóteses em que o fabricante, construtor, produtor ou importador não será responsabilizado pelo defeito.
Art. 12. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. 
Nesta análise, percebe-se que, com exceção dos três incisos acima supracitados, a parte hipossuficiente – o consumidor – deve ser reparado de qualquer dano, mesmo não se tratando de culpa do fabricante e afins. 
Assim, ressalta-se o disposto no artigo 927, parágrafo único, do Código Civil, já supracitado. 
Sabe-se que a “Teoria do Risco” afirma que todo aquele que exerce alguma atividade, se compromete a ocorrência ou não de um risco de dano para outrem e deve ser obrigado a repará-lo, apesar de sua conduta ser eximido de culpa. Tal teoria desdobra-se em outras 04 teorias, as quais se denominam por: a teoria do risco-cirado, teoria do risco-proveito, teoria do risco profissional e teoria do risco integral. (OLIVEIRA, 2016, p. 16).
Neste sentido, a teoria do risco-criado entende-se que o sujeito responde pelo fato de que, em razão da sua atividade ou profissão, estabelece uma ameaça para a coletividade e tem o dever de repará-la. N’outro passo, na teoria do risco-proveito, como o sujeito exerce uma atividade em seu proveito, esta gera consequências, nestas, há a necessidade de reparação do dano, isto é, quem oferece um bônus, deve suportar o encargo que este gerar. (OLIVEIRA, 2016, p. 16-17).
Por outro viés, concebe à teoria do risco-profissional, que o encargo de ressarcir é decorrente da atividade que o prejudicado pratica e, por fim, quando se concerne à teoria do risco integral, o agente se impulsiona a consertar o dano resultado até quando não se verifica nexo causal, isto é, a obrigação de indenizar tem origem em face do evento danoso, embora provindo de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior (OLIVEIRA, 2016, p. 18).
Destarte, conclui-se que o Código de Defesa do Consumidor, adotou como regra a responsabilidade civil objetiva, conforme os seus artigos 12, 13 e 14.
Da responsabilidade civil subjetiva
Baseia-se, nos entendimentos do ilustre Oliveira (2016, p. 15): “A responsabilidade civil subjetiva, por sua vez, é aquela que se funda na culpa.”.
Analisa-se, portanto, a culpa em seu sentido lato, referindo-se à imprudência, negligência, imperícia e o dolo.
Supõe-se através da averiguação da atitude do agente provocador, concluindo se este agiu/omitiu munido de culpa ou dolo, sendo este raciocínio determinante para a resolução do caso concreto. (RODRIGUES, 2003, p. 10). 
Desta feita, denomina-se responsabilidade subjetiva, pois, como consta, o que se analisa de forma crucial é a conduta do agente, qualificando-a baseando-se na culpa ou no dolo, isto é, se há intento concreto do agente provocar o dano. (RODRIGUES, 2003, p. 10). 
Entende-se como negligência a desatenção, o desleixo, ou a ausência de cuidado na prática de determinados atos, em razão dos quais se exteriorizam resultados nefastos a quem se destina. (OLIVEIRA,2016, p.14).
Já a imprudência caracteriza-se, segundo Oliveira (2016, p. 15): “[...] pela imprevisão do agente ou da pessoa, em relação às consequências de seu ato ou ação, quando devia e podia prevê-las, agir perigosamente, com ausência de moderação.”.
N’outro passo, entende-se a imperícia como a inabilidade, ou seja, a ausência de competência ou de conhecimentos técnicos, práticos ou teóricos que se demonstram imprescindíveis para exercer determinado serviço ou atividade qualquer. (OLIVEIRA, 2016, p.15).
Com a mudança no Novo Código Civil de 2002, a professora Regina Beatriz Tavares da Silva (2002, p. 820), ensina: “[...] o novo Código Civil, ao regular a responsabilidade civil, alarga a aplicação da responsabilidade objetiva, com a adoção da teoria do risco criado, mas mantém o sistema vigente de que a regra geral é a responsabilidade subjetiva". 
Percebe-se, todavia, segundo Brugi (apud MAXIMILIANO, 1993, p. 101), ao analisar o pensamento comum da doutrina majoritária: “[...] existe uma enorme possibilidade de expansão da teoria objetiva em âmbito civil, no entanto, é pacificado a coexistência entre as duas teorias, seja subjetiva ou objetiva, aplicando assim a “tendência de certo meio termo na aplicação em casos concretos”. 
Ressalta-se a importância de se seguir, como regra, a teoria subjetiva, mas sempre se valendo da premissa que existem específicas ocorrências em que a teoria objetiva deve ser utilizada. 
Por esta, preleciona Gustavo Tepedino (1999, p. 177):
É de se ter presente que o sistema dualista de responsabilidade atende a um indeclinável dever de solidariedade social determinado pelo constituinte, que não se restringe à relação entre o cidadão e o Estado e cuja efetividade se revela indispensável a sua incidência, em igual medida, sobre as relações de direito público e de direito privado. 
Desta feita, é de clareza solar a aplicação da teoria subjetiva no que tange ao entendimento do Código Civil, no entanto, como outrora já demonstrado, o Código de Defesa do Consumidor, não aplica a referida, mas sim a teoria objetiva, a qual intenta zelar de forma ampla pelos direitos da parte hipossuficiente da relação consumerista.
 Distinção entre a responsabilidade civil e penal
Para se adentrar à responsabilidade penal e no que concerne sobre a diferença desta para a civil, é de bom tom ressaltar a origem do direito penal, a qual lhe ocasionou. 
Assim, sabe-se que, nos primórdios, a punição era cometida de maneira desenfreada, não possuindo um fim exato nem proporcionalidade e, ainda, possuía um intenso tom religioso. Neste contexto, verifica-se o surgimento da vindita privada e, posteriormente, a vindita pública, na qual o Estado se viu no encargo de tomar para si a deliberação de aplicar penas aos seus cidadãos. Logo, concebeu-se a ideia de que a lei de talião seria a mais justa a ser empregada no entremeio social, o famoso olho por olho e dente por dente. Tal fato representou imensa evolução ao período, afinal, colocou-se na balança a infração cometida pelo indivíduo e o castigo que o acometia, proporcionalmente. Mais tarde, após os inúmeros avanços sociais que se depreenderam da revolução ocorrida na França, os princípios básicos de um Estado Democrático de Direito surgiram e, evidentemente, influenciaram o senso de civilidade no direito penal. Assim, se estabelece ao redor do mundo, como punição justa e eficaz, a pena privativa de liberdade, rechaçando, com todos os intentos, a concepção de penas degradantes a dignidade humana. (NUCCI, 2011, p. 73-82).
Neste raciocínio, entende-se que a diferenciação entre a responsabilidade civil da penal reflete-se no fato de que nesta, o sujeito responsável pelo dano ataca a coletividade em si, logo, atingindo uma norma de direito público.
Logo, vê-se que a responsabilidade penal tem quase o mesmo fundamento da responsabilidade civil, no entanto, a maneira em que elas surgem são de origem variadas, haja vista que uma possui mais condições, isto é, sendo mais exigente que a outra para ocorrer. (DIAS, 2012, p. 159).
A respeito disso, José de Aguiar Dias (2012, p. 159) ainda preleciona:
Para efeito da punição ou da reparação, isto é, para aplicar uma ou outra forma de restauração da ordem social é que se distingue: a sociedade toma conta daquilo que a atinge diretamente, deixando ao particular a ação para restabelecer-se, à custa do ofensor, no estado anterior a ofensa (...) isto porque o Estado ainda mantém um regime político que explica a sua não intervenção. Restabelecida a vítima na situação anterior, está desfeito o desequilíbrio experimentado.
Nesta esteira, a responsabilidade penal se distingue de maneira incisa da civil, haja vista que aquela é pessoal e intransmissível, afinal, após alcançar uma regra de direito público e causar danos à sociedade, o réu – na esfera civil trata-se de vítima – deve cumprir a pena determinada para o referido delito consumado, renunciando de sua própria liberdade. Já na esfera cível, a responsabilidade é patrimonial, isto é, se o agente causador não dispuser de bens satisfatórios para ressarcir o dano, a vítima ficará sem a merecida restituição. (GONÇALVES, 2009, p. 22).
Ressalta-se, ainda, a exigência de tipicidade na responsabilidade penal, pois é um dos preceitos básicos da figura do crime. É de forma imprescindível que haja a correlação entre o caso concreto e o tipo penal. (NUCCI, 2012, p. 172).
Outrossim, no que concerne à área cível, não há o que se falar do citado. Afinal, conforme prevê o art. 186 e 187, ambos do Código Civil, se houver ação ou omissão por parte de um agente qualquer e estas gerarem algum dano/prejuízo a outrem, assim como violação de direito, deve, obrigatoriamente, repará-lo. (DIAS, 2012, p. 159).
Portanto, é palpável a distinção entre os dois institutos, uma vez que até a imputabilidade é tratada de maneira distinta. A capacidade civil absoluta, bem como a penal, é considerada após os 18 (dezoito) anos de idade, no entanto, na primeira, existem os relativamente incapazes, os quais são os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. (ALVES, 2009, p. 14).
 A função da responsabilidade civil 
Em uma análise geral sobre as causas da maioria das ações intentadas nos pretórios brasileiros, nota-se as indenizações das mais variadas espécies com uma recorrência intensa. 
Desta feita, entende-se que o tema é, em suma, de enorme importância para o profissional de direito, assim como os estudiosos e os demais interessados a respeito. 
Sabe-se o quão é importante a responsabilidade civil na atualidade, afinal, segundo o ilustre José Antônio Nogueira (apud GONÇALVES, 2012, p. 22-23):
[...] houve a restruturação do direito patrimonial e moral, desfeito à redistribuição da riqueza de conformidade com os ditames da justiça, tutelando a pertinência de um bem, com todas as suas utilidades, presentes e futuras, a um sujeito determinado, pois, como se pondera o problema da responsabilidade é o próprio problema do direito, visto que “todo direito assenta na ideia da ação, seguida da reação, de restabelecimento de uma harmonia quebrada.
Ainda, explanando sobre a importância e função da responsabilidade civil, o renomado Carlos Roberto (2012, p. 22) ensina:
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, pois a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos. Costuma-se conceituar a “obrigação” como “o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto determinada prestação”. A característica principal da obrigação consiste no direito conferido ao credor de exigir o adimplemento da prestação. É o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações. 
Desta feita, fica evidenciado que a função da responsabilidade civil, a qual se originou ainda nos desdobramentos sociais históricos do Direito Romano, é o conceito da medida que visa a proteção de um indivíduo qualquer o qual teve um direito particularinfringido, de modo que este possui o amparo da tutela judiciária do Estado Democrático de Direito para ensejar o ressarcimento de um bem/produto/serviço que, injustamente, não pode usufruir absolutamente. (TARTUCE, 2012, p. 115).
Portanto, há de se analisar o surgimento da responsabilidade civil no ordenamento jurídico brasileiro, a fim de fundamentar a função desta na relação consumerista.
Quando a este ponto, é ressalvado discutir que no Código Civil de 2016, consta intensa influência das legislações civis portuguesa, italiana e francesa, desta forma, a legislação brasileira foi raciocinada e editada nesta mesma direção de ordenamento jurídico, decorrente da adoção ao sistema dualista. Assim, no Código ora em tela, a responsabilidade extracontratual e a obrigação por atos ilícitos estavam contidas entre os arts. 1.518 e 1.553; a responsabilidade contratual e as sequelas da inexecução das obrigações, nos arts. 1.056 a 1.058, complementados pelos demais dispositivos que estavam relacionados às perdas e danos (arts. 1.059 a 1.061) e aos juros legais (arts. 1.062 a 1064). Ressalta-se ainda dos artigos que disciplinavam o tratamento da cláusula penal, decorrência natural do inadimplemento, que era matéria dos comandos anteriores (arts. 916 a 927). Além da bifurcação, o conceito rudimentar de ato ilícito constava do art. 159 do Código de 1916. (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 114-115).
Destarte, com o advento do Novo Código Civil, em 2002, explica Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 22-23) acerca da responsabilidade civil disciplinada em suas linhas:
[...] O Código Civil de 2002 sistematizou a matéria, dedicando um capítulo especial e autônomo à responsabilidade civil. Contudo, repetiu, em grande parte, ipsis litteris, alguns dispositivos, corrigindo a redação de outros, trazendo, porém, poucas inovações. Perdeu-se a oportunidade, por exemplo, de se estabelecer a extensão e os contornos do dano moral, bem como o de se disciplinar a sua liquidação, prevendo alguns parâmetros básicos destinados a evitar decisões díspares, relegando novamente à jurisprudência essa tarefa.
Por esta, é imprescindível para o estudo aqui presente, analisar como os fatos supracitados inquiriram no Código de Defesa do Consumidor. 
Sabe-se que o Código citado apresenta um avanço, tão logo, uma superação desse modelo anterior dualista, assim, unifica-se a responsabilidade civil. Esclarece-se que na lei consumerista não há a necessidade de a responsabilidade civil vir de um contrato ou não, afinal, o tratamento diferenciado se refere apenas aos produtos e serviços, enquadrando-se nos últimos, a veiculação de informações pela oferta e publicidade. (TARTUCE, 2012, p. 116).
Ressalta-se que a Lei 8.078/1990 determina que a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores/prestadores de serviços e afins será a seguida como regra. Tal fato proporciona a simplificação dos direitos do consumidor, buscando a reparação total dos danos sofridos por este, integrando um papel incisivo acerca do necessário acesso ao judiciário. Assim, não é obrigação do consumidor provar a culpa dos réus caso ocorram vícios ou defeitos dos produtos ou serviços, portanto, concebe-se a ideia de que há a responsabilidade ainda que seja verificado a isenção de culpa. (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 115-116.). 
Tendo em vista o referido exame acima, tende-se, posteriormente, explorar os tipos de responsabilidades constantes no Código de Defesa do Consumidor, assim como os seus devidos desdobramentos e como os mesmos se comportam na prática da relação consumerista em geral.
A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E SERVIÇO
Neste aspecto, objetiva compreender, na íntegra, o que define a responsabilidade pelo fato do produto e serviços e todos os seus respectivos desdobramentos nas esferas da relação consumerista, esta que abrange o protecionismo de maneira ampla.
Noção de responsabilidade pelo fato do produto e serviço
Sabe-se que, no que tange ao fato do produto ou defeito, ressalva-se que pode conter outros efeitos que não incluem apenas o próprio produto, assim como outros fatos danosos percebidos pelo consumidor a ensejar pela responsabilidade direta e imediata do fabricante, como percebe-se no artigo 12 do Código de Defesa. Ademais, existe, ainda, a responsabilidade subsidiária ou mediata do comerciante ou quem o reponha, neste caso como propõe o artigo 13 do mesmo preceito legal já citado. (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 142).
Assim o entendimento de Antônio Herman Benjamin (2012, p. 147) é claro:
Fato do produto ou “fato do serviço” quer significar dano causado por um produto ou por um serviço, ou seja, dano provocado (fato) por um produto ou um serviço. Encaixa-se em um sistema mais amplo de danos, regrado pelo Código Civil; danos esses decorrentes ora de “fato próprio” (a regra geral), ora de “fato de outrem” (arts. 932 a 934), ou ainda, de “fato causado por animais” (art. 936). O novo regime desta matéria quer dizer exatamente isto: o Código Civil, em matéria de danos causados por produtos ou serviços de consumo, é afastado, de maneira absoluta, pelo regime especial do Código de Defesa do Consumidor. Só excepcionalmente aplica-se o Código Civil, ainda assim quando não contrarie o sistema e a principiologia (art. 4º) do Código de Defesa do Consumidor. 
Em relação à responsabilidade civil pelo fato do serviço ou defeito, entende-se que há uma pequena distinção da acima exposta.
Nesta esteira, Flávio Tartuce (2012, p. 153) preconiza:
O fato do serviço ou defeito está tratado pelo art. 14 do CDC, gerando a responsabilidade civil objetiva e solidária entre todos os envolvidos com a prestação, pela presença de outros danos, além do próprio serviço como bem de consumo. Deve ficar claro que, no fato do serviço, a responsabilidade civil dos profissionais liberais somente existe se houver culpa de sua parte (responsabilidade subjetiva), conforme preconiza o art. 14, §4º, da Lei 8.078/1990. 
Desta feita, por fim, ressalta-se que o objetivo do CDC em tratar a matéria em questão dessa maneira foi a tentativa de superar a clássica controvérsia entre responsabilidade contratual e extracontratual. Assim, tornou-se claro que não há necessidade de haver uma relação contratual ou não no âmbito consumerista, a relação jurídica de consumo já confere as prerrogativas da Lei 8.078/1990 ao consumidor, tal qual já supracitado em outro momento.
Conceito de defeito no código de defesa do consumidor
Observa-se que no art. 12, § 1º, aqui já exposto, o legislador expressa os ditames dos quais derivam o significado amplo de “defeito” para o CDC, na tentativa de restringi-lo – em seus incisos – para que o consumidor não expresse dúvidas quanto ao seu próprio direito. 
No que concerne à amplitude do conceito, diversos doutrinadores se prestam para qualifica-lo. 
Entende-se que o elemento central para a constituição da definição do defeito se dá na carência de segurança, é por este motivo que os termos defeito e vício de qualidade por insegurança, na atualidade, vêm sendo concebidos como semelhantes. No entanto, há que se avaliar que para se ter um produto ou serviço defeituoso de fato, não se trata de qualquer insegurança, existe especificidade tal fato. Somente acerca daquelas que possuem periculosidade adquirida e a exagerada – afinal, estas trazem potencialidade danosa superior ao que “legitimamente se espera”, portanto, podem ser concebidas como portadoras de vício na sua qualidade por insegurança ou defeito. (BENJAMIN, 2012, p. 135).
Por outro viés, nota-se que o defeito é vício grave que envolvesse diretamente na segurança do produto e/ou do serviço e provoca dispêndio ao consumidor. No entanto, quando se trata do vício em si, um defeito menos gravoso, limita-se ao produto ou serviço que somente causa o seu mau funcionamento. (CAVALIERI FILHO, 2007, p. 480-482).
Em outras palavras, o ilustre Marcus Vinicius Fernandes Andrade Silva (2008, apud SODRÉ; MEIRA; CALDEIRA, 2009, p. 29-44) assim ensina:
Diferente do vício, o fato do produto gera um dano que extrapola o objetoda relação. Geralmente tal hipótese ocasiona a lesão além da esfera patrimonial do objeto da relação. Tanto que nesta categoria é de maior frequência de responsabilização por dano moral, do que em relação a responsabilidade por vicio. Há de ser considerado o potencial de danosidade desta categoria, tende acarretar riscos à saúde e a segurança do consumidor. 
Sobre a distinção do conceito de defeito e noção de vício, Alberto do Amaral Junior (1992, p. 103) é cristalino:
 [...] o conceito de defeito se distingue da noção de vicio do direito tradicional, quando da noção de vicio instituída pelo Código de Defesa do Consumidor, pois a determinação do caráter defeituoso do produto não deve ser feita em função da inaptidão para certo fim, mas em razão da segurança a que os consumidores poderiam legitimamente esperar. 
É imprescindível ressaltar trechos da importantíssima Directiva 85/374/CEE do Conselho, de 25 de julho de 1985 (BÉLGICA, 1985), a qual disciplinou acerca da aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros em matéria de responsabilidade decorrente dos produtos defeituosos.[1: Disponível em <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex%3A31985L0374l>. Acesso: 19 de maio. 2017).]
Assim, segue o exposto importante consideração inicial que justifica o andamento da diretiva: 
[...] considerando que é necessária uma aproximação das legislações em matéria de responsabilidade do produtor pelos danos causados pela qualidade defeituosa dos seus produtos, por sua disparidade ser susceptível de falsear a concorrência, de prejudicar a livre circulação das mercadorias no mercado comum e de originar diferenças relativamente ao grau de proteção do consumidor contra os danos causados à sua saúde e aos seus bens por um produto defeituoso.
Bem como o seu notável artigo 9:
Artigo 9º. Para efeitos do disposto no artigo 1º, entende-se por «dano»:
a) O dano causado pela morte ou por lesões corporais;
b) O dano causado a uma coisa ou a destruição de uma coisa que não seja o próprio produto defeituoso, com dedução de uma franquia de 500 ECUs, desde que esta coisa:
i) seja de um tipo normalmente destinado ao uso ou consumo privados,
e
ii) tenha sido utilizada pela vítima principalmente para seu uso ou consumo privados.
O presente artigo não prejudica as disposições nacionais relativas aos danos não patrimoniais.
Portanto, o que se percebe é a vasta capacidade de notáveis fontes em definir o conceito de defeito no CDC, muitos influenciados pela Diretiva 85/374, de 1985, sendo que posteriormente, em 1990, houve a criação deste. 
Assim, fica notável a preocupação da Lei 8.078/1990 em resguardar a segurança do consumidor, dando-lhe suporte caso não usufrua de seus produtos como o esperado, devido a algum tipo de carência de segurança que estes apresentem.
Classificação dos defeitos quanto à sua origem
Como já debatido, entende-se, segundo o Código de Defesa do Consumidor, que o defeito do produto/serviço se pauta na violação à segurança do consumidor.
Aqui destaca-se o art. 12, § 1º c/c art. 14, § 1º, os quais foram responsáveis na atribuição das definições de produto e serviço, para refutar, posteriormente, qualquer tipo de indagação sem fundamentos pela parte contrária – a causadora do dano.
Sérgio Cavalieri (2007, p. 498) definiu, ainda, desta forma: “[...] um acontecimento externo, que ocorre no mundo exterior, que causa dano material ou moral ao consumidor (ou ambos), mas que decorre de um defeito do produto. Seu fato gerador será sempre um defeito do produto; daí termos enfatizado que a palavra-chave é defeito.”.
Daí parte-se a análise acerca da classificação dos defeitos quanto à origem, a qual encontra-se expressa no CDC, em seu requerido artigo 12, como já citado.
Os defeitos de fabricação
Do caput do art. 12, do Código de Defesa do Consumidor, se extrai, como já demonstrado, que o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador são responsáveis, independentemente da existência de culpa. Assim, como consta serão responsabilizados “pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos”. Logo, entende-se que estes são os vícios de qualidade por insegurança – são percebidos diante da desarmonia concreta que leva a fatídica possibilidade da capacidade de causar algum tipo de desastre ao consumidor – tais quais são denominados como defeitos de fabricação. (BENJAMIN, 2012, p. 159-160).
Os defeitos de fabricação – bem como os de projeto e de informação – ocasionam uma porção de efeitos jurídicos, entre os quais, destacam-se o dever de proceder ao recall e o encargo de ressarcir os danos causados. Tais defeitos surgem, geralmente, no instante em que o produto é fabricado, logo, são ocasionados pela automaticidade e uniformização oriundos do processamento de confecção contemporâneo. (BENJAMIN, 2012, p. 160).
Ressalta-se que a principal peculiaridade desse tipo de defeito é a indispensabilidade, pois teriam se apartado de qualquer mecanismo de controle, desta forma, se concebem como parte de risco do negócio. (DENARI, 2007, p. 192-193). 
Conforme Antônio Herman Benjamin (2012, p. 160-165), acredita-se que os defeitos de fabricação possuem um tríplice traço fundamental:
Primeiro, a inevitabilidade, ou seja, mesmo com o emprego da melhor técnica é impossível eliminá-los por inteiro. Segundo, a previsibilidade estatística quanto à frequência de sua ocorrência. Ao contrário dos defeitos de concepção, os de fabricação prestam-se perfeitamente ao cálculo estatístico. Isso facilita enormemente a contratação de seguro pelo fornecedor. Terceiro, a manifestação limitada, não atingindo todos os consumidores, provocando danos apenas em uns poucos de uma maneira individual e não universal. 
Desta forma, na prática, demonstra-se abaixo um julgado, de 2009, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o qual trata-se de uma ação de indenização por danos morais c/c obrigação de fazer, tal que envolve, em seu fato, direito de fabricação (produto defeituoso desde a montagem):
“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER - RELAÇÃO DE CONSUMO - DEFEITO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - DANOS MORAIS CARACTERIZADOS - FIXAÇÃO DOS DANOS MORAIS DE FORMA PROPORCIONAL E RAZOÁVEL - TRANSTORNOS OCASIONADOS PELO FATO DO PRODUTO - O defeito no produto se evidenciou desde a montagem, sendo por diversas vezes se buscado a reparação, sem o retorno da empresa, fato que deverá ser cabalmente indenizado, com base na responsabilidade objetiva do fornecedor. No que concerne ao aspecto pedagógico-punitivo da condenação à indenização por danos morais, objetiva, por meio da aplicação de pesadas penalidades pecuniárias, desestimular a prática reiterada de atos danosos aos consumidores, de forma a compelir o fornecedor de produtos a proceder com mais respeito e atenção no seu relacionamento com os clientes. Em sendo assim, a verba concernente à indenização pelos danos morais, estes fixados em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), suportados pela autora deve ser mantida, pois fixada com proporcionalidade e razoabilidade.” (TJRJ - APELACAO: APL 26944 RJ 2009.001.26944. Relator(a): DES. SIDNEY HARTUNG. Julgamento: 03/06/2009. Órgão Julgador: QUARTA CAMARA CIVEL. Publicação: 05/06/2009.). (Negritamos e grifamos.).
Por fim, entende-se que nem com a máxima verificação e diligência, é possível excluir 100% deste tipo de defeito, pois quando se trata de uma produção em série, por exemplo, este acaba sendo inerente e não identificado por parte do fornecedor.
Logo, assinala que essa espécie de defeito teria surgido na formação da teoria da responsabilidade objetiva do fornecedor. (PÜSCHEL, 2006, p. 117).
Os defeitos de concepção ou construção
Os defeitos de concepção definem-se como aquele tipo de defeito que resulta o denominado recall, o qual entende-se pelo recolhimento dosprodutos de forma preventiva, de modo que não haja nenhum dano aqueles que os consomem, literalmente. (DENARI, 2007)
Assim, ainda no art. 12, caput, do CDC, nota-se que o fabricante, o produtor, o construtor e o importador são os responsáveis pelos danos causados por defeitos provenientes de “projeto” e fórmulas”.
O ilustre Herman (2012, p. 161), sobre o assunto, disserta:
Tais defeitos, também denominados de formulação, de construção ou de design, do mesmo modo que os defeitos de fabricação, ensejam a reparação dos danos causados. Normalmente, tal tipo de defeito decorre de uma decisão do próprio fornecedor, já que a escolha das características finais do produto é sempre sua, mesmo quando desconhece inteiramente os problemas decorrentes do projeto. 
Ressalta-se as três características principais encontradas nestes defeitos, sejam quais a indispensabilidade, a complexidade de prever tecnicamente a ocorrência deste defeito e exteriorização em âmbito universal. Por fim, pontua-se que, em analogia ao defeito de fabricação, o defeito de concepção, em regra, não pode ser rechaçado, primordialmente, nos casos em que certo saber técnico na época de produção não permitia tal previsão. (BENJAMIN, 2012, p. 161).
Os defeitos de comercialização ou informação
Por fim, analisa-se este terceiro aspecto que a Lei 8.078/1990 traz acerca dos defeitos dos produtos/serviços, o qual encontra-se no mesmo art. 12, caput, desta, afirmando que o fabricante, produtor, construtor e importador são responsáveis por defeitos decorrentes de “apresentação” dos produtos, bem como “por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”.
Como nota-se no art. 6º, III, do CDC (BRASIL,1990), entre os direitos básicos do consumidor, encontra-se no rol, o direito deste em receber informação adequada e clara sobre um produto, senão vejamos:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;  
Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Negritamos e grifamos). 
Assim, acerca do demonstrado, nota-se o seguinte: se a irregularidade da ameaça diante do tipo de produto e a complexidade de sua verificação pelo consumidor alcançar níveis extremos será, portanto, diretamente proporcional ao severo dever de informar. (PÜSCHEL, 2006, p. 106).
Neste sentido, cataloga-se que o defeito de informação ou comercialização se apresenta como expoente da terceira categoria de vício de qualidade por insegurança – outrora já explicado. Sempre que um produto ou serviço é comercializado, o fornecedor deve fornecer informações suficientes ao consumidor acerca de seu uso adequado, assim como as ameaças inerentes e outras peculiaridades que se julguem primordiais. Habitualmente, o que ocorre é a metamorfose das periculosidades inerentes aos produtos e serviços em inseguridades adquiridas nos moldes do defeito de comercialização. (BENJAMIN, 2012, p. 162-164).
Por fim, entende-se como direito fundamental do consumidor o conhecimento de todos os fatos do produto que irão consumir, que se julguem, nem que seja o mínimo, relevantes. Afinal, qualquer omissão ou insuficiência de informações podem acarretar, posteriormente, danos ao consumidor, tal que não pode ser tolerado pela segurança jurídica que lhes foi atribuída após a implementação da Lei 8.078/1990.
A responsabilidade pelo fato do produto e serviço
Para dar início, cumpre-se de bom alvitre, citar a distinção entre o vício do fato ou defeito. 
Nas palavras de Flávio Tartuce e Daniel Neves (2012, p. 125-126):
[...] no vício – seja do produto ou do serviço –, o problema fica adstrito aos limites do bem de consumo, sem outras repercussões (prejuízos intrínsecos). Por outra via, no fato ou defeito – seja também do produto ou serviço –, há outras decorrências, como é o caso de outros danos materiais, de danos morais e dos danos estéticos (prejuízos extrínsecos). De outra forma, pode-se dizer que, quando o dano permanece nos limites do produto ou serviço, está presente o vício. Se o problema extrapola os seus limites, há fato ou defeito, presente, no último caso, o acidente de consumo propriamente dito. Exemplifica-se: de início, determinado consumidor compra um ferro de passar roupas. Certo dia, passando uma camisa em sua casa, o aparelho explode, não atingindo nada nem ninguém. Nesse caso, está presente o vício do produto. Por outra via, se o mesmo eletrodoméstico explode, causando danos físicos no consumidor, há fato do produto ou defeito. 
Assim, analisa-se de maneira fática, a responsabilidade civil em si. Logo, entende-se que a responsabilidade civil do fato do produto e serviço a ser adotada pelo CDC foi a objetiva, pois, é expresso neste, que independentemente de culpa (imprudência, negligência ou imperícia), o responsável por colocar o produto no mercado tem o dever de reparar os danos caso este apresente defeito.
Antônio Herman V. Benjamin (2012, p. 158) assim explicita:
A alteração da sistemática da responsabilização, retirando-se o requisito de prova da culpa, não implica dizer que a vítima nada tenha de provar. Ao contrário, cabe-lhe comprovar o dano e o nexo de causalidade entre este e o produto ou serviço. Lembre-se, contudo, que em relação a estes elementos o juiz pode inverter o ônus da prova quando “for verossímil a alegação” ou quando o consumidor for “hipossuficiente”, sempre de acordo com “as regras ordinárias de experiência” (art. 6º, VIII). Recorde-se, por último, que o consumidor não necessita provar o defeito (art. 12, §3º, II).
Por fim, ressalta-se que, ao analisar o Código, percebe-se que há responsabilidade solidária entre comerciante e fabricante em certos casos. 
Assim, no que concerne à responsabilidade pelo fato do produto ou defeito, tem-se que: não há solidariedade entre fabricante e comerciante; verificada uma responsabilidade direta ou imediata do fabricante e uma responsabilidade subsidiária ou mediata do comerciante. Em contrapartida, quanto a responsabilidade pelo fato do serviço, vê se que: há solidariedade entre todos os envolvidos na prestação. (TARTUCE, 2012, p. 131-132).
Os responsáveis pelo fato do produto ou serviço
Entende-se que o direito do consumidor, apesar de aplicar o dever de segurança a todos os envolvidos na relação consumerista (art. 10, CDC), reconhece que alguns agentes específicos possuem maior responsabilidade em relação a outros. Neste sentido, analisa-se que o Código apresenta três modalidades de responsáveis: o real (o fabricante, o confeccionador e o produtor), o presumido (o importador) e o aparente (o comerciante quando não se habilita em discernir de quem se trata o responsável real). (BENJAMIN, 2012, p. 155).
Quanto ao fabricante, Herman (2012, p. 156) preconiza: 
O fabricante, expoente da lista legal, é o sujeito mais importante da sociedade de consumo. É ele que, por assim dizer, domina o processo a través do qual os produtos chegam às mãos dos distribuidores e varejistas e, a partir destes, ao consumidor. Por fabricante, no sentido do Código, entende-se qualquer um que, direta ou indiretamente, insere-se nesse processo de desenvolvimento e lançamento de produtos no mercado. E não só o manufaturador final, como ainda o que fabrica peças ou componentes. E tanto o mero montador, como aquele que fabrica seu próprio produto. E não apenas o fabricante de matérias-primas, como também aquele que as utiliza em um produto final. 
Assim, depreende-se dos ensinamentos o fato de que se determinado produto possuir mais de fabricante, todos encontram-se na responsabilidade solidária pelo defeito e por seus desdobramentos, evidentemente, cabe ação regressiva àquele que de fato deu origem ao defeito. No entanto, se cada um desses agentes é responsável pelo dever de segurança, todossão responsáveis solidários pela colocação do produto no mercado.
Nesta esteira, o Código garante a possibilidade de postular ação regressiva àquele que reparou o sinistro em face do verdadeiro responsável pelo ocorrido ou, ainda, aos demais que tiveram qualquer tipo de participação no caso concreto danoso (art. 13, parágrafo único, do CDC). Em contrapartida, no que concerne às ações propostas pela parte hipossuficiente em relação aos arts. 12 e 14 da Lei 8.078/199, proíbe-se o instituto denominado denunciação da lide que possibilitaria exercer o direito de postular ação regressiva (art. 88, do CDC). Quanto à lei, fica claro que tal direito pode subsistir em processo independente, isto é, não se obriga que este acompanhe os autos da ação postulada pelo consumidor. Tal fato de se justifica em razão da celeridade processual, a fim de facilitar o uso da tutela judiciária (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 125-126).
Entende-se, assim, que a responsabilidade de indenizar no âmbito do Código de Defesa do Consumidor é objetiva, no entanto, deve-se observar o nexo de causalidade do defeito do produto, pois este quem gera o dano ao consumidor.
O Ilustre Antônio Rizzatto Nunes (2007, p. 159) assim preleciona: “[...] o direito ao ressarcimento dos danos sofridos pelo consumidor e do dever de indenizar do agente responsável pelo produto ou pelo serviço é o fato do produto ou do serviço causador do acidente de consumo”. 
Assim, torna-se claro o fato de que ao colocar um produto defeituoso no mercado, o fabricante, produtor, construtor e importador assume o risco, logo, sendo obrigados a indenizar os prejudicados.
Posteriormente, tratando-se individualmente sobre a responsabilidade do fato do serviço ou defeito, Tartuce (2012, p. 153) enfatiza:
O fato do serviço ou defeito está tratado pelo art. 14 do CDC, gerando a responsabilidade civil objetiva e solidária entre todos os envolvidos com a prestação, pela presença de outros danos, além do próprio serviço como bem de consumo. Assim como ocorre com o produto, o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu fornecimento; o resultado e os riscos que razoavelmente dele se espera e a época em que foi fornecido (art. 14, § 1º, da Lei 8.078/1990). 
Conclui-se, como já mencionado, que se tratando de fato do serviço ou defeito, há uma clara solidariedade imposta a todos os relacionados no fornecimento deste, não se considerando a distinção aplicada aos dois acontecimentos, como prevê os já citados artigos. 12 e 13, do mesmo Código. Tendo em vista que é complexo determinar quem é o responsável por prestar de maneira direta ou indireta na sequência de prestação, tal fato não ocorre sobre o produto, pois é notável qual é o sujeito responsável pela fabricação daquele.
Por suposto, entende-se Cláudia Lima Marques, Antônio Herman Beijamin e Bruno Miragem (apud TARTUCE, 2012, p. 159):
A organização da cadeia de fornecimento de serviços é responsabilidade do fornecedor (dever de escolha, de vigilância), aqui pouco importando a participação eventual do consumidor na escolha de alguns dos muitos possíveis. No sistema do CDC é impossível transferir aos membros da cadeia responsabilidade exclusiva, nem impedir que o consumidor se retrata, em face da escolha posterior de um membro novo da cadeia. 
Portanto, percebe-se a sutil distinção entre as duas reponsabilidades, seja qual do produto ou do serviço, demonstrando o suporte e inteligência do legislador em abarcá-las de maneira tão similar, no entanto ressaltando a importância da estrutura de cada uma.
A responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais
Entende-se que, no decorrer de todo o Código de Defesa do Consumidor, somente aqui encontra-se uma exceção para a responsabilidade objetiva, isto é, apenas se aplica aos profissionais liberais.
Evidencia-se que, no fato do serviço, no que tange à responsabilidade civil dos profissionais autônomos, apenas ocorrerá se comprovada a existência de culpa de sua parte (responsabilidade denominada subjetiva), conforme preconiza o art. 14, em seu §4º, do Código. (TARTUCE; ASSUMPÇÃO, 2012, p. 160).
Herman (2012, p. 174) conceitua os chamados profissionais liberais em sua obra, expondo: 
Por profissional liberal há que se entender o prestador de serviços solitário, que faz do seu conhecimento uma ferramenta de sobrevivência. É o médico, o engenheiro, o arquiteto, o dentista o advogado. Trata-se, por outro lado, de categorias em franco declínio, na exata proporção em que, mais e mais, tais profissionais tendem a se agrupar em torno de empresas prestadoras de serviços: os hospitais, os grupos de saúde, as empresas de engenharia e de consultoria, as sociedades de advogados.
Para reiterar, o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Cantarina expõe entendimento cristalino acerca do assunto: 
APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA DE PROFISSIONAL LIBERAL. OBRIGAÇÃO DE MEIO. AUSÊNCIA DE NEGLIGÊNCIA MÉDICA. NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA MÉDICA E O FERIMENTO, AFASTADA. RECURSO IMPROVIDO. 1. A obrigação assumida por profissional liberal (médico) é de meio, respondendo subjetivamente pelos serviços prestados. 2. É imprescindível para a responsabilização do profissional liberal a demonstração de culpa e o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano causado. (TJ-SC - Apelação Cível: AC 649360 SC 2010.064936-0, rel. Des. Eduardo Mattos Gallo Júnior, rel. p/ acórdão Sr. Des. Paulo Roberto Camargo Costa, j. 12.07.2011.).
Portanto, entende-se de forma clara a necessidade em analisar a exceção da responsabilidade objetiva trazida pelo CDC, afinal, é essencial para visualizar na prática quando deve ser aplicada.
As excludentes da responsabilidade pelo fato do produto e serviço
O código traz, como regra, a responsabilidade civil objetiva a ser observada no caso concreto da relação consumerista. No entanto, existem excludentes que desobrigam o agente a arcar com os ônus oriundos ao dano causado à parte hipossuficiente da relação.
No caso em tela, têm-se previstas as excludentes no próprio CDC nos – já citados – artigos 12, §3º e 14, §3º:
Art. 12. §3º: O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I – que não colocou o produto no mercado; II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Art. 14. §3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Herman (2012, p. 162-163) explana acerca dos dispositivos:
É até supérfluo dizer que inexiste responsabilidade quando os responsáveis legais não colocaram o produto no mercado. Nega-se, aí, o nexo causal entre o prejuízo sofrido pelo consumidor e a atividade do fornecedor. O dano, foi, sem dúvida, causado pelo produto, mas inexiste nexo de causalidade entre ele e qualquer das atividades do agente. Isso vale especialmente para os produtos falsificados que trazem a marca do responsável legal ou, ainda, para os produtos que, por ato ilício (roubo ou furto, por exemplo), foram lançados no mercado. 
Quanto a inexistência do defeito, Cavalieri Filho (2012, p. 279) comenta:
A rigor, esta excludente prejudica as demais. Se o fato gerador da responsabilidade do fornecedor é o defeito do produto ou do serviço, logicamente sempre que não existir defeito não haverá que se falar em responsabilidade. Se ocorrer o acidente a causa terá sido outra, não imputável ao fornecedor. O Código, todavia, na busca de uma disciplina clara, espancadora de qualquer dúvida, explicitou outras causas de exclusão da responsabilidade do fornecedor que, na sua essência, decorrem da inexistência de defeito do produto ou do serviço. 
Tartuce (2012, p. 173), acerca da culpa exclusiva da vítima, explana:
A culpa exclusiva do próprio consumidor representa a culpaexclusiva da vítima, outro fator obstativo do nexo causal, a excluir a responsabilidade civil, seja ela objetiva ou subjetiva. Tem-se, na espécie, a autoexposição da própria vítima ao risco ou ao dano, por ter ela, por conta própria, assumido as consequências de sua conduta, de forma consciente ou inconsciente. Mais uma vez, por razões óbvias de ampliação, prefere-se o termo fato exclusivo do consumidor, a englobar a culpa e o risco. 
Desta feita, no que tange à culpa exclusiva da vítima (não a concorrente), bem como a de terceiro, a responsabilidade é suprimida. Assim, se no caso concreto as ações do consumidor forem exclusivamente culpadas pelo acidente de consumo, não há o que se falar acerca de nexo de causalidade entre a atividade do fabricante e afins e o evento danoso. Em contrapartida, se verificada, concomitantemente, relação entre o comportamento da vítima e o defeito contido no produto, a excludente não mais se emprega. (BENJAMIN, 2012, p. 164-165).
Os ilustres Flávio Tartuce e Daniel Assumpção (2012, p. 170-171), ainda, pontuam a respeito da culpa exclusiva de terceiro:
A culpa ou fato exclusivo de terceiro é fator obstante do nexo de causalidade, constituindo uma das excludentes da responsabilidade civil consumerista. Não se pode esquecer que o nexo de causalidade constitui a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano causado. Assim sendo, as excludentes de nexo servem para qualquer modalidade de responsabilidade, seja subjetiva ou objetiva. Apesar de a lei mencionar a culpa exclusiva de terceiro, seria melhor utilizar o termo fato exclusivo de terceiro, uma vez que a responsabilidade civil pelo CDC, em regra, independe de culpa, o que pode gerar a confusão. Na verdade, a expressão fato exclusivo é concebida em sentido amplo, a englobar a culpa (desrespeito a um dever preexistente) e o risco assumido por outrem (conduta acima da situação de normalidade, uma iminência de perigo que pode causar dano). 
Por fim, entende-se que as excludentes tendem a estabelecer o equilíbrio da relação entre consumidor e a parte contrária, uma vez que é necessário analisar o caso concreto para determinar a raiz da responsabilidade aqui tratada e, nos casos específicos, aplicar a excludente correta para evitar injustiças em relação àquele que não prospera como causador do dano.
A RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E SERVIÇO
Após analisar profundamente a responsabilidade pelo fato do produto e serviço, busca-se, através de um exame acerca da responsabilidade pelo vício do produto e serviço, estabelecer uma distinção abrangente e, concomitantemente, compreender a relevância desta dentro das linhas do Código de Defesa do Consumidor.
Noção da responsabilidade pelo vício do produto e serviço
No que tange ao vício do produto, o Código do Consumidor traz, em seu art. 18, § 6º (BRASIL, 1990), as normas a serem observadas:
Art. 18. § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II- os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
No que concerne à leitura do artigo supracitado, depreende-se, claramente, a aparição de três variedades de vícios: 1) vício que resulte como inoportuno para consumação; 2) vício que lhe minimize o valor; 3) vício que se origine da disparidade das características reais dos produtos em relação àquelas veiculadas na oferta e publicidade. Assim, percebe-se que, ao contrário do Código Civil (art. 441-446), o CDC não se limita aos vícios ocultos. A noção de vício é bem mais ampla, alcançando os vícios aparentes e de fácil constatação, bem como produtos que estejam em desacordo com normas regulamentares de confecção, distribuição ou apresentação. A tal conclusão se resulta a partir da análise conjunta de diversos dispositivos (caput e §6º do art. 18 e art. 26). (BENJAMIN, 2012, p. 186).
Por outro viés, Tartuce (2012, p. 131-132) explicita acerca: 
De início, há a responsabilidade por vício do produto (art. 18 da Lei 8.078/1990, presente quando existe um problema oculto ou aparente no bem de consumo, que o torna impróprio para o uso ou diminui o seu valor, tido como um vício por inadequação. Em casos tais, repise-se, não há repercussões fora do produto, não se podendo falar em responsabilização por outros danos materiais – além do valor da coisa –, morais ou estéticos. Em suma, lembre-se que no vício o problema permanece no produto, não rompendo os seus limites. 
Nesta esteira, na mesma análise, analisa-se o conceito do vício do serviço, o qual traz o art. 20, § 2º do mesmo Código: “Art. 20. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.”.
Após o exposto, entende-se que de acordo com o §2º do art. 20 do CDC, considera-se serviços inoportunos aqueles que se percebem fora da normalidade para realizar o que lhes é requerido, assim como tais serviços que, ainda, não correspondem às regras e normas de prestabilidade. Nestes aspectos, concebe-se que, conforme o caput do mesmo artigo, aquele que presta os serviços, arca com todos os vícios de qualidade, os quais podem a vir prejudica-los, tornando-os inadequados para o uso e consumo ou, até mesmo, minimizar o seu valor. Da mesma forma em que arcam, também, com aqueles vícios que não estão em coerência com suas referidas campanhas de publicidade. Assim, nota-se que, quando se trata de vício de serviço, este aglomera também os infortúnios que provém da oferta ou publicidade. (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 148).
Herman (2012, p. 197) explana acerca da conceituação do vício do serviço:
Com no mesmo objetivo da disciplina relativa aos vícios dos produtos, o CDC inova ao disciplinar no art. 20 os vícios dos serviços. A preocupação básica é que os serviços oferecidos no mercado de consumo atendam a um grau de qualidade e funcionalidade que não deve ser aferido unicamente pelas cláusulas contratuais, mas de modo objetivo, considerando, entre outros fatores, as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, a inadequação para os fins que razoavelmente se esperam dos serviços, normas regulamentares de prestabilidade. 
Assim, conclui-se que é necessária uma correta análise para resultar no que consiste o vício do produto e serviço, mas, acima de tudo, é imprescindível que estes prejudiquem diretamente o uso e consumo dos seus consumidores de modo que não haja maneiras além de ressarcir a estes o investimento realizado. 
Tipos de vícios do produto
Com já demonstrado, os vícios apresentam diferenciação em relação aos defeitos, desta feita, busca-se diferenciá-los entre si. 
Assim, é o que se fará a seguir.
Vício aparente e de fácil constatação 
Na análise sobre o vício aparente e de fácil constatação é nítido o fato de que, muitas vezes, o que é aparente para determinado consumidor não possui a mesma aparência para os demais. Isto é, o que pode ser constatado com facilidade por alguns consumidores, não ocorre com outros, portanto, o Código de Defesa do Consumidor postula contra essa instabilidade técnica verificada constantemente nos casos concretos. (BENJAMIN, 2012, p. 187).
Nesta esteira, Herman (2012, p. 187-188) expõe:
[...] com o adjetivo aparente pretendeu-se, em última análise, aludir à facilidade ou não de identificação imediata do vício, o que conduz justamente à ideia de fácil constatação, que varia conforme a complexidade do produto e as características individuais do consumidor e as circunstancias da compro do bem. Portanto, aparente e fácil constatação são expressões que se equivalem. Não há distinção entre vício aparente e vício de fácil constatação, e sim um esforço normativo para esclarecer que a aparência ou não do vício decorredas circunstâncias da aquisição do produto ou do serviço. Ressalta-se: a distinção entre vício oculto e aparente (= de fácil constatação) é relevante não para excluir a proteção do CDC, mas apenas para determinar o início da contagem dos prazos decadenciais. Quando o vício é oculto (a grande maioria dos casos), “o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito” (art. 26, §3º). De outro lado, se o vício é aparente e de fácil constatação, o prazo começa a correr “a partir da entrega efetiva do produto” (art. 26, §1º). 
Assim, entende-se que deve ser analisado em relação ao caso concreto o que é ou não considerado como “aparente” no produto/serviço em questão, para que, indubitavelmente, seja especificado o caminho correto a se tomar.
Vício conhecido pelo consumidor
No que tange ao vício conhecido pelo consumidor, vê-se que o CDC, em suas linhas gerais, não proíbe a comercialização de produtos usados nem com a sua porcentagem aproveitável reduzida, assim como não inibe a venda de produtos detentores de modestos vícios.
Nesta esteira, Scartezzini Guimarães (apud BENJAMIN, 2012, p. 188) explicita:
No caso de vício conhecido, considerando o princípio de boa-fé, não há responsabilidade do fornecedor (vícios do produto e do serviço, p. 22). Quanto às vendas de ocasião (pontas de estoque), não se poderá falar em vícios se o consumidor teve conhecimento da eventual imperfeição na coisa. Em outras palavras, se o adquirente tomou ciência de que determinado produto estava viciado e mesmo assim comprou, mas descobriu posteriormente à aquisição outra imperfeição, por esta poderá propor as ações redibitórias, a substituição do bem ou sanação do vício. 
Por fim, entende-se que, quando se trata de vício conhecido, não se deve aplicar responsabilidade ao fornecedor, uma vez que já era de conhecimento do consumidor o estado exato do produto que se adquiriu. 
É fundamental, ainda, verificar se houve efetivamente uma vantagem para o consumidor, como a redução de preço.
Vício de quantidade e qualidade
Acerca do vício de quantidade e qualidade, predispõe o art. 19, do CDC:
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
Assim, conforme Antônio Cavalcante Neto (2012), entende-se por vícios de quantidade por aqueles:[2: Disponível em <https://www.meuadvogado.com.br/entenda/consumidor-voce-sabe-o-que-significa-os-vicios-do-produto.html>. Acesso: 26 de maio. 2017.]
[...] aqueles constantes na segunda parte do art. 18 e 19 do CDC, que se referem aos vícios oriundos da disparidade em relação as indicações escritas ou disponibilizadas nos recipientes, embalagens, rotulagens ou mensagens publicitárias, bem como às variações que não são decorrentes de sua natureza, ou não respeitam as variações fixadas normativamente, é o exemplo de um pacote de café em grãos que em sua embalagem traz a informação que contém um quilograma, e quando pesado não chega nem a seiscentos gramas. Em suma, são vícios que tornam os produtos não condizentes com as informações constantes nas suas embalagens ou invólucros comerciais, levando muitas vezes o consumidor a comprar, no dito popular, gato por lebre. Em outros termos, o consumidor paga para adquirir uma certa quantidade de um determinado produto e acaba levando uma quantidade bem inferior por não perceber essa variação a olho nu, acabando por ter, consequentemente, um prejuízo econômico. 
Neste sentido, invariavelmente, percebe-se que a venda de algum produto em quantidade ou tamanho reduzido configura inadimplemento contratual, haja vista que a especificação de quantidade e dimensão decorre de obrigação contratual. De fato, são elementos essenciais do contrato de compra e venda a elucidação do preço e da coisa. Assim, a coisa (produto) pode ser diferenciada oriundas de inúmeras peculiaridades, até mesmo em relação à quantidade e extensão. (BENJAMIN, 2012, p. 189).
Da responsabilidade por vício do produto e serviço
De início, há que se ressaltar que, quando se trata de responsabilidade por vício do produto nota-se solidariedade entre fabricante e comerciante; n’outro passo que, no que tange à responsabilidade por vício do serviço, verifica-se a solidariedade entre todos os envolvidos na prestação. (TARTUCE, 2012, p. 134).
 Nesta perspectiva, leva-se em conta o ensinamento de Flávio Tartuce e Daniel Assumpção (2012, p. 132):
Não se pode esquecer, ademais, que, no vício do produto, há solidariedade entre todos os envolvidos com o fornecimento, caso do fabricante, do produtor e do comerciante. Todavia, ressalte-se que a lei estabelece duas exceções internas bem específicas quanto a essa primeira situação. A primeira exceção tem relação com os produtos fornecidos in natura, respondendo perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor (art. 18, § 5º, do CDC). Para concretizar a norma, se alguém adquire uma maçã estraga em uma feira livre, a responsabilidade, em regra, será do feirante. Porém, se na maçã constar o selo do produtor, o que é bem comum, o último responderá pelo vício. Com segunda exceção, determina o § 2º do art. 19 que o fornecedor imediato – no caso, o comerciante – será responsável pelo vício de quantidade quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiverem aferido segundo os padrões oficiais. 
Assim, entende-se que se trata de hipótese legal de solidariedade passiva, portanto, o credor (consumidor) possui o justo direito a reivindicar a satisfação da dívida de determinado responsável ou, até mesmo, de mais de um dos que se enquadram no rol de devedores, seja de maneira parcial ou integral. Caso a quitação tenha sido de modo parcial, os devedores em totalidade “continuam obrigados solidariamente pelo resto”, como demanda o art. 275, do Código Civil em vigência. (BENJAMIN, 2012, p. 190).
Neste sentido, Tartuce (2012, p. 132-133) continua a explicitar:
[...] o desrespeito à lealdade negocial, à boa-fé objetiva, acaba por gerar a sua responsabilidade pessoal, afastando o dever de reparar o fabricante. A título de exemplo, se há um problema na balança do mercado, que está adulterada, a responsabilidade será do comerciante e não do produtor ou fabricante. Assim como estabelece o art. 18, caput, do CDC, se nota que tal comando consagra e descreve os chamados vícios de qualidade do produto, bem como o art. 19 do mesmo Código, o qual trata dos vícios de quantidade, do mesmo modo a gerar a solidariedade. 
Logo, pontua-se que a responsabilidade solidária é, sem dúvida, decorrência do direito básico de “efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais”, previsto no art. 6º, VI, do CDC, como já citado. (BENJAMIN, 2012, p. 190).
De fato, muitas vezes a chamada “efetiva reparação” só pode ser observada e considerada apta a ocorrer quando verificado multiplicidade de responsáveis pelo encargo. Afinal, é de maneira corriqueira a ausência dos respectivos responsáveis (fornecedores) no momento do ressarcimento aos seus consumidores, desaparecendo sem constar quaisquer patrimônios em suas posses. (BENJAMIN, 2012, p. 190-191).
Desta feita, o recorrente é que após a satisfação do consumidor, fica a cargo dos próprios fornecedores tomarem alguma decisão acerca de quem irá assumir a dívida, podendo ser de maneira concomitante ou individual. Assim, ressalta-se não poder efetivar a denunciação da lide, como já mencionado, nos termos do art. 88, da Lei 1.078/1990, tal que, como se sabe, refere-seapenas aos casos que regem o fato do produto, no entanto, deve ser usado em paridade para os demais casos que tratem de responsabilidade de forma solidária destacados na Lei. (BENJAMIN, 2012, p. 191.).
No que tange à responsabilidade por vício do serviço, como já demonstrado, (embora não esteja explícito no art. 20, do CDC, como consta no art. 18, caput, deste) a regra que será aplicada aos inclusos na relação consumerista será a de solidariedade. 
Em linhas gerais, Rizzato Nunes (apud BENJAMIN, 2012, p. 199-200) assim preconiza:
Ainda que a norma esteja tratando do fornecedor direto, isso não elide a responsabilidade dos demais que indiretamente tenham participado da relação. Não só porque há normas expressas nesse sentido (art. 34 e §§ 1º e 2º do art. 25), mas também e em especial pela necessária e legal solidariedade existente entre todos os partícipes do ciclo de produção que geraram o dano (cf. parágrafo único do art. 7º) e, ainda mais, pelo fato de que, dependendo do tipo de serviço prestado, o fornecedor se utiliza necessariamente de serviços e produtos de terceiros. 
Nesta linha de raciocínio, há que se ressaltar acerca de cenários, nos quais esteja presente serviços que almejam reforma ou reparo de referidos produtos. Assim, considera-se implícito o encargo de repor peças e elementos da melhor qualidade e, evidentemente, originais, ou, ainda, que preserve as qualificações do fabricante, conforme prevê o artigo 21, do Código de Defesa do Consumidor. Por fim, embora o fornecedor não esteja ciente dos conflitos e falhas ocorridos, a responsabilidade não o desampara, pelo contrário, é comprovado a salvaguarda perante ao consumidor, sendo vedada qualquer maneira que induza a exonerar do contrato ou cláusula que impeça a solidariedade do fornecedor, como se predispõe os artigos 24 e 25, ambos do retro mencionado Código. (TARTUCE; NEVES, 2012, p. 150-151).
Assim, conclui-se que a solidariedade passiva entre os prestadores de serviços significa, em termos práticos, que qualquer um deles pode ser acionado pelo consumidor para exercício de uma das três alternativas indicadas pelo – já analisado – art. 20, da Lei 8.078/1990. (BENJAMIN, 2012).
Prazo para arguir o direito de reclamação
Após verificado o vício do produto ou serviço, corre-se um prazo, o qual caracteriza-se como sendo decadencial, estipulado pelo Código de Defesa do Consumidor em seu art. 26, para arguir o direito de reclamação do consumidor.
Estipula, assim, a Lei (BRASIL, 1990):
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
Tartuce e Assumpção (2012, p. 137-138), quanto os prazos, explicitam:
Em caso de dúvida, ou seja, se não restar claro se o produto é durável ou não, deve-se entender pela aplicação do prazo maior de noventa dias, o que é incidência do princípio do protecionismo do consumidos, retirado do art. 1º da Lei 8.078/1990 e do art. 5º, inc. XXXII, da CF/1988. Quanto ao início da contagem dos prazos, se o vício for aparente ou de fácil constatação, dar-se-á da entrega efetiva do produto ou tradição real (art. 26, §1º, do CDC). Porém, no caso do vício oculto, o prazo inicia-se no momento em que ficar evidenciado o problema (art. 26, §3º, do CDC). 
No que tange às causas obstativas apresentadas pelo §2º, do art. 26, do CDC, citado acima, deve-se analisar de maneira isolada cada inciso. Em relação ao inciso I, a doutrina majoritária não pleiteia pela necessidade da reclamação em si ser planeada de próprio punho pelo consumidor, pelo contrário, pode ser arguida por outros meios, por exemplo: internet, telefone, pelos inoportunos call centers, até mesmo de forma oral. No entanto, nestes casos citados, é imensurável a comprovação da realização destas, através de comprovantes, códigos de e-mails, registro de chamadas, entre outros. Tudo que leve a comprovar a idoneidade da reclamação elaborada pelo consumidor. No que tange ao inciso II, não se verifica uma grande rotina, muito pelo contrário, é hipótese prevista para casos raros. Trata-se de instauração de inquérito civil, tal que se oriunda de verificar a veracidade de lesão a direitos coletivos realizado pelo Ministério Público. No final, há a possibilidade em postular ajuizamento de ação coletiva. (BENJAMIN, 2012, p. 206-207).
Em continuidade, ao abordar o inciso II, §2º, do art. 26 ora supracitado, é pontual citar a discussão doutrinária envolvendo se tal cláusula obstativa constituiria em suspensão ou uma interrupção.
Flávio Tartuce (2012, p. 138) explana:
A divergência é muito bem exposta por Leonardo de Medeiros Garcia, que demonstra as duas correntes doutrinárias fundamentais existentes sobre o tema. Para a primeira corrente, à qual estão filiados Zelmo Denari e Fábio Ulhôa Coelho, a hipótese é de suspensão do prazo. Para a segunda, liderada por Claudia Lima Marques, Luiz Edson Fachin e Odete Novais Carneiro Queiroz, a hipótese é de interrupção. 
O Ilustre Fernando Simões (apud TARTUCE, 2012, p. 138-139), ainda afirma:
Em que pese o Código Civil realmente incluir entre as causas de interrupção da prescrição atos do interessado, em momento algum esse diploma fixa o término do período de “interrupção”, como faz o CDC. Por outro lado, ao tratar da causa de suspensão da prescrição, o Código Civil expressamente determina o período durante o qual essa não correrá, utilizando as expressões como ‘na constância do matrimônio’ (art. 197, I) e ‘durante o poder familiar’ (art. 197, II). Ora, tais expressões têm significado idêntico àquelas utilizadas pela legislação no art. 26 do CDC e levam-nos a concluir se tratar realmente de suspensão e não de interrupção da decadência. 
Anote-se, por fim, que Scartezzini Guimarães (apud BENJAMIN, 2012, p. 208-209) defende que ‘obstar’, portanto, tem o sentido de invalidar o prazo já transcorrido, o que se assemelha ou es aproxima das hipóteses de interrupção: “Feita a reclamação, o prazo fica interrompido até o recebimento da resposta negativa dada pelo fornecedor. Isso significa que, enquanto o consumidor não a receber, o prazo não terá início. Também, não voltará a correr o prazo se o fornecedor, reconhecendo o problema e se comprometendo a saná-lo, assim não agir.”.
Portanto, compreende-se que o estudo do prazo de reclamação é vasto e complexo, no entanto, sabendo o consumidor acerca de todos os seus direitos, a possibilidade de ser ressarcido de um dano é maior e gradual, desta forma, deve ser observado com clareza cada linha prevista nesta bela inovação que é o Código de Defesa do Consumidor de 1990.
CONCLUSÃO
Após todo o exposto, conclui-se que o Código de Defesa do Consumidor, promulgado em 1990, implementou inovações acerca das responsabilidades dos fornecedores, construtores e comercias de forma ampla e concreta.
Entende-se que deve ser observado, em suma, a proteção dos direitos dos consumidores, estes que configuram como parte hipossuficiente da relação de consumo, uma vez que, sem a lei, a parte contrária pode extrapolar, prejudicando, assim, os agentes passivos. (TARTUCE, 2012).
Os prazos decadenciais e prescricionais também devem ser observados, haja vista a necessidade do consumidor em se livrar do prejuízo – quando este ocorre – de maneira súbita e gradativa, pois não há justificativa que este tenha que arcar por um erro/equívoco dos

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