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medidas para o bem estar social milton friedman

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CAPÍTULO XI
Medidas para o Bem-Estar Social
Os sentimentos humanitários e igualitários que ajudaram a produzir o imposto de
renda gradual também produziram um conjunto de medidas destinadas a
promover o "bem-estar" de grupos particulares. O mais importante conjunto de
medidas nesta área está constituído pelo que se chamou impropriamente de
"seguro social". Outras medidas desse tipo são o programa de habilitação, as leis
de salário mínimo, os subsídios à agricultura, a assistência médica para grupos
particulares, os programas especiais de ajuda etc.
Examinarei brevemente algumas, antes de mais nada, para indicar quão
diferentes são seus verdadeiros efeitos dos que se supõem venham a produzir.
Em seguida, examinarei mais longamente o componente mais amplo dos
programas de seguro social, a aposentadoria e a pensão para os sobreviventes.
1. Programa de habitação. Uma das justificativas para este programa são os
alegados efeitos laterais: os distritos de cortiços, principalmente, e outros tipos de
habitação de qualidade inferior, em menor intensidade, impõem altos custos à
comunidade sob a forma de proteção contra incêndios e prote-ção policial. Esse
efeito lateral pode realmente existir. Mas. se realmente existisse, ele exigiria, em
lugar de programas de habitação, a aplicação de taxas mais altas sobre o tipo de
habitação que aumenta os custos sociais - o que tenderia a igualar custos privados
e custos sociais.
A resposta imediata é que outras taxas incidiriam sobre as pessoas de renda
baixa, o que seria indesejável. A resposta implica que o programa habitacional é
proposto não na base de efeitos laterais, mas como um meio de ajudar as
pessoas de renda baixa. Se é este o caso. por que subvencionar a habitação em
particular? Se os fundos devem ser usados para ajudar os pobres, não seriam eles
usados de modo mais efetivo. se distribuídos sob a forma de dinheiro em vez de
artigos? Com certeza, as famílias beneficiadas prefeririam receber determinada
soma em dinheiro vivo, e não em forma de casa. As pessoas envolvidas
poderiam gastar o dinheiro em habitação, se assim desejassem. Logo, não
ficariam em situação pior se recebessem dinheiro. Se considerassem outras
necessidades mais importantes, também estariam em melhor situação. O
subsídio em dinheiro resolveria o problema dos efeitos laterais do mesmo modo
que o programa de habitação.
pois se não fosse gasto para a compra de casas, poderia ser usado para o
pagamento de taxas extras, justificadas pêlos efeitos laterais.
Os programas de habitação não podem, portanto, ser justificados em termos de
efeitos laterais ou de ajuda às famílias pobres. Só podem ser justificados em
termos de paternalismo - as famílias que devem ser ajudadas "precisam" de
casas mais do que de outras coisas, mas elas próprias não concordariam com
isso ou gastariam o dinheiro de outra forma. O liberal está inclinado a rejeitar
este argumento para o caso de adultos responsáveis. Mas não pode rejeitá-lo
completamente devido ao modo indireto pelo qual afeta as crianças: isto é. os
pais negligenciarão o bem-estar de seus filhos que "precisam" de melhor
habitação. O liberal, porém, exigirá certamente maior evidência do que a
fornecida usualmente, antes de aceitar essa argumentação final como
justificativa para as grandes despesas em programas de habitação.
Muito se poderia dizer em termos abstratos, antes da experiência prática com o
programa habitacional. Agora que já temos a experiência, podemos dizer ainda
mais. Na prática, os programas de habitação acabaram por ter efeitos muito
diferentes dos planejados.
Em vez de melhorar as condições de habitação dos pobres, como seus
proponentes esperavam, o programa de habitação fez justamente o contrário. O
número de unidades habitacionais destruídas no processo de construção dos
projetos públicos de habitação foi muito maior do que o número de novas
unidades habitacionais construídas. Mas os programas de habitação, como tais,
nada fizeram para reduzir o número de pessoas a serem abrigadas. O efeito dos
programas, portanto, foi o de aumentar o número de pessoas por unidade
habitacional. Algumas famílias provavelmente estarão mais bem abrigadas do
que estariam em outras circunstâncias - as que tiveram bastante sorte para
conseguir uma vaga nas unidades públicas construídas. Mas isto só piorou o
problema para todos os demais, pois a densidade média em conjunto aumentou.
De fato, a empresa privada contrabalançou alguns dos efeitos negativos do
programa oficial de habitação, pela conversão dos conjuntos já existentes e pela
construção de novos conjuntos para as pessoas diretamente deslocadas ou, de
modo mais geral, para as deslocadas em virtude de uma ou duas remoções
provocadas pêlos próprios projetos públicos de construção. Entretanto, esses
.recursos privados estariam disponíveis mesmo na ausência dos programas
públicos de habitação.
Por que o programa de habitação teve tal efeito? Pela mesma razão geral que
enfatizamos tantas vezes. O interesse geral que motivou inúmeras pessoas a
aprovar a instituição do programa de habitação é difuso e transitório. Uma vez
adotado o programa, a tendência é acabar dominado pêlos interesses especiais
aos quais possa servir. Neste caso. os interesses especiais eram os de grupos
locais interessados em ter determinadas áreas liberadas quer por terem
propriedades em tais lugares, quer porque certos conjuntos de habitação estavam
ameaçando distritos comerciais locais ou centrais. O programa de habitação
serviu como um meio conveniente de realizar seus objetivos, que exigiam mais
destruição do que construção. Assim mesmo, os problemas de habitação
parecem ainda estar presentes com igual intensidade, a julgar pela crescente
pressão para que os fundos federais sejam utilizados nessa área.
Outro benefício que seus proponentes esperavam obter era a diminuição da
delinquência juvenil, pelo melhoramento das condições habitacionais. Aqui
também, o programa teve. em muitos casos, o efeito contrário. inteiramente
desligado do fato de ter falhado no objetivo de melhorar as condições médias de
habitação. As limitações de renda impostas para a ocupação de unidades
habitacionais públicas com aluguéis subvencionados levaram a uma densidade
maior de famílias "rompidas" - em particular mães divorciadas ou viúvas com
filhos. Os filhos de famílias desfeitas têm maior probabilidade de se tornarem
"crianças-problema" e uma grande concentração dessas crianças pode aumentar
a delinquência juvenil. Um outro exemplo é o efeito adverso do programa de
habitação sobre as escolas da comunidade. Embora uma escola possa absorver
certo número de "crianças-problema", é difícil absorver um número muito
grande. E. no entanto. em alguns casos, famílias desfeitas constituem um terço
ou mais do total de famílias num projeto habitacional público; e a maioria das
crianças das escolas vem do projeto habitacional. Se essas famílias tivessem sido
assistidas por meio de doações de dinheiro, elas estariam distribuídas de modo
mais conveniente por toda a comunidade.
2. Leis de salário mínimo. As leis de salário mínimo representam
claramente uma medida cujosefeitos foram precisamente o contrário dos
objetivados pêlos homens de boa vontade que a apoiaram. Inúmeros
proponentes das leis de salário mínimo deploram, de modo muito apropriado,
salários extremamente baixos, considerando-os um sinal de pobreza, e esperam,
por meio da condenação legal de salários abaixo de determinado nível, reduzir a
pobreza. De fato. até onde as leis de salário mínimo têm realmente algum efeito,
este foi o de aumentar claramente a pobreza. O Estado pode legislar um nível de
salário mínimo. Mas. dificilmente, pode levar os empregadores a contratar por
esse mínimo os que estavam empregados anteriormente com salários mais
baixos.
Não é. evidentemente, do interesse dos empregadores fazê-lo. O efeito do salário
mínimo é. portanto, ode tornar o desemprego maior do que seria em outras
circunstâncias. Até onde ??? lê baixos níveis de salário são de fato sinal de
pobreza, as pessoas que fiam desempregadas são precisamente aquelas que
menos podem perder a enda que recebiam até então, por menor que parecesse
às pessoas que voaram as leis do salário mínimo.
Sob determinado aspecto, esse caso parece-me muito com o do pro-;rama de
habitação. Nos dois, as pessoas ajudadas estão visíveis - as pes-oas cuja renda é
aumentada e as pessoas que ocupam as unidades cons-ruídas. As pessoas
prejudicadas são anónimas e seus problemas não ficam :laramente relacionados
com as causas - as pessoas que passam para o j rupo dos desempregados ou,
mais provavelmente, não encontram empre-jo em nenhuma atividade devido à
existência do salário mínimo e são levadas para atividades ainda menos
remuneradas ou às listas de auxílio a ne:essitados; as pessoas levadas a se apertar
ainda mais nos cortiços em desenvolvimento parecem constituir mais um sinal
da necessidade de habitação do que a consequência dos programas de habitação.
Uma boa parte do apoio a leis de salário mínimo não vem de homens
desinteressados, de boa vontade, mas de grupos interessados. Por exem-D!O, os
sindicatos e firmas do Norte ameaçadas pela competição sulista apoiaram as leis
de salário mínimo para reduzirem a concorrência do Sul.
3. O apoio a preços de produtos agrícolas. Os subsídios à agricultura
5ão outro exemplo. Se é o quepode ser justificado por motivos não políticos (as
zonas rurais estão fortemente representadas no Congresso), tal apoio está
relacionado com a crença de que os fazendeiros têm rendas baixas. Mesmo que
se aceite isso como fato, o apoio aos preços dos produtos agrícolas não realiza o
objetivo considerado de auxiliar os fazendeiros que precisam de ajuda. Em
primeiro lugar, os benefícios, se é que existem, são inversos em relação às
necessidades, pois aparecem em proporção ao volume vendido no mercado. O
fazendeiro pobre não só vende menos no mercado que o fazendeiro mais rico;
além disso, ele obtém uma parte dos seus impostos dos produtos cultivados para
seu próprio uso. e não recebe os benefícios do apoio. Em segundo lugar, os
benefícios, se é que há alguns, auferidos pêlos fazendeiros, em consequência do
programa de apoio, são bem menores do que a quantia total gasta. Isso fica
particularmente claro no caso da importância paga para armazenagem e custos
similares que não vão para o fazendeiro - de fato. os fornecedores das
facilidades de armazenagem poderão muito bem ser os verdadeiros
beneficiados em todo o processo. Isso vale igualmente para as quantias gastas na
compra de produtos agrícolas. O fazendeiro é. assim, induzido a gastar mais em
fertilizantes. sementes, maquinaria etc. Quando muito, apenas o excedente é
acrescentado à sua renda. E, finalmente, mesmo esse resíduo superestima as
vantagens, pois o efeito do programa tem sido manter mais pessoas nas fazendas
mais do que ficariam lá em outras circunstâncias. Só o excedente, se existir
algum, do que podem ganhar nas fazendas sobre o que poderiam aanhar fora
delas é um benefício líquido para os fazendeiros. O principal efeito do programa
de compras foi simplesmente tornar maior a produção das fazendas - e não o de
aumentar a renda por fazendeiro.
Alguns custos do programa de compras dos produtos agrícolas são tão óbvios e
conhecidos que não precisam mais do que de simples menção: o consumidor
pagou duas vezes, uma em taxas para o pagamento de benefícios às fazendas e
outra nos preços mais altos por alimento; o fazendeiro ficou esmagado por
restrições onerosas e controle central detalhado; a nação ficou esmagada por
uma burocracia cada vez maior.'Há. contudo, um conjunto de custos que é bem
menos conhecido. O programa para as fazendas tem sido um obstáculo
importante para a política exterior. A fim de manter o preço doméstico mais alto
do que o mundial, foi necessário impor cotas sobre a importação de diversos
itens. Mudanças extravagantes em nossa política tiveram efeitos negativos em
outros países. O preço alto para o algodão levou outros países a desenvolver a
produção algodoeira. Quando nossos preços altos levaram a uma estocagem
inconveniente de algodão, passamos a vender para o exterior a preços baixos,
impondo assim pesadas perdas aos produtos que haviam expandido a produção
devido às nossas medidas anteriores. A lista de casos semelhantes pode ser
multiplicada.

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