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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E MEC/PARFOR CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS SOCIAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ELZIMAR VIEIRA DE OLIVEIRA A LUTA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE GURUPÁ/PA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO RURAL NA COMUNIDADE DO RIO MOJU. GURUPÁ/PA 2015 1 ELZIMAR VIEIRA DE OLIVEIRA A LUTA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE GURUPÁ/PA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO RURAL NA COMUNIDADE DO RIO MOJU. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA) em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Sociais. Orientadora: Profª. Drª Eleanor Gomes da Silva Palhano GURUPÁ/PA 2015 2 ELZIMAR VIEIRA DE OLIVEIRA A LUTA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE GURUPÁ/PA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO RURAL NA COMUNIDADE DO RIO MOJU. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA) em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Sociais. Orientadora: Profª. Drª Eleanor Gomes da Silva Palhano Data da Aprovação: Banca examinadora: Profª. Dra. ELEANOR GOMES DA SILVA PALHANO Drª. ORIENTADORA Prof. Dr. (and.) José Ribamar Braun Viana dos Santos Profª.Mesc. Sylvia de Nazaré Castro 3 DEDICATÓRIA Principalmente a Deus, meu senhor e salvador, que me guia em todos os momentos da minha vida, mestre e grande amigo. Especialmente a minha querida e amada mãe Maria Vieira de Oliveira, que me deu vida, me criou e me deu os primeiros e valiosos ensinamentos, com carinho, incentivo, compreensão e esforço desde o início de minha vida escolar até aqui. Ao meu eterno pai in memória Manoel Reis de Oliveira por ter me ensinado em pouco tempo em que viveu ao meu lado, que a vida tem que ser vivida com amor, respeito, sabedoria, ousadia, conhecimento. Sei que ele está comigo em todos os momentos me guiando no caminho do bem... Obrigado meu pai por tudo que me ensinou, mesmo longe, sinto que sua proteção de pai está comigo me orientando em todos os momentos. A minha amada esposa Ana Karla Moraes de Almeida, que com o seu amor e carinho me deu força principalmente nos momentos de dificuldades, ela me proporcionava palavras de incentivo para que eu alcançasse esse objetivo. Ao meu filho Ewerton Leonan Pereira de Oliveira, meus irmãos, sobrinhos e demais familiares que sempre serviram de incentivo para a conclusão deste trabalho e aos meus amigos que direta ou indiretamente me ajudaram a realizar esse sonho. 4 AGRADECIMENTO Institucionalmente, agradeço a Universidade Federal do Pará, ao PARFOR/CIÊNCIAS SOCIAIS, por me proporcionarem esta formação acadêmica. A coordenadora do PARFOR/CIÊNCIAS SOCIAIS professora orientadora Drª Eleanor Gomes da Silva Palhano. Obrigado pelo incentivo, pois suas palavras me proporcionaram forças e conhecimento para finalizar este trabalho acadêmico. Aos professores da banca examinadora Dr. (and.) José Ribamar Braun Viana dos Santos e Msc. Sylvia de Nazaré Castro pela disponibilidade de apreciar o meu trabalho e de certa forma, engrandecê-lo. Ao Professor Mestre Paulo Sergio dos Santos Ribeiro, pelo apoio, dedicação, atenção, compreensão e incentivo. Ele foi um fator importante para a construção deste trabalho. Aprendi muito, meus sinceros agradecimentos. Agradeço ao Deus e eterno pai todo poderoso, que com seu amor dadivoso me concedeu a vida e pelo seu imenso amor, me iluminou durante todos os momentos, mesmo com meus erros e fracassos, nunca me abandonou. E é a ele que recorro, seja nos momentos de alegria ou de tristeza, paz de espírito ou de aflição, reconheço que o seu amor, contudo, é maior que a percepção humana sobre o amor. Obrigado meu Deus. Especialmente a minha querida e amada mãe, Maria Vieira de Oliveira e ao meu pai in memória Manoel Reis de Oliveira por terem me criado em meio as dificuldades que a vida nos proporciona, sempre lutaram na esperança de algo melhor para mim, principalmente numa formação acadêmica. Foi partir deles, em especial minha amada mãe, percebei que a maior riqueza material de um ser humano é a sabedoria e o conhecimento, com esses aprendemos a tomar as decisões certas, as quais nos trarão resultados duradouros. Obrigado pela excelente educação, e por todo o apoio até hoje. Essa conquista vai para vocês que me ensinaram como é importante ser sábio! 5 A minha esposa e amada Ana Karla Moraes de Almeida minha companheira em todos os momentos da minha vida que me deu muita força para que eu alcançasse esse objetivo. Aos meus amigos da turma que direta ou indiretamente me ajudaram nos momentos de dificuldade e foram essenciais na minha conclusão de curso, me ajudando sempre que precisei. Gostaria de agradecer aos parentes próximos e distantes que me ajudaram significativamente com confiança no que eu fazia ou com palavras de força para que eu não desistisse. A Prefeitura Municipal de Gurupá, Secretária Municipal de educação e todas as escolas dos pólos Mararu e Moju pelo apoio que me deram em poder chegar até este momento importante de ter uma formação acadêmica. Enfim, a todos que estiveram em minha trajetória, me ajudando e incentivando para que eu pudesse concluir este trabalho e colaborar com a construção de mais um momento histórico para mim e para o processo educacional de Gurupá. 6 “Por ideias pedagógicas entendo as ideias educacionais, não em si mesma, mas na forma como se encarnam no movimento real da educação, orientando e, mais do que isso, constituindo a própria substância da prática educativa”. Dermeval Saviane 7 RESUMO É na visão histórica da construção do sindicalismo no municipio de Gurupá no estado do Pará, que surge a discussão de que forma e como historicamente o sindicato dos trabalhadores rurais se inseriu no debate político na luta por seus direitos sociais. Esse trabalho relata a história da implementação da educação rural na comunidade do Rio Moju, as luta travadas dos trabalhadores rurais pelo direito à educação, saúde e terra, os problemas enfrentados, as vitórias e derrotas, as contradições existente no seio da categoria e a atuação do sindicato em busca de melhorias para a população do município de Gurupá. . Palavras chaves: Sociologia da Educação, Movimento Sociais, Sindicalismo e Educação do Campo. 8 ABSTRACT It is the historical view of the construction of syndicalism in the municipality of Gurupá in the state of Pará, which comes the discussion of how and how historically the union of rural workers entered the political debate in the struggle for their social rightsThis paper describes the history of implementation of rural education in Rio Moju community, the struggle waged rural workers the right to education, health and land, the problems faced, victories and defeats, the existing contradictions within the category and the performance the union seeking improvements for the population of the municipality of Gurupá.Key words: Sociology of Education, Social Movement Unionism and Rural Education. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 CAPITULO I: O sindicalismo no Brasil ................................................................. 12 1.1 As lutas travadas pelo sindicato no contexto da redemocratização .......... 14 CAPITULO II: O município de Gurupá .................................................................. 18 2.1 A comunidade do Rio Moju ............................................................................. 22 CAPITULO III: A luta do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá para a implementação da educação rural na comunidade do Rio Moju........................ 28 3.1 O sindicato dos trabalhadores rurais do Rio Moju e sua atuação em prol da implementação da escola rural.............................................................................. 32 3.2 Pesquisa de campo ....................................................................................... 34 3.3 Considerações finais ..................................................................................... 42 10 INTRODUÇÃO Ao falar do sindicato dos trabalhadores rurais da comunidade do Rio Moju, é necessário que se faça uma breve história desse movimento, na qual teve um importante papel na luta pelas conquistas de seus direitos sociais. Este trabalho dirigir-se ao processo de implementação da educação rural na comunidade do Rio Moju, municipio de Gurupá, através das lutas travadas do sindicato dos trabalhadores rurais daquela localidade, onde levou a população a conhecer seus direitos de cidadão. O objetivo desse trabalho é resgatar a história desse sindicato no processo de implementação da educação rural no Rio Moju. Para tanto, essa pesquisa está pautada pelas seguintes questões norteadoras: Quais as pessoas do sindicato dos trabalhadores rurais que participaram desse movimento? Quais as principais dificuldades encontradas pelo sindicato para implementar a educação nesta localidade? Que benefícios a escola trouxe para a comunidade? Quais as lutas que o sindicato dos trabalhadores rurais da comunidade do Rio Moju trava hoje? A pesquisa foi desenvolvida através de entrevistas com as lideranças que fizeram parte dessa luta do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, tendo como técnica de coleta de dados e como instrumento um questionário com perguntas abertas. Estas perguntas estão estruturadas em três capítulos. O primeiro aborda uma breve história do sindicalismo no Brasil e as lutas travadas pelo sindicato no processo de redemocratização, sua origem através da solidariedade e defesa de um lado e da revolta contra o modo de produção capitalista e a sociedade burguesa do outro. O segundo relata o municipio de Gurupá e a luta da comunidade do Rio Moju no processo de formação educacional da população daquela comunidade. O terceiro capitulo refere-se as lutas do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá para a implementação da educação rural na comunidade do Rio Moju. Entende-se com essa pesquisa que mais do que organizar grupos sociais, é preciso manifestar suas necessidades e frustações diante dos inumeros problemas desse país, desenvolvendo nas mesmas aptidões o pleno exercício de cidadania. Portanto, a socialização da história de luta dos trabalhadores rurais do municipio de 11 Gurupá é importante e necessário para os novos atores sociais desse municipio, servido como incentivo e aprendizagem, na certeza de que é preciso que a sociedade se organizem de forma coletiva para terem seus direitos respeitados. 12 CAPITULO I: O SINDICALISMO NO BRASIL O sindicalismo tem dois tipos de origem, o de solidariedade e defesa de um lado, e o de revolta contra o modo de produção capitalista e a sociedade burguesa do outro. No Brasil o sindicalismo rural se dar por volta dos anos de 1858 que foi com a sociedade de auxilio mutuo, mas foi a partir do ano de 1906 que surgiu o primeiro congresso de trabalhadores rurais que aconteceu na cidade de Rio de Janeiro. Na ocasião foi criada a Confederação Operária Brasileira, através dessas grandes lutas do sindicalismo os avanços foram significativos, mas que também existiram problemas como, por exemplo, a falta de ética de alguns militantes que deixaram de lutar em prol da categoria para lutarem por seus próprios interesses atitude essa que infelizmente ainda está presente em muitos representantes, seja ele militante de sindicato quanto de outras organizações sociais. É importante afirmar que as primeiras organizações de trabalhadores rurais no Brasil foram à sociedade de socorro por volta de 1858, onde os trabalhadores se ajudavam num processo de mutirões, isso acontecia quando um trabalhador estava passando por dificuldade os demais se uniam para auxiliar aquele que estava necessitado da ajuda dos demais companheiros. Nessa forma de trabalho, conhecida também de associações foi surgindo as uniões operárias que com a chegada da indústria ganhou mais força e foi crescendo passando ao ponto de ficar insuficiente atender toda a demanda dos interessados. Foi então que surgiu a ideia de se organizar por ramo de atividade, facilitando assim as ações desses movimentos que com essa forma atenderia melhor a demanda. Com essa organização que era realizada por categorias, a união entre operários se tornaram evidentemente mais forte e na cidade de Rio de Janeiro surgiram as primeiras greves que aconteceu no ano de 1858. Onde trabalhadores que estavam insatisfeitos com as explorações dos patrões reivindicaram aumento salarial para a categoria, luta essa que foi bastante significativa, pois os trabalhadores saíram vitoriosos marcando assim seu nome na história de luta dos trabalhadores contra a classe burguesa. 13 Com as lutas dos trabalhadores contra os patrões e consequentemente o surgimento das vitorias, novas perspectivas e novas formas de organização social surgiram, como o primeiro congresso socialista brasileiro que aconteceu no ano de 1892 cujo objetivo era a criação do partido socialista, que tinha como objetivo possibilitar aos trabalhadores o direito de exercerem cargos políticos e consequentemente lutar em defesa de sua categoria. No entanto essa meta não foi alcançada pelo fato de que um grupo de líderes do sindicalismo que era conhecido por anarco - sindicalistas, que idealizava ações só no trabalho ignorando e não aprovando a participação política de suas lideranças e, não concordou com a participação política dos líderes sindicais na política. Em 1902 acontece o segundo congresso socialista brasileiro, na ocasião foi lançado o manifesto aos proletariados do Brasil, que tinha como discurso principal a conscientização dos trabalhadores, onde os mesmos precisavam se unir pelo fato que estava acontecendo um grande avanço das relações capitalistas. Mesmo com a organização dos trabalhadores naquela época, houve um grande fortalecimento entre as relações, restando apenas à classe dos empregadores e a classe dos trabalhadores que precisavam se organizar para lutar contra a opressão promovida pela classe dos empregadores. Nesse sentido é que surgem os sindicatos no Brasil, cujo objetivo era a luta contra a opressão dos patrões para que cada trabalhador tivessem seus direitos respeitados por todos, seja ele negro ou não. A partirde então foram realizados vários congressos sindicais e operários além das inúmeras manifestações que acontecem até os dias atuais realizados por diversas categorias. 14 1.1. As lutas travadas pelo sindicato no contexto da redemocratização Para discorrer as lutas pela redemocratização em nosso país, é necessário entendermos que naquele período a Igreja Católica estava em um momento de grandes mudanças, começando a ensinar as pessoas que ser cristão é também lutar por direitos humanos, é ter uma postura adversa do pegado da opressão social, é não aceitar a opressão das pessoas inescrupulosas. Nesse sentido surgem então a necessidade de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, liderada pela Igreja Católica, que pregava a ideologia libertadora. Em Gurupá no ano de 1971 a Igreja Católica iniciou a formação das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs), através da liderança do padre italiano Giulio Luppi da paróquia de Santo Antônio de Gurupá, que no ano de 1974 realizou a primeira semana catequética e o tríduo que eram os encontros de formações para as lideranças, que retornavam para suas respectivas comunidades com o propósito de repassar os ensinamentos às demais pessoas. Com o desempenho significativo dos líderes no trabalho de organização social, os mesmos começaram a participar de um encontro chamado de Boas Novas na cidade de Santarém, onde os mesmos tinham ensinamentos bíblicos e trocavam experiências com outras lideranças de diversas localidades onde o movimento social era mais avançado. Foi então que os integrantes do movimento social em Gurupá começaram até uma visão mais crítica sobre a forma de opressão que os mesmos estavam passando na mão do patrão. Foi então que em 1981 a CPT realiza o primeiro encontro com os lavradores cujo objetivo era o estudo do estatuto da terra da lei de 1964, proporcionando aos trabalhadores conhecimento sobre seus direitos de posse. É importante mencionar que naquele mesmo ano foi criado um jornalzinho da Prelazia do Xingu, chamado de O BICO. Nesse jornal continha informação sobre as lutas sociais de toda a prelazia, que de certa forma ajudou significativamente na organização do movimento social no município de Gurupá. É notório afirmar que no ano de 1982 aconteceu um fato importante para a história de luta dos trabalhadores rurais desse município, pois pela primeira vez 15 apresentavam uma chapa de oposição para concorrerem às eleições do sindicato dos trabalhadores rurais, que naquele momento era administrado pelos políticos e comerciantes locais. Devido à pouca experiência e a falta de conhecimentos da legislação, eles foram enrolados facilmente pelo então presidente do sindicato, perdendo assim a chapa que era encabeçada pela situação. Outro importante acontecimento neste mesmo ano foi à presença de candidato aos cargos de vereadores e prefeito do Partido dos Trabalhadores de Gurupá. Nesta eleição foram eleitos dois vereadores do PT, fato inédito, pois ficou marcado na história do município ao eleger os dois primeiros vereadores do PT no estado do Pará. Mesmo com a eleição de dois vereadores da categoria, os líderes não pararam de lutar e fazer suas reivindicações contra os patrões, pois no ano de 1983 iniciou uma eclosão de conflitos de terra, cujos protagonistas eram os trabalhadores rurais contra o poder dos comerciantes e políticos locais. Mesmo assim os patrões ainda permaneciam com o processo de aviamento onde o patrões controlavam grandes extensão de terras públicas que eram exploradas com base no trabalho semi-servil de famílias de posseiros, os chamados fregueses. Esta relação durou todo o período da extração da borracha e da madeira, os patrões começaram a perder o poder a partir da extração do palmito, fruto esse que é tirado da árvore do açaí. Com a perda de poder dos patrões, começaram então surgir às verdades e aos poucos os então chamados proprietários das terras foram sendo desmascarados, pois os mesmos não eram os verdadeiros herdeiros das terras. Com isso os trabalhadores já estavam fortemente unidos e com conhecimento bastante amplo de seus direitos, foram regularizando suas propriedades rurais e consequentemente preservando seus lotes deixando de explorar o palmito e vivendo, mais precisamente da venda de frutos entre eles o mais comercializado nesta localidade, o fruto do açaí que além de ser comercializado em Gurupá, também é exportado para outros estados. 16 Devido os grandes avanços dos trabalhadores no que diz respeito às lutas por seus direitos, um grupo de liderança começou a elaborar estratégias para conquistar seu sindicato, que ainda era comandado pelos comerciantes e político. Nesse periodo, mais precisamente no ano de 1984, volta à Gurupá o ex-seminarista Manoel do Carmo, trazendo consigo novos conhecimentos e experiência desenvolvida pelo movimento sindical de Santarém. Foi então que se formou uma coordenação de oposição sindical que juntos elaboraram um plano de trabalho e estratégias, onde tinham que associar o maior número possível de trabalhadores, e também, criar delegacias sindicais nas comunidades de todo o município de Gurupá. Nesse sentido, a ideia central era buscar alternativas para conquistar o sindicato das mãos dos políticos e comerciantes, houve então a necessidade de ter acesso ao máximo de informações possível, mais para isso era preciso que alguns delegados sindicais ganhassem à amizade e consequentemente a confiança do então presidente do sindicato, além de ter o conhecimento da legislação sindical. Como a execução do plano estava dando certo, em 1986, ano este de grande importância para a organização do movimento social que mostrava sua força de luta, a oposição forma sua chapa, conhecida como “unidos venceremos” que foi registrado no tempo determinado conforme previa na legislação sindical. Sendo que um mês antes da eleição sindical, a oposição já estava sabendo que existiam diversas irregularidades, na condução do processo deu como proposta a formação de uma comissão para conduzir o processo de eleição da nova diretoria. Devido a oposição não aceitar suas propostas, os trabalhadores rurais decidiram acampar por volta de 54 dias em frente à sede do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, que encaminharam um documento denunciando as irregularidades para a delegacia regional do trabalho. Foi então que o ministério do trabalho realizou a nomeação de uma comissão provisória que ficou responsável de direcionar o processo de eleição da nova diretoria que foi a primeira vitória dos trabalhadores e evidentemente a primeira diretoria realmente composta pelos trabalhadores rurais de Gurupá. 17 Com o poder de direcionar seu próprio sindicato, os trabalhadores rurais começaram a levantar suas bandeiras de lutas, em busca de seu direitos básicos na área da saúde, da educação e principalmente em ter um pedaço de terra para morar, plantar e a liberdade de vender suas produções. 18 CAPITULO II: O município de Gurupá O município de Gurupá cidade está localizada na margem direita do Rio Amazonas, possui dois distritos, o Itatupam que está localizado entre a cidade de Gurupá e o município de Santana no estado Amapá, o outro é o distrito de Carrazedo que situa entre Gurupá e a cidade de Porto de Móz no estado do Pará. A população de Gurupá é de 30.727 habitantes segundo o censo do IBGE/2013. Seus primeiros habitantes foram os índios Mariocay e Itaponapé, este que se alimentavam exatamente da caça e da pesca e não tinham conflitos, possibilitandouma vivencia em harmonia nas matas. A partir do ano de 1616, a história do município de Gurupá começa a ter uma constante mudança com a chegada dos holandeses a este local que consequentemente se estabeleceram e construíram portos e feitorias. Foi a partir desse momento que surgiram os conflitos no qual os índios lutavam com arcos e flechas contra o forte armamento dos europeus, onde os índios acabaram sendo derrotados. Foi a partir desse momento que os portugueses decidiram reagir para recuperar esse território, e foi então que os holandeses construíram o Forte de Santo Mariocay, que posteriormente por volta dos anos de 1623 foi derrubado pelos portugueses que venceram a guerra. Após 16 anos, mais precisamente no ano de 1639, foi criada a Vila de Ita, atual cidade de Gurupá. Nesse período desembarcaram neste município os primeiros missionários religiosos, entre eles estavam o padre Luiz Figueira e seu irmão Adelar, o mesmo faziam parte da Congregação dos Jesuítas, que com tempo conseguiu construir uma igreja pequena para reunir os indígenas religiosos para suas orações, conquistando assim a amizade e confiança dos nativos dessa localidade. Porém com o passar dos anos os missionários tiveram que se deslocar de volta acidade de Lisboa em Portugal com o comprometimento de enviarem novos missionários para catequizar os indígenas, mas só por volta do ano de 1655 chegou 19 a Gurupá o padre Antônio Vieira em uma canoa descoberta, principal meio de transporte da época, que com seu trabalho de catequese conquistou o carinho e a confiança dos índios que aqui habitavam. Hoje Gurupá tem como principal atividade econômica a pesca, a agricultura familiar que produz os frutos do açaí, banana, melancia, pupunha, abacaxi, e da criação de galinhas, patos, suíno e bovino em pequena escala além da plantação e o cultivo da mandioca para a produção de farinha, beiju, tucupi e demais derivados. Gurupá possui uma história de ocupação que se diferencia das demais cidades da região do Marajó, isto é presente nos costumes, nas festas, na culinária, entre outras. É notório afirmar que a história de Gurupá vem desde o tempo da colonização do Brasil, pois podemos encontrar nesta cidade grande relíquias provenientes desta época como a igreja de Santo Antônio que foi construída no ano de 1820, mas somente em 1867 teve seu prédio edificado por Augusto Monteiro. Outro ponto de referência da cidade é a Prefeitura Municipal de Gurupá que foi construída na época que nem mesmo prefeito existia e que era administrado pelos intendentes escolhidos por Dom Pedro II, vale mencionar também que o Forte de santo Antônio de Gurupá é um dos símbolos mais importantes da história desta cidade pacata, pois atualmente pode ser visitado pelos pesquisadores de diversas áreas, além dos turistas que visitam frequentimente esse local para conhecer esse ponto turístico que guarda diversas relíquias como o parapeito de seus muros ornado com duas das antigas peças de ferro, sobre pilares de concreto, oferencendo ainda aos vistantes uma paisagem bela do Rio Amazonas e da própria cidade. A cidade de Gurupá é composta de várias comunidades ribeirinhas localizadas nos Rios Mararu, Baquiá, Moju, Marajoí, Uruaí, Veado, Bacá, Ypixuna, Pucurui, Gurupá-mirim, entre outros que anualmente realizam festejos em homenagem aos santos padroeiros de cada comunidade, na cidade acontece vários festejos religioso entre eles o mais conhecido, que é a Festividade do Glorioso São Benedito de Gurupá que acontece no período de 09 a 28 de Dezembro de cada ano que reúne romeiros e devotos de vários estados e até mesmo de diversos países que visitam essa pequena cidade do baixo Amazonas para pagar promessas e agradecer os milagres alcançados pela fé no santo. Outra festa tradicional da cidade 20 é o Festejo em honra ao padroeiro do município Santo Antônio, que se venera no mês de Junho nos dias 04 a 13 com várias programações orações dos devotos que se reúnem a cada ano para agradecer aos santos padroeiros as graças recebidas. Nesse periodoperíodo acontece também às festas profanas em várias casas de shows, bares e boates onde as pessoas se encontram para rever os amigos e curtirem as atrações como, por exemplo, o Banho de Cerveja que é uma referência das pessoas que frequentam esses ambientes nesta cidade, aproveitando para festejar junto com parentes e amigos mais um ano de visita a essa cidade que a cada ano recebe mais visitantes que se deslocam das suas localidades para passar uma das melhores festas do mês de dezembro. Proporcionando assim um crescimento significativo na economia local através da venda de diversos produtos e das variadas comidas e bebidas da região. Nos ultimos anos o município de Gurupá vem tendo grandes avanços na área da educação, superando os desafios em prol de uma educação de qualidade na formação de professores e alunos do município e até mesmo na contribuição com os municípios vizinhos. Nesse sentido foram implantados diversos cursos de formação aos professores da rede pública de ensino do município, entre eles o mais importante que é o programa de formação de professores PARFOR que formarão vários professores nas diversas áreas do conhecimento pelas Universidades Federais e Estaduais do estado do Pará: UFPA, IFPA, UFRA e UEPA. Também há no município várias turmas de faculdades particulares ofertando diversos cursos para pessoas que não estão em sala de aula ou não foram atendidos pelo programa de formação de professores. Além te alunos que estudam a distância através do processo de formação on line. Outra grande importante conquista foi à implantação do Ensino Médio no meio rural no dia 25 de Abril de 2010 com aula inaugural em vários polos educacional do município oferecendo aos alunos camponeses oportunidades dos mesmos obter formação em sua própria localidade. O governo municipal é conduzido pelo prefeito Raimundo Monteiro dos Santos Nogueira do partido dos trabalhadores (PT) que já governou este município 21 antes por dois mandatos. Nos tempos atuais, Gurupá apresenta uma realidade de crescimento bastante significativo, pois a cidade conta com polos universitários, agências Bancárias, sinal de internet, celular e TV tendo assim uma estrutura de cidade autônoma. Na área da saúde a cidade recebeu grandes investimentos como construções de posto de saúde na cidade e no meio rural além de novos equipamentos e formação dos profissionais da saúde. Outras conquistas importantes do município foram à chegada de kit de Maquinários para recuperação das estradas, aberturas e terraplanagem. O município também foi contemplado com os programas do governo federal Minha Casa Minha Vida e Luz para Todos levando energia para a população rural do município. Houve investimentos também na área do esporte, lazer e turismo como a construção de um Balneário no porto do Ajó e conservação dos locais históricos do município. Na área da assistência social Gurupá aderiu diversos programas como, por exemplo, o Bolsa Família, o fortalecimento do Programa de Assistência aos Idosos, ações do Bolsa Trabalho voltadas 22 2.1 A COMUNIDADE DO RIO MOJU O Rio Moju está situado na margem direita do Rio Amazonas, em frente a cidade de Gurupá. Pois é constituído de moradores que sobrevivem da agricultura familiar, do extrativismo. Mas a principal atividade econômica da comunidade do Rio Moju é a colheita do fruto do açaí que precisamente é comercializado no período de junho a novembro com a exportação para outras cidades através dos compradores que vem das diversas regiõesde diferentes estados para comercializar esse fruto. A produção de palmito também é um meio de obter recursos financeiros dos ribeirinhos, pois este é extraído das árvores de açaí e produzido em uma pequena fábrica que utiliza a mão de obra das pessoas daquela localidade para o processo de produção em forma de conserva. Proporcionando assim uma renda a mais tanto para que quem extrai o palmito das árvores quanto dos que trabalham na fabricação que geralmente funcionam nos finais de semana. Nessa região também acontecem as grandes festas religiosas onde o povo católico se reúne para agradecer as bênçãos alcançadas através de promessas aos santos padroeiros das diversas comunidades existente no Rio Moju A comunidade evangélica também se reúne semanalmente para evangelizar ou realizar atividades voltadas para a melhoria de vida das famílias. Proporcionando assim uma forma de organização para o bem de todos. Os jovens também se divertem com os diversos eventos que acontecem sempre aos finais de semanas como as festas profanas e torneios de futebol de campo que reúnem diversas pessoas das diferentes localidades que se encontram para se divertirem e terem momentos de lazer e alegria. A comunidade do Rio Moju faz parte da importante história de luta e conquista do município de Gurupá, como por exemplo, a conquista do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá e a implementação do processo educacional no meio rural. Um dos principais símbolos de luta e conquista é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Gomes Netto que está situada às margens direta do Rio Moju 23 no município de Gurupá estado do Pará, a mesma surgiu através da necessidade das famílias camponesa de manter seus filhos estudando em sua localidade, pois na época em que aconteceu a luta as escolas só eram na cidade é só quem tinha a oportunidade de estudar eram somente os filhos dos ricos. A partir desse propósito de implantar na localidade uma escola para os filhos dos ribeirinhos surgem uma grande esperança de os filhos do homem do campo ter acesso à escola e a oportunidade de melhoria na vida de cada família. Foi então que surgem a Escola Municipal de Ensino Fundamental Gomes Netto, que está localizada na margem direita do Rio Moju na comunidade Santa Luzia no município de Gurupá estado do Pará com o CNPJ: 08.092.317/0001-07. A mesma originou-se com a necessidade de ter o ensino de 1ª a 4ª série do ensino fundamental naquela localidade. Sua história começa nos anos de 1985, data de sua fundação que tinha como objetivo atender os alunos que sonhavam em estudar o ensino de 1ª a 4ª série conhecido na época como ensino primário. Na época a escola foi construída com apenas duas salas de aulas e uma copa e funcionava com turmas de multisséries em dois períodos pela parte a manhã e à tarde. Seus primeiros funcionários foram os professores Ednaelson, Edsa Saboia, Sônia Dias, Eleuvam Borges, Benedita Fernandes, Cleonice Alves e Jacirene. No ano de 1998, já denominado de Polo Moju, onde teve seu primeiro diretor o senhor Edigerson Fernandes que no ano seguinte 1999 implantou uma turma de Alfabetização Solidária, que era ministrada pelo professor Sebastião Rosélio Borges dos Santos. É importante ressaltar que na década de 90 o ensino primário passou denominar-se Ensino Fundamental. O ensino fundamental de 5ª a 8ª série iniciou no ano de 2000, que passou a funcionar na comunidade católica Santa Luzia que sedia sua estrutura para que servisse de sala de aula onde os alunos estudavam em dois locais algumas turmas no Barracão comunitário e outra turma na Igreja de Santa Luzia. As aulas 24 funcionavam durante três dias da semana no horário das oito horas da manhã as três e quinze da tarde de segunda-feira a quarta-feira. Os primeiros professores de 5ª a 8ª série foram Lino de Jesus Borges dos Santos, Edinaelson, Ana Cléia Moraes, Regiane Dutra dos Santos, Rosiane Dutra dos Santos, Edenilsa Serra, Anaelsa Soares e Sandro Pimentel. O meio de transporte no primeiro ano de ensino era de apenas um barco que transportava os alunos das comunidades Anjo da Guarda, Santa Lucia, Santa Luzia e são João, já no ano seguinte com o aumento do número de alunos e a distância houve implantação de mais dois barcos passando assim a ter três embarcações para transportar os alunos de suas residências até a escola. Em meados de 2001 a 2002 a escola Gomes Netto inicia o processo de padronização com as cores de vermelho e branco momento este que entraria para história da escola e da educação rural, pois a escolas a partir desse período participaria dos desfiles do dia Sete de setembro na cidade de Gurupá e com o título de primeira escola rural a participar dos desfiles em comemoração ao dia da pátria na cidade. Nesse mesmo ano a escola cria um projeto que arrecadaria fundo para a construção de seu próprio prédio em parceria com a Prefeitura municipal de Gurupá, o mesmo se tornou o principal evento da escola conhecido como FESTIVAL DO AÇAÍ que passou a serem realizados todos os anos como forma de festejar uma das riquezas da localidade que é o fruto do açaí que serve como alimento das famílias e que dar subsidio na economia da família, pois esta é a principal fonte de renda que duram cerca de seis meses de colheita no período de julho a dezembro. No ano de 2005 deu-se início a construção do então sonhado prédio escolar da Escola Gomes Netto, naquele período aconteceu à discussão junto com a comunidade escolar e sociedade civil sobre da necessidade de construir um prédio que pudessem atender os alunos que a cada ano aumentava mais e foi decidido que o prédio teria a estrutura de oito salas de aulas, uma copa, secretaria, banheiros masculinos e femininos e a residência dos professores com quatro quartos, sala, banheiro interno e cozinha. 25 A escola foi construída, porém não concluída faltando à pintura e outras pequenas obras, mas mesmo assim já era a visão de uma grande mudança e evidentemente um avanço na área da educação daquela comunidade, pois naquele período a escola já disponibilizava de energia elétrica, freezer, TV, parabólica, DVD, água encanada, bomba elétrica para abastecer o sistema de água entre outros bens. Com esses avanços e a presença de um número significativo de aluno e de uma estrutura de grande porte da escola, em 2006 surge à necessidade da criação do Conselho Escolar, devido ao Programa Dinheiro direto na Escola (PDDE) a onde a escola passou a administrar seu próprio recurso. Já no ano seguinte em 2007 aconteceu um fator importante para o crescimento do número de alunos, pois a Escola São João e Marcelo Dias unificou- se com a escola Gomes Netto se tornando uma das maiores escolas do meio rural do município de Gurupá. Isso levou com a estrutura administrativa da escola passou a necessitar de ampliação do espaço físico da secretaria, biblioteca, videoteca, sala de professores, maior número de armários e arquivo para guarda os documentos da escola, além de mesas e cadeiras para atender o número de alunos em que a escola atendia. Com o aumento significativo de turmas a escola passou a sentir dificuldade para ministrar as aulas de educação física na parte pratica, pois, a escola não disponibilizava do espaço físico adequado, pois a mesma realizava as atividades esportivas em um campo de moinha de madeira cedidas por um comerciante local, mas que era uma situação delicada, pois o número de aluno é grande e às vezes acabava atrapalhado no trabalho do comerciante. Nesse período o quadro de professores era suficiente para atender o número de alunos, pois era composto de quatro professores efetivado como a formação no magistério e os demais contratados com formação no ensino médio e formação continuada oferecida pela secretária de educação. A estrutura funcional da escola é composta no corpo administrativo por um diretor e um secretário em nível de Pólo, corpo docente por dez professores todos 26 cursando o nível superior sendo que existem alguns que já possuem formação acadêmica. A escola atende os alunos filhos de pequenos empresários, comerciantes, funcionários públicos e de trabalhadores rurais que sobrevivem do extrativismo vegetal e da criação de animais de pequenos portes que residem nas comunidades eclesiais de base: São João, Santa Luzia, Santa Lúcia, Anjo da Guarda e da comunidade Evangélica da Assembléia de Deus Nova Sião. Os alunos da escola Gomes Netto, são na maioria simples e de família bem numerosas chegando a serem compostas de 15 pessoas por residência, suas casas são feitas de madeiras na maioria dividida por dois cômodos com cobertura de telhas de barro ou Brasilit onde o sistema de sanitário não é adequado sem fossa negra. Um fator preocupante nas residências das famílias e na própria escola é que não há coleta de lixo adequada, pois os moradores acabam jogando os lixos no rio ou na terra prejudicando assim a natureza e a própria saúde das pessoas daquela localidade aumentado o índice de poluição ao meio ambiente foi à falta de políticas públicas para que os moradores da comunidade do Rio Moju possam ter uma vida com saúde de qualidade e alternativas no que desrespeito a preservação do meio ambiente principalmente na área de coleta de lixo. Na área da educação o grau de escolaridade é predominante o ensino médio incompleto com um número bastante expressivo de analfabetismo principalmente entre as pessoas mais idosas devido à falta de oportunidade de os mesmos estudar quando tinham a idade adequada de serem alfabetizados. Isso é um pouco o do retrato da vida que os pobres tinham na época em que os patrões que eram os grandes comerciantes da época tinham sobre a população pobre. É importante ressaltar que hoje o acesso à escola melhorou muito graças a luta incansável dos sindicalistas daquela comunidade que com muita determinação e coragem se uniram em prol de uma vida digna com oportunidades de estudarem, trabalharem e do direito de ser livre. 27 Nesse sentido a Escola Municipal de Ensino Fundamental Gomes Netto nos últimos anos alcançou inúmeras conquistas através de muita luta dos funcionários, pais e demais pessoas da comunidade do Rio Moju, para que a mesma tivesse sua própria estrutura que antes funcionava com o apoio da comunidade católica Santa Luzia que sedia o seu espaço de oração e festa religiosa para servirem de sala de aula. 28 CAPITULO III: A luta do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá para a implementação da educação rural na comunidade do Rio Moju. O sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá foi fundado no dia 26 de janeiro de 1975 através do movimento social de Gurupá, tendo como as principais ações os benefícios previdenciários, regularização fundiária, produção, saúde, educação e organização social em geral, além de realizarem visitas às delegacias sindicais e associadas, uma espécie de sindicato itinerante. Este sindicato é um espaço de articulação e mobilização utilizado pelos moradores da comunidade do Rio Moju para discutirem sobre os problemas existentes e organizar estratégias, cujo objetivo é lutar por politicas publicas, almejando qualidades na educação, moradia, saúde e no trabalho, melhorando assim o modo de vida da comunidade. O sindicato dos trabalhadores rurais é composto de agricultores e criadores que sobrevivem de suas produções como o milho, banana, pupunha, feijão, arroz, mandioca açaí, cacau, cupuaçu e na criação de pato, galinha, porco, peixe, camarão ou de bovinos em pequena quantidade, utilizam a mão-de-obra da família ou os mutirões comunitários para gerar renda. Segundo Émile Durkheim (1858-1917) “A divisão do trabalho social é importante não apenas pelo seu aspecto econômico (aumento da produtividade), mas tornar possível a união e a solidariedade entre as pessoas de uma mesma sociedade”. Isso significa que a divisão do trabalho é a especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade. Este sindicato teve como primeiro presidente o senhor Osório José Castro, trabalhador rural que através de suas viagens até Belém, Capital do estado do Pará, que junto com seus companheiros de lideranças sindicais, tiveram a iniciativa de criar o sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, cujo o objetivo era lutar cotrar a opressão dos patrões daquela época. Apesar de ser administrado por um trabalhador rural, o sindicado dos trabalhadores rurais nesse periodo era submetido às ordens dos comerciantes e 29 políticos locais, que oprimiam a classe dos trabalhadores rurais, controlando a produção dos trabalhadores e até mesmo as dispesas das famlias. Nesse sentido, os sócios do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, reuniram-se para fazer uma eleição com o objetivo de ter um presidente que tomasse as decisões em prol dos trabalhadores, mas não tiveram conquista pelo fato que os “patrões” através de fraudes impugnavam as eleições, queimavam os votos ou até mesmo jogavam as urnas eleitorais na água para que o sindicato dos trabalhadores rurais permanecesse em seu poder. Mesmo assim, foram realizadas três eleições cujo objetivo era escolher um trabalhador rural para a presidencia do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, mas os trabalhadores rurais eram vencidospelos patrões que usavam das inrregularidades para se mantiver ao comando da entidade que, por direito era pra ser administrado pelos sindicalistas rurais. Sem perspectivas de assumirem legalmente o poder de seu proprio sindicato, as lideranças sindicais decidiram em tomar o poder através da “força do povo” e ficaram por volta de cinquenta e dois dias acampados até que no dia 25 de março de 1985 os trabalhadores rurais assumiram o comando de seu sindicato, que no momento era presidido pelo senhor Benedito Sanches da Silva. Apartir desse dia histórico, o sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá passou a ser administrado provisóriamente por um lider sindical, o senhor Nelcindo de Jesus durante seis meses, até a realização da eleição do primeiro presidente eleito pelos trabalhadores rurais de Gurupá. Na ocasião, o senhor Manoel Envagelista de Matos foi eleito e assumiu por quatro anos de mandatos. Nos anos de 1986 a meados de 1988, o sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, tinha como objetivo lutar por melhoria na qualidade da saúde, educação e principalmente no direito a terra, onde todos fossem livres para plantar e vender sua produção livre do controle dos comerciantes. . A luta pela posse da terra foi estimulando o interesse pela reforma agrária e apartir dair várias demandas foram apresentadas ao poder judiciário local, mas os 30 processos na justiça enfrentaram muitos entraves, prevalescendo quase sempre o interesse dos patrões que eram apoiados pelo governo local. Mesmo com essas dificuldades foram criadas aproximadamente 20 delegacias com cerca de 700 trabalhadores rurais associados. Em 1989 foi realizado o primeiro seminário que tinha o tema: “O trabalhador rural em Gurupá em busca de alternativas”, na ocasião, foi elaborado um documento intitulado “A carta de Gurupá”, contendo metas para melhorar o modelo de trabalho dos trabalhadores rurais rurais. Em seguida foi elaborado um projetocom alternativas econômicas na agricultura, que tinha como meta, capacitar o trabalhador rural para a defesa dos recursos naturais. Já em 1992 foi aprovado um projeto que tinha como objetivo proporcionar beneficios na condição de vida dos trabalhadores rurais do municipio de Gurupá. A partir dessa nova fase foi surgindo alguns problemas e limitações, entre eles, a falta de conhecimento na área burocrática e contábeis do projeto dificultando a forma de implantar e governar. Mesmo assim, os trabalhadores rurais conseguiram eleger um trabalhador rural ao cargo de prefeito municipal de Gurupá, priorizando demandas dos trabalhadores rurais como a alfabetização dos adultos e a qualificação dos professores através do projeto Gavião I e II, que formou 27 professores no 2º grau. Devido o projeto Gavião ter formado diversos professores, os trabalhadores rurais em Gurupá tiveram uma importante conquista, que foi o direito de ter seus filhos estudando em uma escola publica em sua localidade. É claro que na época as escolas só ofereciam o ensino primário, e só depois de muitos anos mais precisamente no ano de 2000 a comunidade do Rio Moju foi contemplada com o ensino de 5ª à 8ª série, onde foi formada duas turmas de 5ª série. Com a implantação do ensino fundamental maior, aconteceu a primeira formatura dos alunos da 8ª série do Rio Moju no ano de 2004. Esses alunos tiveram que sair da casa de seus pais para estudarem na cidade de Gurupá o ensino medio na Escola Estadual de Ensino Medio Marcilio Dias. 31 Foi apartir desse momento que as lideranças da comunidade do Rio Moju percebem a necessidade de implementar o ensino medio nessa comunidade. Onde os filhos dos trabalhadores não se deslocasse para cidade para obter sua formação, e justos lutaram para que a comunidade do Rio Moju fossem contemplada com formação de turmas do ensino medio. 32 3.1 O sindicato dos trabalhadores rurais do Rio Moju e sua atuação em prol da implementação da escola rural. Desde o surgimento dos movimentos sociais no municipio de Gurupá, o sindicato dos trabalhadores rurais desenvolveram um processo de formação da população rural, é como se fosse uma escolilha sindical cujos professores eram os lideres comunidatários. No inicio o processo de formação tratava de temas relacionados ao funcionamento legal do sindicalismo rural no Brasil, onde os integrantes tiveram ensinamentos sobre o que é de direito à classe trabalhadora, como se organizar e lutar por seus direitos entre outras. Com o passar do tempo, devido às conquistas almejadas foram surgindo novos ensinamentos como, por exemplo, a agricultura familiar, a política para a permanencia dos jovens em suas localidades entre outros. Nesse sentido devido as grandes mudanças globais, surge também a necessidade de implantar no meio rural uma política educacional para que os filhos os trabalhadores rurais divessem acessem a educação escolar como prever na legislação, onde todos possam ter o direito de estudar em escolas publicas. Foi então que as lideranças da comunidade do Rio Moju levantaram novas bandeiras de lutas desta vez em prol de uma educação de qualidade sem que os seus filhos fossem obrigado a se deslocar da casa de seus familiares. Foi então que ano de 1997, surgiu a Associação das Familias da Casa Familiar Rural do Municipio de Gurupá. Onde o sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá criou uma comissão “pro” associação, que socializou com as comunidades o que era esse movimento, motivando-as para a criação e construção da Casa Familiar Rural do Municipio de Gurupá. No dia 02 de agisto do ano de 1998, foi realizada a assembleia de fundação e escolha da primeira diretoria. A inauguração desse novo modelo de escola no municipio de Gurupá foi no dia 19 de março do ano 2000 com a primeira turma do ensino fundamental onde participaram 30 alunos. 33 A casa familiar rural ofereceu durante o periodo de 2000 à 2005 somente o ensino fundamental, e foi apartir dai, mais precisamente no mês de maio que foi constituinda 05 turmas do ensino médio profissionalizante que atualmente estudam 05 turmas do Ensino Médio e apenas 01 do ensino fundamental. É importante ressaltar que a metodologia de ensino é a pedagogia da alternancia, onde os educandos passam um periodo adquirindo conhecimentos na casa familia rural e depois retornam as residencias de seus pais para pôr em prática o que foi aprendido. Os educandos que estudam o o ensino fundamental terá sua formação em pré-qualificação profisional em Agroecologia. Enquanto os alunos do ensino médio deverão obter sua formação como tecnicos em Agroecologia durante o periodo de três anos de estudos. O metodo da pedagogia da alternância da casa familar rural é um instrumento pedagogico de análise e transformação da realidade dos filhos dos trabalhadores rurais, diferenciando no sentido de acreditar que a educação para a libertação é um movimento de organização, de atitude e de ação interpessoal para uma formação intrapessoal em que desemboca na construção de estruturas pedagogias, contemplanto esses caminhos formativos e integrais do ensino fundamental e médio proposto pela casa familiar rural do municipio de Gurupá. Os esforços desenvolvido pelo movimento social do municipio de Gurupá são muito importante no sentido da valorzação e universalização do ensino fundamental e médio na comunidade do Rio Moju. Entende-se que esta experiência deve ser reconhecida nacionalmente estreitando cada vez mais os laços com a pedagogia da alternancia mundial em sua rede de significação e difernciação. 34 3.2 Pesquisa de campo De acordo com as lideranças entrevistas, o sindicato dos trabalhadores rurais do municipio de Gurupá, através de suas lutas, abalou fortimente as estruturas de poderes dos ricos em relação aos pobres. Foi apartir desse momento que as lideranças sindicais começaram a sofrer perseguisões, principalmente aqueles que concordaram em aderir ao movimento foram expulsos da terra onde trabalhavam e moravam, cujo dono ou pelo menos quem mandavam eram os comerciantes. Enquanto as demais pessoas que mesmo sofrendo com a opressão dos patrões, estavam aliados com os proprietários das terras, eles espalhavam em todos os lugares onde andavam que o sindicato iria trazer para a população miséria e sofrimentos. Essas pessoas não tinham conhecimento nenhum de seus direitos, e eram submetidos ao modelo de controle dos comerciantes que lhe ofereciam pequenas propriedades de terra para trabalharem, mas que no final serviam mesmo de verdadeiros escravos, pelo fato que quem controlava toda a produção e comercialização eram os comerciantes que pagavam o quanto queriam e vendiam as mercadores em pequenas quantidades e com preço absurdo de caro. Esse fato das pessoas aceitarem as regras de um individuo ou de grupos sociais, Émille Durkheim (1858-1917) definiu como coesão social ou coercitividade, onde a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade ou escolha. Mesmo com tantas perseguisões, os sindicalistas encontraram formas de estudarem o estatuto da terra, onde descobriram o direito de posse sobre as áreas que ocupavam. E apartir desse momento as ações do sindicato foram direcionadas ao processo regularização de da terra onde moravam. “As familias de trabalhadores, não tinham conhecimento das leis que garantissem seus direitos básicos de cidadania, pois eles eram submetidos às normas e limitesimpostos pelos patrões. Seus filhos não tinham direito a 35 frequentar as escolas publicas, pois as familias viviam em situação de vunerabilidade social e econômica.” (Adelino Pantoja da Costa) Segundo o lider sindical senhor Adelino Pantoja da Costa, foi apartir desse momento que a população passou a ter uma nova visão politica, pois o movimento sindical dos trabalhadores rurais começaram a lutar pela educação dos seus filhos. Pois nesse periodo, só se formavam os filhos dos burgueses, porquer tinham dinheiro para pagar professores exclusivamente aos seus filhos. Enquanto os filhos dos pobres não tinham o direito de estudar, menos ainda em ser professor. Para Bourdieu, o comportamento das famílas ricas, tenderiam investir bastante no estudos de seus filhos, para que eles conseguissem sucesso escolar e posteriomente tornassem o sucessor de seus pais no poder. Enquanto aos filhos dos pobres, os investimentos escolares tenderia a oferecer um retorno baixo, incerto e a longo prazo. Diante disso, essas pessoas tenderiam a adotar o que Bourdieu chamou de “liberalismo” em relação ao processo educacional dos filhos. Assim Burdieu ressalta as diferenças culturais entre os educandos filhos de pobres com os dos ricos, numa disputa de conhecimento os alunos pobres dificilmente seriam capaz de competir com os ricos pelo fato que não tiveram uma formação educacional da mesma qualidade. Outro relato importante foi do senhor Edgar Pantoja que relembrou orgulhosamente que participou dos grandes eventos nacionais atráves dos movimentos sociais do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá com as comunidades eclesiais de base, que juntos criaram os movimentos populares e posteriomente o direito dos filhos de pobres terem espaço na sociedade, no que se refere à educação, saude, terra para trabalharem livremente. “As comunidades eclesiais de bases começaram a lutar de forma organizada contra o poder e a opressão dos comerciante e governantes. Esta elite detinha o monopólio do sistema político da propriedade, do comércio e da administração publica, sendo os maiores resposáveis pelos entraves da população de Gurupá”. 36 (Edgar Pantoja) Segundo os relatos do sindicalista Edgar Pantoja, os principais responsáveis por toda a opressão dos trabalhadores rurais do Rio Moju na década de 70, foram os comerciantes e políticos de Gurupá, pois os mesmo tinham em suas mãos todo o poder político e econômico do municipio. E só apartir das organizações sociais liderada pelos trabalhadores rurais essa história começou a muda de forma significativa. Foi apartir dessa visão que as lideranças começaram a socializar com seus grupos de o verdadeiro dono da terra é quem nela trabalha e não os comerciantes ou os politicos. Apartir dessa nova visão dos trabalhadores rurais do de Gurupá, as ações foram direcionadas para organizar as familias, não só em sindicato como em associações e, esclarecer a respeito dos seus direitos fundiários e começar a lutar pelo direito pela posse de suas terras. É importante ressaltar que uma das maiores lideranças do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá é o senhor Manoel Moacir Gonçalves Alho que vive a mais de 40 anos de sua vida dedicada à organização social de Gurupá, onde passou por cinco anos organizando o povo do Rio Moju viajando em canoa a remo até Gurupá, fazendo formação politica com base na Biblia Sagrada. “Nós lutaramos fortimente contra a fúria dos patrões daquela época. Inumeras reuniões nas casas dos companheiros foram realizadas para a formação dos lideres e participante do movimento sindical, onde os mesmo estudavam a Bíblia e elaboravam as estratégias de acordo com os ensinamentos das pessoas que já tinham um pouco de conhecimento na leitura e escrita”. (Manoel Moacir Gonçalves Alho) Em sua entrevista ele foi bastante sincero em afirmar que em suas inumeras lutas como liderança, o acesso dos filhos dos trabalhadores rurais à educação foi a maior e mais importante conquista das familias do Rio Moju. Afinal, a classe dos trabalhadores rurais eram atacadas pelos ricos onde afirmavam que o pobre não podia ter educação e nem se envolver em politicas. 37 Mais esse pensamento do rico que só ele tem a capazidade de organizar ou governar esse municipio, aumentava cada vez mais o desejo dos sindicalistas de lutar por seus direitos, e acreditavam que essa conquista só seria possivel se os trabalhadores rurais tivessem acesso à educação. Nesse sentido eles se reunião em suas pequenas casas para trocarem conhecimentos, onde quem sabia ler e escrever ensinavam aos que não sabiam nada. E assim, conseguiram entender os ensinamentos da bilblia e descobriram através do estatuto da terra seus direitos, e começaram então a fazer suas revendicações em busca de uma sociedade librtadora, onde a educação fosse garantida à todos. E só assim iriam construir uma nova etapa de suas lutas, sonhando com um futuro promissor aos filhos dos pobres, acreditando que era possivel um pobre ser professor, médico, engenheiro entre outras profissões que através do acesso à escola esse sonho iria se concredizar. “Acredito que é através da educação que iremos construir um novo mundo a partir de uma nova consciência, mas pra isso é necessário que os governos façam investimento na área da educação, principalmente na capacitação e na formação dos professores para que eles sejam os verdadeiros agentes da transformação social”. (Manoel Moacir Gonçalves Alho) É notório que o pensamento de Moacir Alho, é de alguém que ver na educação uma solução para a verdadeira transformação social, onde os principais atores da educação sejam mais preparados através de formações, para que eles possam proporcionar aos educandos uma visão mais critica de uma consciência humanitária, inclusiva e empreendedora. Para isso, é necessário proporcionar a todos um novo modelo educacional que tenha o poder de transformar a vida das pessoas. Nesse sentido a entende-se que o sindicato dos trabalhadores rurais tambem tem como objetivo construir autonomia frente as politicas publicas promovida pelo estado adequação para que as mesma proporcione mudaças benéficas de acordo com a realidade da população da comunidade do Rio Moju. 38 O sindicato dos trabalhadores rurais do município de Gurupá no Pará na sua grande luta, vem contribuindo para o processo de mobilização dos diversos grupos sociais, na organização da coletividade fortalecendo identidades, capacitando seus representantes para melhor conduzirem os processos formativos, negociando com as esferas governamentais suas demandas sociais tornando assim uma participação significativamente de todos na construção de melhores condições de vida das pessoas. É importante ressaltar que hoje as principais reivindicações do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá é garantir aos trabalhadores rurais melhores condições de vida através dos programas oferecido pelo governo federal. Também formar novas lideranças politicas para melhor reivindicar seus direitos sociais. “O desenvolvimento da política, no sentido de uma empresa, que exigia um treinamento para a luta pelo poder e nos métodos desta luta, tais como foram desenvolvidas pelo moderno sistema de partidos, condicionava a divisão dos funcionários públicos em duas categorias perceptivelmente ainda que não rigorosamente distintas:os funcionários públicos especializados, por um lado, e por outro, os funcionários políticos” (Weber,2004,p.538) A afirmação de Weber é que a politica do ponto de vista sociologico é semelhante a uma “empresa”, onde precisa de pessoas treinadas para lutar, saber agir nas diversas situações nas negociações com o poder publico. É importante ressaltar que as lideranças tiveram várias conquistas somenete com seus conhecimentos empírico, onde souberam lutar e negociar suas revendicações. Mais que nos dias atuais os filhos dos trabalhadores rurais em sua maioria já tem alguma formação seja no ensino fundamental, no ensino médio e até mesmo no nivel superior. E isso possibilita que o filho do pobre exerça diversas funções administrativa, contribuindo com as novas gerações na área da educação, na saude e na propria governabilitadade desde município. 39 É importante destacar que as conquistas do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, através da luta coletiva pela melhoria desta categoria, representou um grande avanço, aproximando os trabalhadores rurais de Gurupá com os demais trabalhadores do Brasil, funcionando como instrumento da luta reivindicativa, tanto como grupo de pressão para obter beneficios do governo federal. Nos ultimos anos o sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá vêm apresentando uma decadência, desde a redução do numero de greves até a perda de conquistas importantes. Outro fato que está presente é que o sindicato não organizar reuniões, seminários, assembleias e outras atividades para discutir e encaminhar as reivindicações como acontecia no inicio do movimento. Um ex-diretor do sindicato conta que: “Naquela época teve grandes lutas, muitas greves e passeatas para garantir o direito dos trabalhadores rurais, enfim, foi um momento propiciado pela democratização”. O que mostra nesta maneira de lutar, fazer greves e passeatas, era de ter mais avanços e conquistas, na consepção de que os trabalhadores precisavam de mais democracia para poder avançar na pespectivar de conquistar sua liberdade, algo que aproximadamente não existem mais entre as pessoas do grupo. Isso demonstra que a categoria está satisfeita com as conquistas do passado e que pouco se reune para revendicar algo que possa beneficiar a vida das pessoas que muitas vezes esperam em suas casas seus lideres para realizarem novas revendicações. Essa mudança de atuação do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá foi influenciada pelas mudanças conjunturais, abandonando pacialmente antigas bandeiras de luta, como reforma agrária, direitos trabalhalistas, politica agricola e assumiu, gradativamente, um projeto alternativo de desenvolvimento rural. Isso aconteceu através da expansão e fortalecimento da agricultura familiar, onde as mudanças conjunturais refletiram na atuação do sindicato, sendo inseridas em seus trabalhos questões produtivas, de comercialização e crédito, atendendo as demandas apresentadas pela agricultura familia do municipio de Gurupá. 40 Segundo Coletti, 2005, “A agricultura familiar, tem por proposito construir e defender, perante o governo federal e suas políticas pulblicas, uma identidade política para a agricultura familiar, canalizando as ações desenvolvidas por esses setores”. A agricultura familiar é o tipo de acomodação socioeconômico, onde os responsáveis pelo empreendimento estão ligados entre si por laços de familia, o trabalho, e o capital são dos membros da familia que vivem na unidade produtiva. “Esse novo sindicalismo procurou romper com a postura assistencialista e partenista dos sindicatos tradicionais ou acomodadados. Enquanto o antigo priorizava audiências com o governo e também alianças feitas pela direção, o novo prefere a mobilização dos agricultores e o engajamento do maior numero possível de trabalhadores” (Boni 2004:291) Segundo Boni 2004, esse novo jeito que o sindicato conduz suas reivindicações não é mais igual aquela que tinha como desafios organizar o povo para que os mesmo adquirisse sua cidadania, liberdade política, social e econômica, regularização fundiária entre outras. Hoje o sindicato está preocupado mais em fazer alianças políticas, aliando a maior quantidade de pessoas, garantindo assim os acordo políticos. Onde os beneficiados são o menor numero de trabalhadores, enquanto os demais sofrem com a falta de políticas publicas causando inúmeros problemas sociais, como área da educação, saúde, segurança e o acesso aos programas sociais. Por meio das ações identificadas ao longo da pesquisa, pode-se concluir que o desenvolvimento educacional promovido pelo sindicato dos trabalhadores rurais da comunidade do Rio Moju, no municipio de Gurupá fundamenta-se em uma concepção de luta pelo direito as políticas publicas, principalmente na área da educação. Entre tanto, a conquista de ter uma escola na própria comunidade não só proporcionou uma formação aos filhos dos trabalhadores daquela localidade, quanto a permanência das famílias em sua comunidade. 41 Enquanto a relação do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá com o atual governo municipal, administrado pelo partido dos trabalhador é de grande harmonia, pelo fato que a prefeitura trabalha como parceiro, junto com as demais associações existente no município. É claro que o sindicato realiza suas reivindicações junto ao governo, suas principais bandeiras de lutas são a regularização fundiária, luz para todos, águas para todos, entre outros. O sindicato está estruturado internamente com 16 pessoas, sendo dividias em sete secretarias, suas atividades são as visitas do sindicato itinerante nas delegacias sindicais e associados das 74 comunidades do município. Suas principais ações são os benefícios previdenciários, regularização fundiária, produção, saúde, educação e organização social em geral, além dos projetos implementares coordenados pela organização na área de produção e plano de manejo madeireiro. Os recursos para a manutenção e realização das atividades que tem como objetivo buscar melhorias para a população do município de Gurupá vem da contribuição dos 3.115 associados e de alguns projetos de Ongs não governamentais. É claro que parte de recurso é destinada a FETAGRE E A CONTAG, que são os parceiros na luta do sindicalismo 42 3.3 Considerações finais Percebe-se com este trabalho que a vida dos trabalhadores rurais da comunidade do Rio Moju, municipio de Gurupá estado do Pará com o movimento social estão indubidamente atreladas. E é visto como uma forma de construção diária de relações que permite afirmar que este é um processo que oferece grandes contribuições no que se refere a promoção do desenvolvimento social. Onde os individuos desta localidade se mobilizam em pról de ações planejadas cujo objetivo é proporcionar a todos melhores condições de vida, tendo acesso à saude, educação e terra, onde eles possam platar, colher e comercializar seus produtos livremente. Através desta pesquisa, percebe-se que ocoreu em Gurupá um intenso e rico processo de formação social através da organização do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, com a participação politica, vista como um processo onde envolvem ações educativas e religiosa que fundamentam a ideia de compromisso com o grupo. Isso significa que a responsabilidade dos integrantes nas ações planejadas e consequientimente execultadas, é a forma mais importante do modelo de planejamento participativo das diversas formas do povo conquistaremseus objetivo e lutarem em busca de melhores condições de vida. O sindicato dos trabalhadores rurais tem como objetivo construir autonomia frente as politicas publicas promovida pelo estado adequação para que as mesma proporcione mudaças benéficas de acordo com a realidade da população da comunidade do Rio Moju. Durante sua grande luta, vem contribuindo para o processo de mobilização dos diversos grupos sociais, na organização da coletividade fortalecendo identidades, capacitando seus representantes para conduzirem melhor os processos formativos, negociando com as esferas governamentais suas demandas sociais, tornando assim uma participação significativamente de todos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Desta forma esta pesquisa é finalizada como uma contribuição histórica e documental para as futuras gerações, onde todos possam aprender que para construir uma sociedade democrática, é necessário que as pessoas se organizem em grupos sociais para terem seus direitos respeitados, onde a liberdade de 43 manifestar seus desejos, suas necessidades e descontentamento são legitima e reconhecida pela constituição do federal. Só depende da união, da humildade, do companheirismo, e acima de tudo do otimismo em lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONI, V. Poder e Igualdade: As relações de gênero entre sindicalistas rurais de Chapecó, Santa Catarina. Revista Estudos Feministas, Florianópolis; v. 12,n. 1,p.289,jan./abr.,2004. BOITO JÚNIOR, A. O sindicalismo de Estado no Brasil: uma análise crítica da estrutura sindical. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1991. BORDIEU, Pierre. A reprodução. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992 COLETTI, T. 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