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Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp Prof. Marcos JP Gomes Abscessos Mastites Garrotilho ATUALIDADES Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” organizada pelo do pesquisador Jean Paul Marie Euzéby que cita 99 espécies e 17 subespécies no gênero Streptococcus spp, conforme o site atualizado www.bacterio.cict.fr/s/streptococcus.html. HISTÓRICO: Em 1877, Bilroth e Elrlich evidenciaram cocos com apresentação em cadeias de feridas infectadas conhecidas como “erisipela” (erythros = vermelho) (pella = pele). Em 1887, Nocard e Mollereau, na França, descreveram como Streptococcus da mastite e depois batizado com o nome de Streptococcus agalactiae por Lehmann e Neumann, em 1896. Pasteur observou microrganismos semelhantes que foram chamados por Ogston de Streptococcus. O nome genérico dos estreptococos foi utilizado, pela primeira vez, por Rosenbach (1884) para descrever um microrganismo esférico que crescia em cadeias e que fora isolado, de lesões supurativas no homem. Em 1887/1888, Schutz isolou o S. equi (garrotilho) e pneumonia dos eqüinos. CARACTERÍSTICAS GERAIS Os estreptococos são Gram positivos, imóveis (poucas exceções), não formam esporos, tem forma esférica e suas dimensões variam entre 0,2 a 1,2 µm. Formam longas cadeias, mas podem formar pequenas cadeias de quatro células ou de cocos agrupados em duas células. Esfregaços em meios sólidos formam cadeias curtas ou aos pares. No caldo, as cadeias podem ser longas ou agrupadas. Algumas espécies possuem cápsula na fase de Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 crescimento logaritmo e estacionária. Possuem metabolismo fermentativo de açúcares que formam principalmente ácido lático. São aeróbios e anaeróbios facultativos; catalase e oxidase negativa. Não resistem ao aquecimento por 30 minutos a 60°C. HABITAT Os estreptococos estão distribuídos na natureza como comensais (animais). Os estreptococos causam uma série de enfermidades nos animais e no homem, sendo importantes saprófitos do leite e produtos lácteos. As espécies potencialmente patogênicas ou não patogênicas estão presentes na pele e mucosas do trato digestivo, genital e respiratório, podendo em determinadas condições, causar doença. CLASSIFICAÇÃO Em 1933, Rebecca Lancefield, trabalhando com o teste de precipitação utilizaram estas diferenças antigênicas para estabelecer seis grupos (A até E e N). Mais tarde, outros grupos foram incorporados (F,G, H, K, L, M, O, P, Q, R, S, T, U e V), entretanto nenhuma designação foi dada a esses novos grupos. Mais tarde, estranhou-se que estreptococos como o S. bovis e o S. faecalis compartilhassem o mesmo grupo de antígenos, pois eram fisiologicamente e taxonomicamente diferentes. A classificação dos estreptococos não pode ser baseada, somente no grupamento sorológico, mas no critério fisiológico e bioquímico. Os antígenos (polissacarídeo e carboidrato) utilizados no sistema de classificação de Lancefield estão localizados na parede celular, especialmente os grupos: A, B, C, E, F, G, H e K. Nos grupos D e N estes antígenos são ácidos teicóicos que se localizam entre a parede e a membrana celular. No grupo B e C está contida a maioria dos estreptococos de importância veterinária. Estudos recentes, utilizando hibridização de ADN indicaram que os estreptococos do grupo C, G e L estavam intimamente relacionados, e que sua inclusão sobre o mesmo nome específico poderia ser justificável. O S. zooepidemicus pode ser então renomeado de S. equi subsp zooepidemicus. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 IMPORTÂNCIA Os estreptococos são importantes causa de mastites em bovinos, de garrotilho e de outras doenças nos eqüinos; de meningoencefalites, artrites, endocardites e linfadenite em suínos. Embora menos freqüente, eles estão relacionados com septicemia nas aves e infecções respiratórias em gatos e cães novos. FATORES DE VIRULÊNCIA As amostras de estreptococos são classificadas, conforme o tipo de hemólise: a) α (alfa): hemólise parcial de cor esverdeada; b) β (beta): uma zona descorada devido à hemólise total e; c) γ (gama): esta hemólise não é detectável. Os fatores de virulência dos estreptococos envolvidos em enfermidades animais são mostrados na tabela 1. A grande maioria dos estreptococos são piogênicos, exceto o S. pneumoniae e o S. suis. A comparação da seqüência dos genomas disponíveis dos estreptos piogênicos evidenciou que 66% de seus genes são comuns para todos. A parte variável é formada por genes associados aos: profagos, elementos conjugados de integração ou “integrative conjugative elements” (ICEs), elementos de inserção (ISs), e outros genes adquiridos por transferência horizontal (Beres et al. 2008). A virulência dos estreptococos está baseada na secreção de proteínas de superfície e nas estruturas que direta ou indiretamente impedem a fagocitose, incluindo àquelas envolvidas na adesão e metabolismo de carboidratos ou induzindo a liberação de citocinas pro-inflamatórias. Os fatores de virulência mais conhecidos dos estreptococos são: cápsula de ácido hialurônico; proteína M antifagocitária e exotoxinas pirogênicas. Outras moléculas incluindo estreptolisinas, proteases, toxinas leucocidas, ativadores plasminogênio (estreptoquinase) e possivelmente receptores da plasmina encontrados na superfície ou Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 secretados contribuem com a patogenicidade. Além disso, a maioria dos estreptos patogênicos possui a habilidade de ligar-se ao plasma do hospedeiro; à albumina, à imunoglobulina, ao fibrinogênio; ligar-se à fibrinonectina, à laminina e a outros componentes do hospedeiro. Os organismos cobertos com um ou mais desses componentes podem escapar das defesas do hospedeiro, tanto da detecção ou pelo bloqueio de componentes opsônicos do complemento. Os estreptos patogênicos dos animais domésticos podem ser agrupados por sua adaptação a um específico órgão ou sistema. Assim, o S. agalactiae, S. dysgalactiae e o S. uberis causam lesão no úbere; o S. equi, S. canis (alguns tipos M) e o S. porcinus são patógenos dos linfonodos da cabeça e pescoço; o S. pneumoniae causa doença do trato respiratório baixo em eqüinos; o S. suis está adaptado a sobreviver em ou dentro de células mononucleares sanguíneas que o transporta até o SNC, pulmões e articulações. Alem disso, todos os estreptos exibem graus variáveis de especificidade ao hospedeiro, contrastando com o S. equi subsp zooepidemicus, que apesar de intimamente relacionado ao S. equi é um patógeno oportunista de diferentes órgãos/sistemas e hospedeiros. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Tabela 1. Estreptococos patogênicos em Veterinária. _______________________________________________________________________________________ Espécies Lancefield Fatores de Virulência Doença _______________________________________________________________________________________S. agalactiae B Cápsula polissacarídeo; Proteínas C, R, e X; CAMP factor; Hialuronidase; Ácido lipoteicóico; Proteases; CspA; Colagenase; Ácido lipoteicóico D- alanilado; Neuraminidase. Mastites S. dysgalactiae subsp dysgalactiae C Hialuronidase; Estreptoquinase; Proteína lig. às fnb A e B; proteína G; receptor ao plasminogênio; Estreptodornase; Proteínas similares à M; Receptor a alfa-2-macroglobulina. Mastites S. dysgalactiae subsp equisimilis A, C, G, L Semelhante ao subsp dysgalactiae, mas incluindo Estreptolisina S e O Artrite suína; Pneumonia dos filhotes (gatos cães); Linfadenites; Metrites; Placentites nos Eqüídeos. S. equi equi C Cápsula ácido hialurônico; Proteínas antifagocíticas SeM, Se18,9 e IdeE; Estreptolisina S; Exotoxinas pirogênicas; Estreptoquinase; Peptidoglicano; Proteínas de lig. à fibronectina; Proteases; Proteína lig. tonsilar SzPSe e Se51,9; Estreptoquinase; Equibactina. Garrotilho. S. equi zooepidemicus C Cápsula de ácido hialurônico; Estreptoquinase; Proteases; Estreptolisina S; Peptidoglicano; Proteína de lig. tonsilar SzP; Proteína de lig. à Fibronectina; Proteína de lig. à IgG.Oportunista piogênico; Pneumonia; Metrite; Doença articular. S. suis Cápsula; Proteínas MRP e EF; Suilisina; OFS, Enolase, SAO, Adesinas. Meningoencefalites; Septicemia e Artrites. S. porcinus E, P, U, V Proteína M; Estreptoquinase Linfadenite cervical suína. S. canis G Proteína M; Estreptolisina O Metrite/vaginite canina e felina; Bacteremia neonatal dos gatinhos; Linfadenite juvenil gatos, cobaias e ratos. S. uberis - Fator (es) antifagocíticos secretados; Receptor à caseina; Hialuronidase; CAMP-like uberis factor; Adesina à cel. mamária; Ativador do plasminogênio PauA; Mr scavenger MTuA. Mastites S. pneumoniae – Polissacarídeo capsular; Neuraminidases; Pneumolisina; Autolisina; Protease IgA; Proteína de lig. à fibronectina; Permeases de peptídeos; Metaloproteinases ZmpB; Proteínas de lig. à colina PsPA, LytA e CppA. Bronqueolites e pneumonia de equinos em treinamento ______________________________________________________________________________________ Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Quadro 1. Características entre Streptococcus β-hemolíticos / podem ser β-hemolíticos. 1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi; 6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico". Testes/Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14 Hemólise β, α ou - β β, α, ou - β β β β, α ou - β β β Grupo de Lancefield B G C, G ou L C C C -, F, C, ou G E, P, U, V, - A - Inulina a - - - - - - - - + b Lactose a d + b d - + + d* d + + Manitol a - - - - - - b d** + b - - d-Rafinose a - - - - - - d*** - - + b Ribose a d + + - + + + - - Salicina a d + d + + + b + + b Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14 1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi; 6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico". Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi; 6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico". Testes/Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14 Sorbitola - - d - d**** + - + - - Trealosea d - b + - - - b + + + d ADH + + + + + + + + + + b Esculina - + b d + b - + b + + b d Hipurato + - d - + - b - - c - + VP + - - - - - + + b - - Fosfatase alcalina + + + + + + + + + βglicuronidase d - b + + + + + b d + PYR - - - b - - + d + - b Testes/Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14 1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi; 6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico". a : Acidificação. b : Algumas linhagens podem ser exceção. c : As linhagens de origem animal são geralmente hipurato negativas, mas cerca de 50% das cepas de origem humanas são hipurato positivas. d : Ao utilizar a galeria de identificação API 20 STREP ou Rapid ID 32 Strep, o teste da pirrolidonil-arilamidase (PYR) é muitas vezes negativo. Outras técnicas (utilização de discos), o Streptococcus porcinus dá resultado PYR positivo. Cerca de 30 a 50% dessas linhagens dão uma resposta positiva fraca. * : S. anginosus e o S. intermedius acidificam a lactose enquanto que a acidificação é variável dependendo da cepas do S. constellatus. ** : Acidificação do manitol é geralmente negativa, mas algumas cepas do S. anginosus acidificam este açúcar. *** : S. constellatus e o S. intermedius não acidificam a rafinose embora acidificação seja variável conforme as cepas do S. anginosus. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 **** : Ao utilizar as galerias API Rapid ID 32 Strep, duas cepas dentre seis acidificaram o sorbitol. No entanto resposta positiva foi obtida utilizando a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. 2004. A acidificação do sorbitol é uma característica notada negativa na tabela 1 e uma característica positiva no protocolo. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS Os estreptococos são bactérias exigentes em relação as suas necessidades nutritivas. Não crescem em meios com extrato de carne ou seu crescimento é pequeno no infuso, a menos que seja enriquecido com sangue ou soro. Agar infuso de carne eqüina é um excelente meio para isolamento dos estreptococos animais. O meio de Todd-Hewitt é um excelente meio líquido. A maioria dos estreptococos patogênicos cresce bem, em meio definido. As cepas de estreptococos produzem colônias translúcidas, pequenas, delicadas e com aproximadamente 1 mm de diâmetro, em meio sólido. Inóculos maiores produzem crescimento confluente que é quase transparente. A superfície do crescimento é lisa, brilhante e de contorno circular. As colônias crescidas, mais profundamente no agar são lenticulares. As colônias crescidas em meio fluido podem ser globulares e dificilmente visíveis a olho nu. Cepasque produzem cadeias longas produzem sedimento no fundo do tubo. Amostras capsuladas e amostras com cadeias curtas permanecem mais tempo em suspensão. Todos os estreptococos crescem bem no leite e a maioria das amostras produz ácido láctico neste substrato. A maioria dos estreptococos cresce bem em aerobiose e anaerobiose, embora poucas cepas se desenvolvam em condições de anaerobiose. Os estreptococos são únicos entre as bactérias aeróbias que não sintetizam citocromo, sendo incapazes de produzir fosforilação oxidativa por meio da cadeia de transporte de elétrons por meio do sistema citocromo. A azida sódica como inibidor da cadeia citocromo é amplamente utilizada como meio seletivo para isolamento de estreptococos em amostras contaminadas. Os estreptococos são catalase negativos e fermentam açúcares até o ácido D-lático. A temperatura ideal de crescimento varia de -10ºC a 45ºC. As espécies patogênicas são destruídas por temperatura inferiores a da pasteurização. Algumas espécies coagulam o leite e outras espécies intestinais resistem ao processo de pasteurização. O S. thermophilus cresce a 50ºC. A maioria dos estreptococos patogênicos Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 hemolisa as hemácias de eqüinos. As colônias alfa hemolíticas ou do grupo viridans produzem uma zona estreita de descoloração esverdeada ao redor das colônias. Streptococcus dysgalactiae Prof. Marcos JP Gomes SINÔNIMOS: S. dysgalactiae subsp equisimilis; S. equisimilis. TAXONOMIA O mais recente ordenamento dessa espécie está disponível no site www.bacterio.cict.fr/bacdico/ss/dysgalactiae.html O S. dysgalactiae possui antígenos dos grupos C, G ou L de Lancefield e a sistemática desses estreptococos é bem complexa. HISTÓRICO Vieira e colaboradores, em 1998, propuseram a descrição de duas subespécies do S. dysgalactiae: S. dysgalactiae subsp dysgalactiae e o S. dysgalactiae subsp equisimilis. O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae agrupa: a) linhagens do grupo C, b) alfa-hemolítico ou não hemolíticos; c) não sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano; d) isolado de mastite bovina, alem da boca, amídalas ou da vagina de bovinos. O S. dysgalactiae subsp equisimilis agrupa a) linhagens dos grupos C, G ou L, b) beta-hemolíticos; c) sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano; d) isolado do homem e de animais. Dentro dessa subespécie é possível distinguir: a) cepas de origem humana do grupo C b) cepas de origem animal do grupo C; c) cepas de origem humana do grupo G e Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 d) cepas do grupo L. CARACTERÍSTICAS MORFOTINTORIAIS /CULTURAIS As linhagens do S. dysgalactiae são constituídas de cocos ovais; Gram positivos, agrupados aos pares ou em cadeias imóveis; algumas vezes, capsulados (S. dysgalactiae subsp dysgalactiae), aeróbio-anaeróbio; catalase negativos; quimiorganotróficos; metabolismo fermentativo, possuindo antígenos do grupo C, G ou L de Lancefield; Mostram no AS ovino, colônias alfa ou beta ou não hemolíticas; não sobrevivem ao calor a 60°C por 30 minutos. CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Resposta positiva aos testes de: Fosfatase alcalina; ADH; β-glucuronidase; Leucina arilamidase; Acidificação do Amido; Glicose; Maltose; Ribose; Sacarose e Trealose. Resposta negativa aos testes de: VP; α-galactosidase; Acidificação da arabinose; Inulina; Manitol e Rafinose. Resposta variável aos testes de: Hidrólise da esculina; Hidrólise do hipurato; Pirrolidonil-arilamidase (PYR), resposta geralmente negativa. β-galactosidase (resposta sempre negativa no API 20 STREP). Acidificação do Glicogênio; Glicerol; Lactose; Salicina; Tagatose e Sorbitol. Acidificação da tagatose e do sorbitol permitem reconhecer 4 biovares dentro das linhagens do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae isolados de mastite bovina. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Quadro I. Características diferenciais entre subespécies do S. dysgalactiae. Características S. dysgalactiae subsp dysgalactiae S. dysgalactiae subsp equisimilis Linhagens Cepas animais do grupo C Cepas humanas do grupo C Cepas animais do grupo C Cepas humanas do grupo G Cepas Grupo L Hemólise α β β β β Sorbitol* (+) - - - - Glicogênio* - - + - + Hidrólise do Hipurato - - - - (+) Bacitracina S R R R S * : Acidificação. (+) : 70 a 80 % são positivas. + : Ao menos 95 % são positivas. - : Ao menos 95 % são negativas. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS A temperatura ótima de crescimento é de 37°C, mas não crescem entre 10°C ou a 45°C ou na presença de 6,5 % de Sal ou no pH de 9,6. O cultivo só é possível em meios complexos ou no AS onde as colônias do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae não são hemolíticas ou circundadas por uma zona de hemólise alfa enquanto que as colônias do S. dysgalactiae subsp equisimilis são beta hemolíticas. PATOGENICIDADE O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae é isolado de bovinos, podendo estar presente na boca, amígdalas e vagina. São responsáveis por lesões nos tetos, mastite subclínica e clínica, tanto durante a lactação quanto no período seco. A sua freqüência de isolamento é de 14 a 20 % de uma mesma cepa persistir sobre a outra lactação. São isoladas a partir de Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 moscas, sugerindo que esses artrópodes podem ter um papel na disseminação da bactéria. Raramente este agente é responsável por lesões cutâneas assim como artrites e septicemias em terneiros. FATORES DE VIRULÊNCIA Vários fatores de virulência são evidenciados nas cepas associadas às mastites: a) Fatores que permitem adesão às células epiteliais, após depois da penetração e sobrevivência dentro da célula; b) Produção de fibrinolisina que age sobre a fibrina bovina, mas não sobre a fibrina humana; c) Produção de uma hialuronidase; d) Produção de estreptoquinase que converte o plasminogênio em plasmina (a plasmina exerce atividade proteolítica que permite a bactéria utilizar aminoácidos para crescimento); e) Fixação ao fragmento Fc das IgG; f) Fixação à albumina, g) Fixação à fibronectina; h) Fixação ao fibrinogênio; i) Fixação ao colágeno; j) Fixação à vitronectina; l) Fixação do plasminogênio e da alfa2-macroglobulina. O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae é raramente isolado de pequenos ruminantes. É capaz de provocar artrites e septicemias nos cordeiros e artrites nas cabras. As cepas do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e G são causa de infecções faringeanas, mas raramente causam glomerulonefrites pós-infecção e nunca reumatismo articular agudo. Esses estreptococos dão origem a infecções diversas como septicemias, meningites, endocardites, infecções dos tecidos moles, infecções osteo- articulares e pneumopatias. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 As cepas do grupo G são isoladas de septicemias pós-parto e responsáveis pela “síndrome do choque tóxico”.Os estreptococos possuem proteína G que fixa o fragmento Fc das IgG, mas também ao fibrinogênio, fibronectina, β2-microglobulina e α2-macroglobulina. As cepas do grupo L raramente estão presentes no homem, mas já foram isoladas a partir de infecções cutâneas de magarefes, trabalhando em matadouro suíno. Carnívoros As cepas isoladas de estreptococos do grupo G pertencem à espécie S. canis. As amostras do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e L são albergadas pelos cães e gatos, entretanto a infecção por linhagens do grupo C ainda não foram descritas em cães. Os estreptococos do grupo L estão implicados nas pneumonias hemorrágicas e purulentas, infecções urinárias, septicemias e casos de morte súbita. As cepas do grupo L são raramente isoladas em cães e gatos; elas são implicadas em múltiplas infecções (abscessos, faringites, otites, infecções umbilicais, artrites, dermatites, infecções genitais, abortamentos...). As cepas do grupo L são isoladas de diversos órgãos de focas (Phoca vitulina e Halichoerus grypus), vitimas de epizootia do Morbillivirus. Cetáceos As cepas do grupo L são responsáveis pela formação de abscessos, broncopneumonias e septicemias em botos (Phocoena phocoena) do mar Báltico e Mar do Norte. Os animais infectam-se pelo contato direto e essas infecções são, em parte, responsáveis pela diminuição da população de botos, observadas depois do início do século vinte. Eqüídeos O S. dysgalactiae subsp equisimilis causa infecções similares às infecções causadas pelo S. equi subsp zooepidemicus, mas com freqüência média. São isolados de lesões Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 supurativas, septicemias neonatais, poliartrites, endometrites, mastites e um complicador de doença respiratória. Suínos O S. dysgalactiae subsp equisimilis é isolado de suínos. As cepas do grupo C estão presentes na cavidade nasal, garganta, amídalas e secreção vaginal. As cepas do grupo L são isoladas da pele, garganta, secreções vaginais e prepúcio. As infecções são freqüentes em leitões de 1-3 semanas que se contaminam pelo contato direto com as porcas. O agente penetra via cutânea, umbigo ou amídalas, provocando bacteremia e septicemia. Os animais apresentam hipertermia, abatimento e anorexia. Localizações secundárias em um ou vários órgãos são a origem de artrites (levando a claudicação), endocardites e meningites. Evitar infecções é indispensável conferir nos leitões a imunidade passiva (colostro) e, evitando lesões dos pés e membros pelo uso de pisos não traumáticos. Utilização de bacterinas administradas nas porcas é preconizada. O S. dysgalactiae subsp equisimilis (cepas dos grupos C e L) são isoladas de infecções cutâneas, abscessos subcutâneos, pneumonias, pleurisias, septicemias, infertilidade, abortos ou agalaxia e implicada na “síndrome necrose das orelhas”. Esta infecção tem origem nas lesões da orelha, principalmente pelas mordeduras ou pela contensão dos animais. As lesões são contaminadas por estafilococos (S. hyicus), mas podem ser igualmente colonizadas pelos estreptococos. Animais experimentais (de laboratório) Os estreptococos do grupo C são responsáveis por infecções nos roedores de laboratório (ratos, camundongos e cobaias), sendo mais freqüente o S. equi subsp zooepidemicus. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Greestein e colaboradores descreveram no camundongo casos de infecção por cepas do grupo C do S. dysgalactiae subsp equisimilis. Os camundongos apresentaram abscesso hepático e peritonite, albergando o germe na garganta e nas fezes. Ruminantes As cepas do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e L são responsáveis por septicemias, abscessos, artrites, abortamentos, mastite na vaca e mortalidade perinatal. Na Inglaterra e País de Gales é a principal causa de artrite infecciosa em terneiros, apresentando onfalites e artrites. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico tem como base o isolamento e identificação do agente. O número de bactérias, algumas vezes, é pequeno, especialmente nos processos de inflamação importante (mastite, artrite) e o inóculo deve ser importante. O isolamento é realizado em AS isento de açúcares redutores que influenciam a hemólise. Os meios utilizados são TSA e Columbia Agar com sangue ovino ou de cavalo (sangue de cavalo permite uma melhor expressão da hemólise). A concentração do sangue no meio e altura da lâmina do agar podem influenciar a hemólise, sendo conveniente utilizar um AS com 4 mm de altura, contendo 5% de sangue. As placas são incubadas a 37°C em aerobiose ou numa atmosfera de anaeróbia ou microaeróbia (10% de CO2). O cultivo em agar pode ser precedido de uma etapa de enriquecimento em meio líquido, como o caldo de Todd-Hewitt incubado por 18h horas (overnight) a 37°C. O isolamento deverá ser realizado, em paralelo, em um meio não seletivo e em meio seletivo como o Agar Columbia ANC (ácido nalidíxico e colicina) e sangue. A identificação provável do gênero Streptococcus tem como base: as características morfológicas, culturais, ausência de catalase e tipo respiratório. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A identificação da espécie leva em conta a origem da amostra; da hemólise; das características antigênicas e características bioquímicas. Hemólise A colônia do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae são circundadas por uma hemólise verde (hemólise α) ou não são hemolíticas. As colônias do S. dysgalactiae subsp equisimilis são circundadas por uma hemólise total (hemólise βb). Sorotipagem A extração do antígeno de grupo pela técnica de Lancefield (tratamento pelo ácido clorídrico a 100°C) ou de Fuller (tratamento pelo formol a 160° C) permite uma caracterização pela técnica de precipitação em meio líquido (reação feita em tubos capilares utilizando antissoros específicos) é raramente utilizado pelos laboratórios de diagnóstico menos especializados. A maioria utiliza kits de reação (extração enzimática do antígeno e identificação com ajuda de partículas de látex recobertas de anticorpos), permitindo a caracterização dos antígenos do grupo A, B, C, D, F e G. O inconveniente é que esses kits não permitem a caracterização de cepas do grupo L. Características Bioquímicas A maioria dos laboratórios utiliza testes comerciais, como as cartelas de diagnóstico conhecidas como API 20 STREP. O estabelecimento do perfil por código de resultados e pesquisa deste perfil dentro da base de dados do fabricante conduz a erros que pode ser complementado pelo uso de tabelas clássicas de identificação. As cepas do grupo G pertencem à espécie do S. dysgalactiae subsp equisimilis se diferenciam do S. canis e do S. alactolyticus pelas características mencionadas no quadro I. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Quadro I. Diferenças entre Streptococcus com/sem antígeno grupo G que produzem/podem produzir colônias grandes. Testes/Espécies S. canis S. dysgalactiae subsp equisimilis, cepas do grupo G S. alactolyticus Fonte de isolamento Diversas espécies animais, carnívoros e bovinos. Homem Suínos, Aves Antígeno Grupo G + + Tardio Colônias Ø ≥0,5 mm (24 h de incubação) + + Tardio Cresc à 45° C - - + ADH + + - Acidif Trealose Tardia Geral m - + Tardia α-galactosidase* Tardia - Tardia β-galactosidase* Tardia Geralm + - - β-glicuronidase* Tardia Geral m - + - Testes/Espécies S. canis S. dysgalactiae subsp equisimilis, cepas grupo G S. alactolyticus * : Caract. Estudadas no API 20 STREP. As cepas do grupo C da espécie do S. dysgalactiae subsp equisimilis se diferenciam das cepas do grupo C do complexo "Streptococcus milleri" visto que essas últimas produzem colônias minúsculas e são VP positivas. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Em Veterinária, as cepas β-hemolíticas do S. dysgalactiae subsp equisimilis portadoras do antígeno C podem ser confundidas com o S. equi subsp equi ou com o S. equi subsp zooepidemicus. O diagnóstico diferencial é evidenciado no Quadro II. Quadro II. Diferenciação dentre Streptococcus estreptococos portadores do antígeno grupo C de Lancefield, β-hemolíticos, isolados em Veterinária. Testes/Espécies S. equi subsp equi S. equi subsp ruminatorum S. equi subsp zooepidemicus S. dysgalactiae subsp equisimilis Grupo de Lancefield C C C C ou L (cepas animais) C, G ou L(cepas humanas) Hidról. Esculina Geral m + - Geral m + Geral m - Hidról. Hipurato - + - - ADH + + + + β-glicuronidase + + + + Teste de CAMP - + - - Glicogênio* + + + d Lactose* - + + Geral m + Manitol* - - Geral m - - Metil β-D- glicopiranosidio* + - + d Ribose* - + - + Sacarose* + - + + Sorbitol* - d** + - Trealose* - - Geral m - + Testes/Espécies S. equi subsp equi S. equi subsp ruminatorum S. equi subsp zooepidemicus S. dysgalactiae subsp equisimilis * Acidificação. ** Utilizando a galeria API Rapid ID 32 Strep, 2 cepas dentre 6 acidificam o sorbitol, entretanto uma resposta positiva é obtida ao utilizar a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. 2004 a acidificação do sorbitol é uma característica negativa no tabela 1 e uma característica positiva no protocolo ! Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (ATMs) O S. dysgalactiae é sensível aos β-lactâmicos, especialmente a penicilina G. A resistência adquirida aos aminoglicosídeos (falsa e ilusória a associação com um β- lactâmico porque não há sinergismo), cloranfenicol, macrolideos e, sobretudo as tetraciclinas. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Streptococcus agalactiae Prof. Marcos JP Gomes Mastites SINONIMIA Streptococcus difficilis foi o sinônimo anterior e heterotípico do Streptococcus agalactiae. GENERALIDADES O S. agalactiae foi descrito por Nocard e Mollereau, em 1887, com o nome de "Streptococcus da mastite" depois denominado de S. agalactiae por Lehmann e Neumann, em 1896. Dentro dessa espécie encontram-se linhagens de origem humana e animal que se diferenciam entre si, por características bacteriológicas. Muitos autores tentaram separar diversas linhagens sob o ponto de vista taxonômico, mas os resultados de hibridização do ADN/ADN, assim como as análises dos perfis eletroforéticos das proteínas mostraram que todas as amostras pertenciam a uma única espécie. O S. agalactiae é o único membro do grupo B de Lancefield, importante causa de mastite crônica e infecciosa nos bovídeos; causa de mastite e doença invasiva em camelídeos e, ocasionalmente doença em cães, gatos, peixes e hamsters. Este agente um patógeno importante para os recém-nascidos, podendo causar septicemia e meningite neonatais. O S agalactiae é distinto e comporta-se diferentemente entre as populações humanas e bovinas, existindo um pequeno numero evidencias de transmissão interespécie (Sukhanand et al. 2005). Entretanto o isolado humano clone hipervirulento “complexo 17” tem origem de um ancestral bovino. A fermentação da salicina e da lactose; bacteriocinas e fagotipagem são úteis na diferenciação das linhagens humanas e bovinas. Há nove sorotipos baseados na cápsula de polissacarídeos que variam, conforme o arranjo de quatro açúcares dentro de uma única unidade repetida. Transferência horizontal Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 de genes para a biossíntese da cápsula por conta da diversidade do sorotipo capsular. A cápsula tipo Ia dos isolados bovinos no estado de NY, mas diferentes tipos podem ser numerosos em outras regiões geográficas (Norcross and Oliver 1976). Cerca de 25% das linhagens não são tipificáveis. A transferência pela conjugação de grandes segmentos de AND cromossomais entre as cepas do S. agalactiae (Brochet et al. 2008) acontecem tanto pela diversidade das linhagens, frequência dos complexos clonais combinados aos fatores de virulência e tipo capsular adequado ao nicho do hospedeiro. O S. agalactiae é um parasita obrigatório do tecido e epitélio da glândula mamária dos ruminantes e a erradicação do organismo dos rebanhos é possível pela identificação dos animais com infecções mamárias seguido do tratamento ou sacrifício do animal. Contrariamente, o S. agalactiae é primariamente um comensal do trato gastrointestinal e geniturinário do homem. Fatores de virulência Muita informação sobre os fatores de virulência potenciais do S. agalactiae foram derivados de estudos de cepas humanas em modelos animais (ratos e camundongos) e devem ser interpretados com cuidado no contexto da mastite bovina. Os isolados de bovinos geralmente tem propriedades diferentes das cepas humanas, perdendo em parte, o conhecimentos obtidos em bons estudos sobre os fatores de virulência como ScpB, Lmb e ligação da β proteína à IgA. O Polissacarídeo capsular incluindo o seu antígeno tipo-específico é antifagocitário e os anticorpos específicos são protetores nos camundongos e contribuem na resistência das crianças à infecção. O ácido siálico terminal do polissacarídeo capsular do tipo III inibe a ativação da via alternativa do Complemento e bloqueia a deposição do C3 na superfície bacteriana. A cápsula também aumenta a afinidade do controle do fator H do complemento para C3b ligado a superfície para parede celular reduzindo tanto atividade da convertase C3 e Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 posterior deposição do C3b à célula (Marques et al.1992). Embora menos polissacarídeo capsular seja expresso em cepas bovinas do que humanas, as cepas bovinas são capazes de ativar a via alternativa do complemento. Alem disso, os anticorpos de bovinos para o polissacarídeo B fixam o complemento pela via C3 clássica (Rainard and Boulard 1992). Um grande e diversificado número de proteínas, geralmente codificadas em ilhas de patogenicidade são coordenadamente expressas com a cápsula na superfície do S. agalactiae, exercendo diferentes funções, incluindo papel na adesão, invasão, ligação ao ferro, metabolismo, transporte e inibiçãoda fagocitose (Lindahl et al. 2005). O grupo melhor estudado é o da família das proteínas Alp que constitui parte do antígeno C. Essas proteínas possuem aglomerados de massa molecular entre 100 e 120 kDa, possuindo séries de repetições “tandem” longas e resistentes à tripsina. Uma característica estrutural comum é uma dobra denominada “Ig-like fold” que sugere uma função de reconhecimento molecular. Os quatro membros da família são designados α, Rib, R28 e Alp2. A frequência varia com o tipo capsular, por exemplo, a cepa tipo Ia geralmente expressa a proteína α. Sua função é desconhecida, mas os anticorpos específicos são protetor em camundongos. O antígeno C alem de ser uma das proteínas Alp também contem β proteína sensível à tripsina. Esta proteína interage com a porção Fc da IgA humana e o fator H. Ela perdeu as repetições do tipo tandem mas o terminal C é rico em prolina com uma única sequencia periódica denominada “XPZ”. Ela confere uma proteção através de anticorpos nos camundongos. Protrusões filamentosas protéicas resistentes à tripsina da superfície celular do S. agalactiae foi descrita por Wagner e colaboradores em, sendo considerada a primeira observação de estruturas semelhantes a pilus que mais tarde foi confirmadas por Malone e colaboradores em 2005. Elas são constituídas de 3 proteínas: GBS59, 80 e 104, duas das quais são indutoras de proteção em camundongos. Outro antígeno protéico de superfície com aproximadamente 100 kDa denominado X que ocorre em muitas cepas não tipáveis bovinas do S agalactiae possui papel desconhecido na patogênese. Este antígeno é opsônico e aparentemente diferente daquela Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 proteína da superfície celular Sas 97/104 (Wanger and Dunny 1987), o qual é imunodominante para bovinos e presente em 50% das cepas bovinas. O sobrenadante do cultivo contem uma proteína de tamanho similar BPS que junto com uma 5′-nucleotidase, reage com a IgG no soro do leite de vacas infectadas (Trigo et al. 2008 ). A presença ou ausência da Sas 97/104 não alterou a virulência bacteriana em cobaias. A CspA, uma protease de serina possui homologia com às caseínases de bactérias ácido- lácteas, clivam o fibrinogênio liberando a cadeia α adesiva (Harris et al. 2003). A cadeia α liga-se a superfície bacteriana e impede opsonofagocitose. A proteína BPS-105 kDa, antígeno de superfície protetora do grupo B dos estreptococos é encontrada predominantemente com R1 nos isolados do tipo Ia sendo imunogenicamente protetor para camundongos (Erdogan et al. 2002). A proteína Sip-45 kDa é expressa na superfície polar de todos os sorovares do S. agalactiae. A proteína Sip perdeu a sequência âncora e assim a sua aderência à superfície bacteriana pode depender da interação com outra proteína bacteriana A imunogenicidade da BPS ou da Sip para bovinos não foi relatada. Uma vez que a Sip é conservada entre todos os sorovares, ela é uma forte candidata para avaliação como vacina. Fator CAMP é uma proteína (23,5 kDa) de ligação à ceramida do S. agalactiae que potencializa a ação da esfingomielinase (β toxina) estafilocócica. As propriedades letais do fator CAMP para o cultivo celular e para coelhos e camundongos sugerem que ele possui uma ação citotóxica para o tecido mamário. A proteína liga-se a região Fc da IgM e IgG. A inativação insercional do gene efb, gene que codifica esta proteína, aumenta a dose LD 50 em 50 vezes. A virulência desses mutantes para a glândula mamária não foi relatada. Outros potenciais fatores de virulência do S agalactiae para a glândula mamária incluem neuraminidase, hemolisina, toxina extracelular vasoativa e o ácido lipoteicóico alanilado D. AGENTE Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A principal característica do S. agalactiae é possuir o antígeno do grupo B de Lancefield. Este antígeno não é específico, pois se encontra presente em amostras do S. halichoeri. Algumas raras cepas do S. uberis, do S. porcinus e do S. canis são capazes de reagir com o soro específico anti-grupo B. A presença de antígenos polissacarídeos (Ia, Ib, II, III, IV, V, VI, VII e VIII) e dos antígenos protéicos (c, R e X) permite definir os sorovares. Os antígenos protéicos c, provavelmente designados como Ag Ic ou Ib/c, é de fato formado por muitos componentes: um componente resistente a tripsina ou alfa; um componente sensível a tripsina ou beta; um componente gama e outro delta. O Ag R se apresenta com formas antigenicamente distinta, permitindo descrever os Ags R1, R2, R3, R4, Rib, Ra. CARACTERÍSTICAS MORFO-CULTURAIS O S. agalactiae são cocos, Gram positivos, algumas vezes, ovóides, com tamanho de 0,6 a 1,2 µm de diâmetro; formam longas cadeias; imóveis; algumas vezes, capsulados; aeróbios ou anaeróbios; catalase negativos; metabolismo fermentativo (fermentação de açúcares produzindo principalmente ácido láctico); não resiste ao calor de 60ºC por 30 minutos. O S. agalactiae apresenta-se em formas de cadeias longas na secreção de úberes infectados. Em algumas amostras, os organismos são numerosos e facilmente encontrados; em outras, o agente é escasso e localizado com grande dificuldade, mesmo no leite aparentemente normal. O S. agalactiae é Gram positivo e facilmente corável. O cultivo é facilmente obtido em AS e as colônias de pequeno tamanho são, algumas vezes, pigmentadas de amarelo, laranja ou vermelho tijolo. A pigmentação é favorecida pelo cultivo anaeróbico, utilizando meio contendo amido, de inibidores da síntese de folatos como o metotrexato e pH superior a 7,3. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A hemólise é variável, segundo a cepa, sendo possível observar: a) Hemólise alfa (freqüentemente duas zonas de hemólise); b) Estreita zona de hemólise beta (que pode aparecer opaca); c) Ausência de hemólise. As características biológicas diferentes com relação à origem das cepas levam a propor a existência de ecovares. Há dois ecovares principais: 1) O ecovar humano (cepas geralmente pigmentadas; salicina positiva; lactose e beta- galactosidase negativas, sensíveis a 10 U.I de bacitracina e possuidoras dos Ags protéico R ou C. 2) O ecovar bovino (cepas, geralmente não pigmentada; salicina negativa; lactose e beta-galactosidase positiva, resistente a 10 UI de bacitracina e possuidoras do Ag protéico X). Obs. As linhagens isoladas de peixes são geralmente não pigmentadas; salicina, lactose e beta-galactosidase negativa e de sensibilidade variável a bacitracina. As amostras mais hemolíticas podem produzir um halo de mais de 1 mm de diâmetro no AS; muitas cepas produzem somente traços de hemólise e outras, nenhuma hemólise. Algumas amostras produzem uma discreta descoloração esverdeada no AS. O crescimento em caldo-soro é granular ou floculante. O crescimento se dá no fundo do tubo enquanto que no resto do tubo permanece claro. O S. agalactiae acidifica e coagula o leite litmus em 48 horas quando incubados a 37ºC. Há uma discreta redução do leite litmus no fundo do tubo. A 10ºC há crescimento observável após cinco dias. No caldo glicosado, o pH final atinge 4,4 a 4,7; hidrolisa o hipurato de sódio; fermenta a glicose, trealose, lactose, sacarose e maltose. A salicina quase sempre é fermentada. Não utiliza a inulina, manitol, sorbitol e rafinose. Nãohidrolisa a esculina ou a gelatina. Muitas linhagens, mas nem todas, do S. agalactiae produzem um crescimento avermelhado no meio sólido, especialmente quando o meio contém amido. Cerca de 90% dos S. agalactiae testados produziram hialuronidase. Este organismo é destruído quando aquecido a 60º C, durante 30 minutos ou destruído pela pasteurização. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 CHRISTIE, ATKINS e MUNCH-PETERSEN Em 1944, Christie, Atkins e Münch-Petersen relataram um fenômeno lítico produzido por 96% das amostras de estreptococos pertencentes ao grupo B de Lancefield. Este fenômeno é denominado de CAMP. Trata-se de uma hemólise sinérgica produzida pela ação da esfingomielinase estafilocócica (beta toxina) e a ceramida (N-acetil-esfingosina) uma proteína de ligação do S. agalactiae. Ela é produzida quando a toxina beta das colônias dos estafilococos altera as hemácias (bovinos) sensibilizadas à ação da proteína de ligação (ceramida) do S. agalactiae. A ação combinada dos dois fatores resulta numa hemólise completa. O fenômeno de CAMP é agora a base do teste de triagem para a presença do S. agalactiae em amostras de secreção láctea. A toxina beta dos estafilococos pode ser incorporada ao meio para isolamento e identificação do S. agalactiae. Existe também um teste rápido realizado em tubo com hemácias sensibilizadas pela toxina beta. DISTRIBUIÇÃO O S. agalactiae é causa comum de mastite infecciosa bovina com distribuição mundial, podendo causar mastite em ovelhas e cabras. CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Resposta positiva aos testes de: Hidrólise do hipurato (o teste pode ser efetuado a 30°C para as cepas isoladas de animais ectotérmicos); ADH; VP; Fosfatase alcalina; Acidificação da glicose; Glicerol (só em aerobiose); Maltose; Ribose (reação, algumas vezes, fraca e lentamente positiva) e Sacarose. Resposta negativa aos testes de: Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Sensibilidade a optocina (etil-hidro-cupreína); Hidrólise da esculina; Hidrólise da gelatina; Hidrólise do amido; Pirrolidonil arilamilase; Acidificação da arabinose; Inulina; Manitol; Rafinose; Sorbitol e Xilose. Resposta variável ao teste de: CAMP e teste da hialuronidase; DNAse; β-galactosidase; β-glucuronidase; Hemaglutinação de glóbulos vermelhos de coelho (a positividade é baseada na presença do Ag X); Acidificação da Lactose; Salicina e Trealose. RESISTÊNCIA A maioria das linhagens pode crescer na presença de 40 % de bile, mas incapaz de se cultivar a 45°C ou em pH 9,6. Algumas amostras podem não ser cultivadas a 10°C ou na presença de 6,5 % de Sal. HABITAT E PATOGENICIDADE O S. agalactiae penetra, através do orifício do teto e a colonização da glândula é facilitada pela adesão no epitélio dos seios glandulares (Frost et al. 1977). O refluxo do leite contaminado contra o fundo do teto no momento da ordenha é um fator importante na introdução da infecção pós-esfíncter do teto. A queratina associada aos ácidos graxos de cadeia longa do canal do teto são barreiras à penetração física da camada epitelial. A multiplicação é controlada pelo sistema de H2O2-tiocianato-lactoperoxidase, pela lisozima e pelo fluxo do leite durante a ordenha. A multiplicação no epitélio do teto e ductos dos seios resulta numa inflamação lenta, progressiva e fibrótica. Embora o S. agalactiae raramente penetre o epitélio, algumas vacas podem adquirir uma invasão passageira durante os primeiros dias em que o agente atinge os linfáticos e dirigem-se aos linfonodos supramamários. A liberação de substancias quimioatrativas das bactérias avariadas atraem leucócitos polimorfonucleares (PMNs) que ingerem e matam muitas estreptos invasores. Uma vez que o leite normal tem baixa concentração de complemento e Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 assim por si só não serve como fonte de C3, mas a opsonização derivada do C3 no exsudato inflamatório pode se fixar a superfície da bactéria seguindo a ativação pela via alternativa do complemento. A invasão inicial resulta na colonização da glândula mamária de vacas onde há um atraso na chegada dos PMNs no local da invasão. A morte dos PMNs e a liberação de enzimas lisossomais causam posteriormente lesão tecidual e inflamação. A formação de fibrina obstrui os pequenos ductos, podendo levar a involução do tecido secretório e perda na capacidade de produção de leite (agalaxia). Sem o tratamento, o S agalactiae persiste apesar do sistema imune do hospedeiro, e a infecção tornam-se crônica. O efeito antifagocitário do polissacarídeo capsular sializado pode um importante fator de virulência bacteriana na persistência da infecção. O S. agalactiae é um parasita obrigatório em bovinos e no homem. Contaminação do homem pelo animal e do animal pelo homem é pouco documentada e, na maioria dos autores, acha improvável e pouco freqüente. Nos bovinos, o S. agalactiae é uma das principais causa de mamites subclínicas ou crônicas. Antes do uso de ATMs, aproximadamente 90 % das mastites eram devido a este agente. Este agente é incapaz de sobreviver muito tempo fora da glândula mamária, sendo possível erradicar a infecção, através da profilaxia baseada na higiene e ATMs. O habitat do S. agalactiae é a glândula mamária de vacas, ovelhas e cabras. A infecção se transmite pelas mãos do ordenhador, pelo equipamento de ordenha e algumas vezes, a boca do terneiro pode servir como via de transferência para a glândula mamária imatura de suas companheiras quando uma mama na outra. O agente penetra, através do esfíncter do teto; coloniza a glândula mamária, favorecendo a adesão ao epitélio. O microrganismo provoca inflamação lenta e progressiva com fibrosamento das áreas circunvizinhas. A doença começa insidiosamente e se desenvolve gradualmente. Animais mais velhos são mais acometidos. A involução do parênquima secretor provoca perda de produtividade que é causada pelo bloqueio do fluxo do leite e pelo processo inflamatório. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A secreção torna-se alterada em diversos graus, algumas vezes, sem evidenciar anormalidade; outras vezes, mostrando flocos, massas de fibrina, sangue ou material purulento. O processo inflamatório causa a transformação do tecido secretor em tecido conjuntivo fibroso. O fenômeno de CAMP na patogenia da mastite não está bem elucidado. Sua propriedade letal para coelhos e camundongos sugere uma ação citotóxica para a glândula mamária. A secreção láctea de animais infectados torna-se alcalina e o número de leucócito excede geralmente a 500.000 células / mL. A quantidade de leite produzida pelo animal com a enfermidade avançada é reduzida em volume e aquosa. Linhagens do S. agalactiae são também isoladas de: macacos, suínos, caninos, felinos, camundongos, ratos, hamster e rãs. O poder patogênico é pouco documentado, mas a bactéria pode ser isolada em associação com outras bactérias ou vírus. A septicemia do macaco (Callithrix jacchus), endocardite e eczema dos cães, síndrome do enfraquecimento do caprino, meningoencefalomielite supurativa dos camundongos. No homem, o S. agalactiae está presente nas vias genitais (notadamente vagina) etubo digestivo do homem. Nos adultos, a colonização é demorada e freqüentemente assintomática, mas o S. agalactiae pode ser responsável por septicemias, pneumonias, meningites, artrites, infecções urinárias e supurações profundas. Essas infecções são mais frequentes nos indivíduos de idade superior a 65 anos, acometendo pessoas enfraquecidas (desnutrição diabete, cirrose, insuficiência renal, câncer etc.). Na mulher gestante ou no pós-parto, a infecção pode conduzir a endometrite e a esterilidade. No bebê, a contaminação pode se dá “in utero” ou freqüentemente por inalação do líquido amniótico ou secreções vaginais. A infecção precoce se traduz por septicemia, que se traduz em menos de 24 horas. A infecção precoce é favorecida no prematuro pela ruptura das membranas maternas e grande colonização da vagina da mãe. As infecções tardias sobrevêm após o terceiro dia estando associadas a meningites e artrites. A infecção do recém-nascido é, freqüentemente devido ao sorovar III (mas também Ia, Ib e V), sendo ele causa de septicemia e meningite com taxa de mortalidade que pode atingir 20%. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 IMUNIDADE Muito da atividade protetora do colostro contra o S. agalactiae foi mostrado está associado com IgA e IgM. Os anticorpos séricos têm pouco ou nenhum efeito protetor. As aglutininas no leite de vacas infectadas assim como a falha no mecanismo bacteriano de defesa do úbere sugere que a resposta imune adquirida não é suficiente no processo monitoração da glândula. Os anticorpos humorais têm pouca importância contra as infecções intramamárias; além disso, anticorpos contra o antígeno celular têm sido encontrados no colostro de novilhas de primeira cria, mesmo na ausência de qualquer sinal clínico da doença. É provável que os microrganismos tenham entrado em contato antes de atingirem a maturidade sexual. Aglutininas podem ser detectadas na secreção láctea de vacas infectadas pelo S. agalactiae quando coradas pela hematoxilina. O teste de ELISA pode também ser aplicado para quantificar o nível de anticorpos no leite e utilizado na detecção de portadores latente e com infecção subclínica. As aglutininas no leite de vacas infectadas e falhas no mecanismo de eliminação bacteriana do úbere sugerem que a resposta imune adquirida não é suficiente no combate bacteriano. Entretanto, imunoglobulinas específicas para o polissacarídeo capsular pode ter um papel importante na melhoria da doença, uma conclusão que foi alcançada por Norcross et al. (1968), que observaram que os sinais clínicos eram ausentes em vacas experimentalmente infectadas e com anticorpos circulantes presentes. Eles concluíram que este anticorpo neutralizava os produtos extracelulares do S. agalactiae envolvidos na resposta inflamatória. A BPS e a 5’nucleotidase são produtos antigênicos candidatos à produção de vacinas. A antigenicidade do polissacarídeo do grupo B é muito aumentada pela conjugação de proteínas como a ovalbumina. A imunização de vacas com este conjugado produziu forte resposta de IgG1 e IgG2 específicas para a cápsula de polissacarídeos (Rainard 1992). Outras abordagens na imunização de bovinos incluem o uso da proteína de superfície Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 denominada glicero-aldeído-3-fosfato desidrogenase (receptor de plasmina, GAPDH) e um antígeno do CAMP quimérico composto de epítopos do S. agalactiae e do S. uberis (Fontaine et al. 2002 ). Esta combinação mostrou ser promissora como uma vacina de subunidade contra a mastite por S. uberis e do S. agalactiae. COLHEITA DE AMOSTRAS Uma grande variedade de agentes pode causar mastite. É importante, para o diagnóstico laboratorial seguro e correto, que todas as amostras submetidas para exame laboratorial sejam colhidas assepticamente e em frascos estéreis. A contaminação das amostras de leite, por microrganismos localizados no canal ou orifício dos tetos, ou por microrganismos do ambiente, é um problema para o diagnóstico. Antes de colher a amostra, se deve descartar os primeiros jatos de leite e fazer a antissepsia dos tetos com algodão embebido com álcool a 70%, iniciando pelos mais distantes. Quando os tetos estiverem secos, inicia-se a coleta de leite pelos mais próximos. Imediatamente após a coleta, as amostras devem ser colocadas em recipientes com gelo (temperatura 4-8 o C) e mantidas nestas condições por até 24-48 horas até serem entregues no laboratório. A refrigeração impede o crescimento de contaminantes, pois as diferenças existentes, no tempo de crescimento entre os gêneros e as espécies de microrganismos, podem permitir que o contaminante se sobrepusesse ao agente de interesse. Caso não se possa enviá-las para o laboratório neste período, podemos mantê-las congeladas por períodos curtos de até quatro semanas antes do exame. O congelamento pode afetar, em algum grau, o isolamento de E. coli, T. pyogenes e espécies de Nocardia, mas não interfere com o isolamento de S. aureus e estreptococos, incluindo S. agalactiae, S. dysgalactiae e S. uberis após 1-4 meses. No laboratório, deve-se examinar primeiro o aspecto de cada amostra e, em seguida, semear a mostra em meio de cultivo. O diagnóstico nas vacas com mastite pode ser realizado facilmente. Uma amostra deve ser coletada antes do tratamento ou, em até, 5 horas após o tratamento. A secreção láctea é inoculada (0,1 mL da secreção láctea; leite ou Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 mistura dos quatro quartos). Atualmente inoculamos uma alíquota de 10 µL de secreção láctea em cada meio selecionado. A sensibilidade não é aumentada pelo cultivo de 0,5 mL de leite nem o cultivo de cada um dos quartos. Pré-enriquecimento de 6 horas em caldo de BHI dá melhores resultados do que a semeadura diretamente sobre o agar. O número de bactérias presentes dentro da mama sofre flutuações periódicas e, em caso de negatividade, é aconselhável repetir o exame. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico bacteriológico Há meios comerciais que permitem um crescimento bacteriano inicial e, por conseguinte, orientação laboratorial adequada. Alguns desses meios são destinados à produção de pigmentos pelas linhagens do S. agalactiae, devendo ser cultivados em anaerobiose. Geralmente, as linhagens de origem animal não são pigmentadas e sua utilização torna-se restritiva em veterinária. 1- Meio de Islam: Proteose peptona: 23,0 g; Agar: 10 g; Na2HPO4: 5,75 g; Amido solúvel: 5,0 g; NaH2PO4: 1,5 g e soro eqüino inativado: 50,0 mL 2- Meio de Granada (1 litro) Amido solúvel: 150,0 g ; Proteose peptona N° 3: 38,0 g; NaCl: 3,0 g; Lactato de trimetoprima: 0,015 g; Tampão fosfato (0,06M, pH 7,4): 900,0 mL e soro eqüino inativado (adicionar a 90 °C para tornar o meio opaco): 100,0 mL Outros meios seletivos podem ser utilizados, especialmente aqueles descritos por Bouvet et al. 1994 ou Gil et al. 1999 tais como: 1-Caldo de Todd Hewitt, contendo 5 % de sangue, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 8 mg/L de gentamicina. 2-Caldo de Todd Hewitt, contendo 15 mg/L de ácido nalidíxico, 1 mg/L de polimixina e 1 mg/L de cristal violeta. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 3-Meio de Lim: Caldode Todd Hewitt contendo 1 % de extrato de levedura, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 10 mg/L de colistina. 4-Agar sangue seletivo: Agar Columbia contendo 5 % de sangue humano, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 10 mg/L de colistina. O diagnóstico bacteriológico é fácil e, tem como base, a detecção do antígeno do grupo B de Lancefield e hidrólise do hipurato. Os antígenos dos grupos B e G de Lancefield são polissacarídeos, dentro dos quais, a ramnose é o açúcar imunodominante. A visualização direta do S. agalactiae pode ser difícil no exame direto (esfregaço de leite), entretanto é facilmente demonstrado no sedimento centrifugado. Agar sangue- dextrose, contendo toxina beta estafilocócica permite o reconhecimento prévio de colônias do S. agalactiae, sendo confirmado por testes bioquímicos, segundo Quadro abaixo. 1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. iniae; 7) S. porcinus; 8) S. uberis. Testes/Espécies 1 2 4 7 8 Ags Lancefield B Rara m B*, G Nenhum** Rara m B***, E, P, U, V, - Rara m B****, C, D, G, K, P, U, - Hemólise β + + + + - ADH + + d + + β-galactosidase d d - - + β-glucuronidase + - + + + Ac. piroglutâmico arilamidase - - + - d L-arabinose****** - - - - - Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Ciclodextrina****** - - d - - Glicogênio****** - - + - - d Manitol****** - - + + + Pululane****** + + + + d Ribose****** + + + + + Sacarose****** + + + + + Sorbitol****** - - - + + Trealose****** d d + + + Testes/Espécies S.agalactiae S.canis S.iniae S.porcinus S.uberis. + : Caract. positiva. - : Caract. negativa. d : Caract. variável conforme a linhagem. * : Conforme os kits utilizados uma aglutinação pode ser observada com esferas de látex recobertas com Acs específicos do grupo B. ** : Os Streptococcus iniae no entanto, parece conter um Ag específico, comparável a um Ag de grupo removível por um ácido clorídrico ou por formamida (Ag de novo grupo?). *** : Ao utilizar kits comerciais, algumas cepas reagem contra o Ag do grupo B. No entanto, a maioria das linhagens são portadoras do Ag dos grupos E, P, L ou V de Lancefield. Outras estirpes não são grupáveisou portadoras de novos grupos como grupo NG1 (New Group) ou C1 (Ag reagente ao um antissoro obtido a partir de uma cepa suína C1), NG2 e NG3. **** : As linhagens do Streptococcus uberis reagem excepcionalmente com o soro anti grupo B. Geralmente as linhagens não são grupáveis (metade das cepas) ou reagem com o soro anti grupo E de Lancefield (um terço das amostras), mais raramente com o soro anti grupo C, D, G, P ou U e excepcionalmente com o soro anti grupo K. Algumas linhagens reagem com antissoro de muitos grupos como o E e U. ****** : Acidificação. Características bacteriológicas permitem distinguir o Streptococcus uberis sensu lato (Streptococcus uberis e Streptococcus parauberis) do Streptococcus agalactiae e do Streptococcus dysgalactiae subsp dysgalactiae. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O S. agalactiae é normalmente sensível à penicilina e aos beta-lactâmicos, sendo mais freqüentes à lincomicina e à eritromicina. A sensibilidade é variável às tetraciclinas. Há registros de resistência às tetraciclinas, às penicilinas e aos antimicrobianos beta-lactâmicos em propriedade leiteiras expostas a intensa pressão de seleção antimicrobiana ou no tratamento de vacas no período seco. Nos nossos casos de mastites por Streptococcus spp dificilmente é recomendado realizar o TSA. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Streptococcus uberis / parauberis Marcos JP Gomes HISTÓRICO Em 1932, Diernhofer descreveu, pela primeira vez, o Streptococcus uberis e esta nomenclatura está na "Approved Lists of Bacterial Names". Nesta taxonomia, os percentuais de homologia de DNA-DNA permitiram distinguir duas espécies genéticas: S. uberis Tipo I e S. uberis Tipo II. Os estudos das sequencias do 16S rRNA mostraram que os tipos são filogeneticamente distintos. Em 1990, Williams e Collins propuseram reservar a designação de cepas de S. uberis para o Tipo I e designar as linhagens do Tipo II dentro de uma nova espécie chamada S. parauberis. O S. uberis por ser alfa-hemolítico foi colocado no grupo "Streptococcus viridans". No entanto, a comparação das seqüências de RNA ribossômico permitiu colocar o S. uberis e o S. parauberis no grupo de "Streptococcus pyogenes". É difícil diferenciar S. uberis e S. parauberis por suas características fenotípicas e elas parecem ter patogenicidade similares. Além disso, a maioria dos laboratórios não faz a distinção entre estas duas espécies. CARACTERÍSTICAS GERAIS O S. uberis e o S. parauberis são fenotipicamente muito semelhantes, diferindo do crescimento a 10°C que permite diferenciar; o S. parauberis é capaz de crescer (pouco) a 10°C, enquanto que o S. uberis não cresce. Esses microrganismos são cocos Gram positivos, imóveis, algumas vezes capsulados, (metade das amostras desenvolve uma cápsula composta de ácido hialurônico), agrupados aos pares ou formando pequenas cadeias de pequeno tamanho, aeróbio-anaeróbios, catalase negativos, incapazes de resistir ao aquecimento a 60°C por 30 minutos. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 O crescimento ótimo é obtido à temperatura de 35 a 37°C; o crescimento é possível na presença de 4% de Sal, mas pode ocorrer na presença de 6,5% de Sal ou ao pH 9,6. No gelose sangue de carneiro, as colônias são alfa hemolítica ou não hemolítica. CLASSIFICAÇÃO O S. parauberis não é enquadrada no esquema de classificação de grupo Lancefield enquanto que somente 50% das linhagens do S. uberis são grupáveis; um terço das amostras reage ao antissoro E do grupo de Lancefield; outras cepas raramente reagem com os antissoros C, D, G, P ou U, e, excepcionalmente, com antigrupo B ou K. Algumas cepas reagem com vários antissoros (por exemplo, E e U). CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Apresenta resposta positiva aos testes de: Hidrólise da esculina; DHA (com exceção de algumas cepas); arilamidase leucina; a acidificação do amigdalina; da arbutina; celobiose; frutose; β-gentiobiose; da galactose; da glicose; da lactose (com exceção de algumas cepas); da maltose; da manose; do manitol; da N-acetilglicosamina; da sacarose; da salicina; do sorbitol e da trealose. Apresenta resposta negativa aos testes de: DNase; acidificação do adonitol; do D-arabitol; da L-arabitol; do eritritol; da D- fucose; da L-fucose; do glicerol; do glicogênio; do gliconato; do 2-ceto-gliconato; do 5- ceto-gliconato; do inositol; da lixose; da melobiose; da α-metil D glicose; da α-metil D manose; da α-metil D-xilose; da ramnose; da sorbose; da turanose; do xilitol; da D-xilose e da L-xilose. Apresenta resposta variável aos testes de: α-galactosidade; fosfatase alcalina; pirrolidonil-arilamidase (PYR), característica geralmente positiva; VP (resultados divergentes, segundo os estudos); aglutinação da Gênero Streptococcusspp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 lectina de Helix pomatia (Sigma); acidificação do amido; da arabinose (resultados divergem segundo os estudos); do dulcitol; da inulina; da melezitose; da rafinose; da ribose e do D-tagatose. A hidrólise do hipurato é positiva para o S. uberis e variável para o S. parauberis. A produção de β-glucuronidase e o CAMP parecem ser negativo para o S. parauberis e variáveis para o S. uberis. HABITAT, PATOGENICIDADE E FATORES DE VIRULÊNCIA. O S. uberis e o S. parauberis são os principais agentes causadores de mastite bovina e, de acordo com estudos, 20 a 33 % das mastites são causadas por esses germes. Parece que o S. uberis está mais envolvido com casos de mastite bovina do que o S. parauberis. Essas duas espécies causam mastites clínicas e subclínicas em vacas lactantes, especialmente no início da lactação, sendo as principais espécies isoladas durante o período seco. Ao contrário de outros estreptococos, esses microrganismos são isolados da pele da mama, intestino, amídalas, vagina e do ambiente. Raramente, o S. uberis ou S. parauberis são isolados de amostras colhidas de outros animais saudáveis (cornetos nasais de suínos, sêmen de suínos e de touros, narinas de eqüinos), mas pode ser responsável por septicemia (bezerros, suínos, criação de martas), encefalite (bezerros) e abortos (bovinos, eqüinos). Facklam (1977) registrou o isolamento de sete cepas de S. uberis em amostras de sangue e de vários outros materiais clínicos (cistos, feridas, abscessos, urina) de origem humana. Os fatores de virulência ainda são pouco conhecidos: a) A presença da cápsula oferece resistência à fagocitose pelos macrófagos e neutrófilos, protegendo as bactérias fagocitadas pela atividade lítica das células fagocíticas. O S. uberis “in vitro” é capaz de aderir e penetrar nas células do epitélio mamário de origem bovina (linhagem celular MAC-T). O S. uberis produz uma proteína extracelular de 32 kDa (proteína PauA, codificada pelo gene pauA), que converte o plasminogênio em plasmina. A plasmina assim formada se liga à superfície da bactéria que a protege de seu inibidor fisiológico, a alfa2-antiplasmina. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A plasmina possui atividade proteolítica sobre proteínas do leite, tais como a caseína, permitindo que as bactérias utilizem esses aminoácidos para o seu crescimento. Além disso, a plasmina permite a degradação da matriz protéica extracelular a qual facilita a colonização das células por bactérias. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO O diagnóstico bacteriológico deve levar em conta a origem da amostra e o critério de hemólise; se alfa-hemolítico ou não hemolítico. A determinação do antígeno de grupo de Lancefield não é útil para identificação do S. uberis ou S. parauberis, pois esses estreptococos podem reagir com o antissoro contra o antígeno do grupo C Lancefield, podendo confundir com S. dysgalactiae subsp dysgalactiae. No entanto, S. dysgalactiae subsp dysgalactiae não acidifica o manitol e é pirrolidonil arilamidase negativo (com poucas exceções) e DNase positiva, segundo Quadro 2. abaixo. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Quadro 2. Diferenças entre os S. uberis sensu lato (S. uberis e S. parauberis), o S. agalactiae e o S. dysgalactiae subsp dysgalactiae. Espécies S. uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp dysgalactiae α-glucosidase 100 100 100 β-glucosidase 100 100 100 β-glucuronidase 75 60 100 α-fucosidase 0 0 0 β-N-acetil-glicosaminidase 100 0 20 Arginina DH 100 100 100 Tetrationato redutase 0 0 0 α-galactosidase 11 0 0 β-galactosidase 100 100 100 β-xilosidase 0 0 0 Espécies S. uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp dysgalactiae Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Testes S. uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp dysgalactiae Serina aminopeptidase 0 40 60 Prolina aminopeptidase 0 0 0 Pirrolidonil aminopeptidase 92 0 0 Arabinose 100 100 100 Manitol 100 0 0 Sorbitol 100 0 40 Trealose 100 100 100 Rafinose 8 0 0 Inulina 100 0 0 Fosfatase Alcalina* 0 100 100 Bile Esculina 83 0 0 Hidrólise do Hipurato 97 100 0 DNase** 0 100 100 Espécies S. uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp dysgalactiae * : Caract. Estudada em agar nutritivo com 1% de difosfato de fenolftaleína (Sigma). ** : Caract. Estudada com a meio "Dnase Test Agar" (Difco). A distinção entre S. uberis e S. parauberis geralmente não é realizada e está focada na característica de crescimento a 10° C. Técnicas de PCR seguido de análise dos perfis de restrição dos genes que codificam RNAr 16S (enzimas de restrição RsaI e AvaII) ou o uso de sondas (específicas para o 16S rRNA do S. uberis ou do S. parauberis) são usados para diferenciar as duas espécies. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O S. uberis e S. parauberis são geralmente sensíveis aos ATMs beta-lactâmicos (penicilina G, ampicilina, cefalotina), à novobiocina, à lincomicina e ao cloranfenicol. As Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 resistências são observadas à estreptomicina, à gentamicina, à canamicina, à espectinomicina, à tetraciclina e à eritromicina. Nenhum plasmídeo de resistência foi identificado. PROFILAXIA As técnicas convencionais de profilaxia (higiene da ordenha, desinfecção das tetas e terapia da vaca seca) têm pouco efeito sobre a prevenção da mastite causada pelo S. uberis ou S. parauberis porque esses microrganismos podem infectar o úbere entre as ordenhas ou durante o período seco. IMUNOPROFILAXIA Os estudos com imunógenos (injeção subcutânea de uma linhagem viva seguida pela administração intramamária de extratos da parede celular do estrepto ou pela imunização intramamária com uma cepa inativada) mostraram que é possível obter proteção contra a infecção experimental. No entanto, essa proteção é satisfatória somente quando a mesma cepa é utilizada para a preparação de vacinas e na infecção experimental. As seqüências de genes pauA de diferentes linhagens são praticamente iguais (cerca de 99% de homologia entre a seqüência genética pauA de uma linhagem americana e uma cepa inglesa), sugerindo que a proteína PauA é bem conservada e poderia ser um bom candidato para uma vacina. A administração por inoculação subcutânea da proteína PauA parcialmente purificada e misturada a um adjuvante oleoso (SB62 adjuvante) confere proteção contra uma cepa heteróloga. Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Streptococcus spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Streptococcus equi Prof. Marcos JP Gomes Garrotilho INTRODUÇÃO O Streptococcus equi pertence ao grupo dos estreptococos piogênicos e ao grupo C de Lancefield. Esta espécie possui três subespécies e potencial zoonótico para o homem: S. equi subsp equi, S. equi subsp zooepidemicus e o S. equi subsp ruminatorum.
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