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1.000 PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL
DOS AUTORES
Obras destinadas aos estudos para as provas das Faculdades de Direito, aos 
Exames da OAB e a Concursos Públicos:
* 1.000 Perguntas e Respostas de PROCESSO CIVIL
* 1.000 Perguntas e Respostas de PROCESSO PENAL
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO CIVIL
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO PENAL
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO COMERCIAL
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO DO TRABALHO
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO TRIBUTÁRIO
* 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO ADMINISTRATIVO
* 1.000 Perguntas e Respostas sobre ESTATUTO DA OAB/CÓDIGO DE ÉTICA
José Cretella Júnior
Professor Titular de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da USP
José Cretella Neto
Advogado em São Paulo
1.000 PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL
• Para as provas das Faculdades de Direito
• Para os Exames da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
• Para Concursos Públicos
Respostas atualizadas segundo a Constituição Federal de 1988 e as Emendas 
Constitucionais n.º 1/92 a 19/97.
3.ª edição
EDIÇÃO REVISTA FORENSE
Rio de Janeiro
1999
SUMÁRIO
Abreviaturas e siglas usadas IX
Apresentação XI
Capítulo I - INTRODUÇÃO - PRINCÍPIOS - GENERALIDADES
I.I. Evolução Histórica 
1
I.2. As Constituições no Brasil 
7
I.3. O Direito Constitucional e suas Relações com outros Ramos Afins 
15
Capítulo II - CONSTITUIÇÃO
II. 1. Poder Constituinte. Reforma 
19
II.2. Supremacia da Constituição. Controle de Constitucionalidade.
Ação Declaratória de Constitucionalidade 
24
II.3. O Estado e seus Tipos. O Estado Brasileiro 
30
II.4. As Descentralizações do Estado Brasileiro 
36
Capítulo III - SISTEMAS E REGIMES POLÍTICOS - FORMAS DE GOVERNO:
DEMOCRACIA
III. I. Regimes, Formas e Sistemas Políticos 
39
III.2. A Democracia e seus Tipos. Partidos Políticos. A Participação 
Política 40
III.3. Valores e Fatores Condicionantes da Democracia 
46
Capítulo IV - A ORGANIZAÇÃO GOVERNAMENTAL
IV. I. A "Separação de Poderes" 
49
IV.2. O Presidencialismo 
52
IV.3. O Parlamentarismo 
53
IV.4. O Sistema Diretorial 
55
Capítulo V - OS DIREITOS POLÍTICOS
V.1. Nacionalidade 
57
V.2. Cidadania. Direitos Políticos 
63
V.3. Asilo Político. Extradição. Expulsão, Deportação. Repatriamento. 
Banimento 
66
Capítulo VI - O PODER LEGISLATIVO E SUAS TAREFAS
VI.1. Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo 
71
V2.2. A Função Fiscalizadora do Parlamento. 
Os Tribunais de Contas. As comissões Parlamentares
76
VI.3. Processo Legislativo. A Elaboração da Lei 
85
Capítulo VII - O PODER EXECUTIVO
VII.1. Atribuições. Estruturação do Governo. Missão do Poder Executivo 
97
VII.2. O Impeachment 
106
VII.3. A Administração Civil 
109
VII.4. As Forças Armadas 
111
VII.5. A Segurança Pública 
114
Capítulo VIII - O PODER JUDICIÁRIO - O MINISTÉRIO PÚBLICO
VIII.1. O Poder Judiciário e suas Garantias 
117
VIII.2. Organização da Justiça Brasileira 
122
VIII.3. Funções Essenciais à Justiça 
134
Capítulo IX - OS PRINCÍPIOS DO ESTADO DE DIREITO
IX.1. Generalidades 
141
IX.2. Doutrina dos Direitos Fundamentais e sua Evolução 
146
IX.3. Os Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira 
150
Capítulo X - OS REMÉDIOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL
X.1. Generalidades 
161
X.2. Habeas Corpus 
162
X.3. Mandado de Segurança 
165
X.4. Mandado de Injunção 
169
X.5. Habeas Data 
169
X.6. Ação Popular 
170
X.7. Ação Civil Pública 
171
X.8. Direito de Petição 
172
X.9. Direito a Certidões 
173
Capítulo XI - OS SISTEMAS DE EMERGÊNCIA
XI.1. Principais Sistemas 
175
Capítulo XII - A ESTRUTURA ECONÔMICO-SOCIAL - BASES E VALORES DA ORDEM 
ECONÔMICA 
- ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
XII.1. Do Ordenamento Econômico 
183 
 
Capítulo XIII - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
XIII.l. Sistemas Financeiros 
195 
Capítulo XIV - A ORDEM SOCIAL: BASES E VALORES
XIV.1. Generalidades 
197
XIV.2. Seguridade Social 
197
XIV.3. Educação 
200
XIV.4. Cultura 
202
XIV.5. Desporto 
202
XIV.6. Ciência e Tecnologia 
203
XIV.7. Comunicação Social 
204
XIV.8. Meio Ambiente 
206
XIV.9. Família, Criança, Adolescente e Idoso 
208
XIV.10. Índios 
213
Bibliografia 
217
ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Adin Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
ARENA Aliança Renovadora Nacional
art. artigo
CF Constituição Federal
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CP Código Penal
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
DEIP Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda
DF Distrito Federal
DIP Departamento de Imprensa e Propaganda
EC Emenda Constitucional
ECR Emenda Constitucional de Revisão
ed. edição
Ed. Editora
etc. et cetera.
Ex. Exemplo
Gen. General
JCJ Juntas de Conciliação e Julgamento
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LICC Lei de Introdução ao Código Civil
LOMN Lei Orgânica da Magistratura Nacional
MDB Movimento Democrático Brasileiro
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MP Ministério Público
nº número
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
ONG's Organizações Não-Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PC do B Partido Comunista do Brasil
PDT Partido Democrático Trabalhista
Petrobrás Petróleo Brasileiro S.A.
PFL Partido da Frente Liberal
PL Partido Liberal
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PP Partido Popular
PSB Partido Socialista Brasileiro
PSD Partido Social Democrata
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira
PSP Partido Social Popular
PT Partido dos Trabalhadores
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
R. Resposta
RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RISTJ Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça
SAE Secretaria de Assuntos Estratégicos
SNI Serviço Nacional de Informações
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiça
STM Superior Tribunal Militar
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
SUS Sistema único de Saúde
TCE Tribunal de Contas do Estado
TCM Tribunal de Contas do Município
TCU Tribunal de Contas da União
TFR Tribunal Federal de Recursos
TJ Tribunal de Justiça
trad. tradução
TRE Tribunal Regional Eleitoral
TRF Tribunal Regional Federal
TRT Tribunal Regional do Trabalho
TSE Tribunal Superior Eleitoral
TST Tribunal Superior do Trabalho
UDN União Democrática Nacional
UE União Européia
vol. volume
APRESENTAÇÃO
Este livro faz parte de uma coleção - 1.00O Perguntas e Respostas - 
originalmente aos candidatos aos Exames da OAB. 
Para grata surpresa dos autores, no entanto, os alunos de graduação dos 
Cursos de Direito de todo o País passaram a adquiri-los a fim de estudar para 
as provas das matérias lecionadas nas faculdades, sendo que, em algumas delas 
os próprios professores passaram a adotar nossos livros. 
Também candidatos a concursos públicos, sempre preocupados em estudar as 
matérias exigidas, no menor espaço de tempo possível, e de forma organizada, 
vêm utilizando os volumes da coleção para complementar sua preparação. 
Por isso, acrescentamos nas capas que os livros podem ser usados para as 
provas das Faculdades de Direito, para os Exames da OAB e para Concursos 
Públicos.
Como nos demais volumes da coleção, procurou-se facilitar o estudo, 
segundo uma estrutura lógica e mantendo, em boa parte, a ordem das matérias de 
acordo com a Constituição Federal de 1988, procurando, também, seguir os 
tópicos do Curso de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da USP. 
Assim, os estudantes e candidatos poderão preparar-se, de forma 
organizada, enfocando as partes em que se sentirem mais inseguros, mas sem 
perder de vista o sistema jurídico constitucional, que consiste em interpretar 
dispositivos não de forma isolada, mas em consonância com todo o conjunto 
normativo. 
A todos, bons estudos, boas provas!
Os Autores
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO - PRINCÍPIOS- GENERALIDADES
I.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1) Em que sentidos pode ser entendido o vocábulo "Constituição"? 
R.: Constituição é vocábulo que pode ser entendido em sentido político, 
sociológico ou puramente jurídico.
2) O que significa o vocábulo "Constituição", em sentido político?
R.: Em sentido político, Constituição é um documento formal e solene, um 
conjunto de normas jurídicas, que dispõem sobre a organização fundamental do 
Estado e orientam seu funcionamento, além de estabelecer garantias aos direitos 
individuais e coletivos.
3) O que significa o vocábulo "Constituição" em sentido sociológico?
R.: Em sentido sociológico, Constituição é a soma dos fatores reais de poder 
que existem em determinado país, consistindo a lei escrita meramente em uma 
formalização desses poderes.
4) O que significa o vocábulo "Constituição", em sentido puramente jurídico?
R.: Em sentido puramente jurídico, Constituição é uma norma fundamental 
hipotética, que serve de fundamento lógico de validade da norma positiva 
suprema, dentro de um ordenamento jurídico, que regula a criação de outras 
normas.
5) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à forma das regras 
constitucionais? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à forma das regras 
constitucionais, em escrita (consiste em normas legislativas positivadas) e não 
escrita (também denominada consuetudinária ou inorgânica - consiste na 
observação dos usos e dos costumes).
pág. 2
6) De que espécies pode ser a Constituição escrita?
R.: A Constituição escrita pode ser codificada (quando todas as normas constam 
de um único diploma legal, a Constituição) ou não-codificada (quando as normas 
constam de diversos diplomas legais).
7) Como pode ser classificada a Constituição, quanto ao conteúdo das regras 
constitucionais?
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto ao conteúdo das regras 
constitucionais, em material e formal.
8) De que espécies pode ser a Constituição material?
R.: A Constituição material pode ser material em sentido amplo (enquanto 
refletir e se identificar plenamente com o regime político ao qual o Estado 
está submetido) e material em sentido estrito (quando o conteúdo consiste em 
normas que tratam exclusivamente de matérias constitucionais).
9) O que é Constituição formal?
R.: Constituição formal é aquela solenemente promulgada, diploma orgânico que 
reflete a estrutura e o funcionamento do Estado, somente passível de 
modificações mediante processos e formalidades especiais, nela previstos.
10) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à origem?
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à origem, em dogmática e 
histórica.
11) O que é Constituição dogmática?
R.: Constituição dogmática é a que resulta da aplicação de princípios (ou 
dogmas), de modo consciente, que fixam a organização fundamental do Estado.
12) O que é Constituição histórica?
R.: Constituição histórica é aquela que provém de lenta evolução dos valores do 
povo, em determinada sociedade, resultando em regras escritas (leis) e não 
escritas (usos e costumes).
pág. 3
13) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à estabilidade das regras 
constitucionais?
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à estabilidade das regras 
constitucionais, em rígida, semi-rígida e flexível.
14) O que é Constituição rígida?
R.: Constituição rígida é aquela em que as regras constitucionais somente podem 
ser alteradas mediante processo especial e qualificado, de infreqüente 
aplicação.
15) O que é Constituição semi-rígida?
R.: Constituição semi-rígida é aquela em que as regras constitucionais podem 
ser alteradas, em parte pelo processo legislativo comum e em parte, por 
processo especial.
16) O que é Constituição flexível?
R.: Constituição flexível é aquela em que as regras constitucionais são 
passíveis de modificações pelo processo legislativo comum.
17) Em que consiste a chamada Constituição-garantia?
R.: Constituição-garantia é a denominação que se dá à Constituição do tipo 
clássico, que assegura liberdades individuais e coletivas e limita o poder do 
Estado.
18) Em que consiste a chamada Constituição-balanço?
R.: Constituição-balanço é a denominação que se dá à Constituição que meramente 
descreve e sistematiza a organização política do Estado, refletindo um estágio 
nas relações de poder, sendo revisada a cada salto evolutivo significativo. Foi 
o tipo utilizado nos países socialistas, antes da queda do Muro de Berlim, em 
1989.
19) Em que consiste a chamada Constituição-dirigente?
R.: Constituição-dirigente é a denominação que se dá à Constituição cujas 
normas estabelecem diretrizes para o exercício do poder, de forma a atingir 
objetivos políticos, sociais e econômicos, e que contém, para tal, normas 
constitucionais programáticas.
20) Como pode ser classificada a Constituição, quanto ao modo de elaboração?
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto ao modo de elaboração, em 
dogmática (sempre escrita, elaborada por órgão constituinte, consagra os dogmas 
políticos e jurídicos dominantes na época da elaboração) e histórica (sempre 
não escrita, ou costumeira, quando resulta de longo processo de sedimentação 
política, social e jurídica, não se conseguindo determinar ao certo sua fonte).
pág. 4
21) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à origem?
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à origem, em popular (ou 
democrática), quando elaborada por uma Assembléia Constituinte, composta por 
representantes eleitos pelo povo, e outorgada (ou imposta), quando o governante 
ou interposta pessoa elabora o texto constitucional, sem participação do povo.
22) Que são regras materialmente constitucionais?
R.: Regras materialmente constitucionais são aquelas que dispõem sobre as 
formas de governo, do Estado, de aquisição e exercício do poder, da estrutura 
dos órgãos de poder do Estado e dos limites da ação estatal, contidas ou não na 
Constituição.
23) Que são regras formalmente constitucionais?
R.: Regras formalmente constitucionais são aquelas que, embora contidas na 
Constituição, não têm conteúdo constitucional.
24) Qual a origem histórica das Constituições?
R.: A origem histórica das Constituições costuma ser apontada como a Magna 
Carta, de 1215, um documento escrito, outorgado pelo Rei João Sem Terra a seus 
nobres, celebrado na Inglaterra, garantindo-lhes determinados direitos e 
benefícios.
25) A Magna Carta estabelecia limites à atuação do rei, relativamente aos 
direitos de todas as pessoas do povo?
R.: Não. Era um pacto visando o respeito aos direitos dos senhores feudais, 
exclusivamente, por parte da Coroa, não incluindo garantias às pessoas do povo.
26) Que outros diplomas legislativos são apontados como formadores do moderno 
conceito de Constituição?
R.: Aponta-se: a) a Petition of Rights, de 1628, imposta pelo Parlamento inglês 
ao Rei Carlos I, da Inglaterra, para que a Coroa respeitasse os direitos de 
todos os cidadãos ingleses; e b) os contratos de colonização, celebrados na 
América do Norte pelos peregrinos ingleses (como o Compact, de 1620, celebrado 
a bordo do navio Mayflower e as Fundamental Orders of Connecticut, de 1639).
pág. 5
27) Em que diferem esses diplomas legais do século XVII de diplomas legais 
anteriores, tais como a Magna Carta?
R.: Embora a Magna Carta constitua inegável avanço no campo jurídico 
constitucional, tanto ela quanto os forais e as cartas de franquia eram 
destinadas a determinados grupos de pessoas, sendo sempre outorgadas pelo 
monarca; os diplomas legais do século XVII diferenciam-se destas porque 
refletem o estabelecimento e a organização do governo pelos próprios cidadãos, 
que a eles se submetem, consistindo em uma espécie de pacto (ou contrato) 
social, idéia desenvolvida pelos filósofos Locke, Hobbes, e Rousseau.
28) Que avanços surgiram no século XVIII,em relação à organização social do 
Homem?
R.: No século XVIII surge o Iluminismo, doutrina que individualiza os direitos 
do Homem, separando-os dos da sociedade; essa visão ideológica é fonte do 
liberalismo econômico, que privilegia a livre-concorrência em face do dirigismo 
estatal, sendo representada pela expressão laissez-faire. A ênfase nos direitos 
naturais do Homem impõe limites à atuação do Estado, prevendo remédios à 
violação de direitos dos cidadãos. Do ponto de vista organizacional, surge a 
doutrina da separação dos poderes, elaborada por John Locke no livro Segundo 
Tratado do Governo Civil e por Montesquieu, em seu livro O Espírito das Leis. 
Em 1789, eclode a Revolução Francesa, ocasião em que foi promulgada a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26.08.1789), que a consagra no 
art. 16.
29) Em que consiste a doutrina da separação dos poderes?
R.: A doutrina da separação dos poderes baseia-se na idéia de que todo homem 
investido de poder é tentado a abusar desse poder, e que a divisão de poderes e 
funções do Estado é necessária para impedir a arbitrariedade; constitui a base 
da organização liberal e das democracias modernas, o instrumento da "segurança 
dos cidadãos".
pág. 6 
30) O que é constitucionalismo?
R.: Constitucionalismo é o movimento de caráter político e jurídico, de cunho 
liberal, em voga entre o final do século XVIII e o término da Primeira Guerra 
Mundial, cujo objetivo é o estabelecimento de Estados de direito baseados em 
regimes constitucionais, isto é, fundados numa Constituição democrática, que 
delimita claramente a atuação do Poder Público, mediante a separação dos 
poderes, e assegura ampla proteção aos direitos dos cidadãos, impondo o 
exercício, no plano político, do chamado "governo das leis e não dos homens".
31) Que transformações sofreu o constitucionalismo, após o término da Primeira 
Guerra Mundial?
R.: Ao término da Primeira Guerra Mundial, surgiram novos países na Europa, que 
adotaram Constituições escritas; outras correntes políticas, como as defendidas 
pelos partidos socialistas e democratas-cristãos, passaram a ter influência 
junto à opinião pública, e dissociaram o constitucionalismo do movimento 
liberal, acrescendo dimensão social e econômica às Constituições, 
contrabalançando a anterior supremacia dos direitos individuais.
32) O que se entende por racionalização do poder?
R.: Entende-se por racionalização do poder uma forma extremada de 
constitucionalismo, que consiste na tentativa de utilizar mecanismos jurídicos, 
elaborados pelos teóricos do Direito, no sentido de incorporá-los às 
Constituições, enquadrando completamente a vida política da nação nessa espécie 
de documento legal.
33) Que críticas são dirigidas à corrente doutrinária da racionalização do 
poder?
R.: As principais críticas são as seguintes: a) a vida política de uma nação é 
por demais variada para ser completamente regulada por uma Constituição rígida; 
e b) nenhuma regra jurídica, por si só, logrará êxito, à falta de um adequado 
substrato sócio-econômico, com o qual se harmonize.
34) Pode o constitucionalismo ser considerado tendência em completo desuso?
R.: Não. Embora bastante modificado em relação à forma original, ressurge o 
constitucionalismo, com maior ou menor intensidade, sempre que um Estado decide 
elaborar nova Constituição ou emendar a existente; ainda que suas virtudes já 
sejam menos evidentes, há aqueles que continuam a acreditar na possibilidade de 
racionalizar o poder, insculpindo na Constituição todas as leis fundamentais 
reguladoras da vida política da nação.
pág. 7
I.2. CONSTITUIÇÕES NO BRASIL
35) Que Constituições já teve e tem o Brasil?
R.: O Brasil, independente de Portugal desde 1822, teve oito Constituições, a 
primeira promulgada no Império, em 1824; a segunda, e as seguintes foram 
promulgadas durante o período republicano, nos anos de: 1891, 1934, 1937 
(denominada "polaca", pois se inspirou na Constituição polonesa), 1946, 1967 
(regime militar), 1969 (verdadeira Constituição, embora formalmente outorgada 
pela Emenda Constitucional n.º 1) e, finalmente, a de 1988.
36) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da 
Constituição do Império, a primeira Constituição do Brasil, de 1824? 
R.: Para elaborar a Constituição do Império foi criada uma Assembléia 
Constituinte, formada de delegados das Províncias, cujo primeiro cuidado foi o 
de elaborar uma compilação das leis existentes; dissolvida a Assembléia pelo 
Imperador, devido aos incidentes entre brasileiros e portugueses "adotivos", 
foi criado o Conselho de Estado, que apresentou o Novo Projeto de Constituição, 
aprovado na íntegra pelo Imperador D. Pedro I. Suas mais importantes 
características são: a) influência das quatro Declarações Revolucionárias 
Francesas e do filósofo positivista e jurista francês Benjamin Constant; b) 
proteção aos direitos civis e políticos do cidadão; c) abolição de privilégios 
não essenciais e inteiramente ligados aos cargos por utilidade pública; e d) 
abolidas, as penas de açoite, tortura, marcas de ferro quente e todas as penas 
cruéis.
37) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da segunda 
Constituição do Brasil e primeira da República, de 1891, e da reforma que a ela 
se seguiu, em 1926? 
R.: Por orientação de Rui Barbosa, a primeira Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil tomou por modelo a Constituição Norte-Americana, dela 
extraindo seus princípios fundamentais e sendo promulgada em 24.02.1890, com 90 
artigos; posteriormente, em 1926, foi profundamente reformada, passando a 
apresentar as seguintes características: a) seus princípios foram enumerados; 
b) foi instituído o veto parcial; c) adequação do habeas corpus somente para 
garantir a liberdade de locomoção; d) determinação de que nenhum emprego seria 
criado, nem vencimento algum, civil ou militar, seria alterado, senão por lei 
ordinária especial; e e) outorgada competência ao Chefe do Poder Executivo para 
poder expulsar do território nacional os estrangeiros perigosos à ordem pública 
ou aos interesses da República.
pág. 8
38) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da terceira 
Constituição do Brasil, e segunda da República, de 1934? 
R.: Vitoriosa a Revolução de 1930 e deposto o Presidente Washington Luís, 
assume o Governo uma Junta Governativa composta por dois Generais (Tasso 
Fragoso e Menna Barreto) e um Contra-Almirante (Isaías de Noronha), que, a 
seguir, transmitem o Governo ao chefe supremo da revolução, Getúlio Vargas; 
promulgada em 16.07.1934, continha 187 artigos e apresentava as seguintes 
características: a) mantinha a forma federativa de Governo; b) declarava 
independentes e harmônicos os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; c) 
discriminava os impostos federais e estaduais e assegurava autonomia municipal, 
em tudo o que se referisse ao peculiar interesse da Comuna; d) a Câmara dos 
Deputados compunha-se, além de representantes do povo, eleitos mediante sistema 
proporcional e sufrágio direto, também de representantes de associações 
profissionais, no total de um quinto da representação popular; e e) O Senado 
não tomava parte na votação de todas as leis. Em 12.12.1935 foram promulgadas 
as Emendas n.ºs 1, 2 e 3.
39) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da quarta 
Constituição do Brasil, e terceira da República, de 1937? 
R.: Em 10.11.1937, Getúlio Vargas comanda um golpe de Estado, alegando riscos à 
paz política e social, com ameaças de guerra civil e de infiltração comunista; 
fecha o Congresso e passa a governar por Decretos-leis; promulga nova 
Constituição, contendo, também, 187 artigos, elaborada pelo jurista Francisco 
Campos, que apresenta as seguintes características: a) o Parlamento pode 
autorizar o Presidente da República a expedir Decretos-leis, mediante ressalvas(art. 12); no art. 180, permite que o Presidente expeça Decretos-leis enquanto 
não se reunir o Parlamento Nacional (nunca se reuniu durante o governo 
ditatorial de Getúlio Vargas); b) transforma a Federação em Estado unitário, 
revogando as Constituições estaduais; e c) institui o Departamento de Imprensa 
e Propaganda-DIP e, em cada Estado o DEIP, com radioescutas, tudo ouvindo e 
controlando. Na verdade, a CF de 1937 (denominada "Polaca", pelo modelo seguido 
e por seu caráter absolutista, precedida de justificação), legalizava uma 
ditadura de caráter populista, que somente foi afastada a partir do final da 
2.ª Guerra Mundial.
pág. 9
40) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da quinta 
Constituição do Brasil, e quarta da República, de 1946?
R.: Afastado Getúlio Vargas do poder, foi reunida, em 02.02.1946, a Assembléia 
Nacional Constituinte; a nova Constituição foi promulgada em 18.09.1946, e 
refletia, de modo preciso, todo o quadro social e Político do mundo e do 
Brasil, após a 2.ª Guerra Mundial, entrando o mundo numa fase em que 
predominava o espírito democrático, e o social se sobrepunha ao individual. 
Apresentava como principais características, algumas delas inovadoras: a) o 
Poder Judiciário tinha como ápice o STF e cada Estado tinha um Tribunal de 
Justiça; b) controle constitucional de qualquer lesão de direito; c) 
restabelecimento do cargo de Vice-Presidente da República; d) criação do 
Tribunal Federal de Recursos-TFR e do Conselho Nacional de Economia; e) 
integração da Justiça do trabalho ao âmbito do Judiciário; e f) reconhecimento 
do direito de greve.
41) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da sexta 
Constituição do Brasil, e quinta da República, de 1967?
R.: Jânio Quadros, democraticamente eleito em 1960, renunciou sete meses 
depois, em 25.08.1961, sendo sucedido pelo Vice-Presidente eleito (pelo sistema 
vigente então, não precisavam, os candidatos a presidente e Vice, pertencer à 
mesma chapa), João ("Jango") Goulart. Visando transformar o Brasil em uma 
República Sindicalista, de feição socialista, embora admirador do peronismo 
argentino e do caudilhismo de Getúlio Vargas (seu "pai político"), chocou-se 
Jango com o forte sentimento e orientação nacionalista das Forças Armadas, que 
o depuseram em 31.03.1964, assumindo o Governo o Marechal Humberto de Alencar 
Castello Branco; seu sucessor, eleito indiretamente pelo Congresso, Gen. Arthur 
da Costa e Silva, incumbiu um corpo de juristas da elaboração do projeto de 
nova Constituição, que entrou em vigor em 15.03.1967, contendo 189 artigos e 
reflete o caráter autoritário do Governo Militar.
pág. 10
42) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da sétima 
Constituição do Brasil, e sexta da República, de 1969?
R.: Resultado da conturbação política da época, que culminou com discurso 
injurioso às Forças Armadas, proferido no Plenário da Câmara Federal por um 
Deputado, em setembro de 1968, foi editado o Ato Institucional n.º 5, em 
13.12.1968, que implantou nítido regime de força no país, abolindo as garantias 
para o cidadão e para a Magistratura. Falecendo o Presidente Costa e Silva, 
após enfermidade que o afastou do poder, a Junta Militar que governava em seu 
lugar editou a Emenda Constitucional n.º 1, em 17.10.1969, que reiterava o 
caráter autoritário da CF de 1967, alterando-a. A nova Constituição, com 217 
artigos (embora denominada "Emenda", deve ser considerada verdadeira Carta 
Constitucional), e os Atos Institucionais editados, consagraram o mais 
autoritário regime da História do Brasil, dispondo, por exemplo que: a) seria 
autorizado o banimento do brasileiro que se tornasse inconveniente, nocivo ou 
perigoso à segurança nacional; b) passavam a existir as penas de prisão 
perpétua e pena de morte, em hipóteses de guerra externa, psicológica, adversa, 
revolucionária ou subversiva; c) era vedado o emprego de mandado de segurança e 
de habeas corpus, relativamente a atos do Estado; d) ficava suspensa a 
vitaliciedade e a inamovibilidade dos magistrados; e e) era permitida a 
cassação de mandatos eletivos, nas três esferas de Poder.
43) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da oitava 
Constituição do Brasil, e sétima da República, de 1988?
R.: O Governo Militar, após a enfermidade de Costa e Silva (que culminou com 
seu falecimento, em dezembro de 1969), substituído por uma Junta, passou para 
as mãos do Gen. Emílio Garrastazu Médici, precisamente na data da entrada em 
vigor da EC n.º 1/69, 17.10.1969; foram reabertas as Assembléias Legislativas 
dos Estados e prometida gradativa abertura do regime; sucedeu-o, em 1974, o 
Gen. Ernesto Geisel, que também passou a promover um programa de abertura 
política, "lenta, gradual e segura", segundo o critério alardeado pelo governo, 
na época; sucedeu-o, por sua vez, por meio de nova eleição indireta, o Gen. 
João Baptista Figueiredo, durante cujo mandato ocorreram amplas manifestações 
populares, que visavam à redemocratização do país e a realização de eleições 
diretas (movimento "Diretas Já !"). Ainda uma vez, foram realizadas eleições 
indiretas, ganhando o candidato Tancredo Neves, que deveria tomar posse em 
15.03.1985; acometido de grave moléstia, assumiu a Presidência, de forma 
irregular, José Sarney, seu Více (a rigor, deveria assumir o Presidente da 
Câmara dos Deputados, pois o Vice somente sucede o Presidente, quando afastado; 
como não chegou a tomar posse, Tancredo não era, ainda, Presidente), dando 
início à era chamada de "Nova República". Convocada para se reunir 
unicameralmente a Assembléia Nacional Constituinte, em 01.02.1987, culminaram 
os trabalhos com a promulgação da Nova Constituição, a 05.10.1988, com 245 
artigos e mais 70 artigos constantes do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias - ADCT, cuja mais significativa característica é seu cunho 
democrático, que firma o Brasil como Estado de Direito; algumas inovações 
merecem destaque: a) mandado de segurança coletivo; b) mandado de injunção; c) 
habeas data; d) proteção a direitos difusos e coletivos; e e) consagração do 
STF como Corte predominantemente constitucional, criação do Superior Tribunal 
de Justiça - STJ e extinção do Tribunal Federal de Recursos - TFR.
pág. 11
44) Qual a estrutura da atual Constituição do Brasil, de 1988?
R.: A Constituição brasileira abre com um Preâmbulo, que consiste em declaração 
solene dos membros da Assembléia Nacional Constituinte, sintetizando o 
pensamento que norteou o trabalho de elaboração, e afirmando que, reunidos para 
instituir um Estado Democrático, a promulgam; os 245 artigos e centenas de 
incisos da Lei Magna distribuem-se em 10 capítulos, denominados Títulos, que 
são: I - Dos Princípios Fundamentais (arts. 1.º a 4.º); II - Dos Direitos e 
Garantias Fundamentais (arts. 5.º a 17); III - Da Organização do Estado (arts. 
18 a 43); IV - Da Organização dos Poderes (arts. 44 a 135); V - Da Defesa do 
Estado e das Instituições Democráticas (arts. 136 a 144); VI - Da Tributação e 
do Orçamento; VII - Da Ordem Econômica e Financeira (arts. 170 a 192); VIII - 
Da Ordem Social (arts. 193 a 232); IX - Das Disposições Constitucionais Gerais 
(arts. 233 a 245). Além disso, ao final, 70 artigos (numerados de 1.º a 70), 
compõem o ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
pág. 12
45) Como pode ser classificada a atual Constituição brasileira?
R.: A atual Constituição brasileira pode ser classificada como formal, escrita, 
dogmática, popular e rígida.
46) Qual o importante princípio político consagrado no art. 1.º da CF de 1988?
R.: O art. 1.º consagra o princípio da democracia direta, isto é, o poder 
político pode ser exercido não apenas por meio dos representantes do povo 
(democracia indireta), mas também por qualquer cidadão que, por meio de 
mecanismos previstos, poderá submeter projeto delei ao Congresso.
47) Quais os fundamentos democráticos do poder, constitucionalmente assegurados?
R.: Os fundamentos democráticos do poder, estabelecidos no art. 1.º da CF são: 
a) a soberania; b) a cidadania; c) a dignidade da pessoa humana; e d) os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
48) Quais os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, 
estabelecidos na CF?
R.: Os objetivos fundamentais, estabelecidos pelo art. 3.º da CF, são: a) 
construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento 
nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; e d) promover o bem de todos, sem preconceito de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
49) Que espécies de direitos e garantias fundamentais constam da CF de 1988? 
R.: A atual CF estabelece garantias e direitos fundamentais que podem ser 
agrupados em quatro espécies: a) direitos individuais e coletivos (art. 5.º, 
contendo 77 incisos; b) direitos sociais (arts. 6.º a 12); c) nacionalidade 
(art. 12); e d) direitos políticos (arts. 14 a 17).
50) As regras constitucionais informais significam a dissolução das 
Constituições tradicionais? 
R.: Não. O acolhimento de regras constitucionais informais, pelos sistemas 
jurídicos, somente ocorre quando essas regras obedecem a determinados 
requisitos, tais como se constituírem em expectativas regulares de 
comportamentos e decisões, terem conexão imediata com as normas jurídico-
constitucionais (como regras complementares), terem um fundamento de validade 
jurídica e se situarem dentro dos limites dos princípios e das normas do 
Direito Constitucional formal. As Constituições tradicionais não perdem seu 
papel fundamental, apenas incorporam essas normas, o que lhes confere nova 
ótica legal.
pág. 13
51) Que são normas constitucionais auto-executáveis? 
R.: Normas constitucionais auto-executáveis são aquelas que devem ser aplicadas 
imediatamente, a partir da entrada em vigor da Constituição, sem a necessidade 
de regra jurídica infraconstitucional posterior.
52) Que são normas constitucionais não auto-executáveis? 
R.: Normas constitucionais não auto-executáveis são aquelas que não podem ser 
imediatamente aplicadas, a partir da entrada em vigor da Constituição, porque 
necessitam de regra jurídica infraconstitucional posterior, que estabeleça a 
forma e as condições de aplicabilidade da norma. 
53) Que modelos de Constituição vigoraram no Mundo, no século XX?
R.: No século XX, os principais modelos de Constituição seguidos no Mundo 
foram: a) do Estado de direito liberal; b) do Estado social; e c) do Estado 
socialista.
54) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado de direito 
liberal? 
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) o 
único referencial da Constituição é o Estado; b) observação dos princípios 
fundamentais da concepção de Estado liberal: autonomia privada, economia de 
mercado, garantias à propriedade privada, ingerência mínima do Estado, apenas 
de forma subsidiária e secundária; c) racionalização e limitação do poder do 
Estado, e consagração de garantias do indivíduo contra sua atuação; d) dualismo 
Estado-sociedade, expresso na força normativa da Constituição, que regula 
juridicamente a organização dos órgãos do Estado, em separado da sociedade; e 
e) a interpretação da vontade constitucional é feita com base no texto escrito, 
expresso, e no contexto jurídico amplo, oculto.
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55) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado social?
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) 
os referenciais da Constituição são o Estado e a sociedade; b) observação dos 
princípios fundamentais da concepção de Estado social: intervenção do Estado 
nos planos social, econômico e político, de forma a assegurar as formas de 
existência social, a igualdade econômica e restringir a liberdade do indivíduo 
em face do interesse social; c) imposição de fins e tarefas ao Poder Público, 
de modo que os direitos das pessoas sejam atingidos mediante participação 
direta do Estado; e d) a interpretação da vontade constitucional é feita por 
meio da análise do texto e do contexto, descodificados, isto é, a mensagem 
social, econômica e cultural é inequivocamente enunciada.
56) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado socialista?
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) 
os referenciais da Constituição são, pretensamente, o Estado e a sociedade; b) 
observação dos princípios fundamentais da concepção de Estado socialista, que 
tem caráter classista, controla ao máximo a propriedade e os meios de produção 
e é centralizador de decisões em todas as esferas da vida social e econômica; 
c) as tarefas do Estado são enunciadas de forma programática; d) preponderância 
extremada dos objetivos do Estado em face dos direitos individuais, restando ao 
indivíduo poucas defesas contra as pretensões estatais; e e) a Constituição 
contém forte matiz ideológico, servindo ao mesmo tempo de programa de ação e de 
balanço das conquistas consideradas revolucionárias.
57) De que espécies podem ser os elementos constitutivos da Constituição, 
segundo o conteúdo das normas?
R.: Os elementos constitutivos da Constituição, segundo o conteúdo das normas, 
podem ser das seguintes espécies: a) orgânicos - normas sobre a estrutura e o 
funcionamento do Estado e o exercício do poder; b) limitativos - normas que 
delimitam a atuação do Estado e asseguram proteção aos direitos fundamentais 
dos cidadãos; c) sócio-ideológicos - normas que equilibram a extensão dos 
direitos individuais com os direitos da coletividade, por meio da ação 
intervencionista do Estado, assegurando proteção a grupos minoritários; d) de 
estabilização constitucional - normas que prevêem a solução de conflitos 
constitucionais, a defesa do Estado, das instituições e da própria 
Constituição; e e)formais de aplicabilidade - normas que prescrevem regras de 
aplicação da Constituição.
pág. 15
58) Indicar, no texto da atual Constituição brasileira, normas que exemplificam 
cada uma das espécies de elementos constitucionais.
R.: a) elementos orgânicos: Título IV - Da Oganização dos Poderes e do Sistema 
de Governo; b) elementos limitativos: Título II - Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais; c) elementos sócio-ideológicos: Título VIII - Da Ordem Social; d) 
elementos de estabilização constitucional - art. 102, I, a - ação direta de 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual; e e) 
elementos formais de aplicabilidade - ADCT - Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias.
I.3. O DIREITO CONSTITUCIONAL E SUAS RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS AFINS
59) Em que consiste o Direito Constitucional?
R.: Direito Constitucional é o ramo do direito público interno que tem como 
objeto a forma e a estrutura do Estado, dos sistemas de governo, a organização, 
o funcionamento, as atribuições e as relações entre seus órgãos superiores, o 
Poder Legislativo e o Poder Executivo e, por fim, a participação ativa do povo, 
no governo, cuja importância é cada vez mais acentuada, nos modernos Estados de 
direito.
60) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Ciência Política? 
R.: O Direito Constitucional tem por objeto o estudo do estatuto jurídico do 
poder; a Ciência Política tem por objeto o estudo do poder, no plano político.
61) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Administrativo?
R.: O Direito Administrativo estuda e regula a estrutura e a ação da 
Administração Pública, buscando seus princípios e orientação na Constituição.
pág. 16
62) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Processual?
R.: O Direito Processual estuda e regula a atuação do Poder Judiciário,cuja 
estrutura é determinada pela Constituição; os princípios fundamentais do 
Direito Processual são expressamente determinados, ou se inspiram, no texto 
constitucional.
63) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Tributário?
R.: O Direito Tributário estuda e regula o poder de tributar das pessoas 
jurídicas de direito público político interno (União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios) e suas relações com os contribuintes ou responsáveis tributários; 
os princípios fundamentais do Direito Tributário aparecem expressamente 
determinados, ou se inspiram, no texto constitucional.
64) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Penal? 
R.: O Direito Penal orienta-se por princípios constitucionais, fundados nos 
direitos e liberdades garantidos aos cidadãos pela Constituição.
65) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Civil? 
R.: As regras de Direito Civil devem obedecer às normas constitucionais gerais 
sobre família e propriedade.
66) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Comercial?
R.: As regras de Direito Comercial sofrem restrições impostas pelas normas 
constitucionais, que dispõem sobre o controle acionário de empresas que 
exploram determinadas atividades, ou determinam a existência de monopólios 
estatais, isto é, vedam a participação da iniciativa privada em alguns 
segmentos da economia do país.
67) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Trabalhista?
R.: O Direito do Trabalho tem por objeto o estudo e a regulamentação das 
relações jurídicas individuais e coletivas entre empregados e empregadores, e 
suas normas devem obedecer aos preceitos constitucionais que dispõem sobre as 
garantias, os direitos e os deveres de ambos.
pág. 17
68) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Teoria Geral do Estado? 
R.: A Teoria Geral do Estado fornece elementos essenciais ao Direito 
Constitucional, quanto à estrutura do Estado e à atuação dos regimes de governo 
inspirados por diversas correntes políticas.
69) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Economia?
R.: A Economia fornece os conhecimentos necessários para adequar as normas 
constitucionais que têm influência na vida econômica do país.
70) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Filosofia?
R.: A Filosofia fornece valores morais e éticos, orientativos do funcionamento 
das organizações políticas.
71) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Sociologia?
R.: A Sociologia explica o funcionamento e o inter-relacionamento entre os 
diversos fenômenos sociais, fornecendo o contexto necessário para a elaboração 
normativa.
CAPÍTULO II - CONSTITUIÇÃO
II.1. PODER CONSTITUINTE. REFORMA
72) Em que consiste o Poder Constituinte? 
R.: Poder Constituinte é o órgão legislativo do Estado, dotado de autoridade 
política, cuja finalidade é criar ou rever a Constituição, e do qual derivam 
todos os outros poderes do Estado, não sendo instituído por nenhum anterior a 
ele.
73) Em que época surge a noção de Poder Constituinte?
R.: A noção de Poder Constituinte surge com o panfleto de Sièyès, do início da 
chamada Idade Moderna, sendo contemporânea da noção de Constituição escrita.
74) Quem detém a titularidade do Poder Constituinte? 
R.: O detentor da titularidade do Poder constituinte é o povo.
75) O que é Poder Constituinte originário? 
R.: Poder Constituinte originário (também chamado próprio) é o órgão 
legislativo incondicionado, dotado de autoridade política máxima, e que promove 
a criação de nova Constituição (em Estado que acabou de nascer), ou a 
substituição de uma Constituição por outra ou, ainda, dá origem a novo Estado.
76) Quais os atributos do Poder Constituinte originário? 
R.: O Poder Constituinte originário apresenta os seguintes atributos: a) é 
causa de si, porque não se fundamenta em nenhum outro; b) é autônomo, porque 
não vinculado a nenhum outro poder, que o circunscreva, c) é incondicionado, 
porque não existe, em texto anterior, nenhum conjunto de normas que lhe dite o 
modo de agir; e d) é limitado, porque disciplinado por princípios de direito 
natural.
pág. 20
77) O que é Poder Constituinte derivado?
R.: Poder Constituinte derivado (também chamado impróprio, ou instituído) é 
aquele que, fundado e previsto no Poder Constituinte originário, pode modificar 
ou completar a Constituição, ou ainda, institucionalizar os Estados federados 
que dela derivem, sem qualquer tipo de ruptura com a situação jurídica e 
política anterior.
78) Qual a natureza do Poder Constituinte?
R.: A natureza do Poder Constituinte é a de poder de direito, anterior ao 
Direito Positivo do Estado, e superior a este, que é o Direito Natural, que é a 
base da liberdade humana para estabelecer as instituições que governarão a 
sociedade.
79) De que fator decorre a legitimidade do governo estabelecido?
R.: A legitimidade do governo estabelecido é amparada pelo desejo da opinião 
predominante (consensus), na sociedade.
80) Qual a diferença entre legitimidade e legalidade de um governo estabelecido?
R.: A legitimidade deriva do consenso (vontade da maioria); a legalidade tem 
origem na lei, justa ou injustamente promulgada.
81) De que espécies pode ser o poder governamental?
R.: O poder governamental pode ser: a) de fato, quando não têm legitimidade, 
mesmo que apoiado na legalidade; e b) de direito, quando fundado na 
legitimidade.
82) Quem é agente do Poder Constituinte?
R.: Agente do Poder Constituinte é o indivíduo ou grupo de indivíduos que 
elabora a Constituição do Estado, com fundamento nesse Poder, exercendo-o em 
nome do povo.
83) Qual o veículo do Poder Constituinte originário?
R.: Veículo do Poder Constituinte originário é, em geral, uma revolução (em 
sentido jurídico), que ocasiona a perda de eficácia da Constituição anterior, e 
permite a entrada em vigor de uma nova Constituição.
pág. 21
84) Somente uma revolução em sentido jurídico (isto é, o rompimento da 
Constituição vigente) possibilita o surgimento de nova Constituição?
R.: Não. É possível o surgimento de nova Constituição a partir de profunda 
reforma na anterior, de acordo com normas nela própria previstas, resultando em 
Carta Magna bastante diversa da existente; é, também, possível, que seja 
outorgada por um país colonizador ao colonizado, à época da independência 
nacional.
85) Quais as características do Poder Constituinte originário?
R.: O Poder Constituinte originário apresenta as seguintes características: a) 
é inicial, pois todos os poderes dele derivam; b) é ilimitado, dentro de um 
ordenamento jurídico positivo; e c) é incondicionado, pois as formas para sua 
manifestação não são previamente fixadas.
86) De que formas pode uma nova Constituição ser editada?
R.: Uma nova Constituição pode ser editada por meio de: a) outorga; b) 
convocação de Assembléia Constituinte; e c) plebiscito.
87) Em que consiste a outorga da Constituição? Dar exemplo.
R.: Outorga da Constituição é a imposição de um texto constitucional, elaborado 
sem consulta popular, e promulgado por um Poder Constituinte que age dentro da 
legalidade, mas não sempre com legitimidade. Ex.: Constituição brasileira de 
1937 ("polaca"), elaborada por Ministro de Estado.
88) Em que consiste a convocação de uma Assembléia Constituinte para 
estabelecer nova Constituição? Dar exemplos em que essa situação efetivamente 
ocorreu, no Brasil. 
R.: Consiste na eleição ou indicação de um grupo de indivíduos que discutem e 
elaboram um texto (projeto) constitucional, o qual pretendem ser representativo 
das aspirações populares, podendo ou não submetê-lo à votação popular. Ex.: 
Constituições de 1946 e de 1988.
89) Em que consiste o estabelecimento de uma Constituição por meio de 
plebiscito?
R.: O estabelecimento de uma Constituição por meio de plebiscito (método 
bonapartista) consiste em submeter à aprovaçãodo povo o nome de determinado 
indivíduo para que, em seu nome, elabore e promulgue novo texto constitucional.
pág. 22
90) Quais as características do Poder Constituinte derivado?
R.: O Poder Constituinte derivado apresenta as seguintes características: a) 
provém do Poder Constituinte originário; b) é subordinado ao originário, sendo 
por ele limitado; e c) é condicionado, na medida em que somente se manifesta 
segundo formas preestabelecidas e fixadas.
91) Quais as espécies de Poder Constituinte derivado?
R.: O Poder Constituinte derivado pode ser: a) de revisão; e b) dos Estados-
Membros, no caso de Estado Federal.
92) Como a doutrina distingue os termos "reforma", "emenda" e "revisão", 
aplicados ao procedimento de alteração da Constituição? 
R.: A melhor doutrina considera que reforma é gênero, de que emenda e revisão 
são espécies.
93) Como se diferencia a emenda da revisão constitucional?
R.: Emenda consiste em modificação de norma contida na Constituição, 
considerada não estabilizada pelo legislador constitucional, por meio de 
procedimento formal; revisão consiste em alteração anexável ao texto 
constitucional, efetuada por meio de procedimento que exige maiores 
formalidades do que a emenda, para garantir maior estabilidade às normas 
alteradas.
94) Em que consiste o poder de revisão?
R.: Poder de revisão, a mais importante espécie de Poder Constituinte derivado, 
é o poder, constitucionalmente previsto, de promover alterações no texto da 
Constituição vigente, de forma a adaptá-la a novas exigências políticas, 
sociais ou econômicas.
95) Em que consiste o Poder Constituinte dos Estados-Membros?
R.: Consiste no poder, constitucionalmente estabelecido, de institucionalizar 
pessoas jurídicas políticas de Direito Público interno previstas na 
Constituição Federal, na forma estabelecida.
96) O poder de revisão da Constituição é ilimitado?
R.: Não. As limitações ao poder de revisão devem ser estabelecidas no próprio 
texto constitucional, que pode, até mesmo, prever a revisão completa da 
Constituição; à falta de previsão constitucional, considera-se que a 
Constituição não pode ser completamente revista.
pág. 23
97) Que espécies de limitações existem ao poder de revisão da Constituição?
R.: As limitações ao poder de revisão da Constituição podem ser temporais, 
circunstanciais ou materiais.
98) Em que consistem as limitações temporais ao poder de revisão? 
R.: As limitações temporais consistem na imposição de datas determinadas para 
que se proceda à revisão da Constituição, não permitindo que sejam efetuadas em 
outras épocas.
99) Em que consistem as limitações circunstanciais ao poder de revisão?
R.: As limitações circunstanciais consistem na vedação a que se proceda à 
revisão da Constituição durante a ocorrência de determinados eventos, como 
estado de sítio, intervenção federal, guerra, ou ocupação estrangeira, 
situações que influem de modo negativo na vontade dos membros do órgão revisor.
100) Em que consistem as limitações materiais ao poder de revisão? 
R.: As limitações materiais ao poder de revisão consistem em vedação a que 
determinadas matérias sejam objeto de alteração, como a forma de Estado, os 
direitos e as garantias individuais ou a separação dos Poderes.
101) Que espécies de limitações prevê a Constituição Federal de 1988 ao poder 
de revisão da Constituição, e em que artigos se encontram?
R.: A CF de 1988 prevê limitações temporais (art. 3.º do ADCT - Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias, após cinco anos de sua promulgação, 
pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral), circunstanciais (art. 60, § 1.º, durante a vigência de intervenção 
federal, estado de defesa ou estado de sítio) e materiais (art. 60, § 4.º, 
quanto à abolição da forma federativa do Estado, do voto direto, secreto, 
universal e periódico, da separação dos Poderes e dos direitos e garantias 
individuais).
pág. 24
102) De que forma pode a CF brasileira ser reformada?
R.: A revisão constitucional, prevista pela CF de 1988 no art. 3.º do ADCT, já 
foi realizada; doravante, somente se poderá reformar a CF por meio de emenda 
constitucional.
103) De quem poderá ser a iniciativa para propor emenda constitucional?
R.: De acordo com o art. 60, I, II e III, da CF, emenda constitucional poderá 
ser proposta por iniciativa de: a) um terço, no mínimo, dos membros da Câmara 
dos Deputados; b) um terço, no mínimo, dos membros do Senado Federal; c) do 
Presidente da República; e d) de mais da metade das Assembléias Legislativas 
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros.
104) Como deverá ser discutida e votada a proposta de emenda constitucional, no 
Brasil?
R.: Segundo dispõe o art. 60, § 2.º da CF, a proposta de emenda constitucional 
será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos 
respectivos membros.
II.2. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO 
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
105) Em que consiste a denominada "supremacia constitucional"?
R.: Entende-se por supremacia constitucional o fato de que a constituição é 
considerada a pedra angular do sistema jurídico-político do país, conferindo 
validade e legitimidade aos poderes do Estado, dentro dos limites por ela 
impostos, não podendo ser contrariada por qualquer texto ou dispositivo legal 
do ordenamento jurídico, sob pena de ser considerado inconstitucional.
106) Quais as possíveis espécies de inconstitucionalidade previstas em nossa 
Constituição Federal?
R.: Nossa Constituição Federal prevê duas espécies de inconstitucionalidade: a) 
por ação, prevista no art. 102, I, a e III, a, b, e c; b) por omissão, prevista 
no art. 103, §§ 1.º, 2.º e 3.º.
pág. 25
107) Quando ocorre a inconstitucionalidade por ação?
R.: Ocorre inconstitucionalidade por ação quando atos legislativos ou 
administrativos contrariam normas ou princípios contidos na Constituição.
108) Quando ocorre inconstitucionalidade por omissão?
R.: Ocorre inconstitucionalidade por omissão quando deixam de ser praticados 
atos legislativos ou administrativos, exigidos pela Constituição, para permitir 
a plena aplicação da norma constitucional.
109) Qual a técnica constitucional prevista para defender a supremacia 
constitucional, isto é, evitar que ocorram inconstitucionalidades?
R.: A técnica prevista para defender a supremacia constitucional é denominada 
controle de constitucionalidade das leis.
110) Que sistemas são utilizados para exercer o controle de constitucionalidade?
R.: O controle de constitucionalidade pode ser exercido segundo os sistemas 
político (quando órgãos políticos verificam a ocorrência de 
inconstitucionalidades), jurisdicional (quando o controle é feito por 
intermédio do Poder Judiciário) ou misto (quando tanto órgãos políticos quanto 
o Poder Judiciário têm competência para coibir a ocorrência de 
inconstitucionalidades, sendo a competência de cada um determinada pela 
categoria do ato legislativo ou administrativo).
111) Quais os critérios de controle de constitucionalidade utilizados pelos 
sistemas constitucionais existentes?
R.: Existem sistemas de controle concentrado da constitucionalidade (quando 
somente o órgão máximo do Poder Judiciário ou uma Corte Constitucional têm 
competência para exercê-lo) e sistemas de controle difuso da 
constitucionalidade (quando diversos órgãos e instâncias do Poder Judiciário 
têm competência para exercê-lo).
112) Quais os modos de exercer o controle de constitucionalidade, no sistema de 
controle difuso?
R.: No sistema de controle difuso da constitucionalidade, pode-se exercê-lo: a) 
por via incidental, dentro de um processo judicial, em que a parte argüi, por 
meio de exceção, a inconstitucionalidadede determinada norma; b) por meio de 
ação direta de inconstitucionalidade, que pode ser proposta pelas partes 
legitimadas pelo ordenamento jurídico; e c) por iniciativa do juiz, de ofício, 
dentro de um processo judicial.
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113) Qual o sistema de controle de constitucionalidade previsto pela atual CF?
R.: O sistema brasileiro atual é jurisdicional, combinando os sistemas de 
controle concentrado e difuso. A CF de 1891 instituiu exclusivamente o controle 
difuso, à semelhança do judicial review norte-americano; as Constituições 
posteriores agregaram novos elementos, que permitiram exercer o controle 
concentrado da constitucionalidade.
114) Quem tem capacidade processual para propor ação direta de 
inconstitucionalidade?
R.: Segundo o art. 103 da CF, podem propor ação direta de 
inconstitucionalidade: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a 
Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da Assembléia Legislativa, o Governador de 
Estado, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da OAB, partido 
político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou 
entidade de classe de âmbito nacional.
115) De que espécies pode ser a ação direta de inconstitucionalidade? 
R.: A ação direta de inconstitucionalidade pode ser interventiva, genérica ou 
supridora de omissão.
116) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva?
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva quando se destina a 
promover intervenção: a) da União em algum Estado da Federação; ou b) de algum 
Estado, em Município situado dentro de seus limites territoriais.
117) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica?
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica quando o autor deseja 
obter declaração judicial de inconstitucionalidade, em tese, de: a) lei ou ato 
normativo, federal ou estadual, em face da CF, ou b) lei ou ato normativo, 
estadual ou municipal, em face da Constituição Estadual.
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118) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão?
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão quando a 
responsabilidade pela edição da norma faltante prevista ou pela adoção das 
necessárias providências for, respectivamente: a) do legislador, ou b) do 
administrador.
119) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre ação de controle de 
constitucionalidade, exercida por via incidental, e acolhida pelo Poder 
Judiciário?
R.: A decisão judicial fará coisa julgada e terá efeito somente entre as partes 
(incluindo, eventualmente, terceiros, que tenham interesse jurídico), não se 
projetando para fora do processo.
120) A partir de que momento passa a surtir efeito a decisão judicial, no caso 
de ação de controle de constitucionalidade, exercida por via incidental?
R.: A decisão judicial, no caso concreto, terá efeito retroativo (ex tunc), 
invalidando qualquer relação jurídica fundada no ato reconhecido como 
inconstitucional, mas somente inter partes. A lei ou o ato permanecerão válidos 
até que sua executoriedade seja suspensa pelo Senado.
121) Qual o efeito da suspensão de lei ou ato pelo Senado?
R.: A lei ou ato passarão a não mais produzir efeitos somente a partir da data 
da suspensão de sua executoriedade (efeito ex nunc), permanecendo válidas as 
relações jurídicas neles fundadas, estabelecidas antes da suspensão.
122) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade genérica?
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a 
inconstitucionalidade de qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de 
inconstitucionalidade genérica, faz coisa julgada material, e se projeta para 
fora do processo, tendo efeito erga omnes, isto é, elimina do mundo jurídico o 
ato declarado inconstitucional e obriga as autoridades a não mais estabelecerem 
quaisquer relações jurídicas com fundamento na lei ou ato reconhecido como 
inconstitucional.
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123) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade interventiva?
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a 
inconstitucionalidade de qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de 
inconstitucionalidade interventiva proposta pelo Procurador-Geral da República 
(ou pelo Procurador-Geral do Estado, conforme o caso) tem por efeito 
restabelecer a normalidade jurídica quanto aos atos praticados pelo órgão 
político público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios) que estão 
descumprindo a Constituição. Declarada a inconstitucionalidade, será também 
decretada intervenção se não ocorrer imediata suspensão da lei ou ato 
reconhecido como inconstitucional.
124) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão?
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a 
inconstitucionalidade por omissão tem por efeito produzir um comando, dirigido 
ao Poder Legislativo ou a órgão administrativo, para que elabore a lei ou o ato 
faltante no ordenamento jurídico (no caso de órgão administrativo, concede-se o 
prazo de trinta dias).
125) Qual a conseqüência do não-cumprimento da decisão judicial, por parte do 
Poder Legislativo ou do órgão administrativo?
R.: Em tese, a nova omissão caracterizará grave infração à ordem jurídica. Na 
prática, por não ter sido prevista na Constituição o suprimento, por parte do 
Poder Judiciário, da norma faltante, a declaração judicial de 
inconstitucionalidade, no caso de omissão, não ocorrerá qualquer tipo de sanção 
ao Poder Legislativo ou ao órgão administrativo omissos.
126) Qual a natureza jurídica da decisão judicial sobre a constitucionalidade 
de determinado ato?
R.: No caso de ação direta de inconstitucionalidade genérica, a decisão 
judicial terá natureza jurídica simultaneamente declaratória (porque o Poder 
Judiciário declara a inconstitucionalidade) e constitutiva-negativa (porque 
desfaz as relações jurídicas estabelecidas); no caso de ação de 
inconstitucionalidade interventiva, a natureza jurídica da decisão judicial é, 
também, declaratória, mas prepondera o efeito condenatório (o Poder Judiciário 
emite decreto de intervenção); e, no caso de inconstitucionalidade por omissão, 
além da natureza declaratória da decisão, tem ela, também, natureza mandamental 
(o Poder Judiciário emite uma ordem).
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127) O que é a ação declaratória de constitucionalidade?
R.: A ação declaratória de constitucionalidade é inovação introduzida pela 
Emenda Constitucional n.º 3, de 17.03.1993, que a acrescentou ao texto do art. 
102, I, a, da CF, e tem por objeto a rápida resolução de pendências judiciais, 
quando existe grande número de ações onde se argüi a inconstitucionalidade de 
determinada lei ou de ato normativo federal.
128) Quem tem legitimidade para propor a ação declaratória de 
constitucionalidade?
R.: A Emenda Constitucional n.º 3/93 legitimou como autores da ação 
declaratória de constitucionalidade: o Presidente da República, a Mesa do 
Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da 
República, acrescentando o § 4.º ao art. 103.
129) Quem tem competência para processar e julgar a ação declaratória de 
constitucionalidade?
R.: Tem competência originária e exclusiva para o julgamento da ação 
declaratória de inconstitucionalidade o Supremo Tribunal Federal, conforme o 
art. 102, I, a, modificado pela EC n.º 3/93.
130) Qual o efeito da decisão definitiva de mérito, proferida pelo STF, nas 
ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal?
R.: Segundo o art. 102, § 2.º, da CF, introduzido ao texto constitucional pela 
EC n.º 3/93, a decisão definitiva de mérito terá eficácia erga omnes e 
produzirá efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e ao Poder Executivo.
131) Poderá a ação declaratória de constitucionalidadeser utilizada de forma 
inconstitucional?
R.: Sim. A doutrina aponta o efeito de paralisação de inúmeros feitos, em que 
são discutidas questões de interesse coletivo; se a decisão judicial for a de 
rejeitar a pretensão do autor, não haverá inconstitucionalidade, mas se a 
decisão judicial acolher a pretensão, o efeito será o de evitar que se discutam 
questões jurídicas, objeto de grande número de ações em curso, ofendendo os 
princípios do contraditório e da ampla defesa. No último caso, a doutrina 
reconhece que, sem que se atenda a esses princípios constitucionais, poderá 
haver inconstitucionalidade.
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132) Qual a posição majoritária, no STF, acerca da finalidade da ação 
declaratória de constitucionalidade?
R.: A posição majoritária no STF é a de considerar a ação declaratória de 
constitucionalidade como inserida no sistema de controle abstrato da 
constitucionalidade de normas, visando a defesa da ordem jurídica, e não se 
destinando diretamente à tutela de Direitos Subjetivos.
133) Leis ou atos normativos estaduais ou municipais podem ser objeto de ação 
declaratória de constitucionalidade?
R.: Não. A EC n.º 3 somente previu a possibilidade de ser objeto de ação 
declaratória de constitucionalidade, lei ou ato normativo federal.
134) Qual a função do Advogado-Geral da União, no julgamento de ações 
envolvendo controle de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF?
R.: O Advogado-Geral da União deverá ser previamente citado quando o STF 
apreciar a inconstitucionalidade em tese, de norma legal ou ato normativo, 
devendo defender o ato ou o texto impugnado; no caso de ação declaratória de 
constitucionalidade, não atuará no processo, pois não estará exercendo defesa 
relativa a ataque à constitucionalidade de qualquer norma legal ou ato 
normativo.
135) Qual a função do Procurador-Geral da República, no julgamento de ações 
envolvendo controle de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF?
R.: Segundo o que dispõe o art. 103, § 1.º, da CF, deverá o Procurador-Geral da 
República ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos 
os processos de competência do STF.
II.3. O ESTADO E SEUS TIPOS. O ESTADO BRASILEIRO
136) O que é Estado, na concepção clássica?
R.: Entende-se por Estado, na concepção clássica, um ordenamento jurídico geral 
e centralizado de poderes. É a síntese dos poderes soberanos.
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137) Quais os elementos constitutivos do Estado, na concepção clássica?
R.: O Estado é constituído pelos seguintes elementos: a) território, porção 
geográfica onde exerce sua soberania; b) população, conjunto de seres humanos 
convivendo em comunidade historicamente estabelecida e definida; e c) poder, 
que consiste na capacidade, legalmente conferida à autoridade pública, para que 
cumpra e faça cumprir as normas estatais.
138) Quais os fenômenos atuais, que desafiam a concepção clássica de Estado?
R.: No mundo atual, a globalização e a transnacionalização econômicas, 
ambientais e dos Direitos Humanos, colocam em questão o Estado como centro de 
poder político; criam-se, por meio de empresas transnacionais e de Organizações 
Não-Governamentais - ONG's, mecanismos alternativos de auto-regulação e 
controle da sociedade, descentralizados e pouco ou nada dependentes do Estado.
139) O que é o paradigma do Estado Constitucional informal?
R.: O paradigma do Estado Constitucional informal reflete uma nova e moderna 
interpretação política jurídica e da função e atuação do Estado e da sociedade.
140) Em que consiste essa nova e moderna interpretação jurídica e política da 
função e atuação do Estado e da sociedade?
R.: A nova interpretação jurídica e política da sociedade e do Estado consiste 
em levar em consideração mecanismos alternativos de produção e aplicação das 
normas, tais como: a) desoficialização, que consiste na diminuição da 
importância das fontes do direito formal, em especial do Estado; b) 
descodificação, que é o atenuamento da idéia de que o direito deve, 
obrigatoriamente, vir expresso em um código formal; e c) desregulamentação (ou 
deslegalização), que consiste na substituição progressiva do direito formal 
estatal pela autonomia dos sujeitos e das comunidades.
141) Em que consiste a soberania do Estado? 
R.: A Soberania do Estado consiste em que não se sujeita a nenhum outro 
ordenamento jurídico que não seja o seu próprio. Significa que, por exemplo, 
uma ordem judicial prolatada em país estrangeiro não vincula qualquer outro 
Estado a seu cumprimento. Soberano é, assim, o Estado que pode editar seu 
direito, no mais alto grau, ou seja, editar sua Constituição.
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142) Não se sujeitam os Estados a nenhuma ordem jurídica que não as internas?
R.: Os Estados não se sujeitam a normas jurídicas de outros Estados, seguindo a 
máxima "pars in parem non habet jurisdictionem". No entanto, devem submeter-se 
à chamada ordem internacional, estabelecida por meio de organizações 
internacionais (como a ONU, por exemplo) ou pelos tratados internacionais de 
que são signatários.
143) Em que consiste a descentralização das atividades do Estado? 
R.: O Estado, para poder atuar nas diversas áreas de sua competência, 
descentraliza administrativa e politicamente seu poder de governar. A 
descentralização serve para aumentar a eficácia governamental, e também para 
limitar o poder do Estado.
144) Quais as formas de Estado, segundo o critério do grau de descentralização 
da atividade governamental?
R.: Segundo o critério do grau de descentralização da atividade governamental, 
o Estado pode ser unitário ou constitucionalmente descentralizado.
145) Quando se diz que o Estado é unitário?
R.: Diz-se que o Estado é unitário quando a descentralização de seus poderes 
está submetida ao controle de um Poder Central, que pode ampliar ou reduzir o 
grau de descentralização, podendo até mesmo suprimi-lo; é unitário o Estado que 
tem um só impulso governamental, do centro para a periferia, como a França.
146) O Estado pode ser considerado como unitário e descentralizado?
R.: Sim. Exemplo dessa forma de Estado é o sistema existente no Brasil, entre 
1822 e 1889, que tinha características de Estado unitário (havia um Poder 
Central, o Imperador) e descentralizado (a descentralização era política).
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147) Quando se diz que um Estado é constitucionalmente descentralizado?
R.: Diz-se que um Estado é constitucionalmente descentralizado quando a 
descentralização política consta expressamente da Constituição desse Estado, 
não estando o grau de descentralização sujeito à atuação de um Poder Central.
148) Em que consiste o Estado Federal?
R.: Estado Federal é o constituído por coletividades públicas (Estados 
federados), dotadas de autonomia político-constitucional, sendo representados 
por um órgão cameral (Senado), que assegura sua participação junto ao Poder 
Central. A estrutura federativa é constitucionalmente garantida, como norma 
absolutamente estável (cláusula pétrea).
149) O Brasil é um Estado Federal?
R.: Sim. Desde o Decreto n.º 1, de 15.11.1889, data da Proclamação da 
República, passou o Brasil a ser uma Federação, com a transformação das 
Províncias em Estados, que gozavam de autonomia; a CF de 1891 adotou o modelo 
de federalismo dualista. As Constituições posteriores deram ênfase ao papel da 
União, pela adoção do modelo federalista cooperativo, que foi levado a seu 
ápice pela CF de 1967, que adotou o chamado federalismo de integração. A CF de 
1988, art. 1.º, dispõe que o Brasil é uma República Federativa.
150) Qual o modelo de federalismo adotado pela atual Constituição? 
R.: A CF de 1988 substituiu o federalismo de integração da Carta anterior, 
restabelecendo o federalismo cooperativo, mediante um sistema de repartição de 
competências, que visa ao restabelecimento do equilíbrio das relações políticas 
entre o Poder Central e os Estados federados. Essamudança de modelo permite 
afirmar que a CF atual conferiu feição mais nitidamente federalista ao Brasil.
151) Qual a forma do governo brasileiro?
R.: O governo brasileiro tem a forma de República, conforme dispõe o art. 1.º 
da CF ("A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de 
Direito...").
152) De que forma é descentralizado o poder, no Estado brasileiro? 
R.: O poder é partilhado (descentralizado) entre a União, os Estados-Membros, o 
Distrito Federal e os Municípios, por meio da atribuição de competências, 
exclusivas, complementares, suplementares ou concorrentes. Assim, por exemplo, 
a arrecadação de tributos e a repartição de rendas são atividades delegadas a 
todas essas pessoas políticas de Direito Público, que exercem poder dentro dos 
limites de suas respectivas competências.
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153) Em que difere, historicamente, a formação dos Estados Unidos da América da 
do Brasil, como Estados Federais?
R.: Nos EUA, o Estado Federal foi formado por 13 Estados que já anteriormente 
existiam, processo denominado federalismo por agregação; no Brasil, o Estado 
era unitário, tendo sido desmembrado (descentralização política) em Estados-
Membros, que não existiam anteriormente, num processo denominado federalismo 
por segregação.
154) Qual a distinção entre Estado Federal e União Federal?
R.: O Estado Federal é uma unidade nas relações políticas e jurídicas 
internacionais, ou seja, é dotado de personalidade jurídica de Direito Público 
internacional, detentor exclusivo da soberania nacional, que é o poder de 
autodeterminação; a União Federal é pessoa jurídica de Direito Público interno, 
formada pela reunião dos Estados-Membros.
155) Em que sentido goza o Estado-Membro de autonomia, no Estado Federal?
R.: A autonomia significa que o Estado exercita poder político dentro dos 
limites de competência fixados pela Constituição. Exemplos de suas atividades 
são: instituição de tributos, criação de órgãos administrativos estaduais, e 
descentralização de seus próprios poderes, para os Municípios situados dentro 
de seu território.
156) Quais os princípios que regem as relações internacionais do Estado 
brasileiro?
R.: Segundo a CF, art. 4.º, o Estado brasileiro rege-se, nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: a) independência nacional; b) 
prevalência dos direitos humanos; c) autodeterminação dos povos; c) não-
intervenção; d) igualdade entre os Estados; e) defesa da paz; f) solução 
pacífica dos conflitos; g) repúdio ao terrorismo e ao racismo; h) cooperação 
entre os povos para o progresso da humanidade; e i) concessão de asilo político.
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157) Qual a fundamental diferença entre o modelo de Estado Federal adotado no 
Brasil e os modelos de outros Estados Federais?
R.: A principal diferença reside na existência de três ordens de competência 
(União, Estados-Membros e Municípios), enquanto que os Estados Federais 
normalmente adotam somente duas ordens (União e Estados-Membros).
158) Em que consiste a intervenção federal?
R.: A intervenção federal é ato de natureza política, excepcional, praticado 
pela União Federal, que consiste em assumir, temporariamente, as competências 
do Estado-Membro ou do Distrito Federal.
159) A União tem poderes para intervir nos Estados-Membros e no Distrito 
Federal?
R.: Sim, porém somente em casos extremamente graves de ameaça à desagregação do 
Estado-Membro ou do Distrito Federal e, ainda assim, de forma temporária. A CF 
de 1988 previu nos arts. 34 e 36, a intervenção da União nos Estados-Membros e 
no Distrito Federal.
160) A União tem poderes para intervir nos Municípios?
R.: Não. A CF não prevê intervenção da União nos Municípios, nos quais a 
intervenção somente pode ocorrer por parte dos Estados-Membros.
161) De que modo se processa a intervenção da União nos Estados-Membros?
R.: O Presidente da República submeterá o decreto de intervenção ao Congresso 
Nacional, extraordinariamente convocado para tal, para que em 24 horas o 
aprecie, aprovando-o ou rejeitando-o. Em outros casos, a decisão sobre a 
intervenção será de competência do STF, do STJ ou do TSE.
162) Qual a natureza jurídica do decreto da intervenção?
R.: O decreto de intervenção tem natureza jurídica de ato administrativo 
complexo. Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho trata-se de "competência 
vinculada", pois pode originar-se de decisão ou requisição judicial, de 
requisição do Procurador-Geral da República, de requisição do Poder Legislativo 
ou do Poder Executivo ao Presidente da República, que simplesmente formalizará 
o decreto. Pode constituir-se, ainda, em ato administrativo discricionário, 
quando, a juízo do Presidente, ocorrer ameaça à integridade nacional, 
intervenção estrangeira ou de Estado em outro, perturbação grave à ordem, 
coação ao Legislativo ou ao Executivo estaduais e reorganização financeira do 
Estado-Membro.
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163) Em que casos pode ocorrer intervenção dos Estados-Membros em Município 
situado em seu território?
R.: Conforme dispõe o art. 35 da CF, pode o Estado-Membro intervir em município 
situado em seu território nos seguintes casos: a) falta de pagamento, por dois 
anos consecutivos, da dívida fundada; b) falta de prestação de contas devidas, 
na forma da lei; c) não tiver sido aplicado o percentual mínimo exigido da 
receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino, atualmente fixado 
em 25%; e d) se o TJ do Estado der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
II.4. AS DESCENTRALIZAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO
164) Em que consiste a autonomia dos Estados-Membros, no Brasil?
R.: Os Estados-Membros dispõem de autonomia, isto é, do direito à auto-
organização, conforme as limitações impostas por sua própria Constituição 
Estadual, que não pode, evidentemente, afrontar a Constituição Federal, devendo 
adaptá-la às peculiaridades locais.
165) O que são Territórios?
R.: Considerados embriões de Estado, no plano político, são os Territórios, no 
plano jurídico, divisões administrativas da União, cuja tendência é ganhar 
autonomia e transformar-se em Estado-Membro; o Governador é nomeado pelo 
Presidente da República, devendo ser previamente aprovado pelo Senado Federal; 
não elegem Senadores, somente Deputados Federais; todas as competências 
estaduais são exercidas pela União, dentre as quais a arrecadação de tributos. 
A CF de 1988 dispõe sobre os Territórios no art. 33, mas, no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT - arts. 12 a 15, extingue essa 
espécie de pessoa jurídica pública política, da organização política do país. 
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166) Qual a situação dos antigos Territórios Federais brasileiros, após o 
advento da CF de 1988?
R.: Até 1988, o Brasil tinha Territórios Federais, que foram transformados, 
pela nova Constituição, em Estados-Membros da federação, exceto Fernando de 
Noronha, que foi incorporado ao Estado de Pernambuco.
167) Qual a situação do Distrito Federal no quadro político-constitucional, 
após a CF de 1988?
R.: A atual situação político-constitucional do Distrito Federal é semelhante à 
dos Estados-Membros, reconhecido como entidade federativa (art. 1.º) gozando de 
autonomia para auto-organização administrativa, conforme dispõe o art. 32 da 
CF; ao Distrito Federal, pessoa jurídica pública política, atribuiu a CF 
competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios (art. 32 
parágrafo único), e competência legislativa concorrente com a da União, nos 
termos do art. 24; o DF pode instituir os impostos previstos no art. 155 e 
perceber receitas, de acordo com o art. 157, 159, I e II, caput e §§ 1.º, 2.º e 
3.º, e art. 160.
168) Qual a situação do Município no quadro político-constitucional, após a CF 
de 1988?
R.: A CF de 1988 confere ao Município o

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