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Introdução & História da Codificação Civil Brasileira

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ANOTAÇÕES DE ESTUDO PARA A NP1 – DIREITO CIVIL
INTRODUÇÃO
Antes de mais nada, é importante definir o que é direito e como ele está inserido na nossa sociedade. Direito, admite-se em:
1) Concepção científica: faz referência à maneira de se entender o Direito por meio de método científico, isto é, como um conhecimento sistematizado em paradigmas, passível de observação, verificação e falseabilidade, com explanações fundamentadas em uma teoria científica. Em um sentido amplo, o termo costumeiramente refere-se ao estudo do direito.
2) Concepção dogmática: toda sociedade produz normas de controle da conduta de seus membros, e os grupos sociais homogêneos tendem a impor suas próprias regras de controle social aos demais, dessa forma, decorreu que as normas de conduta são socialmente exigíveis, caracterizadas como obrigatórias, heterônomas e diferenciadas em relação ao conjunto de normas sociais, religiosas, morais, de simples convivência e também as técnicas.
* Evolução do direito *
“Ubi homini ibi societas, ubi societas ibi jus”.
“Onde está o homem, está a sociedade; onde está a sociedade, está o direito”.
A famosa lição de Ulpiano nos rememora que não há pessoa que viva sozinha e que, portanto, não há quem esteja liberto das amarras sociais. Todos obedecemos a regras, sem as quais não poderíamos conviver. O direito permeia, compõe e orienta todas as atividades humanas. Integra o nosso cotidiano e não deixa de nos atingir nem após a morte.
MUNDO DAS REGRAS
Existem três aspectos muito claros da realidade.  Encontramos a realidade da natureza, a realidade dos valores e a realidade da cultura.
1) Mundo da Natureza: abarca tudo quanto existe independentemente da vontade e da atividade humana. As regras das leis naturais não admitem exceções ou violações. Portanto, as leis da natureza são as leis do ser, ou seja, sob determinadas circunstâncias sempre encontraremos os mesmos efeitos. Como exemplo, um líquido se tornará sólido ou gasoso sempre sob determinadas temperaturas. (Exemplos de regras naturais: lei da vida, lei da gravidade, lei da inércia, etc.).
2) Mundo da Cultura: forma o universo das realizações humanas. À medida que a natureza se mostra insuficiente para atender suas necessidades, o homem parte para a ação sobre ela: fabrica roupas, constrói casas etc., para adequar-se ao meio e tornar sua existência possível. Nessa esteira, o ser humano sente necessidade de regras para ordenar sua convivência. Assim, o Direito pertence ao mundo da cultura, pois é um dos instrumentos de adaptação criados pelo homem. Fenômeno algum escapa do mundo do Direito, participando também do mundo da natureza e do mundo dos valores. (Exemplos de regras culturais: de trato social, religiosas, morais, jurídicas, etc.).
ACEPÇÕES DA PALAVRA “DIREITO”
A palavra direito é indicada como sendo do tipo análoga, ou seja, possui vários significados, os quais guardam entre si algum nexo, um ponto em comum.
1) Direito Natural: é a ideia universal de justiça. É o conjunto de normas e direitos que já nascem incorporados ao homem, como o direito à vida. Pode ser entendido como os princípios do Direito e é também chamado de jusnaturalismo.
2) Direito Positivo: consiste no conjunto de todas as regras e leis que regem a vida social e as instituições de determinado local e durante certo período de tempo. A Constituição Federal é um exemplo de direito positivo, pois assim como as outras leis e códigos escritos, serve como disciplina para o ordenamento de uma sociedade. Também conhecido por juspositivismo, o direito positivo é mutável, uma vez que as leis que regem o funcionamento de determinada nação podem ser alteradas ao longo do tempo, levando em consideração fatores que condizem com a realidade vivida por esta sociedade específica.
3) Direito Subjetivo: é o poder que tem o homem de exigir garantias para a realização de seus interesses, quando estes se conformam com o interesse social. É o poder de ação assegurado pela ordem jurídica. Trata-se de uma prerrogativa de agir, uma opção, uma alternativa posta ao sujeito. Também chamado de direito como faculdade ou facultas agendi (faculdade de agir). 
4) Direito Objetivo: Trata-se da forma mais comum de aplicação da palavra direito, sendo também conhecida como direito como norma ou norma agendi (dever de agir). São as regras exteriores ao homem e que a ele se dirigem e se impõem, atuando em sua vida particular e social. Em outras palavras, regra de conduta obrigatória; coercibilidade é condição necessária.
DIVISÃO DIDÁTICA DO DIREITO
1) Direito Público: é o conjunto de normas que disciplina os interesses do Estado, seja internamente como em relação aos interesses particulares. (Exemplos: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Internacional Público, Direito Processual, Direito Eleitoral, Direito Tributário, etc.).
2) Direito Privado: é o ordenamento jurídico que rege os interesses particulares. (Exemplos: Direito Civil e Direito Empresarial).
3) Direito Misto: pode ser considerado como o conjunto de normas jurídicas que possuem natureza pública e privada. (Exemplos: Direito do Trabalho, Direito do Consumidor).
HISTÓRIA DA CODIFICAÇÃO CIVIL BRASILEIRA
O antecedente histórico necessário para se falar sobre codificação do Direito Civil é, sem dúvida, o Direito Romano;
De fato, esse não se apresenta, no seu estudo analítico, como um todo unitário, mas sim como a conjugação de vários sistemas em um processo de desenvolvimento que nasce, evolui, atinge o clímax e cai em decadência, até se compilar no Corpus Iuris Civilis, de Justiniano, por volta do ano de 565 d. C.
Na Idade Média, constata-se a preponderância dos conceitos de Direito Natural, sendo a codificação civil vista como algo menor, tendo em vista a supervalorização que se fazia do Direito Canônico.
Já na Idade Moderna, com o surgimento das Universidades, há uma redescoberta do Direito Romano e, consequentemente, constata-se a necessidade de criação de diplomas unificados para reger as relações sociais. Exemplo: Código de Napoleão, 1804.
O Código Napoleão é de fato, um dos mais duradouros diplomas normativos de direito privado do mundo ocidental, sendo, até hoje, o Código Civil vigente na França, embora alterado em muitas disposições.
O B.G.B. (Burgerlich Gesetzbuch) também é importante fonte histórica no estudo da codificação.
Tratou-se de uma consequência política da Instalação do Império Alemão, em 1871, somente terminado em 1895 e promulgado em 1896, para ter vigor em 1 de janeiro de 1900.
Seu conteúdo foi fonte de inspiração tanto para o projeto do CC – 16 quanto para o do CC – 02, uma vez que se compõe de duas partes: uma geral, compreendendo o direito das pessoas, dos bens e os negócios jurídicos; e outras especial, dividida em quatro livros (Direito das Obrigações, Direitos Reais, Direito de Família e Direito das Sucessões).
Antes da declaração de independência, todo o sistema normativo adotado em Portugal era aplicado em nosso território, uma vez que não há sombra de influência de regramento das comunidades indígenas que aqui habitavam antes do descobrimento.
Assim, na Península Ibérica, a partir do ano de 506 (século VI), vigeu o Breviário de Alarico, todo ele estribado na legislação romana, com grande influência nos sistemas ocidentais.
Após a separação formal de Portugal da Espanha, foram promulgadas, no novo reino as Ordenações Afonsinas (Rei Afonso VI), em 1446, as quais sucederam, em 1521, as Ordenações Manoelinas (Dom Manuel, o Venturoso).
Em 1603, foram editadas as Ordenações Filipinas, cuja linha de orientação era baseada, como as anteriores, nos sistemas romano e canônico.
Com a Independência do Brasil, em 1822, não havia como se editar, da noite para o dia, toda uma nova legislação. Assim, a Lei de 20 de outubro de 1823, determinou que continuasse a vigorar no Império, a legislação do Reino (no caso, à época, as “Ordenações Filipinas”), até que tivéssemos legislação própria.
A primeira Constituição brasileira, de 1824, art. 179, número 18, determinouque se organizasse, o quanto antes, um Código Civil baseado na Justiça e na Equidade.
Inicialmente, foi designado para redigir um projeto o baiano Augusto Teixeira de Freitas, que, assinando seu contrato em 1855, preparou, inicialmente, a “Consolidação das Leis Civis”, em monumental trabalho de compilação e sistematização que, aprovado pelo governo, passou a preencher a lacuna do Código Civil.
Designou-se, então, Clóvis Beviláqua professor de Direito Comparado da Faculdade de Direito de Recife, para elaborar o novo projeto, aproveitando tanto quanto possível o projeto anterior de Coelho Rodrigues, o que foi cumprido logo em 1889.
Em 1912, o Senado conclui o seu papel, remetendo o Projeto à Câmara, com grande número de emendas.
Após mais de quinze anos de sua apresentação original, foi o Código Civil Brasileiro, finalmente, aprovado em dezembro de 1915, sancionado e promulgado em 1 de janeiro de 1916, convertendo-se na Lei número 3.071/16, entrando em vigor em 1 de janeiro de 1917. Procedeu-se à sua reparação, com a Lei número 3.725/17, sem modificações de conteúdo.
O Código Civil Brasileiro de 1916, seguindo o exemplo do Código Civil alemão, contou com uma Parte Geral (reguladora das noções e relações jurídicas entre pessoas, bens e fatos jurídicos) e outra Especial disciplinando Direito de Família, Reais, obrigações e Sucessões).
Da mesma forma que seu equivalente germânico, veio precedido de uma Lei de Introdução, que depois foi substituída pelo Decreto – Lei número 4657/42, a LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO, para a solução dos conflitos intertemporais e de Direito Internacional Privado.
Em 1969, foi criada uma nova Comissão para rever o Código Civil, preferindo elaborar um novo código em vez de emendar o antigo.
Tal comissão, composta por JOSÉ CARLOS MOREIRA ALVES, AGOSTINHO DE ARRUDA ALVIM, SYLVIO MARCONDES, EBERT CHAMOUN, CLÓVIS DO COUTO E SILVA E TORQUATO CASTRO, sob a coordenação de MIGUEL REALE, apresentou, em 1972, o seu Anteprojeto de Código Civil.
No ano de 2001, o projeto foi finalmente levado a votação, após as “atualizações procedidas pelo relator, Deputado Ricardo Fiuza, sendo aprovado por acordo de lideranças e levado à sanção presidencial”.
Em solenidade realizada no Palácio do Planalto, foi sancionado, sem vetos, o projeto aprovado na Câmara dos Deputados, convertendo-se na Lei número 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (publicada no Diário Oficial da União de 11-01-2002), o Novo Código Civil brasileiro, que, dentre outras modificações, consagra a unificação parcial do direito privado (obrigações civis e comerciais).
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB)
A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (anteriormente denominada Lei de Introdução ao Código Civil), disciplina a aplicação das normas jurídicas brasileiras de uma maneira geral, sendo considerada uma norma sobre normas. Foi editada em 1942 como decreto-lei (n. 4657/42), e está em vigor até hoje.
Contém um conjunto de preceitos que regulam a vigência, a validade, a eficácia, a aplicação, a interpretação e a revogação de normas no direito brasileiro, bem como delimita alguns conceitos como o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Consagra a irretroatividade como regra no ordenamento jurídico, ao mesmo tempo que define as condições para a ocorrência de ultratividade e efeito repristinatório. É, assim, uma "lei sobre a lei". Ou seja, sua natureza jurídica decorre da expressão “lex lexum”, lei que trata de outras leis.

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