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Resumo - Mitologias jurídicas na modernidade - Paolo Grossi

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Resumo – Grossi
O direito moderno está intimamente vinculado ao poder político.
Traços que mais caracterizam o jurista moderno simplismo e otimismo, certezas iluministas.
O historiador tem um objetivo a compreensão do seu objeto historiográfico. Ele deve penetrar na tipicidade de um clima histórico e de sua mensagem, por meio da comparação = salientar as diferenças.
1 – Justiça como lei ou lei como justiça?
O direito mostra-se para o homem do povo como lei. Virtudes comuns da lei: o aspecto abstratos e geral, indiscutibilidade de seu conteúdo, indiferença perante motivos particulares. 
A justiça é objetivo do ordenamento jurídico, mas é um objetivo exterior.
Aos olhos do jurista, civilização medieval e moderna parecem colidir em apenas um ponto: ambas são civilizações jurídicas, com muita consideração pelo direito. 
Medieval o poder político não pretende controlar a integralidade do fenômeno social. Indiferença pelas zonas do social que não interferem no governo da coisa pública. Como consequência há infinitas figuras corporativas. Autonomia do social, que não tem obrigações vinculantes. O indivíduo é uma abstração. Autonomia relativa do jurídico (assim como a do social). O social e o jurídico tendem a se fundir. O direito é a realidade que fundamenta todo o edifício de civilização. Príncipe = justiceiro do seu povo.
Antes existia o direito, o poder político vem depois. Na sociedade medieval o direito repousa nos estratos profundos da sociedade. O direito não é a voz do poder.
Canais do direito costumes e um rico ordenamento. Direito interpretação.
Definição de ‘lex’, por Tomás de Aquino “um ordenamento da razão voltado ao bem comum, proclamado por aquele que possui o governo de uma comunidade”. O sujeito emanador não é tão relevante quanto seu conteúdo objetivo. A razão é o instrumento do ordenar. Definição medieval.
A lex não pode ser somente forma e comando, ela deve ser a leitura da realidade. 
Ordem jurídica na civilização medieval realidade presente na natureza das coisas, identificada com o costume. Relativa indiferença do Príncipe em relação ao direito.
Lentamente emerge uma nova figura de príncipe Modernidade: libertação do indivíduo dos lações da civilização. Individualismo moderno. Envolvimento maior do príncipe na produção do direito. Príncipe x pluralismo social e jurídico. 
Nova definição da lei volição autoritária do detentor da soberania e caracterizadas pelos atributos da generalidade e da rigidez. A lei torna-se uma forma pura, um ato sem conteúdo figura do legislador. 
Príncipe único capaz de ler o livro da natureza e traduzi-lo em normas. Único personagem acima das paixões e do partidarismo. Pluralismo substituído por um rígido monismo. Direito se contrai na lei. 
Bodin “Existe muita diferença entre o direito e a lei, o primeiro registra fielmente a equidade; a lei, ao contrário, é somente um comando de um soberano que exercita o seu poder”.
Séc. 16 Monarquia = príncipe-legislador. Lei-régia liga-se à vontade do rei, enquanto que o direito é, ao contrário, fruto da experiência de uma comunidade. 
1949 crise do direito. Georges Ripert “Quando o poder político manifesta-se em leis que não são mais a expressão do direito, a sociedade encontra-se em perigo”.
2 – Além das mitologias jurídicas da modernidade
Para a história jurídica continental o séc. 18 é o momento de ruptura com o passado.
As novas ideologias jurídicas, econômicas e políticas possuem um suporte que garante a sua inalterabilidade o mito (absolutização).
A nova ordem sociopolítica deve ser democrática, exprimindo a vontade geral da nação, em oposição à ordem classista. O novo Parlamento é fruto da vontade geral, e a lei também se identifica com a vontade geral. Princípio da Legalidade (conformidade da manifestação jurídica com a lei) regra fundamental de toda democracia moderna. Tudo encaixa perfeitamente, como num teorema ou silogismo. 
Projeto moderno do direito e a complexidade do universo jurídico
Operação que tende a reduzir o direito na lei. Vinculava-se direito e poder, quase que indissoluvelmente. O direito que foi dimensão da sociedade na era medieval torna-se dimensão do poder. Dimensão autoritária do jurídico, separando-se do social Maior tragédia do direito continental moderno. 
O direito, antes de ser poder, é experiência, uma dimensão da vida social. 
Reduções modernas: uma visão potestativa do direito 
Final do séc. 19 direito reduzido a normas, sanções, formas. Significa continuar pensá-lo como poder. Ter como referência a norma significa conceber o direito de modo potestativo, liga-lo intimamente com o poder. Grande redução iluminista, redução da complexidade jurídica. 
Kelsen racionalização formal-normativa, sendo a norma o pilar da ordem jurídica. Poder domina indiretamente. Construção de uma “Doutrina jurídica pura”. É um universo pobre, que corre o risco de flutuar sobre a sociedade.
A descoberta do direito como ordenamento
É necessário insistir no direito como ordenamento. Ordenamento = ato de colocar ordem, mediação entre sociedade e autoridade. Conceber o direito como ordenamento significa iniciar a recuperação da complexidade da riqueza do universo jurídico. 
Redução iluminista abstração e artificialidade. A perda mais substancial que se conseguiu com essa operação redutiva foi a da dimensão coletiva da sociedade, sacrificada pelo projeto individualista. 
Séc. 20 recuperação das forças coletivas.
Em direção às novas fundamentações para a positividade do direito
Ordem implica rigor. Respeito à complexidade e à pluralidade do real, as diversidades podem se tornar força da unidade sem se aniquilarem.
Tomás de Aquino “Ordem é a unidade que harmoniza, mas, ao mesmo tempo, respeita as diversidades”.
Art. 12 do Código civil italiano de 1942 é vigente até hoje confirma o dogma da estatalidade do direito e fixa os limites da juridicidade identificando-os com os do Estado. Artigo violador do pluralismo jurídico, estatalismo autoritário fascista. 
Giuseppe Zaccaria insiste sobre o organismo global da positividade, o funcionamento ‘plural’ da positividade.
Interpretação – aplicação e novas fronteiras da positividade do direito
O único meio para retirar do direito o tradicional e repugnante esmalte potestativo e autoritário é conceber a norma como fruto de interpretação, a interpretação como momento essencial da positividade da norma. 
O direito é mais aplicação do que norma. Seria um desastre se a regra jurídica permanecesse apenas um pedaço do papel. 
O direito é em primeiro lugar ordenamento. É a leitura objetiva da realidade, tentativa de racionalização do real. É uma autoridade que se move debaixo para cima. 
Em direção ao declínio da mitologia jurídica pós-iluminista
Lei vazia quando o legislador hospeda qualquer conteúdo que deseja nela. Princípio de legalidade perde todo seu valor de garantia. 
As mitologias, que tiveram um papel fundamental no projeto jurídico burguês, não conseguem satisfazer as necessidades da sociedade contemporânea, extremante complexa sob os aspectos social, econômico, tecnológico. 
O direito não pode abdicar de sua dimensão formal, mas deve ter um saber encarnado, uma história vivente. 
Deve ser superada a ideia de que o direito é feito mediante leis e que somente o legislador é jusprodutor, capaz de transformar tudo em direito. A hipervalorização da lei já custou muito caro à sociedade da Europa continental. Deve-se retirar a lei do papel totalitário que a idade burguesa lhe concedeu.

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