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Fundamentos do Cuidado I.pdf

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Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
21 
CAPÍTULO 1 
 
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM 
 
1.1 Introdução 
Profissão surgida do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer 
dos períodos históricos. Com base nas relações místicas entre religiosos e de saúde 
primitivas, eram empregadas nos templos que garantiam ao homem a manutenção 
de sua sobrevivência. 
 
Fala-se da história da enfermagem, uma profissão associada ao trabalho feminino, 
prestados pelas parteiras, simultaneamente por mães, esposas, caridosas e 
religiosas às crianças, velhos e idosos em templos e escolas onde os conceitos 
básicos de saúde eram ensinados. 
 
1.2 Fase Pré Profissionalizante 
Com o passar dos tempos às ações caracterizadas pela prática do cuidar, que 
também garantiam ao homem a sua sobrevivência e tendo na origem fortes traços e 
características ao trabalho feminino que se explicam nas suas origens, e que se 
manifestam através da ênfase nos valores éticos e morais e na postura profissional. 
 
No Séc. XVII, a medicina passa a utilizar o hospital como local de cura e formação 
de profissionais na área da saúde. A partir daí o médico torna-se gradativamente a 
figura central do hospital, na medida em que a assistência ao doente deixa de ser 
uma mera prática caritativa e de domínio da Igreja. 
 
Surgem locais próprios para assistência aos pobres e de exclusão dos indivíduos 
portadores de doenças, na medida em que os consideravam perigosos para a 
sociedade. Estes locais eram sujos, sem ventilação, iluminação inadequada e super 
povoados. Os cuidados prestados a estas pessoas eram dados por mulheres de 
moral duvidosa, leigos sem preparo específico e religiosos cuja preocupação maior 
era a cura espiritual e salvação eterna. Com o passar do tempo, estes locais, 
passaram a ser chamado de hospitais. 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
22 
Para conhecer como a profissão se desenvolveu através do tempo, dividiu-se a 
história da enfermagem. 
 
1.3 Período Florence Nightingale, (Enfermagem Profissional - Séc. XIX). 
O marco do início da Enfermagem Profissional deu-se no séc. XIX com a atuação da 
aristocrata inglesa Florence Nightingale na guerra da Criméia. 
 
 Florence foi convidada a organizar hospitais militares e junto com outras 32 
enfermeiras treinadas, que atuaram durante a guerra diminuindo o índice de 
mortalidade dos soldados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1.1 Florence Nightingale. 
Fonte: WALES, de Jimmy. WIKIPEDIA The free encyclopedia. Categoria, Ciências da Saúde, Disponível em 
URL: www.wikipedia.org, Dezembro, 2005. 
 
Em 1860 é fundada a primeira Escola de Enfermagem, a partir de uma doação do 
governo Inglês. 
 
A clientela da Escola era formada por: 
⇒⇒⇒⇒ Ladies Nurses - mulheres ricas, que custeavam seus próprios estudos e se 
preparavam para a supervisão dos cuidados e ao ensino de enfermagem. 
⇒⇒⇒⇒ Nurses - mulheres pobres que recebiam formação gratuita e salários e se 
preparavam para prestar o cuidado direto ao paciente. 
 
O surgimento da primeira escola destinada a formar profissionais para a área da 
Enfermagem veio contribuir para modificar a imagem denegrida de quem trabalhava 
na área. 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
23 
Curiosidade ⇒⇒⇒⇒ Enfermeira em inglês “nurse” - derivada do latim “nutricius” 
(alimentar, conservar, proteger, encorajar, energia ). É considerado uma arte, isto é, 
um conjunto de conhecimentos práticos que mostram como trabalhar. 
 
1.4 No Brasil 
 
1.4.1 Época do Colonialismo e Imperialismo 
A colonização provocou muita interferência na cultura indígena, além de trazer várias 
doenças até então desconhecidas. Nesta época eram os sacerdotes médicos que 
detinham a “arte de curar”. 
 
No Brasil, a Santa Casa de Misericórdia se responsabilizava pela assistência, nos 
moldes Europeus. Os pobres eram cuidados por mulheres e escravos treinados. 
 
1.4.2 Período Ana Neri 
Destacam-se pelo trabalho assíduo e bondade inesgotável na Guerra da Tríplice 
Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai). 
 
Colocou-se à disposição de sua Pátria, oferecendo seus serviços médicos em prol 
aos brasileiros, partindo para os campos de batalha, improvisando hospitais e não 
medindo esforços no atendimento aos feridos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1.2 Ana Neri. 
Fonte: WALES, de Jimmy. WIKIPEDIA The free encyclopedia. Categoria, Ciências da Saúde, 
Disponível em URL: www.wikipedia.org, Dezembro, 2005. 
 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
24 
Retornando ao Brasil após cinco anos, é acolhida com carinho e louvor, recebendo 
uma coroa de louros que Victor Meireles pinta sua imagem e colocada no Edifício 
do Paço Municipal. 
 “ANA NERI COMO FLORENCE NIGHTINGALE, ROMPERAM OS 
PRECONCEITOS DA ÉPOCA QUE FAZIAM DA MULHER PRISIONEIRA DO LAR“ 
 
1832 É sancionada a primeira lei relacionada à organização cursos de parteiras. 
1854 Organizado o primeiro curso de Obstetrícia - duração de 02 anos. O Estado 
nesta época, pouca responsabilidade tinha com a saúde. 
1890 Surge a Escola Alfredo Pinto. Dirigida por médicos na área da psiquiatria, e 
em 1916 a Escola da Cruz Vermelha, ambas formavam auxiliares de saúde. 
 
1.4.3 Primeira República - Década 20 
Carlos Chagas - cria o Departamento Nacional de Saúde Pública. 
1921 Chegaram as enfermeiras Americanas (com convênio da Fundação 
Rockfeller), no Brasil para organizar o serviço de atendimento aos surtos de cólera, 
peste bubônica, febre amarela e varíola no porto de Santos e Rio de Janeiro, que 
estavam prejudicando a exportação de café. 
1922 Surge a Escola de Enfermagem Ana Neri - voltada para saúde pública 
seguindo o modelo Nightingale. 
1923 É assinado o decreto que regulamenta o exercício profissional. 
1930 É criada a Organização do Ministério da Saúde. 
 
1.4.4 Década de 40 e 50 
A classe operária reinvidica melhores condições de saúde. Surge o sistema 
previdenciário. 
1936 Fundada a primeira Escola de Auxiliar de Enfermagem no nível de Ensino de 
1º grau - Escola Carlos Chagas. 
 
1.4.5 Década de 50 
A saúde pública perde sua importância. A Enfermagem preocupa-se com os 
princípios científicos. 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
25 
A divisão de trabalho é marcante. No final da Década de 50: ⇒ 39 escolas de 
enfermagem ⇒ 67 cursos de auxiliar são criados. 
 
1.4.6 Década de 60 
Regime militar - surge o INPS. O complexo médico industrial se expande. Surgem 
os cursos de pós-graduação, e as Escolas de Auxiliar se difundem. 
1973 Conselho de Enfermagem Federal - COFEN e Conselho Regional de 
Enfermagem - COREN - Fiscalizar e disciplinar o exercício profissional da 
enfermagem. 
1986 Sistema Único de Saúde (SUS): regionalizado, hierarquizado, igualitário e de 
acesso universal a toda população. 
Junho\1986 ⇒ Aprovada a nova Lei do Exercício Profissional. 
 
1.5 Considerações Finais 
Na atualidade, entre muitas outras merecem destaque o nome da enfermeira Sra. 
Wanda de Aguiar Horta, que defendia a teoria das necessidades humanas básicas e 
conceitua a enfermagem como: 
⇒ "A ciência é a arte de assistir o ser humano (indivíduo, família e comunidade) no 
atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta 
assistência, quando possível, pelo ensino de autocuidado, de recuperar, de manter e 
promover sua saúde em colaboração com outros profissionais”. 
⇒ "Assistir em enfermagem é fazer pelo ser humano tudo aquilo que ele não pode 
fazer por si mesmo: ajudá-lo ou auxiliá-lo quando parcialmente impossibilitado dese 
autocuidar, orientá-lo ou ensiná-lo; supervisioná-lo e encaminhá-lo a outros 
profissionais”. 
 
Dra. Wanda de Aguiar Horta foi professora Titular da Escola de Enfermagem da 
Universidade de São Paulo (USP), responsável pela edição da revista “Enfermagem 
em Novas Dimensões” - Faleceu em 1981. 
 
 
 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
26 
 CAPÍTULO 2 
 
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA 
ENFERMAGEM 
 
2.1 Introdução 
A legislação que disciplina as condições e o papel de uma profissão no conjunto da 
sociedade, como a Constituição, é o resultado da evolução, das relações sociais e 
de trabalho e não o desejo ideal de um grupo e de seus dirigentes. 
 
Podemos verificar que através da evolução da História da Enfermagem, que a lei n.º 
7.498, sancionada pelo presidente José Sarney em 1986 é a mais atual lei que 
regulamenta o exercício de Enfermagem. É fundamental o conhecimento desta Lei e 
suas implicações para os profissionais de Enfermagem. 
 
2.2 LEI Nº 7.498, de 25 de junho de 1986 
 
Dispõe sobre a Regulamentação do Exercício da Enfermagem, e dá outras Providências. 
 
Art. 1º - É livre o exercício da Enfermagem em todo o Território Nacional, observadas as 
disposições desta Lei. 
Art. 2º - A Enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas 
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na 
área onde ocorre o exercício. 
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de 
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus 
de habilitação. 
Art. 3º - O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem 
planejamento e programação de Enfermagem. 
Art. 4º - A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de Enfermagem. 
Art. 5º - (Vetado). 
§ 1 - (Vetado). 
§ 2 - (Vetado). 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
27 
Art. 6º - São Enfermeiros: 
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei; 
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferido 
nos termos da lei; 
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de 
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira 
segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado 
no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz; 
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro 
conforme o disposto na alínea "d", do Art. 3, do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961. 
Art. 7º - São Técnicos de Enfermagem: 
I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com 
a legislação e registrado pelo órgão competente; 
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso 
estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil 
como diploma de Técnico de Enfermagem. 
Art. 8º - São Auxiliares de Enfermagem: 
I - o titular de Certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos 
termos da lei e registrado no órgão competente; 
II - o titular de diploma a que refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956; 
III - o titular do diploma termos do Decreto- Lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do 
Decreto-Lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; 
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-Lei nº 299, 
de 28 de fevereiro de 1967; 
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as 
leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil 
como certificado de Auxiliar de Enfermagem. 
Art. 9º - São Parteiras: 
I - a titular do certificado previsto no Art. 1 do Decreto-Lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 
1946, observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; 
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou 
curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou 
revalidado no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certificado de 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
28 
Parteira. 
Art. 10 - (Vetado). 
Art. 11 - O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem cabendo-lhe: 
I - privativamente: 
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, 
pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem; 
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e 
auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; 
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência 
de enfermagem; 
d) (vetado); 
e) (vetado); 
f) (vetado); 
g) (vetado); 
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem; 
i) consulta de enfermagem; 
j) prescrição da assistência de enfermagem; 
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; 
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de 
base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. 
II - como integrante da equipe de saúde: 
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; 
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde; 
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina 
aprovada pela instituição de saúde; 
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação; 
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em 
geral; 
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a 
assistência de enfermagem; 
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; 
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; 
i) execução do parto sem distocia; 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
29 
j) educação visando à melhoria de saúde da população. 
Parágrafo único. Às profissionais referidas no inciso II, do Art. 6, desta Lei incumbe, ainda: 
a) assistência à parturiente e ao parto normal; 
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico; 
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária. 
Art. 12 - O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e 
acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no 
planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente: 
a) participar da programação da assistência de enfermagem; 
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado 
o disposto no parágrafo único, do Art. 11, desta Lei; 
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar; 
d) participar da equipe de saúde. 
Art. 13 - O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, 
envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob supervisão, bem como a participação em 
nível de execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente: 
a) observar, reconhecer e descrever sinaise sintomas; 
b) executar ações de tratamento simples; 
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente; 
d) participar da equipe de saúde. 
Art. 14 - (Vetado). 
Art. 15 - As atividades referidas nos artigos 12 e 13 desta Lei, quando exercidas em 
instituições de saúde, públicas e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser 
desempenhadas sob orientação e supervisão de Enfermeiro. 
Art. 16 - (Vetado). 
Art. 17 - (Vetado). 
Art. 18 - (Vetado). 
Parágrafo único. (Vetado). 
Art. 19 - (Vetado). 
Art. 20 - Os órgãos de pessoal da Administração Pública Direta e Indireta, Federal, Estadual, 
Municipal, do Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e 
funções e na contratação de pessoal de enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta Lei. 
Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
30 
harmonização das situações já existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos 
adquiridos quanto a vencimentos e salários. 
Art. 21 - (Vetado). 
Art. 22 - (Vetado). 
Art. 23 - O pessoal que se encontra executando tarefas de enfermagem, em virtude de carência 
de recursos humanos de nível médio nessa área, sem possuir formação específica regulada em 
lei, será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares 
de enfermagem, observado o disposto no Art. 15 desta Lei. 
Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de enfermagem, admitidos antes da vigência 
desta Lei, o exercício das atividades elementares da enfermagem, observado o disposto em 
seu Art. 15. 
Art. 24 - (Vetado). 
Parágrafo único. (Vetado). 
Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a 
contar da data de sua publicação. 
Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 27 - Revogam-se (vetado) as demais disposições em contrário. 
 
2.3 LEI n 8.967, de 28.12.94 
Altera a redação do parágrafo único do art. 23 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe 
sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências 
 
O Presidente da República 
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º - O Parágrafo único do Art. 23 da Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986, passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
Parágrafo único - É assegurado aos Atendentes de Enfermagem, admitidos antes da vigência desta 
Lei, o exercício das atividades elementares da Enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15. 
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário. 
 
Brasília, 28 de dezembro de 1994; 175o da Independência e 106o da República 
Itamar Franco 
Marcelo Pimentel 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
31 
2.4 Resolução COFEN-186/1995 
 
Dispõe sobre a definição e especificação das atividades elementares de Enfermagem executadas 
pelo pessoal sem formação específica regulada em Lei 
 
O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de sua competência legal e regimental, 
 
Considerando o disposto no "caput" do Art. 23 da Lei nº 7.498/86; 
 
Considerando o artigo 1º da Lei nº 8.967/94; 
 
Considerando os subsídios emanados do Seminário Nacional organizado pelo COFEN, envolvendo 
todos os segmentos da Enfermagem Brasileira, nos dias 25e 26 de abril de 1995; 
 
Considerando deliberação do Plenário do COFEN na sua 238ª Reunião Ordinária; e, 
 
Considerando o que demais consta no Processo Administrativo COFEN nº 33/95. 
 
Resolve: 
 
Art. 1º - São consideradas atividades elementares de Enfermagem aquelas atividades que 
compreendem ações de fácil execução e entendimento, baseadas em saberes simples, sem 
requererem conhecimento científico, adquiridas por meio de treinamento e/ou da prática; requerem 
destreza manual, se restringem a situações de rotina e de repetição, não envolvem cuidados diretos 
ao paciente, não colocam em risco a comunidade, o ambiente e/ou a saúde do executante, mas 
contribuem para que a assistência de Enfermagem seja mais eficiente. 
 
Art. 2º - As atividades elementares de Enfermagem, executadas pelo Atendente de enfermagem e 
assemelhados são as seguintes: 
 
I - Relacionadas com a higiene e conforto do cliente: 
 
a) Anotar, identificar e encaminhar roupas e/ou pertences dos clientes; 
 
b) preparar leitos desocupados. 
 
II - Relacionadas com o transporte do cliente: 
 
a) auxiliar a equipe de enfermagem no transporte de clientes de baixo risco; 
 
b) preparar macas e cadeiras de rodas. 
 
III - Relacionadas com a organização do ambiente: 
 
a) arrumar, manter limpo e em ordem o ambiente do trabalho; 
 
b) colaborar, com a equipe de enfermagem, na limpeza e ordem da unidade do paciente; 
 
c) buscar, receber, conferir, distribuir e/ou guardar o material proveniente do centro de material; 
 
d) receber, conferir, guardar e distribuir a roupa vinda da lavanderia; 
 
e) zelar pela conservação e manutenção da unidade, comunicando ao Enfermeiro os problemas 
existentes; 
 
f) auxiliar em rotinas administrativas do serviço de enfermagem. 
 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
32 
IV - Relacionadas com consultas, exames ou tratamentos: 
 
a) levar aos serviços de diagnóstico e tratamento, o material e os pedidos de exames 
complementares e tratamentos; 
 
b) receber e conferir os prontuários do setor competente e distribuí-los nos consultórios; 
 
c) agendar consultas, tratamentos e exames, chamar e encaminhar clientes; 
 
d) preparar mesas de exames. 
 
V - Relacionados com o óbito: 
 
a) ajudar na preparação do corpo após o óbito. 
 
Art. 3º - Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem. 
 
Art. 4º - esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
 
 
Rio de Janeiro, 20 de julho de 1995. 
 
Ruth Miranda de C. Leifert 
 
COREN-SP nº 1.104 
 
Primeira-secretária 
 
Gilberto Linhares Teixeira 
 
COREN-RJ nº 2.380 
 
Presidente 
 
Publicada no Normas e Notícias 
 
ano XVIII - Edição maio/julho/95 no 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
33 
 CAPÍTULO 3 
 
EQUIPE DE SAÚDE 
 
3.1 Introdução 
A equipe de saúde do hospital e de outros órgãos de assistência é formada por 
diferentes grupos ocupacionais que estão envolvidos em promover assistência à 
saúde como um todo. É composta por especialistas em medicina, enfermagem, 
odontologia, farmácia, fisioterapia, psicologia, assistência social, nutrição, técnicos 
em exames diagnósticos e de manutenção e outros. 
 
Cada membro tem uma função específica e se relaciona com o plano total do 
cuidado prestado ao cliente. As contribuições dos vários membros da equipe de 
saúde podem variar dependendo da reação do cliente ou da complexidade de seus 
problemas. 
 
3.2 Equipe de Enfermagem 
A equipe de enfermagem funciona como elemento de ligação entre a equipe de 
saúde, o cliente e sua família, e através do espírito de união entre todos os membros 
deste pequeno grupo, alcançam um objetivo comum na prevenção, promoção, 
diagnóstico, tratamento, reabilitação do indivíduo na comunidade. 
 
3.2.1 Finalidade da Enfermagem 
Prestar serviços a todos os indivíduos, sem descriminação de raça, nível social - 
econômico e idade. Um dos objetivos mais importantes da enfermagem é ajudar o 
indivíduo a satisfazer as suas necessidades diáriasde modo que possa exercer suas 
atividades de maneira mais satisfatória possível. 
 
A equipe de enfermagem está presente 24 horas por dia no ambiente que cerca o 
cliente, possibilitando assim, a observação de todas as reações do mesmo, 
acompanhando exames, atendendo as necessidades básicas, auxiliando no 
diagnóstico e tratamento. 
 
Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
34 
3.2.2 Membros 
Há três categorias na equipe de enfermagem, cujo preparo e experiência variam 
amplamente. São eles: 
⇒ Enfermeiro 
⇒ Técnico de Enfermagem 
⇒ Auxiliar de enfermagem 
3.2.3 Diferenciação de função 
As funções de enfermagem podem ser concebidas por um esquema contínuo e 
crescente. Muitas funções exigem técnica e habilitação especializada que variam 
nas dificuldades e se estendem continuamente desde a mais simples, facilmente 
aprendidas, sem qualquer treinamento, às mais complicadas, exigindo alto grau de 
técnica e perícia, que somente podem ser conquistadas através de considerável 
treinamento. 
Quadro 1 
Esquema das funções de enfermagem 
Esquema das funções de enfermagem a serem exercidas 
1. Funções simples: 
Conhecimentos básicos e desenvolvimento de destreza manual. 
⇒ Profissionalização de nível básico. 
2. Funções intermediárias: 
Que exigem destreza com alguma capacidade de julgamento em atividades de 
rotina e de repetição. 
⇒ Profissionalização de nível médio 
3. Funções complexas: 
Que exigem perícia e capacidade de julgamento. 
⇒ Educação de nível superior. 
⇒ Formação científica com capacidade de refletir com ponderação. 
⇒ Desenvolvimento intelectual e raciocínio elevado. 
⇒ Planejar, provar e avaliar. 
 
 
 
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35 
3.3 Entidades de Classe 
 
a) Cultural 
Associação Brasileira de Enfermagem (ABen) que congrega enfermeiros, técnicos 
em enfermagem e auxiliares de enfermagem cujo objetivo é promover aos 
profissionais o aprimoramento científico-cultural e seu desenvolvimento profissional. 
b) Disciplinadora 
Conselho Regional de Enfermagem (COREn) que é uma autarquia vinculada ao 
Ministério do Trabalho. É de inscrição obrigatória para enfermeiras, obstetrizes, 
técnicos em enfermagem, e auxiliares de enfermagem. 
c) Reivindicatório 
Sindi-Saúde e o Sindicato dos Enfermeiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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36 
 CAPÍTULO 4 
 
CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA 
 
4.1 Introdução 
Não basta cuidar da saúde do povo. É preciso cuidar das condições de vida do 
povo. 
“Saúde se consegue educando para prevenção”. 
“É educando que se promove a saúde”. 
 
Através de pesquisas, foram avaliados os seguintes fatores que condicionam o nível 
de saúde do povo: 
⇒ Interferência genética - 5 a 10 %; 
⇒ Recursos da saúde (médico, hospital, remédio e ambiente) - 20 a 30 %; 
⇒ Nível de vida (alimentação, moradia, escolaridade) - condicionamento mais 
poderoso para o nível de saúde da população - até 70 %. 
 
4.2 Conceito de Saúde 
O conceito de saúde se modifica conforme o país ou região, pois os critérios que 
classificam saúde em países subdesenvolvidos não são os mesmos de um país 
desenvolvido. Com base nessas variáveis, a Organização Mundial de Saúde (OMS) 
conceituou: 
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não 
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade, sendo um dos direitos 
fundamentais de todo ser humano”. 
Boa saúde e bem-estar implicam em adaptação contínua. Quando uma pessoa se 
adapta e exerce eficazmente suas funções, pode ser enquadrada na faixa de saúde, 
mesmo que venha a apresentar, por exemplo, um diagnóstico de Diabettes 
mellitus. 
 
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37 
A saúde de um indivíduo ou de uma população depende essencialmente de 
quantidade de bens e de serviços que podem ser postos a seu dispor, e da sua 
capacidade de utilizá-los. 
Com o objetivo de refletir mais sobre a situação e perspectivas da saúde no Brasil, 
cita-se outro conceito que foi definido na VIII Conferência Nacional de Saúde, 1986: 
“A Saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, 
renda, meio ambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da 
terra e acesso aos serviços de saúde”. 
A ação contínua dos fatores que interferem na saúde, proporciona: 
 
Bem Estar ⇒ Saúde 
ou 
Perda desse Bem Estar ⇒ Doença 
 
Morte Enfermidade 
grave 
Pouca saúde Boa 
saúde 
Nível elevado de 
bem - estar 
Máximo 
bem - estar 
 
 
“Saúde é uma escala contínua que vai do grau extremo de doença ao máximo 
de bem - estar”. 
Doenças ⇒⇒⇒⇒ Denominam-se a todo e qualquer agravo que perturbe a saúde, levando 
o ser humano a ter prejuízo em suas habilidades para realizar suas funções. 
 
4.3 As áreas de atuação da saúde 
As áreas de atuação da saúde compreendem: 
Ação primária ⇒⇒⇒⇒ Promoção da saúde e prevenção da doença, 
Ação secundária ⇒⇒⇒⇒ Diagnóstico e tratamento da doença, 
Ação terciária ⇒⇒⇒⇒ Reabilitação do cliente. 
 
4.4 Sistema Único de Saúde 
O SUS é fruto de uma luta coletiva por uma sociedade democrática e pela saúde 
para todos, como um direito. 
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38 
O Sistema Único de Saúde - SUS teve seus pilares construídos na VIII Conferência 
Nacional de Saúde em 1986 e foi oficializada pela Constituição de 1988 e 
normatizada por meio de portarias ministeriais - as NOBs. As normas Operacionais 
Básicas representam o suporte institucional legal para alterações que visam efetivar 
as propostas do SUS. Este sistema foi detalhado e teve sua forma definida pelas leis 
nº 8.080 e 8.142, ambas de 1990. 
 
⇒ A NOB/93 - propõe o início da descentralização e do repasse financeiro direto do 
governo federal aos municípios. 
⇒ A NOB/96 - representa a centralidade do modelo de gestão com a busca do 
equilíbrio entre as esferas do governo. 
 
Por meio deste novo sistema, a saúde passa a ser direito de todos e dever do 
Estado, contrariando o passado em que os beneficiários do sistema de saúde eram 
somente os portadores de carteira de trabalho assinada e também o Estado mínimo 
defendido pelo neoliberalismo. 
 
4.4.1 Princípios do SUS 
Os princípios de SUS são: 
Universalidade - acesso a todos. 
Eqüidade - tratamento igual para as diferentes pessoas. 
Integralidade: 
⇒ Atenção à saúde através da promoção, proteção e recuperação, com prioridade 
nas ações preventivas. 
⇒ Ampliação da concepção do processo saúde – doença com atuação assistencial: 
atendimento no âmbito ambulatorial, hospitalar e domiciliar; interferência ambiental e 
em políticas externas a saúde que interfiram no processo; como o emprego, a 
habitação e a educação. 
 
4.4.2 Diretrizes do SUS 
As diretrizes de organização do SUS são: 
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39 
⇒ Descentralização e sistema custeado com recursos de União, dos Estados e dos 
Municípios. A descentralização refere-se à capacidade de decisão e repasse de 
recursos aos níveis periféricos do sistema de saúde, ou seja, caberá ao município 
planejar, acompanhar, supervisionar e avaliar sua assistência à saúde. 
⇒⇒⇒⇒ Participação social onde as decisões passam por Conselho de Saúde formado 
por representantes dos usuários, dos profissionais da saúde e das empresas 
prestadoras dos serviços de saúde. 
 
4.4.3 Dificuldades para efetivação⇒ Questão financeira - os recursos investidos na saúde são insuficientes para as 
necessidades do sistema. 
⇒ Globalização - capitalismo - livre mercado - grande expansão das medicinas de 
grupo. 
⇒ Ambigüidade dos textos legais. 
⇒ As escolas profissionalizantes a nível técnico e de graduação não conhecem as 
bases filosóficas do modelo atual de saúde e assim o ensino acaba não sendo 
adequado para formar profissionais que concretizem as propostas do SUS. Faltam 
aos recém formados a visão integral e participativa, além do interesse voltado 
também para as ações que promovam a saúde. 
 
4.5 Considerações Finais 
 
Os profissionais da área da saúde devem se conscientizar do seu papel como 
educador com intuito de efetivar as propostas do SUS, conquistando a promoção da 
saúde da população. 
 
Logo, a equipe de saúde deve participar da implantação deste plano de saúde, que 
é de responsabilidade pública de cada entidade governamental, buscando a 
participação da comunidade como expressão viva na formulação da melhor política 
de saúde. 
 
 
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40 
 CAPÍTULO 5 
 
NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA 
 
5.1 Introdução 
Nos tempos antigos acreditava-se que as doenças eram causadas por espíritos 
maus e poderosos e para afugentá-los recorria-se a grotescos truques de médicos 
feiticeiros. Ainda hoje, as pessoas menos informadas supõem que as doenças sejam 
causadas por influências da lua, pelas condições atmosféricas ou pela devastação 
das guerras. 
 
A ciência revelou as causas da maioria das doenças. Algumas são causadas, por 
má condição de vida, enquanto outras são provocadas pelo enfraquecimento de 
certos órgãos. Os causadores mais comuns das doenças, porém, são pequeninos 
seres vivos chamados germes ou micróbios, que se nutrem dos tecidos humanos. 
 
5.2 Conceito 
5.2.1 Microbiologia 
É a ciência que estuda os microorganismos, seres unicelulares de tamanhos muito 
reduzidos e só observados com auxílio do microscópio. 
5.2.2 Parasitologia 
É a ciência que estuda parasitas, seres macroscópicos que tem relação desarmônica 
com seu hospedeiro, retirando dele alimento e prejudicando-o. 
 
5.3 Os Seres Vivos 
Os seres vivos atualmente conhecidos ultrapassam o número de um milhão e meio 
de espécies. Para melhor estudar os seres vivos, eles foram agrupados de acordo 
com suas características morfológicas, bioquímicas e genéticas. 
A classificação dos seres vivos teve início no século XVII com John Ray, sofrendo 
modificações ao longo dos séculos. O que mais influenciou estas alterações foi à 
invenção do microscópio. 
 
 
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41 
Surgimento dos Microscópios: 
Quadro 1 
Surgimento dos microscópios. 
Reino Metazoa Animais superiores e inferiores 
Reino Metaphita Vegetais superiores e inferiores 
Antes do microscópio 
+ 
Reino Monera Bactérias e algas azuis 
Reino Protista Protozoários 
Reino Fungi Fungos 
Com o microscópio óptico 
+ 
 
Vírus 
Com o Microscópio 
Eletrônico 
 
Os vírus não receberam uma classificação, pois os cientistas da época justificavam 
tratar-se de um ser simples, transição entre o ser bruto e o ser vivo. Cada grupo 
maior subdivide-se em categorias até chegar na “unidade” básica – a espécie: 
 
Espécie → Gênero → Família → Ordem → Classe → Subfilo → Filo → Reino 
 
Ao representarmos o nome de um ser vivo usamos duas palavras. A 1ª indica o 
gênero e escreve-se com letra maiúscula e a 2 ª a espécie, com letra minúscula. 
Ex: 
Quadro 2 
Classificação do vírus (gênero, espécie, bactéria). 
Clostridium tetani (bactéria que causa o tétano) 
Clostridium botulinum (bactéria que causa o botulismo) 
Clostridium septicum (bactéria que causa a gangrena gasosa) 
 
 
gênero espécie 
 
 
 
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42 
5.4 Classificação dos seres vivos 
5.4.1 Vírus 
Somente com a invenção do microscópio eletrônico é que foi isolado e estudado. As 
doenças causadas por vírus recebem de modo geral o nome de viroses 
Quadro 3 
Descrição do vírus. 
Tamanho 10 a 300 nm (nanômetros). 
Morfologia Vários formatos - poliedros, tubulares. 
Composição química 
Ser acelular, composto de um material genético (RNA ou 
DNA) envolto por uma capa protéica. 
Reprodução 
É considerado parasita intracelular obrigatório, pois 
sendo acelulares não conseguem reproduzir-se por si só, a 
não ser que estejam parasitando uma célula viva. Ao entrar 
dentro de uma célula, alteram o seu metabolismo e 
aproveitam o material enzimático ali presente para se 
reproduzir. 
Principais doenças 
causadas por vírus 
AIDS, resfriado comum, febre amarela, paralisia infantil 
(poliomielite), raiva, algumas encefalites (epidêmicas), 
caxumba, mononucleose infecciosa, herpes, varicela 
(catapora), sarampo, rubéola, hepatite infecciosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5.1 Esquema de um bacteriófago: vírus que infecta bactérias. 
Fonte: SÉRIE ATLAS VISUAIS. O corpo Humano.São Paulo: Ed. Ática, 1997. Disponível em < 
http:// www. cnice.mec.es>. dezembro de 2005 
 
5.4.2 Bactérias 
As bactérias encontram-se amplamente difundidas na natureza. São encontradas no 
solo, no ar, nos alimentos, nos seres vivos e no próprio corpo humano. O homem, 
cabeça 
cauda 
Fibra da 
cauda 
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43 
em condições normais, abriga diversas espécies bacterianas. A esse conjunto de 
micróbios é denominada flora bacteriana. Existem floras bacterianas, vaginais, 
bucais, nasais, cutâneas e intestinais. As bactérias intestinais facilitam a digestão e 
contribuem para a regularidade da função intestinal. 
Ex: Staphyococus epidermidis e Escherichia coli. 
 
Composição química ⇒ São seres unicelulares procariontes (células primitivas 
sem membrana nucléica e sem várias organelas citoplasmáticas). Possuem 
membranas dupla, o que lhes conferem maior proteção e resistência. 
 
Tamanho ⇒ 0,15 a 40 Mm (micrômetros). 
Morfologias ⇒ Dividem-se em 3 grandes grupos: 
Quadro 4 
Grupos morfológocos. 
Diplococos Esferas aos pares 
Estreptococos Esferas em cadeias 
Cocos: 
(esfera) 
Estafilococos Esferas em cachos 
 
Diplobacilos Bacilos aos pares Bacilos: 
(bastão) Estreptobacilos Bacilos em cadeias 
 
Espiral Forma de saca-rolha 
Espirilos: 
Vibrião Forma de vírgula 
 
As bactérias podem apresentar alguns anexos: 
Cílios ⇒ O que lhe confere maior poder de aderência 
Flagelo ⇒ O que lhe confere maior mobilidade e poder de penetração 
Cápsula ⇒ O que lhe confere maior proteção 
Nutrição ⇒ As bactérias podem ser: 
⇒ Autotróficas - Alimentam-se de materiais inorgânicos. 
⇒ Heterotróficas - Alimentam-se de materiais inorgânicos e orgânicos. 
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44 
Respiração 
⇒ Aeróbias - Necessitam do oxigênio livre (atmosférico) para sobreviver. 
⇒⇒⇒⇒ Anaeróbias - Não necessitam de oxigênio livre para sobreviver. 
Podem ser: 
Anaeróbias facultativas ⇒ não necessitam e a presença do oxigênio não incomoda; 
Anaeróbias obrigatórias ⇒ não necessitam e não toleram oxigênio livre, morrem ou 
as que têm capacidade formam esporos. 
Ex: Clostridium tetani e Clostridium botulinum. 
 
Reprodução ⇒ As bactérias multiplicam-se com extraordinária rapidez. 
 
⇒⇒⇒⇒ Assexuada - Multiplica-se por duplicação de cromossomos. 
⇒⇒⇒⇒ Sexuada - Necessita de outra bactéria e a reprodução dá-se por transferênciade 
material genético e depois por duplicação de cromossomos 
 
Algumas bactérias em ambientes desfavoráveis (frio, sequidão, falta de 
alimentação), se protegem com uma membrana muito resistente, formando o que se 
chama esporo (forma resistente de vida latente). Ex: Bacillus subtilis. Sua 
atividade fica suspensa até que as circunstâncias do meio se tornem favoráveis, 
quando então o esporo dá lugar a uma nova bactéria. Sob essa forma resistente o 
esporo sobrevive por semanas e meses se necessário. 
 
Coloração 
 
⇒ Gram (-): após o tingimento e lavagem com álcool, as bactérias se tornam 
vermelhas. São todos os bacilos, exceto Corinebacterium sp, Clostridium sp e 
Bacilus sp. 
 
⇒ Gram (+): após o tingimento e lavagem com álcool, as bactérias se tornam 
violetas. 
Genericamente as doenças causadas por bactérias recebem o nome de bacterioses. 
 
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45 
Quadro 5 
Classificação das doenças e bactérias 
Doenças Bactérias 
Tuberculose Mycobacterium tuberculosis 
Hanseníase (Lepra) Mycobacterium leprae 
Pneumonia Pneumococos 
Tétano Clostridium tetani 
Sífilis Treponema pallidum 
Febre Tifóide Salmonella typhi 
Gonorréia Neisseria gonorrheae 
Leptospirose Leptospira 
Algumas amigdalites Streptococos haemolíticus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5.2 Representação das diferentes formas de bactérias. 
Fonte: ROCHA, Paulo N. Jr. O Corpo Humano Anatomia e Fisiologia Disponível em 
URL: www.corpohumano.hpg.ig.com.br Dezembro, 2005. 
 
5.4.3 Protozoários 
Pertencem ao Reino Protista e são encontrados em diferentes ambientes. Cerca de 
25.000 espécies são conhecidas, mas apenas 30 parasitam o homem, causando as 
protozooses. 
Organização celular ⇒ UNICELULARES eucariontes (célula verdadeira). 
 Cocos Esporos bacterianos 
 Vibriões 
Bacilos 
Diplococos 
 Estafilococos 
Espirilos 
Estreptococos 
Bactéria flagelada 
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46 
Tamanho ⇒ 1 a 200 mm (milímetros). Alguns já podem ser vistos a olho nu. 
Nutrição ⇒ São heterotróficos (alimentam-se de materiais orgânicos e inorgânicos). 
Caracterizam-se pelos órgãos de locomoção: 
Protozoários flagelados ⇒ Locomovem -se com ajuda de flagelos. 
Protozoários ciliados ⇒ Locomovem-se com ajuda de cílios. 
Protozoários rizópodas ⇒ Não tem organelas de locomoção, movimentam-se 
através de expansões citoplasmática. 
Protozoários esporozoários ⇒ Estão na forma de esporos e só se locomovem junto 
do hospedeiro. Algumas protozooses: 
Quadro 6 
Doenças de Chagas (protozoáris). 
Doença de chagas Trypanossoma cruzi 
Giardáse Giardia lamblia 
Amebíase Entamoeba histolítica 
Leismaniose Leishmania brasiliensis 
Toxoplasmose Toxoplasma gondii 
Malária Plasmodium malárie 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5.3 Protozoários. 
Fonte: SÉRIE ATLAS VISUAIS. O corpo Humano.São Paulo: Ed. Ática, 1997. 
Disponível em < http:// www. cnice.mec.es>. dezembro de 2005 
5.4.4 Fungos 
Até poucos anos atrás pertenciam ao Reino Protista, pois eram considerados 
vegetais inferiores. 
Mas pelo fato de serem aclorofilados (não possuem clorofila e nem fazem 
fotossíntese), característica dos vegetais, ganharam uma classificação própria - o 
Reino Fungi. 
Os seres deste reino possuem características semelhantes e diferentes entre si. 
 
Flagelo 
Pseudópode 
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47 
Semelhanças: 
⇒ Organismos aclorofilados de nutrição heterotrófica; 
⇒ Crescem em ambientes escuros, úmidos e quentes; 
⇒ Apresentam hifas (prolongamentos de sua estrutura) e micélios (conjunto de 
hifas). 
Diferenças: 
⇒ Alguns são unicelulares, outros pluricelulares; 
⇒ Alguns são microscópicos, outros macroscópicos; 
⇒ Apresentam diferentes formas de reprodução; 
⇒ Diferentes estruturas. 
Os fungos têm importância ecológica e econômica. Ecológica - junto com as 
bactérias são os decompositores naturais da cadeia ecológica. Sem eles a terra 
seria um amontoado de cadáveres e não haveria reciclagem dos materiais. 
 
Econômica ⇒ usados na fermentação de pão, de bebidas alcoólicas, dão sabor a 
alguns queijos, cogumelos comestíveis, participam na produção da penicilina. As 
doenças causadas por fungos recebem o nome de micoses: 
Quadro 7 
Fungos / micoses 
Candidíase vaginal Cândida albicans 
Monilíase Cândida albicans 
Caspa Pityrosporun ovale 
Micose de praia Malessezia furfur 
Blastomicose Paracoccidioides brasilienses 
 
 
 
 
 
 
 
 Saccharomyces cerevisae Penicillium notatum 
Fig. 5.4 Exemplos de fungos com importância econômica. 
Fonte: WALES, de Jimmy. WIKIPEDIA The free encyclopedia. Categoria, Ciências da Saúde, Disponível em 
URL: www.wikipedia.org, Dezembro, 2005. 
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48 
5.4.5 Helmintos 
Conhecidos como vermes, fazem parte do Reino Metazoa e são os animais mais 
inferiores. Neste grupo temos seres de vida livre e outros que parasitam. Seres 
pluricelulares e macroscópicos. 
 
O tamanho varia de mm (tênia anã: 3 – 5 mm) a vários metros (Tenia solium que 
pode chegar até 30 m). 
Segundo a sua forma são divididas em platelmintos (vermes achatados) e 
nematelmintos (vermes filiformes). Os helmintos são ovíparos e podem ter até 7 
fases de desenvolvimento no seu ciclo evolutivo iniciando sempre pelo ovo e depois 
pela fase larvária. 
 
A maneira como se reproduzem varia conforme a fase: assexuada, sexuada 
hermafrodita e partenogênese. A capacidade reprodutiva é assustadora. Ex: a fêmea 
grávida do Ascaris lumbricóides pode por de uma vez 20 a 200 ovos. As doenças 
causadas pelos helmintos são conhecidas genericamente como helmintoses. 
Quadro 8 
Doenças causadas pelos helmintos 
Fascíola Fascíola hepática 
Esquistossomose Shistossoma mansini 
Ascaradíase (lombriga)· Ascaris lumbricóides 
Ancilostomíase (amarelão) Ancylostoma duodenalis 
Outro tipo de amarelão· Necator americanus 
Elefantíase ·· Wuchereria bancrofti 
Teníase (Solitária) Taenia solium e Taenia saginata 
Triquinose Trichinella spiralis 
Enterobiose ou oxiurose Enterobius vermicularis 
 
 
 
 Fig.5.5 Tênia e seus anexos. 
 
Fonte: SÉRIE ATLAS VISUAIS. O corpo Humano.São Paulo: Ed. Ática, 1997. Disponível em < 
http:// www. cnice.mec.es>. dezembro de 2005 
Ventosas 
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49 
As principais maneira de contaminação são: 
⇒ Ingestão de alimentos contaminados 
⇒ Penetração pela pele/ mucosa 
⇒ Consumo de carnes contaminadas 
⇒ Picadas de insetos hematófagos 
⇒ Auto contaminação. 
 
5.4.6 Artrópodes 
Também pertencentes ao Reino Metazoa são invertebrados superiores. Podem viver 
no ar, na água doce e salgada e no solo. Este filo abriga mais de 891 mil espécies 
diferentes, a maioria de vida livre e alguns parasitas. 
 
Possuem tamanhos e formas variadas. 
Características evolutivas: 
⇒ Corpo segmentado cada qual com sua função (cabeça, tronco e membros). 
⇒ Extremidades de pares articuladas (cavar, segurar, defender...). 
⇒ Exoesqueleto de quitina (proteção) 
⇒ Sistema nervoso, olhos e órgãos sensitivos bem desenvolvidos. 
 
Classificação: 
⇒ Crustáceos - caranguejos, camarão, siri... 
⇒ Insetos - mosca, borboleta, abelha, formiga... 
⇒ Aracnídeo - aranha, escorpião, ácaro... 
⇒ Chilópodes - centopéia, lacraia... 
 
Mecanismo de ação: 
⇒ Envenenamento 
⇒ Lesão cutânea 
⇒ Espoliação sanguínea 
⇒ Transmissão mecânica ou biológica 
⇒ Zooses (nome genérico das doenças causadas por artrópodes):Organização do Processo de Trabalho I + Biossegurança – Fundamentos do Cuidado I 
 
 
 
50 
Escabiose ⇒ Sarcopetes scabei 
Pediculose ⇒ Pedículus capitis 
Cravos ⇒ Demodex folliculorum 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5.6 Artrópodes. 
Fonte: AKISKAL, Hagop S. Manual merck. Disponível em < 
http:// www.medikal.market.com/shop. janeiro 2006. 
 
5.5 Transmissão das doenças infecciosas 
Nem todas as doenças são transmissíveis, apenas as causadas por seres vivos. 
⇒ Agente etiológico ou patogênico: É quem causou a doença. 
⇒ Ação patológica: É como o agente causou a doença. Os agentes infecciosos 
podem produzir danos através da ação tóxica, espoliadora, mecânica e traumática. 
⇒ Veículos de transmissão: É quem levou a doença. 
Inanimado: Sem vida - ar, água, solo, alimento e fômites. 
Animado: Com vida – os seres vivos. 
Transmissão mecânica ou vetor: Leva outro ser vivo de um lugar para o outro sem 
participar do desenvolvimento deste. Ex: A mosca que leva uma ameba em sua pata 
e ao pousar no alimento contamina-o. 
Transmissão biológica: Leva o ser vivo de um lugar para o outro e dá condições para 
ele se desenvolver no seu interior. Ex: O barbeiro que abriga o protozoário causador 
da doença de Chagas. 
⇒ Vias de transmissão: É como levou a doença e pode ser: 
Direta imediato: Beijo, ato sexual, contato direto. 
 barbeiro. 
 (classe dos insetos) 
Aranha 
(classe dos aracnídeos) 
 
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51 
Direta mediato: Gotículas de fluigge, via transplacentária 
Indireta: Ar, água, alimento, solo, fômites. 
⇒ Vias de penetração / eliminação: Sistema respiratório (boca, nariz), digestivo 
(boca, anûs), genito-urinário (uretra, vagina), tegumentar (pele, mucosa), sangue, 
placenta, olhos. 
⇒ Hospedeiro intermediário: Abriga o agente infeccioso na sua forma larvária, 
propiciando seu desenvolvimento. 
⇒ Hospedeiro definitivo: Abriga o agente infeccioso na sua forma adulta. 
⇒ Reservatório: Qualquer lugar onde o agente infeccioso tem condição de 
sobreviver e de multiplicar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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52 
 CAPÍTULO 6 
 
NOÇÕES DE ESCABIOSE E PEDICULOSE 
 
6.1 Introdução 
A escabiose e a pediculose, nome científico para a tão conhecida sarna e piolho. 
São parasitas que não apenas infestam o Brasil, mas grande parte dos países 
subdesenvolvidos. Sua proliferação pode estar associada a animais domésticos e 
principalmente onde habitam pessoas com condições precárias de higiene. 
 
6.2 Conceito de Escabiose 
A Escabiose ou Sarna é uma doença da pele bem característica, contagiosa onde 
aparecem pequenas lesões multiformes que coçam muito, podendo aparecer em 
várias regiões do corpo: 
Quadro 1 
Locais de aparecimento de coceiras 
LOCAIS MAIS COMUNS DE APARECIMENTO DE COCEIRAS 
Entre os dedos Na cintura e genitais 
Nos punhos Nas coxas 
Na face anterior dos cotovelos Nos tornozelos 
Nas axilas e mamilos 
 
 Fig. 6.1 Lesões multiformes nas mãos. 
 Fonte: www.spapex.org/ spapex/sarna1.jpg 
 
6.2.1 Agente etiológico 
É causada por um parasita, Sarcoptes scabiei, que completa todo o seu ciclo 
biológico no homem, fora do hospedeiro, morre em poucos dias. 
 
 
 Fig.6.2 Parasita Sarcoptes scabiei. 
 Fonte: www.spapex.org/ spapex/sarna1.jpg 
 
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53 
O macho vive na superfície da pele e morre após a cópula, a fêmea fecundada 
penetra na pele, formando túneis, onde deposita seus ovos, causando a coceira, 
principalmente à noite, que é o período de maior atividade dos parasitas. O tempo 
entre a postura dos ovos e o aparecimento dos novos parasitas é de 
aproximadamente 15 dias. 
 
6.2.2 Modo de transmissão 
A transmissão ocorre por contato pessoal, e também pelo compartilhamento de 
roupas de cama e de colchões infectados pelos parasitas causadores da doença. 
Por isso, a higiene é fundamental na cura dessa doença. A falta de higiene e a 
promiscuidade facilitam a disseminação. 
 
6.2.3 Tratamento e Profilaxia 
⇒ O indivíduo deve tomar banho diariamente, com sabão especial e ferver toda a 
sua roupa. 
⇒ Expor as roupas ao sol, durante várias horas, para matar os parasitas. 
⇒ Quando algum membro da família estiver com sarna, é aconselhável que toda a 
família seja tratada, mesmo que não apresentem a coceira. 
⇒ Principalmente as crianças com sarna, costumam coçar-se muito, provocando 
arranhaduras pelo corpo. Estas lesões abertas da pele podem tornar-se porta de 
entrada para germes responsáveis pelas feridas infectadas, dando lugar a infecções 
graves. 
Medicamentos mais utilizados são: 
⇒⇒⇒⇒ Escabir e Pruritrat: passar à noite e tomar banho no dia seguinte. 
⇒⇒⇒⇒ Tetmosol (monossulfiram) - passar a noite diluido 1:2, 1 medida de medicação 
para 2 medidas de água, tomar banho no dia seguinte. 
⇒ Miticoam, mitigan, Benzoato de Benzila e Acarsan - passar por 3 dias 
consecutivos. Deve ser passado no corpo todo, do pescoço aos pés, 
preferencialmente à noite, evitando o contato com os olhos e boca, se necessário 
repetir tratamento uma semana depois. 
 
 
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54 
6.3 Conceito de Pediculose 
É uma infestação da pele por piolhos, parasita macroscópio (enxergá-se a olho nu), 
vive a custa do indivíduo. Os piolhos põem ovos, chamados lêndeas, que são 
brancas ou cinzentas e 24 a 36 horas após a fecundação, cada fêmea deposita 
cerca de 100 ovos e 4 semanas após, transformam-se em piolhos adultos vivendo 
mais ou menos por um mês. 
Coceira freqüente ou marcas de coceira sobre o corpo e couro cabeludo sugere 
presença de piolhos. Quando o parasita pica, introduz na pele saliva, que contém 
uma substância anticoagulante e irritante provocando o prurido. 
6.3.1 Agente etiológico ⇒⇒⇒⇒ Existem 3 tipos de piolhos: 
 
 
 
 
 
 
Fig 6.3 – Pediculus capitis, - Pediculus corporis, - Phthirius púbis. 
Fonte: www.spapex.org/ spapex/sarna1.jpg 
 
⇒ Pediculose do couro cabeludo, causada pelo Pediculus capitis, vulgarmente 
conhecido como piolho. 
⇒ Pediculose do corpo, causada pelo Pediculus corporis, vulgarmente conhecido 
como muquirana, vive nas dobras das roupas, onde põe os ovos, só procura a pele 
para sugar o sangue. 
⇒ Pediculose do pubis, causada pelo Phthirius pubis, vulgarmente conhecido 
como chato. Fixa seus ovos nos pelos da região pubiana do peito, axila, cílios e 
supercílios. 
 
6.3.2 Modo de Transmissão 
O contágio em geral é direto com a pessoa infestada, mas pode ser indireto, através 
de roupas de cama, peças íntimas, chapéus, pentes e escovas. Embora qualquer 
pessoa possa infestar-se com piolho, a presença contínua de piolhos e lêndeas é 
Piolho da 
cabeça 
Piolho do 
corpo 
Piolho pubiano 
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55 
resultado de falta de higiene. Como complicações freqüentes estão as infecções 
devido ao prurido intenso com lesões na pele. 
 
6.3.3 Tratamento e Profilaxia 
Os medicamentos recomendados para o tratamento são os mesmos usados na 
escabiose. Escabin, Pruritrat, Tetmosol, Miticoçam, Mitigam e Benzato de Benzila ou 
Duocid e kwell. Aplicar o medicamentonos cabelos à noite, lavar no dia seguinte e 
fazer remoção das lêndeas com a mão, pente fino ou com solução de vinagre, pois o 
medicamento só age sobre o piolho e não sobre as lêndeas. 
O único modo de combater a escabiose e a pediculose é: 
⇒ Tratar o portador e as pessoas que vivem no mesmo ambiente que apresentam 
ou não sinais e sintomas da infecção. Os bons hábitos de higiene diminuem a 
ocorrência dessas doenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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56 
 CAPÍTULO 7 
 
HIGIENE E MECANISMOS DE DEFESA DO CORPO 
 
7.1 Introdução 
A higiene é o conhecimento ou a prática relativa a normas que tem por finalidade 
conservar e melhorar a saúde, evitar as doenças e desse modo, conservar a vida. A 
higiene é um hábito, e sua aquisição depende das condições socioeconômicas e 
culturais do cliente. 
 
7.2 Tipos de Higiene 
7.2.1 Higiene Física 
Representa o cuidar do seu corpo, como: 
⇒ Escovar os dentes após as refeições; 
⇒ Tomar banho diariamente; 
⇒ Manter as mãos limpas e as unhas aparadas; 
⇒ Lavar as mãos antes das refeições e após usar o banheiro; 
⇒ Alimentar-se na hora certa e mastigar bem os alimentos; 
⇒ Beber água fervida ou filtrada. 
7.2.2 Higiene Mental 
Os antigos já afirmavam “mente sã em corpo são“. Isso significa que a prática da 
higiene física leva o indivíduo à prática da higiene mental. Consegue-se a higiene 
mental através da aquisição de hábitos como: 
⇒ Ler bons livros; 
⇒ Praticar esportes; 
⇒ Escolher os divertimentos: programas de T.V., música e outros; 
⇒ Dormir 8 - 10 horas em quarto bem arejado. 
7.2.3 Higiene Social 
O homem é um ser social e necessita se inter-relacionar com outras pessoas. Estas 
relações normalmente se estabelecem na família, no trabalho e na comunidade. 
Vivendo em Sociedade, o Homem tem direitos e deveres (obrigações). A 
comunidade paga impostos ao governo, que tem obrigação de criar e manter 
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57 
condições favoráveis a sobrevivência das pessoas, como transporte coletivo, 
saneamento básico, empregos, escolas e outros. 
É obrigação de todos, respeitar os direitos dos outros, tratá-los com boas maneiras, 
e participar das programações da comunidade. 
 
7.3 Mecanismos de defesa do organismo 
Nem todos os contatos provocam uma infecção. Existem fatores que favorecem a 
instalação da infecção, relativos ao agente e ao hospedeiro. São eles: 
⇒ Situação imunológica; 
⇒ Doenças intercorrentes, 
⇒ Tensão; 
⇒ Hábitos e costumes. 
Manter as normas de higiene e praticá-las, favorecem a capacidade do corpo 
humano de se defender de quase todos os microorganismos ou toxinas que atacam 
e lesam os tecidos através do Sistema Imunológico. Para que possamos entender 
este processo devemos compreender Resistência e Imunidade. 
 
Resistência ⇒ É a palavra empregada para designar as forças defensivas de que 
dispõe o hospedeiro a fim de impedir a implantação de um agente infeccioso. 
Imunidade ⇒ Denota o estado específico de proteção que se desenvolve no 
organismo em conseqüência de um ataque prévio pelo agente infeccioso. 
Antígeno ⇒ É qualquer substância estranha ao organismo que determina uma 
reação imunológica, como a produção de anticorpo específico para essa substância. 
O organismo conta com respostas imunológicas específicas e inespespecíficas. 
Anticorpo ⇒ É proteína que reage especificamente com determinado antigênico 
da molécula do antígeno, podendo ser protetor ou neutralizante, ou sensibilizar o 
organismo. 
7.3.1 Tipos de respostas imunológicas 
7.3.1.1 Respostas inespecíficas: 
a) Mecânica: 
⇒ Pele íntegra; 
⇒ Movimentos ciliares das vias aéreas superiores; 
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58 
⇒ Peristaltismo do sistema digestivo; 
⇒ Fluxo urinário. 
b) Química: 
⇒ Suor; 
⇒ Lisozima; 
⇒ Muco; 
⇒ Acidez do suco gástrico; 
⇒ Acidez da urina. 
c) Celular: 
Toda e qualquer partícula que o organismo não reconheça como sendo dele, 
provoca uma reação das células da linfa e do sangue (glóbulos brancos) - fagocitose 
ou pinocitose. 
d) Humoral: 
O soro humano responde à presença de microorganismos com duas substâncias: 
O complemento ⇒ conjunto de 20 proteínas que na presença de bactérias são 
desencadeadas em seqüência, provocando a quebra, a aglutinação, fagocitose e a 
neutralização das bactérias. 
O interferon ⇒ proteína, presente no soro, que mata / inibe o desenvolvimento dos 
vírus. 
Também é sintetizada em laboratório. Todas as respostas inespecíficas agem 
imediatamente após o contato e permanecem por alguns dias, até que o organismo 
produza as respostas específicas. 
 
7.3.1.2 Respostas específicas: 
a) Imunidade 
⇒⇒⇒⇒ Imunidade Ativa: 
 Resulta da própria resposta do organismo, podendo ser por: 
Doença espontânea ⇒ Ex: rubéola, sarampo, caxumba. 
Inoculação artificial ⇒ Ex: vacinas (suspensão de toxina, germes vivos atenuados 
ou mortos). 
⇒⇒⇒⇒ Imunidade Passiva: 
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59 
Artificialmente adquirida ⇒ Ex: soro sanguíneo de animais (geralmente de cavalo) é 
inoculado o antígeno (bactérias ou toxinas), neste animal e posteriormente o soro 
rico em anticorpos, é retirado e utilizado para fins terapêuticos no ser humano, pois 
possui rapidez na resposta (ação) Ex: soro antitetânico. 
Naturalmente adquirida ⇒ Ex: anticorpos que o recém-nascido recebe da mãe 
contra o sarampo, varíola e outros. 
b) Resposta celular 
Feita pelas células T, ativadas pelo sistema linfático. Algumas células T atraem 
para o local da infecção mais células fagocitárias, outras se fixam na membrana 
celular de microorganismos específicos, destruindo, e outras ativam a formação de 
células B (resposta humoral específica). 
c) Resposta humoral 
Feita pelas células B, também do sistema linfático.Estas células B ajudam na 
formação dos anticorpos – proteínas específicas - capazes de neutralizar toxinas, 
aglutinar microorganismos e promover sua ruptura. 
Estas proteínas com função de anticorpos recebem o nome de imunoglobulinas. Os 
linfócitos T e B, são também células de memória, isso quer dizer que mesmo quando 
acabado o problema, algumas amostras destas células ficam guardadas, de modo 
que quando houver infecção pelo mesmo microorganismo, a resposta será mais 
rápida, pois agora é só reproduzir o “molde”. 
d) Inflamação 
É a resposta protetora localizada, isto é a reação do organismo à lesão ou 
destruição dos tecidos causados por invasão de agentes infecciosos, ou por agentes 
químicos, térmicos ou físicos. A reação inflamatória é caracterizada por 04 sinais e 
sintomas típicos: calor, rubor, dor e tumor ou edema. Infecção é um processo no 
qual um agente infeccioso (patógeno) invade o organismo, cresce e se multiplica. 
Nem todo processo inflamatório é infeccioso, porém com o agravamento do 
processo inflamatório, pode-se instalar a infecção. 
e) Febre 
A febre além de ser um dos sinais mais comuns das doenças infecciosas, também é 
uma reação de defesa do organismo. Estudos comprovam que a elevação da 
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60 
temperatura funciona como um “breque” na velocidade da reprodução dos 
microorganismos. 
 
7.4 Prevenção de doenças Infecciosas 
Como profissionais da área da saúde devemos assistir ao cliente na hora do 
diagnóstico e tratamento, mas também orientar clientes e familiares como evitar 
novas infecções. A maior parte das doenças podemser prevenidas, mas 
principalmente nas doenças transmissíveis a propagação das orientações é de 
grande importância. A orientação educacional abrange temas como: 
⇒ Hábitos higiênicos (corpo, alimentos, lar); 
⇒ Saneamento do meio; 
⇒ Uso de EPI, quando for o caso; 
⇒ Imunização rotineira e seletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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61 
 CAPÍTULO 8 
 
INFECÇÃO HOSPITALAR 
 
8.1 Introdução 
Nas últimas décadas o tema infecção hospitalar tem sido abordado de forma mais 
científica e reconhecido como um importante problema médico, econômico e social. 
 
Na luta contra a infecção hospitalar surgiram nomes como de Semmelweis, obstetra 
do Ljing Hospital, Viena, em 1847, publicou suas conclusões sobre febre puerperal: 
parturientes atendidas por médicos e estudantes de medicina apresentavam 
infecção e a taxa de letalidade quatro vezes maior, quando comparadas àquelas 
atendidas por parteiras. 
 
É que os estudantes portavam partículas cadavéricas provenientes dos laboratórios 
que seriam transmitidas às clientes.Tal hipótese foi reforçada após a morte, por 
infecção, de um patologista ferido durante autópsia de puérperas infectadas. 
A partir de então, obrigou-os a lavar as mãos 
com solução clorada, antes do exame clínico e, 
em pouco tempo, notou-se queda da letalidade, 
demonstrando assim a efetividade da lavagem 
das mãos com solução antisséptica. 
 Fig. 8.1 Lavar as mãos. 
Todo ser humano está suscetível a adquirir infecções por microorganismos 
presentes naturalmente no meio ambiente ou que lhe são próprios e inofensivos 
(flora endógena normal) como, por exemplo, estafilococos da pele. Estes 
microorganismos são saprófitas, mais quando a resistência do corpo cai, eles se 
tornam oportunistas e patogênicos: subnutrição, má higiene, doenças, 
procedimentos diagnósticos e terapêuticos no ambiente hospitalar. 
 
Os Hospitais e os Profissionais de saúde, esforçam-se através da formação de 
(CCIH) Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, em organizar programas que 
visam à prevenção, controle ou erradicação da infecção hospitalar. 
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62 
Segundo a definição do Ministério da Saúde em 1983, a infecção hospitalar é 
"Qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se 
manifeste durante a internação ou mesmo após alta, quando puder ser 
relacionada com a hospitalização" (Portaria 196\83-M. S.). 
 
8.2 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar 
Em agosto de 1992, o Ministério da Saúde expediu na forma de anexos, normas 
para o controle das infecções hospitalares, revogando a portaria anterior e edita a 
atual e vigente de número 930. Segundo esta Portaria, todos os hospitais do país, 
independentemente da natureza da entidade mantenedora, devem manter 
programa de controle de infecções hospitalares, com vistas à máxima redução 
possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Para tanto, 
cada hospital deve constituir uma comissão de controle de infecções hospitalares 
(CCIH), que é um órgão de assessoria à direção e um Serviço de Controle de 
Infecções Hospitalares (SCIH). 
 
A CCIH deve ser composta por técnicos e profissionais do SCIH e por 
representantes de nível superior, no mínimo dos seguintes serviços: 
⇒ Serviço Médico 
⇒ Serviço de Farmácia 
⇒ Laboratório de Microbiologia 
⇒ Administração 
⇒ Serviço de Enfermagem 
A esta comissão compete, entre outras tarefas, definir as diretrizes para controle das 
Infecções Hospitalares, avaliar o programa confrontando-o com as informações 
procedentes do sistema de vigilância epidemiológica e comunicar aos diversos 
setores do hospital, inclusive à direção, a situação no que se refere ao Controle das 
Infecções Hospitalares, promovendo um amplo debate na comunidade hospitalar. 
 
8.3 Fatores desencadeantes da infecção hospitalar: 
8.3.1 Próprio do cliente: 
⇒ Idade: os mais suscetíveis são os idosos e as crianças (principalmente 
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63 
prematuros); 
⇒ Desnutrição: provoca alteração da flora intestinal, diminuindo a resistência; 
⇒ Obesidade: o fluxo sanguíneo está diminuído no tecido adiposo, logo as células 
de defesa também; 
⇒ Lesões cutâneas: favorecem a penetração de microorganismos. 
⇒ Fumo: diminui a defesa da árvore respiratória; 
⇒ Malformações congênitas: anomalias do trato urinário, favorecem infecções 
urinárias; 
⇒ Patologias: diabetes (dificuldade cicatrização), insuficiências cardíaca e renal, 
choques hipotensões, e comas (provocando a estase sanguínea que prejudica a 
mobilização de células fagocitárias) e distúrbios imunológicos. 
8.3.2 Agressão diagnóstica e terapêutica: 
Com a evolução da ciência e da tecnologia na área da medicina, novos métodos e 
aparelhos, têm ampliado o alcance diagnóstico, através da substituição, às vezes, 
temporária das funções de alguns setores do organismo. Esses equipamentos como 
tubos, sonda, cateteres, eletrodos introduzidos no organismo, através de orifícios 
naturais ou criados (incisões ou punções), são de natureza invasiva e provocam 
ruptura das defesas naturais contra infecção. 
⇒ Administração de medicamentos como: antibióticos, corticóides, citostáticos, 
Nutrição Parenteral Prolongada - NPP, transfusões de sangue e venóclises em 
geral. 
 
⇒ Realização de cirurgias: a incidência de infecção está diretamente relacionada 
com: 
⇒ Grau de contaminação bacteriana da cirurgia se limpa (cardíaca, neurológica) 
potencialmente contaminada (vesícula, útero) e contaminada ou infectadas, (cólon, 
reto, cavidade bucal, úlcera perfurada); 
⇒ Local da operação o risco maior nas cirurgias abdominais; 
⇒ Tamanho da ferida operatória; 
⇒ Duração da cirurgia; 
⇒ Intercorrências no ato cirúrgico; 
⇒ Falha de técnica cirúrgica; 
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64 
⇒ Técnica inadequada de curativo. 
8.3.3 Ambiente hospitalar 
⇒ Ar ambiente com alto teor de diferentes antibióticos que se relacionam às 
espécies multiresistentes; 
⇒ Higiene precária das instalações; 
⇒ Existência de hospedeiros (clientes) com queda de resistência; 
⇒ Aumento do número de pessoas lidando com o mesmo cliente; 
⇒ Aumento e circulação de clientes e de número de leitos excessivos nas 
enfermarias; 
⇒ Pessoal não preparado para atuar no controle e prevenção das infecções; 
⇒ Plantas físicas inadequadas: falta de pia, sala de medicação próxima ao expurgo. 
 
8.4 Prevenção da Infecção Hospitalar: 
Com o objetivo de prevenir e controlar a infecção, assegurar o conforto, segurança e 
bem estar do cliente e da equipe de saúde, foi elaborado técnicas e métodos 
específicos para o cuidado ao cliente, pelo Center for Diseases Control - EUA em 
1994. Foi publicado em 1996 o manual de Isolamentos e Precauções, permite que 
os hospitais façam composição dos tipos das apreciações conforme recursos 
disponíveis e tipos de doenças. 
8.4.1 Precauções Básicas: 
⇒ As precauções básicas se aplicam à: 
Sangue e todos os fluídos corpóreos (secreções ou excreções, independente de 
conter ou não sangue visível). 
Pele não intacta - membrana mucosa. 
⇒ É necessário o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) como luvas, 
avental e protetor de olhos. 
a) Luvas (EPI) ⇒ Ao tocar sangue, fluídos corpóreos, membrana mucosa e pele não 
íntegra, amostras de sangue, venopunção e acessos vasculares. Essas luvas 
deverão ser descartadas após contato com cada cliente. 
b) Avental (EPI) ⇒ Sempreque houver a possibilidade de contaminação das roupas 
com sangue ou fluídos corpóreos. 
c) Máscara e protetor de olhos (EPI) ⇒ Procedimentos em que possa espirrar 
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65 
sangue ou outros fluídos corpóreos. 
d) Lavagem das mãos: 
⇒ Imediatamente após contato com sangue ou fluídos corpóreos; 
⇒ Imediatamente após a retirada de luvas, máscaras e avental; 
e) Perfuro - cortantes descartáveis: 
⇒ Descarte em caixas rígidas e impermeáveis; 
⇒ Descartar imediatamente após o uso; 
⇒ Manusear com cuidado; 
⇒ Não reencapar, dobrar ou quebrar as agulhas. 
Para que estas normas sejam implantadas, alguns tópicos deverão ser analisados 
como: 
f) Acomodação dos clientes: 
Uso de quartos privativos para a prevenção da transmissão por contato direto ou 
indiretos em casos de clientes com maus hábitos de higiene ou que tenham 
dificuldade em seguir recomendações (crianças, pacientes com alterações mentais e 
outros), além de portadores de microorganismos de alta transmissibilidade ou de 
grande importância epidemiológica. Quando não há possibilidade do uso do quarto 
privativo, recomenda-se juntar clientes com a mesma doença em um mesmo 
ambiente, e funcionários não susceptíveis para aquela doença ou mesmo bem 
treinados devem cuidar apenas destes casos específicos. 
g) Transporte interno de clientes 
(exames, cirurgias, transferências, etc.) ⇒ Reforça a necessidade do uso de 
barreiras protetoras no transporte de clientes portadores de microorganismos 
multiresistentes ou de grande importância epidemiológica, sugerindo que se o 
transporte não possa ser evitado, seja feita a orientação de todos os setores 
envolvidos quanto aos cuidados adicionais com o cliente. 
h) Cuidado com a roupa 
(manipulação, transporte e lavagem) ⇒ Devem ser efetuados como de rotina, 
evitando sempre a dispersão de microorganismos e objetivando a proteção do 
funcionário. 
i) Utensílios de cozinha 
(talheres, pratos, copos etc.) ⇒ Não merecem cuidados extras em nenhum dos 
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66 
casos; a combinação de água em altas temperaturas e os detergentes é efetiva para 
a prevenção da transmissão dos diversos agentes. 
j) Ambiente 
(superfícies fixas) ⇒ Deve ser tratado de maneira uniforme, basicamente com 
técnica de limpeza efetiva com água e sabão e tratamento especial apenas nos 
casos de clientes portadores de microorganismos multiresistentes ou de importância 
epidemiológica onde, mobiliários próximos ao cliente como telefone, cabeceira, 
grades da cama e criado-mudo devem ser limpos e desinfetados com maior 
freqüência, pois, alguns destes agentes sobrevivem por longos períodos em 
superfícies inanimadas havendo o risco de funcionários os levarem para outros 
clientes caso haja falha na lavagem de mãos. 
 
8.4.2 Precauções para transmissão aérea 
Emprega-se quando a transmissão pode se dar através da disseminação por 
gotículas ou pó contendo microorganismos. Devem ser utilizados em casos de 
tuberculose, sarampos, varicela. Recomenda-se o uso de quarto privativo com 
pressão negativa, troca de ar controlada (a cada 6horas) e portas sempre fechadas. 
Recomenda-se o uso de máscara (tipo respirador) pelo funcionário o tempo todo. 
Reforça a necessidade do transporte cuidadoso do cliente (uso de máscara comum). 
 
8.4.3 Precauções para transmissão por gotículas 
Emprega-se para transmissão direta através da tosse, espirro ou fala. Recomenda-
se quarto privativo ou clientes com a mesma doença ou ainda distância de um metro 
entre leitos. Recomenda-se o uso de máscara comum quando próximo do cliente e 
uso concomitante com as Precauções Padrão. Reforça o transporte cuidadoso do 
cliente (uso de máscara). Deve ser empregados nos casos de N. meningitidis, H. 
influenzae, pneumococo e outros. 
 
8.4.4 Precauções para transmissão por Contato: 
Recomenda-se para clientes infectados ou colonizados por microorganismos 
transmitidos por contato direto (mãos) ou indireto (ambiente ou fômites). Deve ser 
empregada para microorganismos: Clostridium difficile, Vírus Sincicial Respiratório, 
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67 
Enterococcus sp MR, S.aureus oxacilino-resistente, rotavirus e alguns Gram-
negativos MR. Recomenda-se quarto privativo ou coorte de clientes. Reforça-se o 
uso de luvas e lavagem de mãos. Recomenda-se o uso de aventais no contato 
direto com clientes incontinentes. Reforça-se a necessidade do transporte 
cuidadoso, mantendo as precauções em todo trajeto. Quanto ao ambiente, 
recomenda-se a limpeza mais freqüente, principalmente de itens próximos ao 
cliente, tais como: criado-mudo, telefone, grades e cabeceira da cama. 
 
8.4.5 Precauções empíricas 
A rotina das Precauções Padrão Básico reduz grandemente o risco de transmissão 
da maioria das doenças, porém, em algumas situações devem ser aplicadas 
medidas adicionais. As Precauções Empíricas foram criadas para casos onde o 
diagnóstico definitivo da doença ainda não foi possível e, levando-se em 
consideração sinais e sintomas relevantes, indica-se alguma das precauções citadas 
anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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68 
CAPÍTULO 9 
 
PRINCÍPIOS DE ASSEPSIA E ESTERILIZAÇÃO 
 
9.1 Introdução 
A Assepsia é o processo pelo qual se consegue afastar os germes patogênicos e 
infecção de determinado local, objeto ou hospedeiro. Classifica-se: 
 
9.1.1 Assepsia Cirúrgica 
Consiste no emprego de técnicas com o objetivo de não propagar microorganismos 
em local ou objeto estéril. Também chamados de técnicas estéreis. Ex: avental, 
luvas esterilizadas usadas durante cirurgias. As áreas que forem tocadas por 
qualquer objeto que não esteja estéril; são consideradas contaminadas. 
 
9.1.2 Assepsia Médica 
Consiste nas atitudes e princípios que visam a redução do número de 
microorganismos causadores de doenças e sua transmissão. Isto é necessário 
devido à existência de microorganismos no meio ambiente que em alguns 
indivíduos, sob determinadas circunstâncias tornam-se patogênicos. Portanto, 
reduzir o nº de microorganismos e impedir sua transmissão são medidas importantes 
para garantir a segurança do cliente. 
Ex: 
⇒ Lavar as mãos; 
⇒ Cobrir a boca ao tossir; 
⇒ Utilizar objetos de uso pessoal (toalha, escova de dente); 
⇒ Isolamento de pessoas com moléstias transmissíveis; 
⇒ Limpeza terminal e concorrente, etc. 
 
Na assepsia médica, consideram-se as áreas contaminadas, quando existe ou 
suspeita-se que existam patógenos; assim o avental vestido pela enfermeira ou pela 
mãe quando cuida de uma criança que tem sarampo são para proteção das 
mesmas. 
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69 
9.2 Métodos Utilizados: 
9.2.1 Antissepsia 
É o conjunto de métodos empregados para combater os microorganismos 
patogênicos através da destruição ou da inativação dos mesmos. 
Ex: antissepsia pré-punção venosa 
 
Os anti-sépticos são compostos orgânicos ou inorgânicos que detêm ou inibem a 
proliferação de microorganismos recomendados pelo Ministério da Saúde, com ação 
germicida destinados a aplicação em pele e mucosa. 
 
9.2.1.1 Tipos de Antisépticos: 
a) Polivinilpirrolidona ⇒ iodo (PVPI) 
Degermante: 
⇒ PVPI – com 1% de iodo ativo. 
⇒ Lauril éter sulfato de sódio. 
Uso: degermação de mãos e antebraços dos cirurgiões e descontaminação do 
campo operatório. 
Tópico: 
⇒ PVPI – com 1 % de iodo ativo sem degermante. 
Uso: Antissepsia da pele. 
Tintura: 
⇒ PVPI – com 1 % de iodo ativo em veículo alcoólico. 
Uso: Antissepsia

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