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Aula 02
Curso: Direito do Trabalho p/ TRT-BA - Analista Jud. e Técnico Jud. (Área
Administrativa)
Professor: Mário Pinheiro
 Direito do Trabalho p/ TRT5 (BA) 
Teoria e Questões Comentadas 
Prof. Mário Pinheiro ± Aula 02 
 
 
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AULA 02: Relações de trabalho e emprego. Empregado 
e empregador. 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Introdução 02 
2. Relação de trabalho e relação de emprego 03 
2.1. Relação de emprego 04 
2.2. Relações de Trabalho lato sensu 13 
2.2.1. Estágio 14 
2.2.2. Trabalhador autônomo 18 
2.2.3. Trabalho eventual 20 
2.2.4. Cooperados 22 
2.2.5. Trabalhador avulso 24 
2.2.6. Trabalho voluntário 26 
3. A figura jurídica do empregado 27 
3.1. Altos empregados 30 
3.2. Empregado rural 33 
3.3. Empregado doméstico 36 
3.4. Aprendiz 45 
3.5. Empregado público 50 
3.6. Trabalhador temporário 52 
4. A figura jurídica do empregador 55 
4.1. Grupo econômico1 60 
4.2. Sucessão de empregadores 64 
5. Questões comentadas 70 
6. Lista das questões comentadas 104 
7. Gabaritos 118 
8. Conclusão 118 
9. Lista de legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados à aula 119 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 2�WySLFR�³*UXSR�HFRQ{PLFR��VXFHVVmR�GH�HPSUHJDGRUHV��UHVSRQVDELOLGDGH�VROLGiULD´�QmR�VHUi�H[LJLGR�SDUD�R�
cargo de Técnico. 
35552280997
 Direito do Trabalho p/ TRT5 (BA) 
Teoria e Questões Comentadas 
Prof. Mário Pinheiro ± Aula 02 
 
 
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1. Introdução 
 
 Oi amigos (as), 
 
 Sejam bem vindos (as) a mais uma aula do nosso curso. Este assunto é 
muito importante, e é freqüente em concursos públicos. 
 
 No edital do TRT 5ª Região (Analista e Técnico Judiciário ± Área 
Administrativa) o conteúdo da aula está presente no trecho abaixo: 
 
Relação de trabalho e relação de emprego. Requisitos e distinção. Sujeitos do 
contrato de trabalho stricto sensu. Empregado e empregador. Conceito e 
caracterização. Poderes do empregador no contrato de trabalho. Grupo 
econômico; sucessão de empregadores; responsabilidade solidária2. 
 
 
 
 Vamos ao trabalho! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe 
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
 
2
 2�WySLFR�³*UXSR�HFRQ{PLFR��VXFHVVmR�GH�HPSUHJDGRUHV��UHVSRQVDELOLGDGH�VROLGiULD´�QmR�VHUi�H[LJLGR�SDUD�R�
cargo de Técnico. 
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 Direito do Trabalho p/ TRT5 (BA) 
Teoria e Questões Comentadas 
Prof. Mário Pinheiro ± Aula 02 
 
 
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2. Relação de trabalho e relação de emprego 
 
 Iniciaremos o tópico fazendo a distinção entre relação de trabalho e relação 
de emprego. 
 
 Relação de trabalho é uma expressão ampla, que engloba os mais 
diversos tipos de labor do ser humano. Conforme detalhado no sumário de nossa 
aula, a expressão abrange, por exemplo, as relações empregatícias, estagiários, 
trabalhadores avulsos, trabalhadores autônomos, etc. 
 
 Já a relação de emprego tem lugar quando estão presentes os seus 
pressupostos (elementos) fático-jurídicos indispensáveis. É uma espécie de 
gênero relações de trabalho. 
 
 Recorrendo novamente a um esquema, pois eles facilitam a memorização: 
 
 
Relações de Trabalho 
 
 
 
 
Relações de emprego 
 
 
 
Trabalhador avulso 
Trabalhador autônomo 
Trabalhador eventual 
Estagiário 
etc. 
Empregado urbano 
Empregado rural 
Empregado doméstico 
Aprendiz 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.1. Relação de emprego 
 
 A relação de emprego se configura quando presentes os elementos fático-
jurídicos componentes da relação de emprego, que são o trabalho prestado por 
pessoa física, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade. 
 
 
Elementos fático-jurídicos componentes da 
relação de emprego: pessoa física, 
pessoalidade, subordinação, onerosidade e 
não eventualidade. 
 
 É importante decorar o artigo 3º da CLT, principalmente se o assunto 
³UHODomR�GH�HPSUHJR´�FDLU�HP�SURYDV�GLVFXUVLYDs: 
 
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário. 
 
Resumindo, teríamos o seguinte: 
 
 
 Pessoa física Pessoalidade 
 
 
 
 
Onerosidade 
 
 
Empregado 
 
 Não eventualidade 
 
 
 
 
 
 Subordinação 
jurídica 
 
 
 
 Vamos agora esmiuçar cada um destes elementos fático-jurídicos. 
 
 
 
 
 
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Pessoa física 
 
 
 Para que se possa falar em relação de emprego deve haver a prestação de 
serviço por pessoa física. Assim, se existe prestação de serviço de pessoa 
jurídica para pessoa jurídica, não caberá aplicação das normas justrabalhistas. 
 
 É importante frisar que existem tentativas de mascaramento de típicas 
relações de emprego, onde se tenta camuflar o vínculo empregatício com o uso 
artificial de pessoa jurídica. 
 
 Com fundamento no princípio da primazia da realidade pode-se 
desconstituir tais situações (com utilização de pessoa jurídica) e reconhecer o 
vínculo empregatício. Neste sentido Mauricio Godinho Delgado3: 
 
³2EYLDPHQWH� TXH� D� UHDOLGDGH� FRQFUHWD� SRGH� HYLGHQFLDU� D� XWLOL]DomR�
simulatória de roupagem de pessoa jurídica para encobrir prestação 
efetiva de serviços por uma específica pessoa física, celebrando-se 
uma relação jurídica sem a indeterminação de caráter individual que 
tende a caracterizar a atuação de qualquer pessoa jurídica. 
Demonstrado, pelo exame concreto da situação examinada, que o 
serviço diz respeito apenas e to somente a uma pessoa física, surge o 
primeiro elemento fático-jurídico da relaçmR�HPSUHJDWtFLD�´ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 283. 
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Pessoalidade 
 
 A pessoalidade tem lugar quando o prestador de serviços é sempre o 
mesmo, havendo, então,prestação de serviço intuitu personae. 
 
 A pessoalidade se faz presente quando o prestador de serviços não pode se 
fazer substituir por terceiros, o que confere vínculo com caráter de 
infungibilidade. 
 
 Recorrendo ao dicionário (para facilitar a compreensão), vemos que 
fungível é o bem que pode ser substituído por outro de mesma espécie, como o 
dinheiro. 
 
 Como o empregado não pode deixar de ir trabalhar em determinado dia e 
mandar um amigo ou parente em seu lugar, tem-se que o vínculo empregatício 
possui caráter de infungibilidade (em relação ao prestador de serviços ± 
empregado). 
 
 Destaquei ao final da frase que a infungibilidade se dá em relação ao 
prestador de serviços, porque no outro pólo da relação de emprego (o 
empregador) não existe a infungibilidade (no caso, haveria fungibilidade). Tanto 
é que, mesmo havendo sucessão de empregadores (como vimos na aula 01), isto 
não afeta os contratos de trabalho: 
 
CLT, art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa 
não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 
 
 Assim, no contrato de trabalho temos quanto ao 
 
- empregado, a infungibilidade (pessoalidade, prestação de serviços intuitu 
personae). 
 
- empregador, a fungibilidade (de que é exemplo a sucessão de 
empregadores). 
 
 Ainda quanto à pessoalidade é de se ressaltar que existem afastamentos 
legais (mandato de dirigente sindical, férias, licenças, etc.) e, nestes casos, 
apesar do contrato de trabalho ser interrompido (ou suspenso) isto não prejudica 
a pessoalidade do trabalhador. 
 
 
 
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Subordinação 
 
 A subordinação é tida como o elemento mais marcante para a configuração 
da relação de emprego, e ela se verifica quando o empregador tem poder diretivo 
sobre o trabalho do empregado, dirigindo, coordenando e fiscalizando a prestação 
dos serviços executados pelo trabalhador. 
 
 A doutrina já conferiu à subordinação, ao longo do tempo, as dimensões 
técnica, econômica e jurídica. 
 
 A subordinação (ou dependência) seria técnica porque seria do empregador 
o conhecimento técnico do processo produtivo; seria econômica porque o 
empregado dependeria do poder econômico do empregador; por fim, seria 
jurídica porque o contrato de trabalho, assim como o poder diretivo do 
empregador, tem caráter jurídico. 
 
 Atualmente há consenso doutrinário de que a subordinação da relação 
empregatícia tem viés jurídico. 
 
 
A subordinação como elemento fático-jurídico da relação de emprego 
 
 
 
técnica jurídica econômica 
 
 
 Retomando o artigo 3º da CLT, temos que fazer outro comentário: 
 
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário. 
 
 2�DUWLJR�IDOD�HP�³GHSHQGrQFLD´��TXH�HUD�R�HQIRTXH�GRXWULQiULR�QDV�ySWLFDV�
de dependência técnica e econômica, e hoje o mais adequado é falar-se em 
subordinação [jurídica, no caso]. 
 
 
 
 
 
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 Ainda quanto à subordinação na Consolidação das Leis do Trabalho é 
relevante mencionar seu artigo 6º, alterado em 2011: 
 
CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de 
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação 
jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do 
trabalho alheio. 
 
 A alteração da CLT em estudo teve como objetivo equiparar os efeitos 
jurídicos da subordinação (jurídica) exercida por meios telemáticos e 
informatizados à exercida por meios pessoais e diretos. 
 
Onerosidade 
 
 Na relação de emprego o trabalhador coloca sua força de trabalho à 
disposição do empregador para receber contraprestação salarial. Deste modo, a 
relação empregatícia é onerosa. 
 
 A legislação prevê diferentes possibilidades de contraprestação salarial: 
pagamento em dinheiro, pagamento em utilidades, parcelas fixas, parcelas 
variáveis, prazos de pagamento diário, semanal, mensal. Em todos esses casos 
poderemos identificar a onerosidade da relação empregatícia. 
 
 E se o trabalhador colocou sua força de trabalho à disposição do 
empregador mas, descumprindo a lei, este último deixou de pagar os salários 
devidos; isto retira o caráter oneroso da relação estabelecida entre as partes? 
 
 A resposta é negativa. O atraso (ou inadimplemento) do salário não retira o 
caráter oneroso da relação de emprego. 
 
 Nos casos onde o empregador não paga salários, ou até mesmo impõe uma 
situação de servidão disfarçada (onde há prestação de serviços sem a 
contraprestação salarial) deve-se analisar o animus contrahendi. 
 
 Podemos definir o animus contrahendi como a intenção das partes 
(notadamente do prestador dos serviços) ao firmar a relação de trabalho: o 
empregado disponibilizou sua força de trabalho com interesse econômico, 
objetivando receber salário? 
 
 Se a resposta for positiva, configurar-se-á a onerosidade (mesmo que no 
caso fático o empregador não tenha cumprido sua parte ± pagamento do salário). 
 
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 Se a resposta for negativa, ou seja, a pessoa realizou o trabalho sem 
intenção onerosa, não poderemos entender a relação como um vínculo de 
emprego. Este é o caso do trabalho voluntário, como veremos no próximo tópico 
desta aula. 
 
Não eventualidade 
 
 Se a pessoa trabalha de modo apenas eventual, teremos uma relação de 
trabalho, mas não poderemos enxergá-la como relação de emprego. Este seria o 
caso de um trabalhador eventual, como veremos adiante, cujo labor é prestado 
de forma esporádica. 
 
 Para configuração da relação de emprego a prestação laboral deve ser não 
eventual, ou seja, o trabalhador deve disponibilizar sua força de trabalho de 
forma permanente. 
 
 Para que se considere a relação permanente, é impositivo que o trabalho 
seja prestado todos os dias? 
 
 A resposta é negativa. 
 
 Vamos ao exemplo dos bares e restaurantes. Neste segmento econômico é 
comum encontrar estabelecimentos que só abrem de quarta-feira a sábado, ou 
até mesmo somente em finais de semana. Em outros casos, até abrem todos os 
dias, mas como o público frequentador é muito maior aos sábados e domingos, 
uma parte dos empregados não labora em todos os dias da semana. 
 
 Apesar de não trabalharem todos os dias, existe a prestação laboral em 
caráter permanente, ao longo do tempo, para o mesmo empregador. Assim, não 
podemos dizer que este trabalho seja esporádico; ele tem caráter de 
permanência. 
 
 Atentem para o fato de que a permanência (aludida no parágrafo anterior) 
não é sinônima de continuidade. 
 
 
1mR�HYHQWXDOLGDGH��&RQWLQXLGDGH 
 
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 A continuidade está expressa na Lei 5.859/72 (que dispõe sobre a 
profissão do empregado doméstico, objeto de estudo em tópico específico desta 
aula): 
 
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços 
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário. 
 
Lei 5.859/72, art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que 
presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou 
à família no âmbito residencial destas, aplica-se o disposto nesta lei. 
 
 Resumindo, quando estivermos tratando dos elementos fático-jurídicos dos 
empregados em geral precisamos ter em mente a ideia de não eventualidade 
(e não da continuidade). 
 
Em que pese esta distinção teórica, a Banca FCC tem entendido que a 
continuidade é elemento fático-jurídico nas relações de emprego em geral, como 
na questão abaixo, cujo gabarito foi (C): 
 
(FCC_TRT9_TÉCNICO JUDICIÁRIO_ÁREA ADMINISTRATIVA_2013) Considera-se 
empregado toda pessoa física que prestar serviços a empregador com as 
características de 
(A) impessoalidade, continuidade, onerosidade e independência jurídica. 
(B) pessoalidade, continuidade, exclusividade e subordinação. 
(C) pessoalidade, continuidade, onerosidade e subordinação. 
(D) pessoalidade, continuidade, confidencialidade e subordinação. 
(E) pessoalidade, continuidade, onerosidade e independência jurídica. 
 
 Sobre a distinção entre eventual e não eventual é oportuno citar a 
seguinte passagem da obra de Valentin Carrion4 
 
³Não eventual: permanente ou por tempo determinado. Eventual: 
ocasional, esporádico. Aqui o conceito não é apenas temporal, pois 
não deve ser atribuído o caráter de eventualidade: a) quando o 
trabalho tem por objeto necessidade normal da empresa, que se 
repete periódica e sistematicamente (ex.: vendedora de ingressos em 
 
4
 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por Eduardo 
Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 44. 
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teatro, uma hora por dia; músico de um clube, dois dias por semana; 
professor de escola, duas aulas por semana); b) trabalhador 
contratado para reforçar a produção por pouco tempo (deve ser 
FRQWUDWDGR�SRU�WHPSR�GHWHUPLQDGR��H�QmR�FRPR�HYHQWXDO��´ 
 
 Acerca das atividades que se repetem ³SHULyGLFD�H�VLVWHPDWLFDPHQWH´��FRPR�
ressaltou o autor, é interessante notar que abrangem atividades-fim e atividades-
meio. 
 
 Assim, a repetibilidade (ou habitualidade) que confere o caráter de 
permanência da atividade desenvolvida pode se dar tanto nas atividades-fim - 
como a elaboração do produto ou serviço que a empresa produz - quanto nas 
atividades-meio - como a realização de limpeza ou serviço de manutenção das 
instalações do estabelecimento. 
 
 Ainda sobre a não eventualidade, é de se ressaltar, mais uma vez, que 
ela pode restar configurada mesmo quando o empregado não labore todos os dias 
da semana. 
 
 Por que toquei neste assunto novamente? Para tecer um último comentário: 
a mesma pessoa física pode ter mais de uma relação de emprego, com 
empregadores distintos (mantendo com ambos, no caso, a não eventualidade). 
 
 Neste contexto, nota-se que não se exige exclusividade na prestação de 
serviços para o reconhecimento do vínculo de emprego: estando presentes todos 
os elementos fático jurídicos da relação de emprego (entre eles a não 
eventualidade), a mesma pessoa física poderá ter relação de emprego com mais 
de um empregador. 
 
 Para finalizar este tópico vamos retomar então este aspecto relevante: o 
trabalho em jornada menor que a legal, ou então em poucos dias na semana não 
desconstitui a permanência, que é a prestação laboral permanente ao longo do 
tempo, com ânimo definitivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Alteridade 
 
 A alteridade, também chamada de princípio da alteridade, é um requisito 
existente nas relações de emprego. 
 
 É pouco explorado em provas, mas pode vir a surgir em alguma questão. 
 
 A alteridade se relaciona ao risco do negócio, que deve ser assumido pelo 
empregador. Nesta linha, não se admite que sejam transferidos ao empregado os 
riscos do empreendimento, pois estes devem ser suportados pelo empregador. 
 
 A alteridade encontra-se presente no seguinte dispositivo da CLT: 
 
CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a 
prestação pessoal de serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2. Relações de trabalho lato sensu 
 
 Estudaremos agora as relações de trabalho lato sensu, conceito que abarca 
relações de trabalho que não configuram relação de emprego. 
 
 Retomando o esquema para todos se orientarem: 
 
Relações de Trabalho 
 
 
 
Relações de emprego 
 
 
 
Trabalhador avulso 
Trabalhador autônomo 
Trabalhador eventual 
Estagiário 
etc. 
Empregado urbano 
Empregado rural 
Empregado doméstico 
Aprendiz 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2.1. Estágio 
 
 O estágio é regulado pela Lei 11.788/08, que define estágio como ³ato 
educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa 
à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando 
o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, 
de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, 
na modalidade profissional da educação de jovens e adultos´. 
 
 Atendidos os requisitos formais e materiais da Lei 11.788/08, o estagiário 
não será considerado empregado. Assim, para que de fato não haja vínculo 
empregatício entre o estagiário e a parte concedente do estágio deve-se seguir 
todos os preceitos da lei supracitada. 
 
 Segue o trecho mais importante (para fins de concurso) da lei supracitada: 
 
Lei 11.788/08, art. 3º O estágio (...) não cria vínculo empregatício de qualquer 
natureza, observados os seguintes requisitos: 
 
I ± matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, 
de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais 
do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e 
adultos e atestados pela instituição de ensino; 
 
II ± celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte 
concedente do estágio e a instituição de ensino; 
 
III ± compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas 
previstas no termo de compromisso. 
 
 Percebam então que o estágio subentende uma relação trilateral, com a 
participação do estagiário, do concedentedo estágio e de instituição de ensino. 
 
 Estagiário 
 
Instituição de 
ensino 
 Estágio Concedente do estágio 
 
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Deste modo, se, por exemplo, não há formalização de termo de 
compromisso ou não há participação de instituição de ensino, estaremos diante 
de um vínculo empregatício, e não de estágio. 
 
No próprio dizer da lei, caso seja verificado que não estão sendo 
respeitados os requisitos estudados acima, caracterizar-se-á a relação de 
emprego: 
 
Lei 11.788/08, art. 3º, § 2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste 
artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza 
vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos 
os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 
 
 No capítulo relativo à fiscalização, novamente a lei remete à consequência 
do estágio irregular: 
 
Lei 11.788/08, art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com 
esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do 
estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 
 
 Há toda essa ênfase legal quantos aos requisitos do estágio porque, na 
prática, é comum encontrar verdadeiros empregados que estão sendo admitidos 
FRPR� ³HVWDJLiULRV´�� FRPR� R� REMHWLYR� GH� UHWLUDU� GHVWDV� SHVVRDV� RV� GLUHLWRV�
trabalhistas assegurados pela CF/88 e CLT (férias, FGTS, 13º, etc.). 
 
A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 
(dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. 
 
Com relação aos elementos fático-jurídicos característicos da relação 
empregatícia, podemos perceber que no estágio remunerado não se pode falar 
em ausência de determinado requisito que justifique nitidamente a ausência de 
vínculo de emprego. 
 
Então por que o estagiário não é considerado empregado? 
 
Bem, apesar de haver pessoalidade, onerosidade (quando o estágio é 
remunerado), subordinação e não eventualidade, se atendidos os requisitos da lei 
11.788/08 este diploma retirou do estágio a proteção trabalhista. 
 
Isto porque o estágio não foi concebido para que a pessoa (estagiário) 
labore em prol da atividade empresarial pura e simplesmente, mas sim com o 
objetivo de integrar o itinerário formativo do educando. 
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No dizer da própria Lei, 
 
Lei 11.788/08, art. 1º, § 2º O estágio visa ao aprendizado de competências 
próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o 
desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. 
 
------------------------------- 
 
 Consta também da lei que estágios superiores a 1 ano dão direito, ao 
estagiário, do gozo de recesso de 30 dias, nos seguintes termos: 
 
Lei 11.788/08, art. 13 É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha 
duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a 
ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. 
 
 Como o estagiário não é empregado regido pela CLT, é de se notar que a 
previsão normativa é de recesso de 30 (trinta) dias - e não de férias. 
 
------------------------------- 
 
 Além das 3 partes já mencionadas (estagiário, concedente do estágio e 
instituição de ensino), é possível que também participem do estágio os agentes 
de integração, que têm funções auxiliares no processo de contratação e 
realização do estágio. 
 
 Estes agentes de integração (públicos ou privados) terão a função de 
interlocutor, auxiliando no processo de contratação dos estagiários pelas 
empresas interessadas. 
 
 As disposições sobre os agentes de integração seguem abaixo: 
 
Lei 11.788/08, art. 5º As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio 
podem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e 
privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, 
devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a 
legislação que estabelece as normas gerais de licitação. 
 
§ 1º Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de 
aperfeiçoamento do instituto do estágio: 
 
I ± identificar oportunidades de estágio; 
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II ± ajustar suas condições de realização; 
 
III ± fazer o acompanhamento administrativo; 
 
IV ± encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; 
 
V ± cadastrar os estudantes. 
 
§ 2º É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de 
remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2.2. Trabalhador autônomo 
 
 O trabalhador autônomo labora sem subordinação, e a falta deste 
elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. 
 
$� H[SUHVVmR� ³DXW{QRPR´� UHSUHVHQWD� HVWH� IDWR�� QR� VHQWLGR� GH� TXH� R�
profissional possui autonomia para exercer suas funções (ou seja, não está sob o 
poder de direção de um empregador). 
 
 A compreensão deste fato foi explorada na questão abaixo, correta: 
 
(CESPE_TRT17_ANALISTA JUDICIÁRIO_ÁREA ADMINISTRATIVA_2009) O 
elemento diferenciador entre o empregado e o trabalhador autônomo é a 
subordinação. 
 
O contraponto à condição de autônomo seria a subordinação, situação na 
qual o tomador de serviços utilizaria poder diretivo para determinar como o 
trabalho deve ser executado, além de fiscalizar e dirigir a prestação laboral. Neste 
caso, teríamos então vínculo empregatício, e não trabalho autônomo. 
 
 Exemplos de trabalho autônomo são a empreitada (de obra, onde o 
empreiteiro fornece mão de obra e/ou materiais), regulada pelos artigos 610 a 
626 do Código Civil (Lei 10.406/02), e a profissão de representante comercial 
autônomo, regulada pela Lei 4.886/65: 
 
Lei 4.886/65, art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa 
jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em 
caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a 
realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, 
transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a 
execução dos negócios. 
 
No trabalho autônomo também não existe, em regra, o elemento 
pessoalidade. 
 
 Relembrando, a pessoalidade se faz presente quando o prestador de 
serviços não pode se fazer substituir por terceiros, o que confere vínculo com 
caráter de infungibilidade. 
 
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Tratando da pessoalidade em relação ao autônomo o Ministro Godinho5 
esclarece que: 
 
³8P� VHrviço cotidiano de transporte escolar,por exemplo, pode ser 
contratado ao motorista do veículo, que se compromete a cumprir os 
roteiros e horários pre-fixados, ainda que se fazendo substituir 
eventualmente por outro(s) motorista(s). A falta de pessoalidade, 
aqui, soma-se à ausência de subordinação, para distanciar essa 
relação jurídica de trabalho da figura empregatícia da CLT (...). O 
trabalho autônomo pode, contudo, ser pactuado com cláusula de 
rígida pessoalidade ± sem prejuízo da absoluta ausência de 
subordinação. É o que tende a ocorrer com a prestação de serviços 
contratada a profissionais de nível mais sofisticado de conhecimento 
RX�KDELOLGDGH��FRPR�PpGLFRV��DGYRJDGRV��DUWLVWDV��HWF�´ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 340. 
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2.2.3. Trabalho eventual 
 
 Quando falamos em trabalhador eventual temos que lembrar a ausência do 
elemento fático-jurídico não eventualidade. Em outras palavras, estaremos 
diante da eventualidade na prestação dos serviços. 
 
 Como o próprio nome faz crer, esta pessoa trabalha de forma eventual, 
esporádica, e por isso não se configura o vínculo empregatício. 
 
 Segue um trecho do livro do Ministro Godinho6 em que o autor propõe a 
caracterização do trabalho de natureza eventual ± o(a) concurseiro(a) já enxerga 
isso como 5 alternativas de uma questão de múltipla escolha ;-) 
 
Caracterização 
do trabalho de 
natureza 
eventual 
» 
Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida 
como a não permanência do empregado em uma 
organização com ânimo definitivo. 
 
» Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, 
com pluralidade variável de tomadores de serviços. 
 
» Curta duração do trabalho prestado. 
 
» 
Natureza do trabalho tende a ser concernente a evento 
certo, determinado e episódico no tocante à regular 
dinâmica do empreendimento tomador de serviços. 
 
» 
A natureza do trabalho prestado tenderá a não 
corresponder, também, ao padrão dos fins normais 
do empreendimento. 
 
 
Amauri Mascaro Nascimento7 cita os seguintes exemplos de trabalhador 
eventual: 
 
 
 
 
 
 
 
6
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 288. 
7
 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 178. 
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³+i�H[HPSORV�TXH�SRGHP��GH�DOJXP�PRGo, facilitar a compreensão do 
FRQFHLWR� GH� WUDEDOKDGRU� HYHQWXDO�� R� ³EyLD-IULD´�� YRODQWH� UXUDO�� TXH�
cada dia vai trabalhar numa fazenda diferente, ganhando por dia, sem 
VH�IL[DU�HP�QHQKXPD�GHODV��R�³FKDSD´��TXH�ID]�FDUJD�H�GHVFDUJD�GH�
mercadorias de caminhões, recebendo cada dia de um motorista 
diferente ou de uma empresa diferente dentre as muita para as quais, 
sem fixação, faz esse serviço e a diarista que vai de vez em quando 
ID]HU�D�OLPSH]D�GD�UHVLGrQFLD�GD�IDPtOLD�´ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2.4. Cooperados 
 
 O cooperativismo surgiu para que pessoas que desenvolvem atividades 
semelhantes possam ter melhores condições de oferecer seus produtos e serviços 
(ganhando em escala, unindo esforços para obter acesso a empréstimos, 
utilizando espaços comuns no processo produtivo, etc.). 
 
 Assim, produtores de hortifrutigranjeiros, por exemplo, podem se 
estruturar em cooperativa para negociar em condição mais vantajosa com os 
revendedores de seus produtos, podem construir espaço de uso comum para 
estocar e produzir, podem comprar insumos de forma centralizada com preços 
mais baixos, entre outros benefícios. 
 
 O problema que ocorre na prática é a tentativa de mascarar relação de 
emprego sob a roupagem de cooperados. Assim, caso estejam presentes os 
elementos fático-jurídicos da relação de emprego estará descaracterizada a 
situação de cooperado. 
 
 O verdadeiro cooperado é um trabalhador autônomo, pois não é 
subordinado à cooperativa. 
 
 Segue abaixo um dispositivo da CLT sobre cooperativas: 
 
CLT, art. 442, parágrafo único8 - Qualquer que seja o ramo de atividade da 
sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus 
associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. 
 
 $� &/7� IDOD� HP� ³TXDOTXHU� TXH� VHMD� R� UDPR� GH� DWLYLGDGH´� SRUTXH� SRdem 
existir cooperativas de produtores, de médicos, artesãos, taxistas, etc. 
 
 Conforme ensina Mauricio Godinho Delgado9, a verdadeira relação 
cooperativista, para se configurar, deve atender aos princípios da dupla 
qualidade e da retribuição pessoal diferenciada. 
 
 
 
 
 
 
8
 O dispositivo continua vigente, mesmo havendo uma nova lei que regula especificamente as Cooperativas de 
Trabalho ± Lei 12.690/2012. 
9
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331. 
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Princípio da dupla qualidade 
 
 Este princípio se relaciona à necessidade de que o filiado à cooperativa (o 
cooperado, no caso) tenha benefícios desta situação, ou seja, a cooperativa deve 
prestar serviços que beneficiem seus associados. 
 
 Voltando ao exemplo da cooperativa de produtores de hortifrutigranjeiros, 
estes serviços que a cooperativa presta seus associados poderiam ser 
materializados, por exemplo, na compra centralizada de sementes e fertilizantes, 
oferecimento de assistência técnica de agrônomo, transporte da produção das 
propriedades até o estabelecimento do comprador, etc. 
 
 Nesta linha, o cooperado se utiliza da cooperativa para vender produtos ou 
serviços e também é cliente da própria cooperativa, no sentido de receber 
benefícios de tal condição. Esta é a dupla qualidade a que alude o princípio em 
estudo. 
 
Princípio da retribuição pessoal diferenciada 
 
 Este princípio foi construído pelo Ministro Godinho10, segundo o qual 
 
³2� SULQFtSLR� GD� UHWULEXLomR� SHVVRDO� GLIHUHQFLDGD� p� D� GLUHWUiz jurídica 
que assegura ao cooperado um complexo de vantagens comparativas 
de natureza diversa muito superior ao patamar que obteria caso 
DWXDQGR�GHVWLWXtGR�GD�SURWHomR�FRRSHUDWLYLVWD�´ 
 
 Assim, o profissional cooperado tem retribuição pessoal diferenciada 
justamente por ser cooperado, condição esta que deve conferir à pessoa 
vantagens econômicas superiores às que obteria caso atuasse isoladamente, sem 
o auxílio da cooperativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331. 
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2.2.5. Trabalhador avulso 
 
 O trabalhador avulso pode ser enquadrado como uma espécie de 
trabalhador autônomo, havendo, é claro, dessemelhanças que justificam seu 
estudo em tópico apartado. 
 
 Podemos citar como exemplo de avulso os trabalhadores que realizam 
carga e descarga de mercadorias em navios e armazéns de portos. 
 
 Assim como o trabalhador eventual, no caso dos avulsos não temos o 
elemento fático-jurídico não eventualidade, visto que o avulso presta serviços a 
diversos tomadores em curtos intervalos de tempo. Em outras palavras, no caso 
dos avulsos temos a eventualidade na prestação dos serviços. 
 
 Uma diferença marcante na atuação dos avulsos é que estes realizam 
tarefas para os tomadores com a intermediação de uma entidade representativa, 
que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO): 
 
MP 595/2012, art. 28. Os operadores portuários, devem constituir, em cada porto 
organizado, um órgão de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário (...) 
 
 A MP 595/2012 determina que o OGMO tem as atribuições de administrar o 
fornecimento da mão de obra dos avulsos, selecionar, registrar e manter o 
cadastro dos avulsos, arrecadar e repassar a eles a remuneração paga pelos 
operadores portuários, etc. 
 
 A categoria dos avulsos tem, historicamente, obtido conquistas por meio de 
movimentos sindicais e organização coletiva, tanto é que têm direito a uma série 
de proteções e direitos não estendidos a categorias cujos vínculos não sejam de 
emprego. 
 
 Como vimos no estudo do artigo 7º da CF/88, nossa Constituição prevê: 
 
CF/88, art. 7º, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
 
 Deste modo, os avulsos, apesar de não constituírem vínculo empregatício 
(pela eventualidade de seu trabalho) têm direito a FGTS, repouso semanal, 13º, 
adicional de trabalho noturno, etc. 
 
 Além dos avulsos portuários (que laboram nos portos e cercanias) existe 
também trabalho avulso em regiões do interior, situação regulamentada pela Lei 
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12.023/09, que dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias em 
geral e sobre o trabalho avulso. 
 
 De acordo com esta lei os avulsos regidos por ela (o que exclui os avulsos 
portuários, regidos por lei própria) realizarão atividades de movimentação de 
mercadorias em geral, desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo 
empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da 
categoria, por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para 
execução das atividades. 
 
 O conceito de movimentação de mercadorias foi objetivamente definido em 
seu artigo 2º: 
 
Lei 12.023/09, art. 2º São atividades da movimentação de mercadorias em 
geral: 
 
I ± cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, 
embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, 
reordenamento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, 
classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e 
desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha 
em secadores e caldeiras; 
 
II ± operações de equipamentos de carga e descarga; 
 
III ± pré-limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou 
à sua continuidade. 
 
 Assim como ocorreu no trabalho avulso portuário, em que o OGMO recebe a 
remuneração do tomador de serviços e a repassa aos avulsos, na Lei 12.023/09 a 
sistemática é a mesma: o sindicato da categoria recebe os valores pagos pelo 
tomador de serviços e tem a atribuição de repassá-los aos beneficiários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2.6. Trabalho voluntário 
 
 O trabalho voluntário é regido pela Lei 9.608/98, que dispõe sobre o serviço 
voluntário e dá outras providências: 
 
Lei 9.608/98, art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a 
atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de 
qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha 
objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência 
social, inclusive mutualidade. 
 
Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem 
obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. 
 
 Neste caso haverá a falta do elemento fático-jurídico onerosidade, típico 
da relação de emprego. 
 
 Lembrando o que comentamos sobre a onerosidade, nos casos onde o 
empregador não paga salários, deve-se analisar o animus contrahendi 
(intenção do prestador dos serviços ao firmar a relação de trabalho): o 
trabalhador disponibilizou sua força de trabalho com interesse econômico, 
objetivando receber salário? 
 
 Se a resposta for afirmativa, podemos estar diante de relação de emprego 
dissimulada. Exemplo: já fiscalizei uma empresa onde todos os empregados eram 
³YROXQWiULRV´�� laboravam com pessoalidade, onerosidade, subordinação e não 
eventualidade, mas tinham assinado um termo de adesão ao voluntariado (como 
H[LJLGR� SHOD� /HL� ���������� H� UHFHELDP� XPD� ³DMXGD� GH� FXVWR´� GH� XP� VDOiULR�
mínimo por mês / 
 
 A empresa foi autuada e notificada para registrar todos como empregados 
(retroativamente ao início da prestação laboral), recolher o FGTS em atraso, etc. 
Aplicação prática do princípio da primazia da realidade sobre a forma. 
 
 Segue uma questão de prova sobre o trabalho voluntário: 
 
(ESAF_JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO_TRT 7ª REGIÃO_2005) Para a finalidade 
legal, considera-se serviço voluntário aquele prestado sem remuneração, por 
pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada, 
com ou sem fins lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, 
científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. 
 
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 Alternativa incorreta. A Lei 9.608/98 não admite a prestação de trabalho 
voluntário em empresas privadas com fins lucrativos. 
 
3. A figura jurídica do empregado 
 
 Empregado é a pessoa natural (física) que dispõe sua força de trabalho a 
um tomador com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação. 
 
 Esta definição está consubstanciada no artigo 3º da CLT: 
 
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços 
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário. 
 
 Lembremos que a ³dependência´� DOXGida na CLT, hoje, se traduz na 
subordinação. Vejamos uma questão de prova sobre a figura jurídica do 
empregado: 
 
(FCC_TRT24_TÉCNICO JUDICIÁRIO_ÁREA ADMINISTRATIVA_2011) Para a 
configuração da relação de emprego é preciso que o empregado seja uma pessoa 
física ou jurídica que preste serviços com habitualidade, onerosidade, 
subordinação e pessoalidade. 
 
 Alternativa incorreta, pois empregado, necessariamente, é pessoa física 
(natural). 
 
 Além disso, a questão propõe que a configuração de emprego demande 
³KDELWXDOLGDGH´��HQTXDQWR�R�HOHPHQWR�IiWLFR-jurídico ínsito ao caráter permanente 
da relação empregatícia é adequadamente nominado não eventualidade. 
 
 Esquematizando ospressupostos da relação de emprego: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Pessoa física Pessoalidade 
 
 
 
 
Onerosidade 
 
 
Empregado 
 
 Não eventualidade 
 
 
 
 
 
 
 Subordinação 
jurídica 
 
 
 
 Quanto ao diferentes tipo de trabalho, a Constituição de 1988 possui 
dispositivo referente à não discriminação, no sentido de assegurar como direito 
dos trabalhadores urbanos e rurais: 
 
CF/88, art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e 
intelectual ou entre os profissionais respectivos; 
 
 Frise-se que neste aspecto a CF/88 não inovou, pois já havia tal previsão 
em Constituições anteriores e na CLT: 
 
CLT, art. 3º, parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de 
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e 
manual. 
 
 Também é importante mencionar que, mesmo nos casos em que o 
empregado preste serviços em sua residência, isto não obsta o reconhecimento 
da relação de emprego. Neste aspecto, a CLT foi alterada em 2011 e atualmente 
seu artigo 6º conta com a seguinte redação: 
 
CLT, art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do 
empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, 
desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. 
 
 Exemplo: em determinada empresa do setor de confecções encontrei 
diversas pessoas que laboravam em suas próprias casas (costureiras), recebendo 
as peças de vestuário pré-prontas da fábrica para fazer o acabamento. No caso 
havia pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação 
(pressupostos da relação de emprego), e com isso não restava dúvida de que 
havia a relação de emprego. 
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 Deste modo, o tratamento a ser dado ao empregado que executa suas 
tarefas no seu domicílio deve ser o mesmo dos empregados em geral; a questão 
abaixo, incorreta, tentou confundir a situação do empregado a domicílio com o 
doméstico, que são situações completamente distintas: 
 
(CESPE_ANALISTA PROCESSUAL_MPU_2010) Ao empregado em domicílio, 
entendido como aquele que presta serviços na residência do empregador, são 
assegurados os mesmos benefícios definidos em lei para o empregado doméstico. 
 
 Ainda quanto à parte final do artigo 6º da Consolidação, alterado em 2011, 
precisamos falar sobre o trabalho a distância. 
 
 A alteração da CLT em estudo teve como objetivo equiparar os efeitos 
jurídicos da subordinação (jurídica) exercida por meios telemáticos e 
informatizados à exercida por meios pessoais e diretos, nos seguintes termos: 
 
CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de 
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, 
aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho 
alheio. 
 
 Quanto à configuração do vínculo empregatício, ressalte-se que não é 
exigida exclusividade na prestação dos serviços. Assim, estando presentes os 
elementos fático-jurídicos da relação de emprego, é irrelevante se o empregado 
labora para apenas um empregador, ou se presta serviços para vários. 
 
 
 Não são relevantes para caracterização 
do vínculo de emprego o local e nem a 
exclusividade na prestação dos serviços! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.1. Altos empregados 
 
 A expressão altos empregados abrange as situações nas quais o 
pressuposto da relação de emprego subordinação é mitigada, tendo em vista as 
peculiaridades do exercente das funções de chefia e/ou cargos de elevada fidúcia 
(confiança). 
 
 Estão incluídos no conceito os gerentes, conforme definido na CLT. A estes 
empregados não se aplica a limitação de jornada, conforme observamos a seguir: 
 
CLT, art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo [Da 
Duração do Trabalho]: 
 
(...) 
 
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos 
quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de 
departamento ou filial. 
 
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados 
mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, 
compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do 
respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). 
 
 Deste modo, não basta que o gerente (ou equiparados) seja designado 
como tal para serem entendidos como alto funcionário: deve haver poder de 
gestão e padrão salarial diferenciado. 
 
 Além disso, estes empregados que possuem elevadas atribuições de gestão 
também estão sujeitos a alteração unilateral de local de prestação de serviços 
(pelo empregador, quando houver comprovada necessidade): 
 
CLT, art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua 
anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato (...) 
 
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que 
exerçam cargo de confiança (...). 
 
 Seguindo adiante, podemos incluir neste tópico os exercentes de função de 
confiança do setor bancário que, quando desempenharem suas funções com 
poderes de gestão elevados e distinção remuneratória também terão alguns 
direitos trabalhistas mitigados (atenuados). 
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CLT, art. 224 - § 2º - As disposições deste artigo [duração do trabalho dos 
bancários] não se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência, 
fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de 
confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do 
salário do cargo efetivo11. 
 
 Continuando, podemos incluir neste tópico do curso os diretores de 
sociedades anônimas, que são recrutados externamente (fora da empresa) 
para dirigi-la ou, então, são empregados efetivos eleitos para geri-la. 
 
 Há várias interpretações sobre as consequências da eleição do empregado a 
diretor, e a posição dominante é que, caso o empregado seja eleito e permaneça 
a subordinação jurídica caracterizadora da relação de emprego, o diretor manterá 
esta condição: 
 
SUM-269 DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO 
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de 
trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo 
se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. 
 
 A questão abaixo (correta) explorou este entendimento do TST: 
 
(ESAF_AUDITOR FISCAL DO TRABALHO_MTE_2010) É possível reconhecer-se a 
condição de empregado, com cômputo do tempo de serviço, ao eleito para ocupar 
cargo de diretor quando, a despeito da nova posição ocupada na estrutura 
hierárquica da empresa, ainda se fizerem presentes os traços característicos da 
subordinação jurídica. 
 
 Para finalizar o tópico é importante mencionar os casos emque pessoas são 
incluídas na sociedade como sócios e que, na verdade, prestam serviços com 
habitualidade, onerosidade, subordinação e pessoalidade. 
 
 
 É o caso, por exemplo, de clínicas onde os veterinários não são registrados: 
WRGRV�VmR�DGPLWLGRV�FRPR�³VyFLRV´��FDGD�XP�FRP����GR�FDSLWDl social; quando o 
veterinário se desliga do empreendimento, é feita alteração do contrato social 
UHWLUDQGR� R� PHVPR� H� LQFOXLQGR� RXWUR� ³VyFLR´�� WDPEpP� FRP� ��� GR� FDSLWDO�� GH�
 
11
 No art. 62, II, da CLT se enquadra o gerente geral das agências bancárias, que deixará de contar com as 
regras protetivas do Capítulo [Da Duração do Trabalho] se receber adicional de função não inferior a 40%. Já 
no art. 224, §2º, da CLT se enquadram os demais gerentes (gerente de contas, gerente de relacionamento, 
etc.). 
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modo que nenhum deles possui qualquer poder diretivo ou ingerência sobre a 
sociedade, não participam de distribuição de lucros, enfim, a sociedade pode se 
configurar como ato simulado. 
 
 Nestes casos é possível reconhecer-se relação de emprego, com 
fundamento no artigo 9º da CLT: 
 
CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de 
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente 
Consolidação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.2. Empregado rural 
 
 O empregado rural é enquadrado nesta condição de acordo com seu 
empregador ser ou não considerado como empregador rural. 
 
 À primeira vista parece simples diferenciar empregado rural do empregado 
urbano, mas veremos que o tipo de atividade exercida não é determinante para 
este enquadramento. 
 
 De acordo com a Lei 5.889/73 (que estatui normas reguladoras do trabalho 
rural), 
 
Lei 5.889/73, art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade 
rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador 
rural, sob a dependência deste e mediante salário. 
 
 Deste dispositivo podemos verificar os elementos fático-jurídicos da relação 
de emprego (pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e 
subordinação), além da indicação de outros 2 elementos que se relacionam ao 
empregado rural: a prestação de serviços a empregador rural e o labor prestado 
em propriedade rural ou prédio rústico. 
 
 Na mesma lei consta a definição do empregador rural, que é 
 
Lei 5.889/73, art. 3º - Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, 
a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-
econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de 
prepostos e com auxílio de empregados. 
 
§ 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no "caput" deste artigo, a 
exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na 
Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
 Na expressão atividade agro-econômica podemos incluir atividades 
agrícolas, pecuárias e agroindustriais. O exame da(s) atividade(s) do 
estabelecimento pode suscitar controvérsia sobre ser(em) ou não 
preponderantemente agrária(s), o que influenciará na caracterização (ou não) do 
empregador como rural. 
 
 Quanto ao local de prestação de serviços, propriedade rural é aquela 
localizada na área rural, e o prédio rústico pode ser definido como local onde se 
exercem atividades agropastoris (e que pode se localizar na área urbana). 
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 Deste modo, além dos pressupostos característicos da relação de emprego 
urbana (pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e 
subordinação) a identificação do rurícola depende também de haver: 
 
 
Trabalho em 
propriedade rural 
ou prédio rústico 
 
Empregado rural 
 
Trabalho prestado a 
empregador rural 
 
 
 Ainda sobre o assunto enquadramento do rurícola é oportuno mencionar as 
Orientações Jurisprudenciais abaixo, que transparecem esta questão do 
enquadramento como rurícola depender da atividade preponderante da 
empresa (empregador): 
 
OJ-SDI1-38 EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE RURAL. EMPRESA DE 
REFLORESTAMENTO. PRESCRIÇÃO PRÓPRIA DO RURÍCOLA. 
O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está 
diretamente ligada ao manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não 
industriário, (...) pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à 
indústria (...) 
 
OJ-SDI1-315 MOTORISTA. EMPRESA. ATIVIDADE PREDOMINANTEMENTE RURAL. 
ENQUADRAMENTO COMO TRABALHADOR RURAL 
É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa 
cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, 
não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. 
 
OJ-SDI1-419 ENQUADRAMENTO. EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE EM 
EMPRESA AGROINDUSTRIAL. DEFINIÇÃO PELA ATIVIDADE PREPONDERANTE DA 
EMPRESA. 
Considera-se rurícola empregado que, a despeito da atividade exercida, presta 
serviços a empregador agroindustrial (art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.889, de 
08.06.1973), visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa que 
determina o enquadramento. 
 
 Quanto à legislação aplicável ao empregado rural (rurícola) a Lei 5.889/73 
estende as disposições da CLT no que esta não colidir com seu próprio 
regramento: 
 
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Lei 5.889/73, art. 1º As relações de trabalho rural serão reguladas por esta Lei e, 
no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolidação das Leis do 
Trabalho. 
 
 Além disso, é bom relembrar que o artigo 7º da Constituição Federal 
também se aplica aos rurícolas, por força de seu caput: 
 
CF/88, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social (...) 
 Veremos as demais disposições da Lei 5.889/73 nas aulas próprias 
(remuneração, jornada de trabalho, etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.3. Empregado doméstico 
 
 Esta categoria é regulada pela Lei 5.859/72, que dispõe sobre a profissão 
de empregado doméstico e dá outras providências. 
 
 Conforme a citada Lei é considerado empregado doméstico aquele que 
presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à 
família no âmbito residencial destas. 
 
 Percebam então que, assim como no caso do rurícola, aqui também temos 
elementos fático-jurídicos diferenciados característicos da relação de emprego 
doméstico. 
 
 Relembrando o esquema anterior dos empregados urbanos: 
 
 
 Pessoa física PessoalidadeOnerosidade 
 
 
Empregado 
 
 
Não eventualidade 
 
 
 
 
 
 
 Subordinação 
jurídica 
 
 
 Agora vamos comentar as diferenças existentes no vínculo do doméstico. 
 
 Enquanto no vínculo empregatício urbano e rural falamos em não 
eventualidade, aqui tem lugar a continuidade. 
 
 Ainda não há Súmula ou Orientação Jurisprudencial do TST sobre o tema, 
mas a doutrina dominante entende que continuidade não é sinônimo de não 
eventualidade. 
 
 Como existem decisões judiciais diversas e considerando a inexistência de 
entendimento sumulado, não podemos definir objetivamente quando estaria 
configurada a continuidade (se se exigiria labor do doméstico todos os dias da 
semana para sua configuração, ou apenas alguns dias no módulo semanal, etc.). 
 
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 Dada esta indefinição, o importante para concursos é que tenhamos em 
mente a disposição diversa da Lei 5.859/72, que fala especificamente em 
continuidade da prestação laboral. 
 
 Vimos quanto ao empregado urbano que seu empregador pode ter ou não 
finalidade lucrativa, e que isto seria indiferente para a configuração do vínculo de 
emprego. 
 
 No caso do trabalho doméstico a situação muda de figura: só podemos falar 
em empregado doméstico quando o serviço seja prestado com finalidade não 
lucrativa (a pessoa ou família). 
 
 Assim, para que configuremos o labor doméstico os serviços prestados não 
podem ter a finalidade de produzir mercadorias ou serviços para revenda. 
 
 Se o caseiro da chácara (ambiente urbano ou rural) cuida da horta, do 
galinheiro, do pomar e o produto destas atividades se destina ao consumo da 
família, ele poderá se enquadrar como doméstico (atendidos os demais 
requisitos). Se as frutas, hortaliças e ovos são comercializados, o caseiro é força 
de trabalho utilizado em processo produtivo, então não será doméstico. 
 
 Acerca do tipo de trabalho, vejam na definição da lei que este requisito não 
é distintivo, motivo pelo qual a prestação de labor sem finalidade lucrativa no 
âmbito residencial, como os prestados por enfermeira particular, mordomo, 
caseiro, cozinheira, etc., podem, todos, enquadrar-se como doméstico. 
 
 Desta forma, podemos dizer que a natureza do serviço prestado não é 
relevante para a caracterização do vínculo empregatício. 
 
 Em relação ao empregador doméstico, percebam que este é pessoa física 
ou família: é inadmissível em nosso ordenamento empregador doméstico pessoa 
jurídica. 
 
 Além de pessoa física e família, a doutrina admite que grupo unitário de 
pessoas (como república estudantil) possa tomar trabalho doméstico. 
 
 Este tema foi explorado pela FCC na seguinte questão: 
 
 
 
 
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(FCC_TRT14_ANALISTA JUDICIÁRIO_ÁREA JUDICIÁRIA_2011) Karina e Mariana 
residem no pensionato de Ester, local em que dormem e realizam as suas 
refeições, já que Gabriela, proprietária do pensionato, contratou Abigail para 
exercer as funções de cozinheira. Jaqueline reside em uma república estudantil 
que possui como funcionária Helena, responsável pela limpeza da república, além 
de cozinhar para os estudantes moradores. Abigail e Helena estão grávidas. Neste 
caso, 
(A) nenhuma das empregadas são domésticas, mas ambas terão direito a 
estabilidade provisória decorrente da gestação. 
(B) ambas são empregadas domésticas e terão direito a estabilidade provisória 
decorrente da gestação. 
(C) somente Helena é empregada doméstica, mas ambas terão direito a 
estabilidade provisória decorrente da gestação. 
(D) somente Abigail é empregada doméstica, mas ambas terão direito a 
estabilidade provisória decorrente da gestação. 
(E) ambas são empregadas domésticas, mas não terão direito a estabilidade 
provisória decorrente da gestação. 
 
 O gabarito é (C), pois Helena labora em âmbito residencial do grupo 
estudantil, sem finalidade lucrativa. 
 
 Já as outras laboram para um pensionato (que é um empreendimento com 
fins lucrativos), e por isso não são domésticas. Falaremos sobre estabilidade em 
outra aula, mas quem conseguiu caracterizar o doméstico já teria condições de 
acertar a questão. 
 
 Assim, adaptando o esquema anterior do empregado urbano teríamos os 
seguintes pressupostos do vínculo de emprego doméstico: 
 
 
 Pessoa física Pessoalidade 
 
 
 
 
Onerosidade 
 
 
Empregado doméstico 
 
 Continuidade 
Não eventualidade 
 
 
 
 
 
Subordinação jurídica 
Finalidade não lucrativa de labor 
prestado em âmbito residencial a 
pessoa física ou família 
 
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 Seguindo adiante, o vale-transporte é direito estendido aos domésticos, 
conforme previsto no Decreto abaixo: 
 
Decreto 95.247/87, art. 1º São beneficiários do Vale-Transporte, nos termos 
da Lei (...): 
 
I - os empregados, assim definidos no art. 3° da Consolidação das Leis do 
Trabalho; 
 
II - os empregados domésticos, assim definidos na Lei n° 5.859, de 11 de 
dezembro de 1972; 
 
(...) 
 
 Aproveitando a oportunidade, é interessante atentar para o fato de que a 
Emenda Constitucional 72/2013 alterou a redação do art. 7, § único, da CF/88. 
 
 Anteriormente a CF/88 assegurava os seguintes direitos à categoria dos 
domésticos: 
 
CF/88, art. 7º, parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI 
e XXIV, bem como a sua integração à previdência social. 
 
Direitos da CF/88 estendidos aos trabalhadores domésticos 
 
- Salário mínimo (inciso IV) 
- Irredutibilidade do salário (inciso VI) 
- Décimo terceiro salário (inciso VIII) 
- Repouso semanal remunerado (inciso XV) 
- Férias anuais remuneradas com 1/3 (inciso XVII) 
- Licença à gestante (inciso XVIII) 
- Licença paternidade (inciso XIX) 
- Aviso prévio (inciso XXI) 
- Aposentadoria (inciso XXIV) 
 
 
 A partir da publicação da referida Emenda Constitucional o texto do art. 7, § 
único, da CF/88 passou a ser o seguinte: 
 
 
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CF/88, art. 7º, parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, 
XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as 
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das 
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho 
e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, 
bem como a sua integração à previdência social. 
 
 Para facilitar a memorização do que foi alterado elaborei alguns quadros 
que agrupam os incisos do artigo 7º da seguinte maneira: 
 
- Direitos estendidos originariamente aos domésticos 
 
- Direitos ampliados pela EC 72/2013 ± aplicabilidade imediata 
 
- Direitos ampliados pela EC 72/2013 ± atendidas as condições legais 
 
- Direitos que continuam não estendidos aos domésticosÉ altamente recomendável decorar tais requisitos, porque é grande a 
probabilidade de que as Bancas Examinadoras elaborem questões explorando o 
cabimento (ou não) de determinados direitos aos domésticos. 
 
 O primeiro grupo foi apresentado acima, cujo quadro transcrevo abaixo: 
 
Direitos da CF/88 estendidos aos trabalhadores domésticos 
 
- Salário mínimo (inciso IV) 
- Irredutibilidade do salário (inciso VI) 
- Décimo terceiro salário (inciso VIII) 
- Repouso semanal remunerado (inciso XV) 
- Férias anuais remuneradas com 1/3 (inciso XVII) 
- Licença à gestante (inciso XVIII) 
- Licença paternidade (inciso XIX) 
- Aviso prévio (inciso XXI) 
- Aposentadoria (inciso XXIV) 
 
 
 
 
 
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 O segundo grupo trata dos direitos que eram assegurados aos urbanos e 
rurais e não aos domésticos, aplicando-se agora a estes últimos de forma 
imediata: 
 
Direitos ampliados pela EC 72/2013 ± aplicabilidade imediata 
 
- Garantia do mínimo aos que percebem remuneração variável (inciso VII) 
- Proteção ao salário na forma da lei (inciso X) 
- Duração do trabalho não superior a 8h/dia e 44h/semanais (inciso XIII) 
- Remuneração do trabalho extraordLQiULR�•�����GD�KRUD�QRUPDO��LQFLVR�;9,� 
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho ± normas de SST12 (inciso XXII) 
- Reconhecimentos de ACT e CCT13 (inciso XXVI) 
- Proibição de diferença de salário por motivo de sexo, idade, cor, estado civil 
(inciso XXX) 
- Proibição de discriminação em salário e critério de admissão do trabalhador 
portador de deficiência (inciso XXXI) 
- Proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 e de 
qualquer trabalho a menores de 16 (inciso XXXIII) 
 
 
 Abaixo um quadro do terceiro grupo, dos direitos que foram ampliados pela 
EC 72/2013 atendidas as condições que a lei estabelecer14: 
 
Direitos ampliados pela EC 72/2013 ± atendidas as condições 
estabelecidas em lei 
 
- Proteção contra despedida arbitrária (inciso I) 
- Seguro-Desemprego (inciso II) 
- FGTS15 (inciso III) 
- Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno (inciso IX) 
- Salário-família (inciso XII) 
- Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré-escolas (inciso XXV) 
- Seguro contra acidentes de trabalho (inciso XXVIII) 
 
 
 
 
12
 Normas de Segurança e Saúde no Trabalho, também conhecidas como Segurança e Medicina do Trabalho. 
13
 Acordos Coletivos de Trabalho e Convenções Coletivas de Trabalho. 
14
 Seriam normas de eficácia limitada, como estudamos em Direito Constitucional. 
15
 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 
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 Complementando os incisos faltantes do art. 7º, o quadro abaixo elenca os 
direitos que não foram estendidos aos domésticos (nem pela redação original da 
CF/88 nem pela EC 72/2013): 
 
Direitos que continuam não elencados no art. 7º, § único 
 
- Piso salarial (inciso V) 
- Participação nos lucros ou resultados (inciso XI) 
- Jornada máxima 6 horas/dia para TIR (inciso XIV) 
- Proteção ao mercado de trabalho da mulher (inciso XX) 
- Adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade (inciso XXIII) 
- Proteção em face da automação (inciso XXVII) 
- Prescrição bienal e quinquenal (inciso XXIX) 
- Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os 
profissionais respectivos (inciso XXXII) 
- Igualdade de direitos entre empregado e trabalhador avulso (inciso XXXIV) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Abaixo fiz um quadro reunindo os dois primeiros, deixando em preto os 
direitos que já constavam da redação original do art. 7º, § único, e deixando em 
azul o que foi incluído com a EC 72/2013 com aplicabilidade imediata: 
 
Direitos do texto original da CF/88 previstos aos trabalhadores 
domésticos + direitos de aplicabilidade imediata da EC 72/2013 
 
- Salário mínimo (inciso IV) 
- Irredutibilidade do salário (inciso VI) 
- Garantia do mínimo aos que percebem remuneração variável (inciso VII) 
- Décimo terceiro salário (inciso VIII) 
- Proteção ao salário na forma da lei (inciso X) 
- Duração do trabalho não superior a 8h/dia e 44h/semanais (inciso XIII) 
- Repouso semanal remunerado (inciso XV) 
- Remuneração do trabalho extraordinário •�����GD�KRUD�QRUPDO��LQFLVR�;9,� 
- Férias anuais remuneradas com 1/3 (inciso XVII) 
- Licença à gestante (inciso XVIII) 
- Licença paternidade (inciso XIX) 
- Aviso prévio (inciso XXI) 
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho ± normas de SST (inciso XXII) 
- Aposentadoria (inciso XXIV) 
- Reconhecimentos de ACT e CCT (inciso XXVI) 
- Proibição de diferença de salário por motivo de sexo, idade, cor, estado civil 
(inciso XXX) 
- Proibição de discriminação em salário e critério de admissão do trabalhador 
portador de deficiência (inciso XXXI) 
- Proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 e de 
qualquer trabalho a menores de 16 (inciso XXXIII) 
 
 
Por fim, um quadro reunindo os todos os demais, deixando em preto os 
direitos que já constavam da redação original do art. 7º, § único, em azul o que 
foi incluído com a EC 72/2013 com aplicabilidade imediata, em vermelho o que 
depende de regulamentação e tachado o que não foi estendido aos domésticos: 
 
 
 
 
 
 
 
35552280997
 Direito do Trabalho p/ TRT5 (BA) 
Teoria e Questões Comentadas 
Prof. Mário Pinheiro ± Aula 02 
 
 
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Direitos dos domésticos ± art. 7º da CF/88 
- Proteção contra despedida arbitrária (inciso I) 
- Seguro-Desemprego (inciso II) 
- FGTS (inciso III) 
- Salário mínimo (inciso IV) 
- Piso salarial (inciso V) 
- Irredutibilidade do salário (inciso VI) 
- Garantia do mínimo aos que percebem remuneração variável (inciso VII) 
- Décimo terceiro salário (inciso VIII) 
- Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno (inciso IX) 
- Proteção ao salário na forma da lei (inciso X) 
- Participação nos lucros ou resultados (inciso XI) 
- Salário-família (inciso XII) 
- Duração do trabalho não superior a 8h/dia e 44h/semanais (inciso XIII) 
- Jornada máxima 6 horas/dia para TIR (inciso XIV) 
- Repouso semanal remunerado (inciso XV) 
- Remuneração do trabalho extraordinário •�����GD�KRUD�QRUPDO��LQFLVR�;9,� 
- Férias anuais remuneradas com 1/3 (inciso XVII) 
- Licença à gestante (inciso XVIII) 
- Licença paternidade (inciso XIX) 
- Proteção ao mercado de trabalho da mulher (inciso XX) 
- Aviso prévio (inciso XXI) 
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho ± normas de SST (inciso XXII) 
- Adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade (inciso XXIII) 
- Aposentadoria (inciso XXIV) 
- Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré-escolas (inciso XXV) 
- Reconhecimentos de ACT e CCT (inciso XXVI) 
- Proteção em face da automação (inciso XXVII) 
- Seguro contra acidentes de trabalho (inciso XXVIII) 
- Prescrição bienal e quinquenal (inciso XXIX) 
- Proibição de diferença de salário por motivo de sexo, idade, cor, estado civil 
(inciso XXX)

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