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MORTE CELULAR Patologia 11 Agressão celular pode resultar em processos reversíveis ou não, depende: Natureza do agente agressor Intensidade e duração da agressão Morte celular perda irreversível da atividade celular → homeostasia Morte precedida de degeneração Morte rápida, sem processo degenerativo Tipos de morte celular Necrose → processo de morte seguida de degradação enzimática Autólise enzimas da própria célula Heterólise enzimas extracelulares (macrófagos e leucócitos) Apoptose → morte celular por causa intrínseca à célula Contração e condensação das estruturas celulares fragmentação celular fagocitose pelas células vizinhas ou macrófagos residentes APOPTOSE Características É o processo de morte celular sem que haja degradação celular Ocorre fragmentação celular fagocitose pelas células vizinhas ou macrófagos residentes Que requer energia e síntese proteica para a sua execução → processo ativo Geralmente ocorre morte de células únicas isoladamente dentro de um tecido ou órgão não é sincronizado por todo o órgão diferentes estágios coexistem em diversas secções do tecido Rápido completa em 3 horas Causas fisiológicas É um tipo de morte programada, desejável e necessária Participa na formação dos órgãos e que persiste em alguns sistemas adultos Pode estar associada: dano no material genético ou mutação, idade celular Período embrionário: Morfogênese → ex. membranas interdigitais Pós-natal Regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose Renovação de células epiteliais (3-4 semanas) e hematopoiéticas Involução por remoção de sinais tróficos Cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher endométrio, atresia folicular ovariana, involução do corpo lúteo, glândula mamária após lactação MORTE CELULAR Patologia 12 Causas patológicas: O mesmo agente etiológico pode provocar tanto necrose quanto apoptose a severidade da agressão parece ser o fator determinante do tipo de morte celular Diversas viroses, isquemia, hipertermia, respostas imunomediadas, radiação ionizante Sequência de eventos na apoptose. Através de um mecanismo complexos, o estímulo apoptótico ativa a expressão de "genes letais" que induzirão a síntese de: Endonuclease Ca+2 e Mg+2 dependente: fragmentação do DNA Transglutaminase: aumenta a estabilidade da membrana plasmática limita o vazamento de constituintes citoplasmáticos durante a fragmentação celular em corpos apoptóticos É caracterizada por: Encolhimento celular, com citoplasma mais denso Condensação e fragmentação da cromatina Formação de corpos apoptóticos Ausência de inflamação Evolução: Incorporação dos corpos apoptóticos pelas células visinhas Fagocitose dos corpos apoptóticos por macrófagos NECROSE É a perda irreversível da atividade celular não consegue manter a homeostasia intracelular iniciam vários fenômenos bioquímicos (que geralmente se somam e são sinérgicos) levam à alterações estruturais desintegração celular (necrose celular) por autólise e/ou heterólise Características É a morte celular em organismo vivo seguida de degradação enzimática Sempre consequência de um processo patológico Geralmente ocorre para um grupo de células no tecido ou órgão Mecanismos de agressão: Redução de energia → obstrução vascular, inibição da respiração celular Produção de radicais livres Ação direta sobre enzimas → inibição de processos vitais Agressão direta sobre a membrana celular MORTE CELULAR Patologia 13 Sequencias de eventos (patogênese): Agressão suficiente para interromper as funções vitais cessam a produção de energia e sínteses celulares Alteração de permeabilidade de membrana → influxo de sódio, água e cálcio Lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases Ativadas pela alta concentração de cálcio no citosol Capazes de digerir todos os substratos celulares autólise Alterações morfológicas (pode ocorrer odor fétido) Macroscópicas Alteração de cor, consistência, reação inflamatória periférica Microscópicas Picnose nuclear (condensação da cromatina) e Cariólise (lise da cromatina) Cariorrexia fragmentação e dispersão do núcleo Citoplasmólise Tipos de necrose 1. Necrose de coagulação ou isquêmica Ocorre perda de água e coagulação proteica Mumificação da célula preservação da forma celular básica Ocorre pouca autólise inativação das hidrolases Causas: Isquemia (principal) → artéria que nutre o órgão infarto Tumores de crescimento rápido Queimaduras: temperatura ou agentes químicos (ácidos ou bases fortes) Choque hipóxia em vários órgãos principalmente fígado e rins Toxinas endógenas ou exógenas principalmente fígado 2. Necrose de liquefação Forma cavidades cheia de líquido por ação enzimática (lisossomo) não ocorre coagulação proteica Causas: Autólise: isquemia no SNC pobre em proteínas baixa capacidade de coagulação → forma pseudocistos Heterólise: lesões causadas por bactérias piogênicas Enzimas bacterianas + enzimas leucocitárias + células mortas = pus Abscesso: processo localizado, restrito a um ponto do órgão Flegmão: processo difuso sem limites definidos Empiema: ocorre em cavidades já existentes (cavidade torácica, vesícula biliar...) MORTE CELULAR Patologia 14 3. Necrose de caseificação = necrose caseosa É uma combinação das necroses de coagulação e de liquefação Aspecto de queijo qualhado A necrose fica contida em processo inflamatório granulomatoso (células epitelióides + células gigantes + linfócitos + macrófagos) Ocorre em doenças infecciosas como: Tuberculose lesão típica Paracoccidiomicose e histoplasmose 4. Necrose gordurosa ou esteatonecrose É o processo enzimático que ocorre no tecido adiposo Ação da enzima lipase sobre a gordura: AGL + glicerol AGL + sais alcalinos (principalmente de cálcio) forma um sabão insolúvel morte celular Aspecto macroscópico de pingo de vela ou depósito de giz branco Necrose gordurosa enzimática Inflamação aguda do pâncreas ou tumor pancreático: Liberação de enzimas pancreáticas (proteases e lipases) para cavidade abdominal necrose da gordura peripancreática, da cavidade abdominal, e do próprio pâncreas Necrose gordurosa traumática Geralmente ocorre no tecido subcutâneo de pessoas obesas por ação traumática liberação de lipases pelos próprios adipócitos lesados Evolução da necrose Células mortas e autolisadas → resposta inflamatória para posterior reparo Regeneração Área de necrose é absorvida reposição das células parenquimatosas Fígado Pequena área com preservação das fibras reticulares regeneração sem afetar a função lobular Área extensa com danos na trama reticular regeneração com formação de nódulos compromete a função lobular Cicatrização → mais frequente Tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial Ocorre nos infartos e inflamação MORTE CELULAR Patologia 15 Encistamento Material necrótico não é absorvido por ser muito volumoso ou por impedir a migração dos leucócitos reação inflamatória apenas na periferia da lesão Ocorre proliferação conjuntiva com formação de cápsula (encistamento)e posterior absorção lenta do material Eliminação: Drenagem → em vias excretoras normais ou neoformadas (fístulas) Ulceração: → forma uma solução de continuidade (úlcera) → pele e mucosas Calcificação distrófica → deposição de cálcio em tecido necrosado Origem do cálcio: células mortas, circulação e fluido intersticial Consequências: geralmente sem sintomas clínicos, exceto quando em locais críticos (vasos sanguíneos) Gangrena → ocorre ação de agentes externos sobre o tecido necrosado Gangrena seca mumificação Desidratação da área, especialmente quando em contato com ar Ocorre em extremidades Gangrena úmida Infecção secundária por microrganismos aeróbicos Liquefazem o material e produzem gases de odor fétido Ocorre no tubo digestório, pulmões e pele Lesão favorecida pela umidade do local Gangrena gasosa Infecção secundária por agentes do tipo dos Clostridium Produzem grande quantidade de gás formação de bolhas gasosas Ocorre em feridas infectadas MORTE CELULAR Patologia 16 Características APOPTOSE Morte Celular Programada NECROSE Morte Celular Acidental Estímulo Fisiológico (Ativação de um relógio bioquímico, geneticamente regulado) ou patológico. Patológico (Agressão ou ambiente hostil). Ocorrência Acomete células individuais, de maneira assincrônica. Eliminação seletiva de células. Acomete um grupo de células. Fenômeno degenerativo, consequência de lesão celular severa e irreversível. Reversibilidade Irreversível, depois da ativação da endonuclease. Irreversível, após o "ponto de não retorno"- Deposição de material floculento e amorfo na matriz mitocondrial. Ativação da Endonuclease Sim, aparentemente Ca+2 e Mg+2 dependente. Não. Fragmentação do DNA Internucleossômica, detectável em 1 ou 2 horas (máxima em 24 horas). Aleatória. Células Enrugamento, projeções digitiformes da membrana celular e formação de corpos apoptóticos. Tumefação celular, perda da integridade da membrana e posterior desintegração. Liberação de enzimas lisossômicas Ausente. Presente. Núcleo Fragmentação da membrana nuclear (cariorrexe). Desaparecimento (picnose, cariorrexe e cariólise). Cromatina Nuclear Compactação em massas densas uniformes, alinhadas no lado interno da membrana nuclear (Crescentes). Formação de grumos grosseiros e de limites imprecisos. Fagocitose pelas células da vizinhança Presente, antes mesmo da lise celular ("Canibalismo celular"). Ausente - Macrofagocitose pode ocorrer, após a lise celular. Inflamação Exsudativa Ausente. Não há liberação de componentes celulares para o espaço extracelular. Presente, induzida pela liberação de componentes celulares para o espaço extracelular. Formação de cicatrizes Ausente. Pode ocorrer, se a área de necrose for ampla. MORTE CELULAR Patologia 17
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