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2017 - 07 - 16 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 1 - Edição 2016 PARTE IV - PROCESSO CAPÍTULO 23. ADVOCACIA Capítulo 23. Advocacia Sumário: 23.1 A essencialidade do advogado para a jurisdição - 23.2 Poder de postulação - 23.3 Mandato (procuração) - 23.4 O órgão de classe: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - 23.5 Os direitos, deveres e a responsabilidade do advogado: 23.5.1 Direitos; 23.5.2 Deveres; 23.5.3 Responsabilidade - 23.6 O regime único da advocacia privada e pública - 23.7 Advocacia pública: 23.7.1 Representação judicial das pessoas jurídicas de direito público; 23.7.2 Intimação pessoal dos advogados públicos; 23.7.3 Prazos em dobro para a Fazenda Pública; 23.7.4 Responsabilidade civil dos advogados públicos; 23.7.5 A responsabilização por violação dos deveres processuais; 23.7.6 Honorários advocatícios. 23.1. A essencialidade do advogado para a jurisdição A atuação do advogado é essencial ao adequado desenvolvimento da Jurisdição (CF, art. 133). Mas a essencialidade da atuação advocatícia não é um valor em si mesmo. A intervenção de profissional com formação técnica especializada é aspecto imprescindível para assegurar ao jurisdicionado efetivo acesso à Justiça, adequado exercício do contraditório e da ampla defesa, obtenção de proteção jurisdicional plena e adequada - e assim por diante. Essa constatação, longe de implicar menoscabo à advocacia, evidencia sua importância. Não se trata de idiossincrasia do texto constitucional nem de concessão a reclamos corporativos. É uma imposição da própria complexidade do ordenamento jurídico e dos mecanismos processuais de composição dos conflitos - que está longe de ser um fenômeno recente, mas se intensificou a partir da idade moderna. O advogado atua no processo imbuído da função que um grande jurista italiano, Calamandrei, chamou de "parcialidade institucional". O advogado é um dos sujeitos do processo. Ele representa tecnicamente a parte. O papel do advogado é identificar, na disputa, todo possível aspecto favorável ao seu representado - dando destaque a tais pontos, apresentando-os de modo compreensível e convincente ao juiz, e procurando extrair deles todas as consequências cabíveis. Assim, cabe ao advogado: defender o direito que ele reputa que seu representado tenha; ou cuidar para que um possível direito da parte adversária não seja superdimensionado ou exercido abusivamente; zelar para que se respeite o devido processo legal - e assim por diante. O mesmo jurista italiano ponderava que essa "parcialidade institucional" do advogado, especialmente quando confrontada com a mesma "parcialidade institucional" do advogado da parte contrária, constitui fundamental instrumento de asseguração da imparcialidade do juiz. Nesse sentido, a "indispensabilidade" do advogado é apenas reconhecida, declarada, pela Constituição, e não propriamente por ela criada. Existiria - e existe - independentemente do texto constitucional. Isso é confirmado pelo fato de que, na generalidade dos ordenamentos dos contemporâneos Estados de Direito, põe-se essa relevância fundamental do advogado. Quando ela não é consagrada no próprio direito positivo - tal como se dá entre nós -, é constatada como dado concreto da experiência jurídica.1 À relevância da atividade advocatícia para o exercício da Jurisdição corresponde um especial regime de regulação profissional, com um plexo de deveres e direitos. 23.2. Poder de postulação Como indicado (cap. 15 e 16), a capacidade postulatória consiste na aptidão de praticar atos técnicos dentro do processo judicial (formular a peça inicial, contestação, recursos, petições em geral etc.). No Brasil, a função postulatória é detida primordialmente pelos advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil - (CPC/2015, art. 103; Lei 8.906/1994, art. 1.º). Apenas excepcionalmente, a lei atribui a capacidade postulatória à própria parte, independentemente de ela ser advogado (ex.: processos nos Juizados Especiais Cíveis, nas causas de até determinado valor - Lei 9.099/1995, art. 9.º; habeas corpus - Lei 8.906, art. 1.º, § 1.º). 23.3. Mandato (procuração) Se a própria parte é advogado, ela pode atuar em causa própria (art. 103, parágrafo único, do CPC/2015). Não sendo assim - e não se estando diante de um daqueles casos, acimas vistos, em que se dispensa advogado - a parte precisa constituir como seu procurador no processo um advogado. O advogado não poderá atuar no processo, em nome da parte, se não estiver munido de uma procuração. Apenas excepcionalmente será admitida sua atuação judicial sem mandato, em situações urgentes, a fim de evitar a ocorrência de danos graves, impedir a perda de direitos por decurso de prazo etc. (art. 104, caput). Nesses casos, o advogado deverá apresentar a procuração em quinze dias prorrogáveis por igual prazo (art. 104, § 1.º). Esse prazo será contado a partir do momento em que o juiz detectar o defeito e intimar o advogado para corrigi-lo. Se os atos praticados sem procuração pelo advogado não vierem a ser ratificados pela parte, eles serão considerados ineficazes em face dela. Ou seja, tais atos não poderão vincular negativamente a parte. Além disso, nesse caso, o advogado responderá por perdas e danos que vier a gerar (art. 104, § 2.º), seja para a outra parte, seja para o próprio Estado-Jurisdição. Quanto aos advogados públicos, veja-se o n. 23.7.1, adiante. 23.4. O órgão de classe: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) A OAB é o órgão incumbido da representação, regulação e controle da categoria dos advogados. Ela é dotada de personalidade jurídica própria e desempenha atividade legalmente qualificada como "serviço público", mas não se vincula funcional nem hierarquicamente ao Poder Público. É independente e autônoma. Atua sob forma federativa, ou seja, há um Conselho Federal, sediado em Brasília, que congrega as Seções estaduais e do Distrito Federal, que, por sua vez, reúnem subseções, formadas por um ou vários municípios (Lei 8.906/1994, art. 44). Seu regime está infraconstitucionalmente regulamentado pela Lei 8.906 (Estatuto da Advocacia). Mas a OAB é uma instituição com base constitucional: a Constituição menciona-a diversas vezes, atribuindo-lhe relevantes papéis. Por um lado, a OAB tem por função institucional defender a Constituição, o Estado de Direito, notadamente os direitos fundamentais e a justiça social, bem como buscar o adequado desempenho da função jurisdicional e o aperfeiçoamento das demais instituições jurídicas (Lei 8.906, art. 44, I). É em vista dessas atribuições que a Constituição confere à OAB: legitimidade ativa para ações de controle direto de constitucionalidade (art. 103, VII); participação nos concursos para ingresso na carreira de juiz, membro do Ministério Público ou advogado público (arts. 93, I, 129, § 3.º, e 132); poder de indicação de membros do Conselho Nacional de Justiça - CNJ e do Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP (arts. 103-B, XII, e 130-A, V); legitimidade do presidente do seu Conselho Federal para oficiar junto ao CNJ e ao CNMP (arts. 103-B, § 6.º, e 130-A, § 4.º) etc. Por outro lado, incumbe à OAB promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a federação (Lei 8.906, art. 44, II). Inclusive se houver violação de deveres do advogado no curso do processo, caberá ao juiz oficiar à OAB, para que ela promova o processo disciplinar e, se for o caso, aplique as sanções disciplinares cabíveis (CPC/2015, art. 77, § 6.º). 23.5. Os direitos, deveres e a responsabilidade do advogado 23.5.1. Direitos O Estatuto da Advocacia prevê o rol de direitos do advogado (Lei 8.906, art. 7.º). Basicamente são garantias destinadas a permitir que o advogado desempenhe suas funções, dentro e fora do processo, com liberdade e eficiência. Tanto o Estatuto da Advocacia (art. 23) quanto o CPC/2015 (art. 85, § 14) atribuem ao advogado a titularidadedo direito aos honorários de sucumbência. O Código de Processo Civil explicita a natureza alimentar do crédito de honorários, que de há muito é reconhecida pelo STJ e o STF. O Código traz ainda um conjunto detalhado de regras sobre o modo de fixação dos honorários, nos mais diferentes casos - de modo a assegurar a remuneração justa e proporcional às peculiaridades da causa. O Código de Processo Civil também reitera e detalha o direito do advogado de ter acesso e vista dos autos do processo (art. 107). 23.5.2. Deveres Por outro lado, o Estatuto (art. 33) determina a estrita observância do Código de Ética e Responsabilidade do Advogado, que disciplina de modo detalhado os deveres do advogado na relação com os clientes, no respeito ao sigilo profissional, na pactuação e cobrança de honorários, na realização de publicidade etc. O Estatuto da Advocacia também prevê que o advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia (art. 31). O advogado deve sempre manter-se independente e não pode ter receio de desagradar o juiz ou qualquer outra autoridade nem de tornar-se impopular perante a opinião pública (art. 31, §§ 1.º e 2.º). O advogado tem ainda de observar os deveres de litigância de boa-fé impostos não só às partes, mas "a todos aqueles que de qualquer forma participem do processo" (CPC/2015, art. 77). Apenas, como já dito, o juiz não poderá aplicar as sanções processuais ao advogado: deverá oficiar à OAB para que ela promova o processo disciplinar (CPC/2015, art. 77, § 6.º). 23.5.3. Responsabilidade O advogado responde pelos atos que, no exercício da profissão, vier a praticar com dolo ou culpa (Lei 8.906, art. 32, caput). Se atuar em conluio com seu cliente, de modo doloso ou fraudulento no processo, responderá solidariamente com ele pelos danos gerados, a serem provados e apurados em ação própria (art. 32, parágrafo único). 23.6. O regime único da advocacia privada e pública Tudo o que se disse até aqui aplica-se tanto à advocacia privada quanto à advocacia pública. Nesse sentido, há um regime jurídico único para ambas as vertentes da atuação advocatícia. Mas o advogado público, como o nome o diz, além de advogado, é agente público, integrante de uma carreira especial na estrutura administrativa estatal. Por isso, há para a advocacia pública um conjunto de regras especiais, a seguir examinadas. 23.7. Advocacia pública 2 A Constituição conferiu relevo especial à advocacia pública: tratou expressamente da Advocacia da União e da Procuradoria dos Estados e do Distrito Federal, como instituições incumbidas da representação judicial e extrajudicial dessas pessoas de direito público (arts. 131 e 132). O art. 182 do CPC/2015 adota fórmula mais ampla, que abrange também os Procuradores Municipais. Mais ainda, o Código consagra a advocacia pública como responsável também pela defesa das pessoas de direito público da Administração indireta (ou seja, as autarquias e fundações públicas). Assim, inserem-se na categoria dos advogados públicos: no âmbito federal, os Advogados da União e os Procuradores da Fazenda Nacional, para a representação da Administração direta (União Federal), e os Procuradores Federais, para a representação da administração indireta; no âmbito estadual, os Procuradores do Estado; e, no âmbito municipal, os procuradores e advogados contratados na forma da lei. 23.7.1. Representação judicial das pessoas jurídicas de direito público A representação judicial dos entes políticos e das autarquias e fundações de direito público está também prevista no art. 75, I a IV, do CPC/2015: a União será representada em juízo ativa e passivamente pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou por órgão vinculado; o Estado e o Distrito Federal serão representados por seus procuradores; os municípios, pelo seu prefeito ou procurador e as autarquias e fundações de direito público, por quem a lei do ente federado designar. A representação judicial em caso de investidura em cargo público de Advogado ou Procurador, dar-se-á ex lege, sem necessidade de procuração nos autos, bastando, se requisitado pelo juiz, a comprovação de investidura no cargo (art. 9.º da Lei nº 9.469/97). 23.7.2. Intimação pessoal dos advogados públicos As intimações de todos os atos do processo, para o representante judicial da Fazenda Pública, devem ser pessoais (art. 183, § 1.º, do CPC/2015; art. 6.º, Lei 9.028/1995). A intimação pessoal pode tomar mais de uma forma. No caso do processo físico, a intimação pode ser feita por carga dos autos ou remessa para a Procuradoria. No caso do processo eletrônico, a intimação do ato pode ser feita diretamente feita à caixa do Advogado ou Procurador vinculado ao processo, mas também ao login da Procuradoria do ente público que é parte no processo. 23.7.3. Prazos em dobro para a Fazenda Pública Todos os prazos para a Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios e respectivas autarquias) são computados em dobro (art. 183). Contudo, essa não é uma prerrogativa do advogado público em si, mas do ente que ele representa. Tanto é assim que, se um advogado privado for contratado para representar judicialmente um ente da Fazenda Pública, também incidirá o prazo em dobro. Quanto ao tema, v. cap. 30. 23.7.4. Responsabilidade civil dos advogados públicos Pela letra do CPC/2015, os advogados públicos respondem pelos atos praticados no exercício da função em caso de dolo ou fraude. Além disso, a previsão é de responsabilidade regressiva, o que supostamente afastaria a responsabilidade direta do agente público perante o sujeito que sofreu o dano (art. 184). No entanto, há duas premissas fundamentais que não podem ser desconsideradas: (1ª) a CF (art. 37, §§ 5.º e 6.º) estabelece regime de responsabilidade civil dos servidores públicos em termos mais amplos do que os previstos no art. 184 do CPC/2015, não excluindo a responsabilidade por culpa e admitindo em certas hipóteses a responsabilização direta em face dos lesados (STF, RE 327.904, a contrario sensu); (2ª) o CPC regula exclusivamente a atuação do advogado público como procurador judicial da Fazenda - vale dizer, cinge-se a disciplinar, inclusive no que tange à responsabilização, a atuação processual do advogado público. A partir delas, deve-se identificar interpretação do art. 184 em conformidade com a Constituição. Daí se extraem duas diretrizes: (1ª) o advogado público não pode ser diretamente responsabilizado, nem pela parte adversária da Fazenda no processo nem por quaisquer terceiros, por condutas que ele adotou no processo na condição de procurador judicial da Fazenda (i.e., no "exercício de suas funções"). Essas condutas são imputadas à Fazenda, que por elas responde. Se ela tiver de indenizar a parte adversária ou o terceiro, a Fazenda apenas poderá ressarcir-se junto ao advogado público se esse tiver agido dolosa ou fraudulentamente. Mas se a conduta do advogado público dentro do processo extrapola aquilo que razoavelmente poderia ser considerado representação judicial da Fazenda, ele pode responder diretamente por essa sua conduta, dolosa ou culposa, perante a parte adversária ou quaisquer terceiros. Ou seja, o abuso de poder ou a conduta incompatível com as atribuições regulares de representante judicial da Fazenda ensejam a responsabilização direta do agente; (2ª) por outro lado, no que tange a todos os danos que gerar diretamente à Fazenda, o advogado público responde nos termos do art. 37, § 5.º (i.e., por culpa ou dolo). 23.7.5. A responsabilização por violação dos deveres processuais A responsabilização do advogado público por conduta atentatória à dignidade da justiça, tal como a do advogado privado, é de competência da OAB (art. 77, § 6.º - v. n. 23.5, acima). 23.7.6. Honorários advocatícios O art. 85, § 19, do CPC/2015 reconhece o direito do advogado público aos honorários desucumbência, nos termos de futura lei específica. A essencialidade do advogado para a jurisdição - Art. 133 da CF Poder de Postulação Advogados - art. 103, CPC/2015 e Lei 8.906/1994, art. 1º Própria parte (e.g. Lei 9.099/1995, art. 9.º e Habeas corpus - Lei 8.906, art. 1.º, § 1.º) Mandato (procuração) Requisito essencial - art. 104 Exceções Para evitar preclusão, decadência ou prescrição Prática de atos urgentes Advogado que postula em causa própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - CF e Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia) Direitos, deveres e responsabilidade do advogado Advocacia Pública Previsão: Arts. 131 e 132, CF e arts. 75, I a IV e 182, do CPC/2015 Desnecessidade de procuração - art. 9.º da Lei 9.469/1997 Intimação pessoal - art. 183, § 1.º, do CPC/2015 e art. 6.º da Lei 9.028/1995 Prazos em dobro para a Fazenda Pública - art. 183 Responsabilidade civil dos advogados públicos - art. 37, §§ 5.º e 6.º, da CF e art. 184 do CPC/2015 Responsabilização por violação dos deveres processuais: Competência da OAB - art. 77, § 6.º Honorários advocatícios - Art. 85, § 19 Advocacia em geral · Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero (Novo Código..., p. 185) afirmam que "o advogado legalmente habilitado representa a parte em juízo, outorgando-lhe capacidade postulatória, sendo indispensável à administração da justiça (art. 133, CF), cumprindo-lhe traduzir em linguagem técnica e adequada as alegações de seu constituinte e comunicar à parte tudo que se passa no processo. É a interface da parte com o órgão jurisdicional e do órgão jurisdicional com a parte". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 685) indicam que "a mera existência da advocacia pública indica a necessidade de o Executivo se reportar ao Judiciário quando necessário, bem como de se reportar às suas decisões, o que reforça a separação e independência dos poderes da República". Destacam que "os advogados públicos detêm todas as prerrogativas dos advogados privados, bem como também se submetem às sanções do EOAB. Suas funções também são semelhantes às dos advogados privados, com o diferencial de que se trata de uma atividade voltada para um órgão público. Nesse sentido, não se pode atribuir ao advogado público funções de gestão, próprias do administrador público. Pela mesma razão, os advogados públicos não podem ter sua conduta submetida aos Tribunais de Contas". · Marcus Vinicius Furtado Coelho (Breves..., p. 382) destaca que "o novo Código de Processo Civil traz expressamente a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil como condição sine qua non para o exercício do jus postulandi, o qual consiste na capacidade de postular perante os órgãos judiciais para pleitear direitos. O diploma previa, anteriormente, a possibilidade de advocacia em causa própria na ausência de habilitação legal em três hipóteses: i) nos casos de ausência de advogado no local do cumprimento do ato processual, ii) no caso de recusa dos advogados presentes, e iii) no caso de estes encontrarem-se impedidos. O atual Código Processual Civil exclui tais hipóteses de advocacia sem habilitação legal. Permite, como outrora, tão somente a possibilidade de advocacia em causa própria quando a parte estiver regularmente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil". Na opinião desse autor, "a nova disposição da matéria, ao restringir as hipóteses de postulação em causa própria aos advogados legalmente habilitados, visa melhor resguardar a tutela dos direitos do cidadão defendidos pelo causídico, prezando por uma defesa realizada por profissional qualificado, aprovado em Exame de Ordem, moralmente idôneo e que perfaça todos os demais requisitos acima elencados". Para Furtado Coelho, "essa garantia, mais que reforçar a capacidade postulatória do advogado, tem como fim assegurar os direitos do cidadão, cuja defesa deve ser efetuada por profissional que detenha profundo conhecimento do sistema de justiça, das normas e seu funcionamento". Advocacia Pública · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., vol. 1, 56. ed., p. 459) afirma que a "Advocacia Pública é a instituição que, na forma da lei, defende e promove os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Cada ente federativo constituirá sua Advocacia-Geral, que será a responsável pela representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta (NCPC, art. 182). No caso da União, exerce essa função a Advocacia-Geral da União (art. 131 da Constituição Federal)". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 486) asseveram que "ocontrato celebrado com advogado para a prestação de serviços de advocacia e outorga de mandato tem natureza de obrigação de meio. Por isso a exigência é no sentido de que o profissional tenha cumprido o seu mister honesta e diligentemente, mas sua remuneração independe do êxito ou do malogro do resultado visado, salvo se houver cláusula específica celebrando essa possibilidade. O contrato de prestação de serviços de advocacia é título executivo extrajudicial (CPC 585 VIII e EOAB 24)". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 334) destacam ser prerrogativa do advogado público a independência funcional, pois "ao atuar o fará de acordo com o seu livre convencimento acerca das teses jurídicas aplicáveis ao caso concreto e submetido ao seu exame". Para esses autores, a atuação do advogado público "sempre estará fundamentada nos princípios da legalidade, da probidade, da eficiência, da moralidade, impessoalidade, publicidade e economicidade. Em outras palavras: em prol do interesse público, que não se confunde com o do próprio governo". N.º 83. (Art. 932, parágrafo único; art. 76, § 2.º; art. 104, § 2.º; art. 1.029, § 3.º, CPC/2015) Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC ("Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos"). N.º 240. (Arts. 85, § 3.º, e 910, CPC/2015) São devidos honorários nas execuções fundadas em título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma do § 3º do art. 85. N.º 241. (Art. 85, caput e § 11, CPC/2015). Os honorários de sucumbência recursal serão somados aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observados os limites legais. N.º 242. (Art. 85, § 11, CPC/2015). Os honorários de sucumbência recursal são devidos em decisão unipessoal ou colegiada. N.º 243. (Art. 85, § 11, CPC/2015). No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência recursal. N.º 244. (Art. 85, § 14, CPC/2015) Ficam superados o enunciado 306 da súmula do STJ ("Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte") e a tese firmada no REsp Repetitivo n. 963.528/PR, após a entrada em vigor do CPC, pela expressa impossibilidade de compensação. N.º 264. (Art. 194, CPC/2015) Salvo hipóteses de segredo de justiça, nos processos em que se realizam intimações exclusivamente por portal eletrônico, deve ser garantida ampla publicidade aos autos eletrônicos, assegurado o acesso a qualquer um. N.º 368. (Art. 1.071, CPC/2015) A impugnação ao reconhecimento extrajudicial da usucapião necessita ser feita mediante representação por advogado. N.º 384. (Art. 85, § 19, CPC/2015) A lei regulamentadora não poderá suprimir a titularidade e o direito à percepção dos honorários de sucumbência dos advogados públicos. Fundamental Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro,Forense, 2015, vol. 1; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, Novo código de processo civil comentado, São Paulo, Ed. RT, 2015; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao código de processo civil, São Paulo, Ed, RT, 2015; PIERO CALAMANDREI, Eles, Os Juízes, Vistos Por Um Advogado (Elogio dei Giudici), tradução de Eduardo Brandão, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1. ed., 5ª tiragem, 2000; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; _____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015. Complementar Alberto Zacharias Toron, Comentário o sigilo profissional do advogado e a proteção à cidadania, Revista dos Tribunais 937/221; Caio Castelliano de Vasconcelos, Qual o impacto do advogado sobre o resultado da decisão judicial? Evidências empíricas e o fator experiência, Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais 67/199; Carlos Ari Sundfeld e Jacintho Arruda Câmara, Limitações legais à associação entre escritórios de advocacia brasileiros e estrangeiros, Revista dos Tribunais 925/57; Edilson Pereira Nobre Júnior, Advocacia pública e políticas públicas, Revista dos Tribunais Nordeste 3/65; Elias Farah, Inviolabilidade do escritório do advogado, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 5/254; _____, O advogado e a litigância de má-fé, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, 9/216; _____, O advogado e o dever de veracidade no processo, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 7/39; _____, Sociedade de advogados. Reflexões sobre a responsabilidade do sócio, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 6/145; _____, Valorização da advocacia: direitos e prerrogativas do advogado, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 21/94; Ernesto Lippmann, A responsabilidade civil do advogado vista pelos tribunais, Revista dos Tribunais 787/140, mai. 2001, Doutrinas Essenciais de Responsabilidade Civil vol. 4, p. 1171, out. 2011; Fátima Nancy Andrighi, Atendimento dos advogados via Skype, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 32/447; Georgenor de Sousa Franco Filho, Férias (de advogado) e recesso forense, Revista dos Tribunais 955/57; Hélio Rubens Batista Ribeiro da Costa e Joel de Andrade Junior, Sobre a função social do advogado brasileiro no século XXI: realidades, perspectivas e sugestões, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 11/45; José Manoel de Arruda Alvim Netto, Deveres das partes e dos procuradores, no direito processual civil brasileiro (a lealdade no processo) 1-2, Revista de Processo 69/7, jan. 1993, Doutrinas Essenciais de Processo Civil vol. 3, p. 1243, out. 2011; José Roberto Reale e Alexandre Sturion de Paula, A função social do advogado: o profissional no exercício da cidadania, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 11/211; Luiz Otavio de Oliveira Amaral, A trajetória dos advogados do brasil, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 9/67; Marcelo Ferraz Pinheiro, O papel do advogado na solução de conflitos: mediação, conciliação e arbitragem, Revista de Direito Empresarial 8/289; Miguel Reale, A ética do advogado sob o enfoque filosófico, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 28/451; Modesto Carvalhosa, Ética profissional do advogado, Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo 29/331; Rafael Domingos Faiardo Vanzella, Boa-fé e comportamento concludente nos serviços advocatícios, Revista de Direito Privado 54/317; Rodrigo Octávio de Godoy Bueno Caldas Mesquita, Do sigilo profissional do advogado: natureza jurídica, extensão, limites e restrições, Revista dos Tribunais 869/66; Rui Stoco, Responsabilidade civil do advogado à luz das recentes alterações legislativas, Revista dos Tribunais 797/60, mar. 2002, Doutrinas Essenciais de Responsabilidade Civil vol. 4, p. 1.141, out. 2011; Valentina Jungmann Cintra Alla, A independência do advogado, Revista de Processo 103/223. FOOTNOTES 1 Quanto ao exposto nesse tópico, v. EDUARDO TALAMINI, "Os fundamentos constitucionais dos © desta edição [2016] honorários de sucumbência", em A&C - Revista de Direito Administrativo & Constitucional, vol. 62, 2015. 2 Sobre o tema, ver EDUARDO TALAMINI e DANIELE TALAMINI, "Advocacia pública", em Breves comentários ao novo CPC" (org. T. Wambier, F. Didier Jr., E. Talamini e B. Dantas), São Paulo, RT, 2015, p. 561-565 - de onde se extraiu parte das considerações aqui formuladas.
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