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Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB 
Prof. Thális Andrade 
Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 1 
Aula Demonstrativa 
Salve, salve concurseiros de todo o Brasil... 
Tão logo encerrou o concurso da RFB 2012 e já temos fortes indícios que 
um novo certame para Receita em 2013! 
Portanto, quem ficou na “fila de espera”, essa é a hora de acelerar os 
estudos... já quem ainda nem começou, não há mais tempo a perder! A 
presidenta está “abrindo a porteira” e a hora é agora de conquistar aquela tão 
almejada vaga nesta carreira! 
Antes, aquela breve introdução de praxe para quem não me conhece... 
Meu nome é Thális Andrade. Sou mestre em Direito Internacional e integro 
a carreira de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Desde 2009, atuo como 
professor de DIP e Comércio Internacional em cursos de Pós Graduação pelo 
Brasil, além de ministrar cursos preparatórios presenciais e aqui no ponto dos 
concursos. 
Sobre minha passagem profissional, fui investigador no DECOM/SECEX em 
processos de defesa comercial e atuei na Secretaria-Executiva da CAMEX com 
negociações internacionais. Atualmente estou lotado no DECEX, na Coordenação 
de Normas e Assuntos Econômicos (CONAE), atuando nos contenciosos relativos 
ao tratamento administrativo das operações de comércio exterior sob anuência do 
DECEX. 
Posso dizer que em todas essas tarefas a interação entre MDIC e RFB é 
muito próxima, quase “simbiótica” diria! Mas além do contato entre as carreiras, 
o cargo de AFRFB possui um enorme vínculo com a nossa matéria de Comércio 
Internacional. 
Em exemplos curtos, podemos citar: (1) nos procedimentos de defesa 
comercial, vocês cuidarão da arrecadação dos valores pagos à título de medida de 
defesa comercial; (2) podemos mencionar ainda a classificação aduaneira/fiscal 
que vocês farão sobre as mercadorias que entram e saem do país; (3) ou ainda, 
destacar o controle aduaneiro que vocês exercerão sobre as mercadorias 
 
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Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB 
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submetidas a regimes aduaneiros especiais, em que os tributos estão suspensos 
e o rigor na sua fiscalização, portanto, é imprescindível. 
Tudo isso é só para demonstrar a vocês o quanto é f ascinante a f utura 
carreira de vocês e como é apaixonante a disciplina de Comércio Internacional. 
Minha tarefa aqui será, além de lecionar o conteúdo, aproximar vocês ao 
máximo da disciplina, pois se trata de pedra f undamental para o concurso de 
vocês. Não a subestimem, pois seu conteúdo é deveras importante para qualquer 
futuro AFRFB que se preze, ok? 
Antes de vermos nosso cronograma, vamos fazer um “CSI” nas inovações 
na matéria de Comércio Internacional trazidas pelo edital de AFRFB/2012 em 
relação ao último certame de 2009. 
Primeiro destaquemos as inclusões: 
1º - o edital/2012 trouxe de forma explícita os temas “políticas comerciais 
estratégicas”, “modalidades de tarifas” e “formas de protecionismo 
não tarifário”. Ao meu ver, isso demonstrou o claro propósito de atualizar o 
programa com o momento protecionista que o país e o cenário internacional 
estão passando. 
2º - foi incluído na parte de integração, as regras específicas do “artigo XXIV 
do GATT” e da “Cláusula de Habilitação”. 
3º - o bloco do “CARICOM” apareceu como mais uma possibilidade entre os 
vários que já eram exigidos pela banca. 
4º - apareceu também o tópico chamado “exportações” e “incentivos 
fiscais às exportações”. Além disso, apareceu o item “importações” e 
“CIDE-combustíveis”. Esses temas, ao meu ver, f oram equivocamente 
inseridos em nossa matéria! 
Equivocamente?? 
Isso mesmo pessoal. A ESAF também erra, e erra muuuito! 
Não foi à toa que na prova de ACE-MDIC 2012 anulamos 6 questões de um 
total de 20!! 
 
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Além disso, percebam que no edital da RFB/2012 foi resgatada a matéria 
de Legislação Aduaneira. 
Era lá que este assunto deveria estar... 
Também vejam que o tópico “Regimes Aduaneiros” aparece novamente 
em nossa matéria, ao mesmo tempo em que aparece com grande nível de 
detalhamento na matéria de Legislação Aduaneira. 
Nestas horas, vamos recorrer ao nosso oráculo para questões de ”ética do 
certame” rsrs 
 
Pode isso, Arnaldo? 
Veja bem... A banca é o juiz do certame e, em princípio, pode tudo ao 
criar as regras do edital! Mas que é feio uma redundância desta natureza é... 
Aaahhh tá! 
Nos últimos certames, a ESAF tem parecido um pouco “confusa” na sua 
elaboração, como foi o edital de Analista de Comércio Exterior de 2012. Mas tudo 
bem, não é por isso que deixamos de falar nestes assuntos, afinal, eles fazem 
parte de nosso conteúdo programático ;) 
De outro lado, o tema Valoração Aduaneira foi totalmente deslocado 
para a matéria de Legislação Aduaneira, o que ao nosso ver, também foi 
equivocado, pois a Valoração Aduaneiro é baseada num Acordo Internacional de 
Comércio. 
Passada essas “primeiras impressões”, vamos então ao que interessa. 
Para cobrirmos nossa empreitada, dividi nossas aulas em 8 encontros, da 
seguinte forma... 
 
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AULA 0 – 1. Políticas comerciais. Protecionismo e livre cambismo. Políticas comerciais 
estratégicas. 1.1. Comércio internacional e desenvolvimento econômico. 1.2. Barreiras tarifárias. 
1.2.1 Modalidades de Tarifas. 1.3. Formas de protecionismo não tarifário. 
AULA 1 – 2. A Organização Mundial do Comércio (OMC): textos legais, estrutura, 
funcionamento. 2.1. O Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT-1994); princípios básicos e 
objetivos. 2.2. O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). Princípios básicos, objetivos 
e alcance. 
AULA 2 – 6. Práticas desleais de comércio. 6.1. Defesa comercial. Medidas Antidump-
ing, medidas compensatórias e salvaguardas comerciais. 
AULA 3 – 3. Sistemas preferenciais. 3.1. O Sistema Geral de Preferências (SGP). 3.2. O 
Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) 4. Integração comercial: zona de preferências 
tarifárias; área de livre comércio; união aduaneira. 4.1 Acordos regionais de comércio e a 
Organização Mundial de Comércio (OMC): o Artigo 24º do GATT; a Cláusula de Habilitação. 4.2. 
Integração comercial nas Américas: ALALC, ALADI, MERCOSUL, Comunidade Andina de Nações; o 
Acordo de Livre Comércio da América do Norte; CARICOM. 
AULA 4 – 5. MERCOSUL. Objetivos e estágio atual de integração. 5.1. Estrutura institucional e 
sistema decisório. 5.2. Tarifa externa comum: aplicação; principais exceções. 5.3. Regras de 
origem. 
AULA 5 – 10. Exportações. 10.1 Incentivos f iscais às exportações. 11. Importações. 11.1. 
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Combustíveis: fato gerador, incidência e base 
de cálculo. 7. Sistema administrativo e instituições intervenientes no comércio exterior no Brasil. 
7.1. A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). 7.2. Receita Federal do Brasil. 7.3 Secretaria de 
Comércio Exterior (SECEX). 7.4. O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). 7.5. 
Banco Central do Brasil (BACEN). 7.6. Ministério das Relações Exteriores (MRE). 
AULA 6 – 8. Classificação aduaneira. 8.1. Sistema Harmonizado de Designaçãoe de Codificação 
de Mercadorias (SH). 8.2. Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). 
AULA 7 – 9. Contratos de Comércio Internacional. 9.1. A Convenção das Nações Unidas sobre 
Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias. 12. Termos Internacionais de 
Comércio (INCOTERMS 2010). 
AULA 8 – 13. Regimes aduaneiros. 
Nossa ideia aqui neste curso é explanar a teoria de cada item, além de 
resgatar apenas os exercícios recentes realizados pela, seguidos dos respectivos 
comentários. 
Agora, para quem pretende já tem nossos cursos anteriores ou pretende 
adquirir este curso, atentem-se a este detalhe: 
 
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Diferente de nossos cursos anteriores, que esmiuçávamos questões antigas da 
ESAF (a partir do ano 2000), optamos por fazer u m curso só com questões 
recentes e inéditas. No entanto, a nossa matéria, nos últimos 4 anos, só 
apareceu nas provas RFB/2009, ACE-MDIC/2012 e RFB/2012! 
Portanto, resolveremos questões de 2009 em diante, recheando com questões 
inéditas de modo a nos alinharmos com a tendência recente da ESAF, ok? 
Excepcionalmente, pode aparecer u ma questão mais antiga, devida-
mente adaptada! 
Belezura? 
Continuando nossa explanação, teremos nosso bom e velho f órum 
“tirateima”! Ou seja, leu os comentários das questões e ainda f icou com 
dúvidas? Mandem-nas no fórum que responderei o mais breve possível. 
Para f acilitar a vida de vocês, desde já relaciono bibliografia utilizada na 
confecção deste material, que serve também de auxílio para quem quiser se 
aprofundar nos temas abordados em nosso curso ok? Também trouxe sugestão 
de bibliografia complementar, para quem quiser aprofundar ainda mais sobre o 
tema... 
Bibliografia Básica 
BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual prático de defesa comercial. São Paulo: 
Aduaneiras, 2006. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: 
<www.mdic.gov.br>. 
FOSCHETTE, Mozart. Relações Econômicas Internacionais. São Paulo, Aduaneiras, 2001. 
KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: Teoria e Política. 7ª ed. 
Addison Wesley, 2006. 
MAIA, Jayme de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior. 9ª Edição. Editora 
Atlas. São Paulo, 2004. 
VAN DEN BOSSCHE, Peter. The Law of the World Trade Organization, Cambridge: 
Cambridge University Press, 2005. 
THORSTENSEN, Vera. OMC - As Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de 
Negociações Multilaterais. Aduaneiras, 2003. 
World Trade Organization, Understanding the WTO, 2008. Disponível em: 
<www.wto.org>. 
 
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Bibliografia Complementar 
AMARAL JUNIOR. Alberto. OMC e o Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2004. 
ANDRADE, Thális. O Regionalismo na Fragmentação do Sistema Multilateral de Comércio. 
Ijuí: Unijuí, 2011. 
BACCHETTA, Marc. Overview of the economics of international trade, economic research 
and analysis, WTO: Geneva, 2001. 
BARRAL, Welber (Org.). O Brasil e a OMC. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2006. 
CHANG, Ha-Joon. Chutando a Escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva 
histórica. São Paulo: Editora UNESP, 2004. 
CORREA, Carlos. Acuerdo Trips: Regimen Internacional de La Propriedad Intelectual, 
Buenos Aires: Ciudad Argentina, 1998. 
GABILONDO, Jose Luis Perez. Manual Sobre Solucion de Controversias En La 
Organizacion Mundial del Comercio (Omc). Ed. Eduntref, 2004. 
HOEKMAN, Bernard M.; KOSTECKI, Michel M. The political economy of the world trading 
system: the WTO and beyond. 2 ed. Oxford University Press, 2001. 
HOWSE, Robert; TREBILCOCK, Michael J. The regulation of International Trade. New 
York: Routledge, 1999. 
JACKSON, John H. The jurisprudence of GATT & the WTO. New York: Cambridge 
University Press, 2002. 
JACKSON, John. The World Trading System: Law and policy of International Economic 
Relations. 4a ed., Cambridge: MIT Press, 2000. 
JACKSON, John H. World Trade and Law of GATT, Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1969. 
LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul. São Paulo: Aduaneiras, 2001. 
PEREIRA, Celso de Tarso et al. 100 casos OMC: A experiência brasileira em solução de 
controvérsias. Revista Política Externa, vol. 20, nº 4, Mar/abr/mai de 2012. São Paulo: 
Editora Paz e terra, 2012 
PRAZERES, Tatiana Lacerda. A OMC e os Blocos Regionais, São Paulo: Aduaneiras, 2009. 
PRAZERES, Tatiana Lacerda. Comércio internacional e protecionismo: as barreiras 
técnicas na OMC. São Paulo: Aduaneiras, 2003. 
RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 11ª ed. São Paulo: Edições Aduaneiras, 
2006. 
SEN, Amartya Kuman, Desenvolvimento como liberdade; tradução Laura Teixeira Motta; 
revisão técnica Ricardo Doniselli Mendes, - São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
THORSTENSEN, Vera. OMC - As Regras do Comércio Internacional e a Rodada do 
Milênio. Aduaneiras, 1999. 
WORLD TRADE ORGANIZATION. Legal Texts. Marrakesh Agreements, 2008. Disponível 
em: <www.wto.org/english/docs_e/legal_e/06-gatt_e.htm>. Acesso em: 30 set. 2008. 
 
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Para fechar essa apresentação e seguirmos para nossa aula “degustativa” 
propriamente dita, encerro com um pensamento de um grande cara que, sem 
dúvida, se aplica ao nosso universo concurseiro. 
“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. 
(Albert Einstein). 
Portanto, a hora de por em prática os estudos é agora, meus amigos. O 
estudo de qualidade exige sacrifícios, ausência do lar, dos amigos, de festas, 
etc... 
Mas isso é passageiro, e todo esforço será recompensado! 
Vamo que vamo! 
Prof. Thális Andrade 
Janeiro/2013 
Facebook: Thális Andrade 
E-mail: thalis@pontodosconcursos.com.br 
 
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Sumário – Aula 0 
Políticas Comerciais . .......................................................................................................................................9 
Liberalismo x Protecionismo: Considerações iniciais . ...................................................................... 11 
Características do liberalismo ............................................................................................................... 13 
Características do protecionismo ......................................................................................................... 14 
Comércio e desenvolvimento econômico ............................................................................................. 16 
Políticas Comerciais Estratégicas ......................................................................................................... 20 
Teoria da indústria nascente ................................................................................................................. 22 
Substituição das importações (deterioração dos termos de troca) . ....................................... 24 
Industrialização voltada para as exportações . ............................................................................... 28 
Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias .......................................................................................................29 
Modalidades de tarifas ............................................................................................................................. 30 
Formas de Protecionismo Não Tarifário (BNTs) . ............................................................................ 32 
Questões . ......................................................................................................................................................... 39 
Questões Comentadas ................................................................................................................................. 48 
Gabarito . ........................................................................................................................................................... 61 
 
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Políticas Comerciais 
Para esquentar os motores, nesta aula, vamos tratar do tema Políticas 
Comerciais constantes no edital de AFRFB 2012. É um tema mais simples que as 
demais aulas, mas preferímos começar por ele, pois se trata da base de tudo que 
virá adiante... 
Em editais da ESAF de 1996 até 2005, era praxe a cobrança de uma série 
de teorias e questões pesadas sobre cada uma das políticas comerciais indicadas 
no edital. 
No entanto, em 2009, observamos um redução drástica deste assunto na 
prova da RFB e, em 2012, nem sequer caiu uma questão sobre o assunto. A 
própria descrição deste tema no edital de 2012 ficou bem mais enxuta, de modo 
que a infinidade de teorias de comércio ficou no passado; agora busca-se “direto 
e reto” do futuro AFRFB a percepção sobre as políticas comerciais passíveis de 
implementação! 
Tendo portanto a ESAF modificado seu foco e, buscando ficar o mais 
próximo possível da nova tendência da ESAF, nosso curso (e especialmente esta 
aula), como já falamos anteriormente, terá inúmeras questões inéditas ;) 
Portanto, aproveitem que elas acabaram de sair do forno... Chega de 
conversa fiada então meus amigos. Para início de conversa, busquemos definir 
alguns conceitos. 
Afinal, o que é Comércio Internacional? 
Podemos dizer que o comércio é uma via de “duas mãos”, em que ocorre a 
compra e venda de bens e serviços, bem como dos fluxos financeiros 
correspondentes, entre os diversos países do planeta. Trata-se de processo 
resultante da divisão internacional do trabalho, da diferente dotação dos fatores 
de produção, bem como da diversidade das habilidades adquiridas por seus 
participantes. 
 
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Na atualidade, esse fenômeno cresceu vertiginosamente com os avanços 
da produção industrial, logística, tecnologia nos meios de pagamento, enfim, pelo 
fenômeno da globalização que acelerou os processos de trocas entre os países. 
A expressão “Comércio Internacional” difere um pouco de “Comércio 
Exterior”; enquanto a primeira trata desse processo no contexto de todos os 
países comerciando entre si, num ambiente global, a expressão comércio exterior 
se vincula as trocas de um determinado país com o resto do mundo. Por isso 
geralmente usamos a expressão Comércio Exterior Brasileiro, quando 
queremos falar do nosso Brasil como ponto de partida para todas as análises de 
importações e exportações com nossos parceiros comerciais. 
A ideia que reside por detrás dessa necessidade de se intercambiar 
produtos e serviços deriva do fato de que nós não somos capazes de produzir 
tudo o que consumimos. Imaginem se precisássemos fabricar nossos sapatos, 
costurar nossas camisas, cultivar nosso alimento, desenvolver nosso 
“videogame”, e assim por diante. 
Não dá né galera! Não temos cabeça pra isso... 
Pode até existir algum “professor pardal” que consiga essa autossuficiência, 
mas eles seriam extremamente ineficientes, pois os custos são altos para essa 
empreitada. Isso porque eles teriam que desenvolver aptidões físicas e 
intelectuais para aprender cada ofício (fator mão-de-obra), gastar dinheiro em 
máquinas, fábricas ou equipamentos diferenciados para produção desses 
produtos (fator capital), além de eventualmente ter que buscar terras 
cultiváveis e urbanas ou recursos naturais para produzir os alimentos (fator 
terra). 
E por falar nesses três elementos, eles são os nossos queridos fatores de 
produção. 
Felizmente (ou não), o ser humano “percebeu que era difícil produzir tudo o 
que precisava. Era mais fácil fazer dez coisas iguais do que sete diferentes. 
Assim, nasceu a divisão do trabalho: um indivíduo produzia apenas um tipo de 
objeto em quantidade superior as suas necessidades e trocava o excedente. A 
divisão do trabalho não só aumentou a produtividade como também permitiu a 
melhora da qualidade. Esses dois fatos proporcionaram maior oportunidade de 
trocas”. (MAIA, Jaime Mariz. Comércio Exterior e Economia Internacional, Atlas, 
2004, p. 20). 
Portanto meus caros, desde que os povos pré-históricos passaram a realizar 
trocas de produtos (escambo) entre habitantes de uma mesma tribo, podemos 
dizer que existe comércio. A diferença é que hoje realizamos essas trocas não sob 
 
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a base “produto x produto”, mas sim com base em papel-moeda ou simplesmente 
por meio eletrônico de pagamento de modo que as fronteiras daquelas tribos da 
antiguidade hoje foram extrapoladas para fronteiras entre países! 
Quando essa troca ocorre sem a ingerência dos Estados, temos o chamado 
liberalismo (livre-cambismo). No entanto, a defesa do liberalismo, não é uma 
unanimidade, sofrendo um contraponto constante com o “lado negro da força”: o 
protecionismo. 
Na verdade, como bem colocam os professores Barral e Brogini, o discurso 
a favor do liberalismo pode ser comparado com a evocação da ida para o plano 
divino, pois todos são a favor do livre comércio, mas o mais tarde possível. 
(BARRAL, Manual Prático de Defesa Comercial, 2007). 
É meio que “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. 
Lembrem-se dessa máxima ao longo do curso... Ela é um “dogma” quer 
permeia as relações comerciais internacionais! rs 
Liberalismo x Protecionismo: Considerações iniciais 
Como dissemos, vamos abordar brevemente aqui o embate entre a corrente 
liberal (livre-cambismo) e a corrente protecionista (intervencionista) que permeia 
toda a história do pensamento econômico. 
Muito se defende o liberalismo, mas é difícil encontrar algum país que 
sustente essa bandeira hoje em dia e não tenha se valido de medidas 
protecionistas no passado (ou ainda as utilize no presente). Todos têm um 
passado “negro” rsrs 
Inclusive, podemos afirmar que se as grandes potências, em seu primeiro 
estágio de desenvolvimento, tivessem mesmo adotado as políticas que 
recomendam aos países em desenvolvimento, não seriam a pujança econômica 
que são hoje. 
Isso porque muitos desses países, ao longo de sua trajetória de 
desenvolvimento, recorreram a políticas comerciais e industriais protecionistas, 
atualmente consideradas políticas "ruins". Como bem define Ha-Joon, os países 
desenvolvidos, ao pregarem hoje políticas ortodoxas estariam “chutando a 
 
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escada” para que os paísesem desenvolvimento não consigam seguir os mesmos 
caminhos trilhados por eles para se desenvolver. 
Por exemplo, de 1820 até 1931, os EUA e alguns outros países hoje 
desenvolvidos adotaram políticas altamente protecionistas para defender a sua 
indústria nascente, mas eles alegam que fizeram o contrário; disseram que 
liberalizaram seus mercados. 
É verdade isso Arnaldo? 
É só meia verdade! 
De fato os EUA possuem uma das menores tarifas médias da OMC, sendo
3,7% seu imposto de importação médio, enquanto o Brasil aplica em torno de
32%. De outro lado, os EUA são um dos maiores aplicadores de medidas de
defesa comercial, bem como possuem diversos programas de subsídios para sua
ineficiente agricultura como a famosa lei “Farm Bill”, que perdura até os dias de
hoje! (lembrem-se do dogma... Quero ir por último para o liberal-
ismo...) 
Portanto, alguns países desenvolvidos alimentam sob outras f ormas 
seu 
espírito protecionista mais do que a gente imagina!! 
Aliás, outros países desenvolvidos também usaram e abusaram desses 
“pecados” contra o livre comércio no passado. A Alemanha, por exemplo, se 
utilizou no passado de espionagem industrial patrocinada pelo Estado e a 
cooptação de trabalhadores da Inglaterra, práticas nada “recomendáveis” nos 
dias de hoje. 
Para entender esses dois mundos, vejamos as características da primeira 
corrente: o liberalismo. 
 
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Características do liberalismo 
São características do liberalismo: 
- Mercado livre: Estado não intervém na economia, seja 
tabelando preços ou criando barreiras alfandegárias; 
- Livre Concorrência: preços se formam em função do 
próprio mercado, o que faz com que somente as empresas 
eficientes sobrevivam; 
- Iniciativa Individual: qualquer indivíduo pode exercer a 
função que quiser, o que não ocorre no regime corporativista; 
- Desregulamentação: Estado deve remover todos os 
obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica. 
- Divisão Internacional da Produção: países devem 
produzir somente o que for economicamente mais conveniente, 
exportando seus excedentes, gerando diminuição de custos e 
maior bem-estar social. 
Dentre os argumentos a favor do liberalismo temos: 
- Divisão internacional da produção: o liberalismo prega a 
divisão internacional da produção, pois cada país se especializa 
naquilo que é mais eficiente. 
- Melhor uso dos recursos naturais: os recursos naturais 
pesam bastante na formação do custo, mas a natureza não é 
igual para todos os países, de modo que o clima e o solo são 
fatores que determinam produções diferentes. 
- Economia de escala: O uso dos dois argumentos anteriores 
permite a produção em escala, reduzindo-se custos. Diz-se que 
temos economia de escala quando a expansão da capacidade 
de produção de uma empresa causa um aumento dos custos 
totais de produção menor que, proporcionalmente, os do 
produto. 
A liberalização do fluxo comercial, em ambos os sentidos (exportação e 
importação) é benéfica para os países, pois as exportações auxiliam o Produto 
Interno Bruto (PIB) dos países, aumentando o nível de emprego e renda; por 
 
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outro lado, as importações estimulam a competitividade por melhores preços e 
qualidades, difundindo o uso de novas tecnologias (“spill over”). 
Vejamos agora os argumentos contrários ao liberalismo: 
Liberdade escraviza – ocorrem combinações entre 
particulares como trustes, carteis, oligopólios e dumping, o que 
influencia a f ormação de preços. Os benefícios 
gerados também não são distribuídos de f orma igualitária, 
podendo haver concentração entre as grandes empresas. 
Conflitos de interesses – Estado se preocupa com a defesa 
do emprego, meio ambiente, balanço de pagamentos ao passo 
que as empresas visam tão somente o lucro, não se 
preocupando com qualquer valor de interesse público; 
Colonialismo – Como as metrópoles precisavam de matéria-
prima e as tinham em quantidades insuficientes para seus 
processos de industrialização, as colônias f oram por muito 
tempo pressionadas a exportar para os países com os quais 
tinham laços de dependência. 
Vejamos agora as características do contraponto à teoria liberal. 
Características do protecionismo 
Como o próprio nome diz, o protecionismo trabalha com uma lógica de 
intervenção do Estado na economia, geralmente impondo barreiras 
à importação de mercadorias ou f azendo aportes governamentais à exportação 
de seus produtos. 
Portanto, um país é protecionista quando realiza, em qualquer grau, intervenção na 
economia. 
São argumentos a favor do protecionismo: 
- perigos decorrentes da divisão da produção: com a 
divisão da produção, o país não produz tudo que precisa e, em 
eventual guerra, pode ficar suscetível ao desabastecimento, tal 
como ocorreu na crise de 1929. No entanto, com a remota 
 
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possibilidade de haver outra guerra, essa motivação fica 
prejudicada; 
- dumping: país fica vulnerável a essa prática desleal de 
comércio, podendo acabar sua indústria nacional; 
- indústria nacional e economia de escala: a intervenção 
do Estado inibe a formação de trustes, carteis e oligopólios. 
Além disso, como as multinacionais trabalham com economia 
de escala, seu baixo custo tende a suplantar a indústria 
nacional, de modo que só a intervenção do Estado é capaz de 
dar fôlego aos produtores para concorrerem com essas 
grandes empresas; 
- esgotamento dos recursos naturais: como muitos 
recursos são limitados, a exploração desenfreada compromete 
o futuro. Estamos vivenciando este tipo de situação com a 
exportação de minérios da China para o resto mundo, e o 
Brasil pode também passar por isso no futuro; 
- bens de natureza estratégica: alguns bens como energia, 
água, e até alguns serviços como telefonia, transporte aéreo, 
demandam intervenção estatal, pois em condições 
desfavoráveis, o Estado pode ficar dependente e até 
vulnerável; 
Por outro lado, são argumentos contrários ao protecionismo: 
- Divisão da produção: Como já dissemos, a divisão da 
produção garante eficiência na produção de bens, gerando 
maior oferta e, consequentemente, escala, baixo preço, e bem 
estar do consumidor. 
- Acomodação da indústria nacional: Como a indústria tem 
mercado cativo, não precisa melhorar a qualidade do produto. 
Esse foi o caso típico do setor automobilístico no Brasil que, 
até o início da década de 90, estava protegido, porém sem 
inovação, escala e eficiência, foi “engolido” pelo corte de tarifas 
promovido pelo governo Collor. 
Esse era o caso da Gurgel (alguém lembra dessa marca 
nacional, ou só eu? rsrs). Essa companhia foi “engolida” 
 
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quando o mercado brasileiro se abriu para concorrência 
externa. 
- Reserva de mercado e monopólios: No Brasil tivemos na 
década de 80 a lei de informática que criou uma reserva de 
mercado para os computadores nacionais, mais prejudicando 
do que ajudando. 
Como o protecionismo afasta a concorrência estrangeira, acaba 
incentivando empresas quesão únicas produtoras nacionais de 
determinado produto. Isso tende a gerar elevação de preços, 
uma vez que só a empresa passa a ser a única fornecedora 
nesse cenário. Isso tem ocorrido muito com a indústria 
química. 
Portanto, as tarifas impostas pelo governo para fechar o 
mercado nacional à concorrência externa não dão 
competitividade à indústria nacional. 
Feita essa breve comparação entre os dois regimes, temos o aporte teórico 
necessário para resolver quaisquer questões genéricas sobre essa dicotomia. No 
entanto, a última prova da RFB focou em políticas comerciais específicas, não se 
ocupando, como já foi dito, das teorias de comércio que antigamente eram 
largamente cobradas. 
Vamos às principais políticas então... 
Comércio e desenvolvimento econômico 
No edital AFRFB/2012, apareceu explicitamente a relação entre comércio e 
desenvolvimento econômico e as interações entre esses dois assuntos foi alvo de 
ampla literatura. No entanto, o último edital não mais explicita as diferentes 
teorias de comércio, razão pela qual veremos brevemente as principais relações 
apresentadas sobre o assunto. 
Neste cenário de crise que os países desenvolvidos (especialmente os 
países europeus e os EUA) o principal problema macroeconômico contemporâneo 
é a questão do emprego. Da mesma forma, para a maioria da população 
mundial, que vive na periferia, essa relação é ainda mais importante. 
 
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Então, o primeiro e mais importante almejado numa política que preze o 
crescimento/desenvolvimento econômico. Logicamente, esse crescimento passa 
pelo aumento do Comércio Internacional. 
Não foi à toa que Adam Smith (1776) é tido como o patrono dessa 
relação, conjugando a ideia do crescimento econômico baseado no trabalho 
produtivo. Com ele foi cunhada a expressão “mão invisível” do mercado, 
apregoando que o mercado se auto regularia, não necessitando da intervenção 
estatal. Para Smith, cada país deveria alocar essa capacidade de trabalho no 
produto que era mais eficiente (teoria das vantagens absolutas). Neste caso, 
para haver comércio entre dois países, cada qual precisava ser mais eficiente do 
que o outro na produção de determinado produto. Ainda, para o economista, o 
trabalho é que dava prosperidade econômica ao produzir excedente de valor 
sobre seu custo de produção mediante a distribuição do trabalho. 
Aperfeiçoando as ideias de Adam Smith, David Ricardo, quando tratou de 
princípios de economia política e tributação em 1817, adicionou a noção de 
vantagens comparativas e investigou a distribuição desta riqueza produzida 
entre capitalista, trabalhadores e proprietários de terras. Segundo Ricardo, o 
comércio entre dois países pode ocorrer ainda que um país seja menos eficiente 
que o outro em ambos os produtos comparados. 
Ele buscou assim a justificar o comércio internacional em qualquer 
situação produtiva, eliminando a ideia de que o comércio seria um jogo de 
“soma-zero”, isto é, que um ganha e outro perde. Na verdade, no comércio 
internacional, todos podem ganhar com ele, ainda que não sejam em igual 
medida! Esse modelo continua sendo empregado de alguma forma até hoje, 
justificando as rodadas de negociação da OMC. 
Completando a teoria econômica dos fatores de produção, Stuart Mill 
propalou o desenvolvimento como fenômeno econômico vinculado ao progresso 
técnico de distribuição do produto entre capitalistas, trabalhadores e 
proprietários de terras. 
Com a introdução do pensamento marxista, o crescimento econômico 
dos capitalistas foi justificado pelo aumento do desemprego dos 
trabalhadores e concentração de renda e riqueza. Para Marx, este 
empobrecimento da maioria da população acarretaria uma diminuição do 
consumo e agigantaria a mão-de-obra disponível (exército de reserva), 
aumentando os conflitos sociais e propendendo para a autodestruição. Por isso, 
suas ideais seguiram na contramão do liberalismo, devendo o Estado intervir 
para garantir essa distribuição de riqueza. 
 
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Adiante, Joseph Schumpeter trouxe as funções do crédito e do 
capital na promoção do desenvolvimento econômico, fazendo também a 
distinção entre crescimento e desenvolvimento. 
A partir do século XIX, o contraste de desenvolvimento entre os países 
mais industrializados e os demais países suscitou o debate acerca da distribuição 
de renda entre os mesmos. 
O liberalismo incontido refletiu-se na quebra da bolsa de Nova York no ano 
de 1929, fato que desencadeou uma profunda crise na década seguinte e 
mudança nos rumos da economia. O fato reclamou uma atuação mais efetiva 
do Estado no campo econômico, com vistas a suavizar as flutuações do capital 
e complementar os investimentos da iniciativa privada. Este pensamento, cujas 
lições reverberam até hoje, foi desenvolvido por John Maynard Keynes na sua 
teoria geral do emprego, do juro e da moeda de 1936. 
Até a segunda guerra mundial a moderna teoria do desenvolvimento 
econômico aliava-se a ideia de crescimento econômico. No pós-guerra, ele foi 
adquirindo novo sentido de modo que os instrumentos analíticos da teoria 
econômica ortodoxa eram rebatidos pela revolução keynesiana dos anos 30. 
Keynes disse então que havia duas tradições econômicas: a ortodoxa (em que a 
economia estava plenamente empregada) e outro sistema muito diferente de 
proposições analíticas e prescrições de políticas, que se aplicava quando havia 
desemprego de recursos humanos e materiais. 
A partir dessa ruptura, ao final da Segunda Guerra Mundial, os países 
subdesenvolvidos começaram a pleitear na esfera internacional uma maior ajuda 
dos países desenvolvidos. Assim, as origens e os termos do subdesenvolvimento 
assumiram o centro dos debates em detrimento dos motivos do desenvolvimento. 
Neste contexto, a Comissão Econômica para a América Latina e o 
Caribe (CEPAL) teve grande influência no diagnóstico dos obstáculos ao 
desenvolvimento dos países. Com base num conceito de centro-periferia, Raúl 
Prebisch procurou explicar a forma que os países em desenvolvimento se 
vinculam economicamente aos países desenvolvidos. A propagação destas ideias 
ensejou uma batalha dos países periféricos à sua industrialização e 
desenvolvimento para que lograssem exportações tão competitivas quanto à dos 
centros industrializados. 
Não obstante as ideias “cepalinas” terem sido encampadas na América 
Latina, como sabemos a previsão de crescimento não se concretizou. O que a 
América latina experimentou foi um aprofundamento do abismo entre o 
crescimento econômico (instrumento) e o desenvolvimento (finalidade). 
 
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Já nos anos 90, o economista Douglass C. North atribui suma 
importância às instituições, colocando-as no centro do processo de 
desenvolvimento ou evolução da sociedade. O ganhador do Prêmio Nobel da 
Economia de 1993 defendeu que as instituições são mais importantes que as 
inovações tecnológicas, pois aquelas reduzem as incertezas e limitam as 
escolhas dos indivíduos. 
Na mesma década, outro prêmio nobel foi para o economista hindu 
Amartya Sen que trouxe uma perspectiva inovadora em Desenvolvimento como 
Liberdade, descrevendo um conceito de desenvolvimento que extrapola a noção 
simplista de crescimento econômico, abrangendo a liberdade comoum fim e 
um instrumento para o próprio desenvolvimento. Para Sen devem ser 
removidas as principais origens de privação de liberdade como a pobreza. Estas 
limitam as escolhas e oportunidades das pessoas, impedindo-as de obterem 
capacidades e exercerem efetivamente sua condição de agente do próprio 
destino. 
Nesta perspectiva, a renda também é um importantíssimo meio de obter 
capacidades na medida em que auxilia na conquista e incremento das liberdades 
substantivas dos indivíduos, permitindo-os imprimirem sua condição de agente na 
vereda do desenvolvimento. Na busca deste ideal, Amartya Sen distingue cinco 
liberdades instrumentais que se inter-relacionam e se complementam. Dentre 
elas, destaca-se a liberdade da facilidade econômica assim traduzida: 
Facilidades econômicas são as oportunidades que os indivíduos têm 
para utilizar recursos econômicos com propósitos de consumo, 
produção ou troca [...] À medida que o processo de 
desenvolvimento econômico aumenta a renda e a riqueza de um 
país, estas se refletem em intitulamentos econômicos da população. 
Deve ser óbvio que na relação entre a renda e a riqueza nacional, 
de um lado, e, de outro, os intitulamentos econômicos dos 
indivíduos (ou famílias), as considerações distributivas são 
importantes em adição às agregativas. O modo como as rendas 
adicionais geradas são distribuídas claramente fará a diferença. 
Essa última teoria então se dissocia bastante da ideia de simples pleno 
emprego provocado pelo comércio, aliando outra noção de liberdade na relação 
com desenvolvimento econômico. 
 
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Em poucas palavras: Comércio e desenvolvimento econômico buscam a geração 
emprego, renda e progresso técnico. Vários teóricos então pregam ou o liberalismo ou 
protecionismo no desenvolvimento desta relação. Essa relação também teve como 
passou pela f unção do crédito, substituição das importações, aperfeiçoamento das 
instituições, ou ainda incremento das liberdades. 
Vejamos então as políticas comerciais específicas que põem em prática esta 
relação entre comércio e desenvolvimento. 
Políticas Comerciais Estratégicas 
Na década de 1980 surgiu nos países desenvolvidos um conjunto novo de 
argumentos sofisticados a favor da intervenção governamental no comércio, num 
movimento chamado de neoliberalismo. Esses argumentos se concentravam, por 
exemplo, em setores de alta tecnologia, que haviam se tornado importantes após 
a criação do chip de silício. Alguns desses argumentos tentavam justificar a 
intervenção estatal diante de uma f alha de mercado, surgindo a chamada 
política comercial estratégica. 
Por essa teoria, por exemplo, uma f alha de mercado existente nas 
indústrias nascentes como a dificuldade de apropriação dos conhecimentos 
justifica a intervenção governamental (ex. subsídio à pesquisa). Isso porque se a 
indústria de alta tecnologia gera conhecimento que outras possam se utilizar sem 
pagar por isso, há um benefício marginal ao se incentivar esse setor, há uma 
externalidade positiva que se irradia sobre as demais empresas. 
Por outro lado, ao se entrar nesse debate sobre política comercial 
estratégica estamos também nos afastando, de mundo onde o instrumental 
teórico das teorias clássicas e neoclássicas, mostra-se eficiente. 
Nessa política, a escolha dos instrumentos de política econômica 
dependem dos objetivos que se pretende atingir com esses instrumentos. Por 
exemplo, se um governo entende privilegiar como objetivo nacional ser (ou se 
manter) uma potência mundial, a proteção e estímulo de setores industriais 
ligados à indústria bélica será uma política razoável. As diversas políticas de 
governo nos EUA protegendo, subsidiando e apoiando setores industriais 
militarmente sensíveis são exemplos práticos desse tipo de opção política. No 
Brasil, isso ocorreu no governo JK em que se buscou estimular uma indústria de 
bens duráveis, entendendo-se que reduziria os níveis absolutos de pobreza. 
 
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Podemos dizer, ainda, que no Brasil as taxas de juros mais competitivas 
(subsidiadas) para o f inanciamento ao desenvolvimento e construção de 
aeronaves (Ex. Embraer) é uma política comercial estratégica que merece ser 
incentivada, pois resulta em bens de alto valor agregado, bem como “espalha” 
know-how e conhecimento para outras empresas. 
Por outro lado, o simples aumento do IPI para o setor automotivo com 
vistas a encarecer o carro importado e protegendo a indústria automotiva aqui 
instalada pode ser entendido como de legitimidade questionável se não promover 
inovação no setor, pois não promove P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), mas 
apenas cria uma barreira para as montadoras instaladas no país de modo a 
desestimular o investimento e a concorrência externa para setor. 
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência ;) 
Vejamos uma questão sobre esse assunto: 
(ESAF/AFRFB-2009) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de 
alto valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica e tecnológica a serem 
destinados f undamentalmente para os mercados de exportação caracteriza as políticas 
comerciais estratégicas. 
Ficou moleza né pessoal? 
Observem que o item traz exatamente o conceito que foi descrito... 
Uma política comercial estratégica do Estado é justamente uma escolha 
acertada sobre bens de alto valor agregado. Ora, se o Estado vai intervir num 
segmento, que este setor seja então bem escolhido (estratégico), de alto valor 
agregado e com bom potencial de difusão tecnológica. 
Ao atuar desta forma, o Estado incentiva a competitividade num segmento 
capaz de disputar eficientemente o mercado internacional. Correto, portanto, o 
item! 
Além desta política, outros f ormatos importantes de intervenção estatal 
ganharam respaldo no passado e ainda perduram até hoje. 
Vejamos onde tudo começou... 
 
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Teoria da indústria nascente 
Essa tese f oi desenvolvida pelo economista alemão Friedrich List, para 
justificar a proteção às indústrias nascentes da Alemanha no século XIX, por meio 
da imposição de barreiras às importações, para que não concorressem com as já 
maduras indústrias inglesas. 
Aplicada aos países periféricos, o argumento da indústria nascente se 
baseia na ideia de que os países em desenvolvimento têm uma vantagem 
comparativa potencial na manufatura, porém os novos setores manufatureiros 
desses países não podem, em princípio, concorrer com aqueles setores mais 
sólidos e firmados nos países desenvolvidos. 
Com o objetivo de proteger a indústria nacional da concorrência dessas 
empresas já estabelecidas, dando ao menos fôlego para tentarem se desenvolver 
e “ir atrás do prejuízo”, os governos impõem barreiras ao comércio nesses 
setores nascentes, até que eles ganhem musculatura suficiente para enfrentar a 
concorrência estrangeira. Dessa f orma, a indústria nacional ganha tempo para 
aprender f azendo (learn by doing), o que permite justificar a proteção a tais 
indústrias por um longo período, para que o setor se desenvolva e gere 
inovação, condição indispensável à manutenção da sua competitividade 
industrial após a abertura do mercado. 
Segue um exemplo da “vida como ela é”: Até 31 de agosto de 2012 vigoraram 
salvaguardas(tarifa de 55%) no Brasil para proteger a indústria nacional fabricante de 
coco seco. Desde 2000 vigora esta proteção, tendo sido prorrogada diversas vezes para 
que esta indústria pudesse reverter a situação de prejuízo grave que enfrentava. No 
entanto, hoje se encerrou essa proteção voltando a vigorar a tarifa de apenas 10% sobre 
o produto. 
Desse modo, faz sentido, de acordo com esse argumento, usar tarifas ou 
cotas de importação como medidas provisórias/tempo determinado para dar 
início à industrialização. Vale destacar que a cota (ou contingenciamento) é uma 
das medidas prediletas para esse intento, pois são as mais eficazes para se barrar 
a importação de determinados produto, pois podem limitar a quantidade do 
produto importado e não somente encarecer a importação. 
Essa f oi a f orma como três das maiores economias do mundo iniciaram 
sua industrialização no século XIX. Os EUA e Alemanha tinham elevadas alíquotas 
de imposto de importação sobre as manufaturas, enquanto o Japão manteve 
controles de importação amplos até a década de 60. 
 
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Hoje em dia, com o impasse da Rodada Doha (veremos nas aulas 
seguintes) e com a proliferação de acordos regionais entre países desenvolvidos e 
em desenvolvimento, a presença da cláusula da indústria nascente tem sido 
frequente para se evitar a súbita enxurrada de produtos e quebra de determinada 
indústria decorrente da liberalização promovida por esses acordos. 
É importante reiterar que essa proteção (seja de natureza tarifária ou não 
tarifária) não faz nenhum bem a não ser que a proteção em si ajude o 
setor a se tornar mais competitivo. No entanto, a simples proteção do setor 
sem incentivar a pesquisa e resolver outras questões estruturais que aumentam o 
custo de produção como carga tributária, previdenciária, logística, custo 
financeiro, só adiam o problema da falta de competitividade. 
Vejamos um item sobre o assunto: 
(ESAF/ACE-MDIC/2002) O argumento em favor da proteção às indústrias 
nascentes ganhou força com a publicação do “Report on Manufactures”, de 
Alexander Hamilton, que defendeu o desenvolvimento nos Estados Unidos da 
América e o uso de tarifas para promovê-lo. 
A respeito dos instrumentos de proteção a indústrias nascentes é correto afirmar que o 
argumento que analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, baseado no 
princípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção a tais indústrias 
por tempo indeterminado, preferencialmente longo, já que a inovação é condição 
necessária à manutenção da competitividade industrial. 
Percebam, meus caros, que o item estaria perfeito se não fosse o fato da 
questão inserir que a proteção é por tempo indeterminado. Ora, se a proteção 
fosse para sempre, não haveria nem sequer motivo para se justificar a proteção 
no estágio inicial da indústria, uma vez que ela sempre vai gozar desta proteção, 
certo? Errado, portanto, o item! 
Por vezes, a questão usa um palavreado “bonito”, “cheiroso”, mas não se 
enganem! Uma casca de banana pode estar envolvida e acaba passando batido 
pelo candidato. Esse tipo de enunciado requer atenção redobrada, ok? 
 Passamos agora a uma política comercial que, com base na ideia das 
indústrias nascentes, teve muito espaço em países em desenvolvimento, tendo 
sido implementada, inclusive, no Brasil! 
 
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Substituição das importações (deterioração dos termos de troca) 
No âmbito da Comissão Econômica da ONU para a América Latina 
(CEPAL), o economista argentino Raúl Prebisch trouxe em 1959 problema da 
Deterioração dos Termos Internacionais de Troca. 
Para Prebisch, os países produtores agrícolas iriam ao longo do tempo 
perder com o modelo liberal, uma vez que a procura por produtos primários – 
geralmente ofertados pelos países em desenvolvimento – tem uma limitação 
maior (inelástica) que a de produtos industrializados. Em outras palavras, uma 
vez que o consumidor tenha satisfeito suas necessidades básicas, consumindo 
alimentos e roupas, o aumento de sua renda não refletirá na procura por esses 
itens, mas sim, por produtos industrializados de maior valor agregado. Esse é o 
tipo de produto ofertado pelos países ricos industrializados (conforme colocamos 
na teoria do ciclo do produto), ou seja, uma vez atendida a necessidade básica do 
trabalhador, o aumento de sua renda impulsionará o consumo de bens 
industrializados e supérfluos e não a procura por mais alimentos. 
A demanda por produtos agrícolas, portanto, estaciona, ao passo que a 
por produtos industrializados aumenta. 
Assim, a corrente da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e 
o Caribe) defendeu a tese de que os países em desenvolvimento deveriam se 
industrializar ou estariam fadados a uma crescente deterioção dos valores de 
troca, pois os industrializados aumentariam de preço em razão da procura 
enquanto o preço dos produtos primários estacionariam. Trocando em miúdos, 
com o passar do tempo, seria necessária a exportação de mais quilos de soja 
para a China para se comprar o mesmo número de aparelhos de telefone celular. 
Entre as décadas de 1960 e 1970 a Comissão Econômica para a América 
Latina e o Caribe (CEPAL) defendia que o desenvolvimento das economias do 
terceiro mundo passava pela adoção da política de substituição de importações. 
Esta política permitiria a acumulação de capitais internos que poderiam gerar um 
processo de desenvolvimento auto-sustentável e duradouro. 
Esse argumento embasou o modelo de Substituição das Importações 
na América Latina. No entanto, pode-se dizer que essa política foi um fenômeno 
dos anos 30 e do período de guerra, em que a contração da capacidade para 
importar permitiu que se utilizasse intensamente um núcleo industrial surgido na 
fase anterior. 
 
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A substituição baseava-se na limitações das importações (protecionismo), 
dando fôlego à indústria nacional para que pudessem concorrer com os produtos 
fabricados por suas indústrias incipientes. Um dos problemas dessa teoria é que 
para que o processo ganhe continuidade e atinja seu objetivo, é necessário que o 
país tenha passado pela primeira fase de industrialização induzida pela expansão 
das exportações primárias. Além disso, é preciso que essa primeira 
industrialização tenha alcançado uma certa importância relativa a fim de que o 
processo de substituição ponha em andamento a segunda fase da 
industrialização. Isso não tem ocorrido porque os países pobres não contam com 
trabalho qualificado nem com empreendedores ou competência gerencial; para 
completar, têm problemas de organização social que tornam difícil manter ofertas 
confiáveis de tudo, desde de peças de reposição até eletricidade. 
Sobre a teoria, vale destacar interessante artigo da revista Veja (edição de 
7 de outubro de 2009), em que o economista Mailson da Nóbrega bem sintetizou 
sua implantação no Brasil: 
[...] à moda dos planos da era Geisel, criados após a crise do 
petróleo de 1973-74. As empresas que recebessem incentivos 
fiscais não podiam importar equipamentos com similar 
nacional. Resultado: aumento de custos e de prazos de 
entrega. 
Ainda que de forma ineficiente, o Brasil se industrializou via 
substituição de importações. O impulso inicialfoi a dificuldade 
de importar na I Guerra e na Grande Depressão dos anos 30. Na 
década de 50, substituir importações virou objetivo nacional. No 
governo Geisel, tornou-se obsessão. No período Figueiredo, atingiu 
o auge com a insensata reserva de mercado para a informática. 
A industrialização por substituição de importações foi bem-sucedida 
na Europa e nos Estados Unidos, no século XIX. A estratégia era 
alcançar rapidamente, sob orientação do estado, a posição dos 
ingleses, cuja Revolução Industrial havia sido gestada em pelo 
menos seis séculos de evolução institucional. 
Casos de insucesso foram os de países incapazes de identificar e 
eliminar defeitos do modelo. Ao contrário da Europa e dos Estados 
Unidos, a estratégia era prolongada de maneira insustentável, sob 
influência de grupos e deficiências do governo. 
No Brasil, os problemas maiores parecem ter sido a busca da 
autossuficiência a qualquer custo e o descaso pela educação. 
Além disso, os vencedores eram escolhidos pela burocracia, que 
 
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podia ser capturada pelos beneficiários da política. Estudos recentes 
provam que a substituição de importações foi claramente 
concentradora de renda. 
A Coreia do Sul é uma história diferente. Como o Brasil, adotou o 
modelo nos anos 50, mas soube mudá-lo. Expôs suas empresas à 
competição internacional, o que criou incentivos à inovação. Seu 
êxito não decorreu de políticas industriais, como muitos pensam, 
mas essencialmente da revolução na educação e do legado do 
domínio japonês (1910-1945), traduzido na formação de recursos 
humanos, na pesquisa e nas técnicas organizacionais. 
Aqui, o apoio à substituição de importações se enraizou por 
três razões: 
(1) a cultura favorável à intervenção estatal; 
(2) a influência intelectual da Cepal, cujos estudos diziam que a 
América Latina perdia com o comércio exterior (a tese se provou 
errada); e, 
(3) o suposto êxito econômico da União Soviética, que viria a 
entronizar o planejamento estatal nos países em 
desenvolvimento. 
Pois bem! 
Analisada essa crítica ao modelo e resumida sua perspectiva histórica, 
vamos ao aspectos positivos da ação desse modelo: 
- produção já possui o mercado cativo do próprio país; 
- força produtores estrangeiros a se instalarem no país, atraindo 
assim investimentos estrangeiros; 
- soluciona déficit do balanço de pagamentos na medida em que 
diminui as importações. 
 
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Dentre os aspectos negativos temos: 
- produtor protegido tende a ineficiência, pois não investe em 
tecnologia, dificultando o progresso do seu produto; 
- produção voltada ao mercado interno não se beneficia dos ganhos 
da economia de escala; 
A substituição de importações, portanto, acaba por f inanciar um setor 
econômico, distorcendo os fluxos comerciais e a alocação eficiente dos fatores de 
produção. Não é, portanto, um regime que observa a razão econômica do livre 
comércio. 
Vejamos um item sobre o tema: 
(ESAF/AFRFB/2000) Para explicar a relação entre comércio de produtos primários e 
industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) apresentou uma 
série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se se afirmar que o comércio 
internacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas relações de troca (uma 
deterioração nas relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em 
desenvolvimento) tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço dos produtos 
manufaturados (fabricados em geral em países desenvolvidos) tendia a subir. 
Vejam que a ideia do item traz exatamente a ideia da deterioração dos 
termos de troca (exportar cada vez mais matérias-primas para importar mesma 
quantidade de produtos industrializados), que serviu de base para a teoria 
protecionista de substituição das importações. Portanto, correto o item. 
Vale ainda destacar que esse espírito de substituição de importações, 
como bem disse Maílson da Nóbrega, f oi largamente apregoado pela Comissão 
Econômica para América Latina (CEPAL) motivando, inclusive, a criação da ALALC 
(Associação Latino-Americana de Livre Comércio) em 1960, sendo substituída 
pela ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) em 1980, num processo 
de transição denominado phase out. As ditaduras nacionais e a indisposição de 
importar dos países vizinhos não permitiram que o bloco lograsse êxito, 
demandando-se na sua sucessora uma maior f lexibilização das regras 
para liberalização. 
Por fim, para muitos economistas, a prosperidade das economias asiáticas 
remonta suas origens às políticas que estimularam a substituição de importações 
e permitiram o desenvolvimento de uma indústria voltada para a exportação, 
teoria que explicitamos a seguir... 
 
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Industrialização voltada para as exportações 
Conhecida por muito economistas como simplesmente uma politica 
comercial “orientada para fora”, esse modelo refutou a crença das décadas de 50 
e 60 de que os países em desenvolvimento só poderiam criar bases industriais 
somente substituindo importações por bens manufaturados domésticos. Em 
meados dos anos 60 passou-se a crer que as exportações também eram um 
caminho viável para a industrialização. Segundo o Banco Mundial, as economias 
que se valeram dessa estratégia são conhecidas como economias asiáticas de 
alto desempenho (EAAD), crescendo mais de 10% ao ano. 
Nesse rol, podemos distinguir três grupos: 
- o Japão (pós 2ª guerra); 
- anos 60, os quatro “tigres asiáticos” Hong Kong, Taiwan, Coreia 
do Sul e Cingapura; e, 
- décadas de 70 e 80, a Malásia, Tailândia, Indonésia e China. 
É importante ressaltar que esse não é um modelo de livre comércio, 
pois todas elas ainda possuem tarifas razoavelmente altas, bem como cotas de 
importação, subsídios à exportação, entre outras barreiras ao comércio. Há, 
portanto, importante intervenção governamental para que a política tenha 
êxito! 
Vejamos um item sobre o assunto: 
(ESAF/ACE/MDIC-2012) Considerando-se a ação governamental no modelo de 
industrialização orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande 
alcance, envolvendo o apoio ao desenvolvimento da infraestrutura, a concessão de 
incentivos f iscais e creditícios, o f inanciamento da produção e das exportações e 
invest-imentos em educação e qualificação profissional. 
Observem que o apoio governamental é crucial para o sucesso desta 
política, atuando justamente em diversos segmentos como f orma de garantir 
competitividade à indústria. Essa ajuda se dá nas mais diversas esferas, estando, 
portanto correto o item em questão! 
Como último comentário, podemos dizer que esse modelo teve mais 
sucesso que a substituição de importações. No entanto, a alta dependência do 
comércio internacional torna essas economias mais vulneráveis a crises 
internacionais que outras como a do Brasil, por exemplo. 
 
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Belezura até aqui pessoal? Não deixem de acessar o nosso fórum, ok? 
Passamos então aos mecanismos indicados no edital AFRFB/2012 para selevar adiante essas políticas... 
Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias 
Vimos antes a dicotomia entre liberalismo e protecionismo; depois 
verificamos as políticas comerciais que empreendem intervenções do Estado; 
nesta última parte da aula, falaremos das duas vias para se praticar o 
protecionismo: as barreiras tarifárias e não tarifárias (BNTs). 
O Acordo Geral de Tarifas de Comércio de 1947, assim como seu sucessor 
(GATT/1994) apregoam há décadas o livre comércio por meio de suas regras. 
Não obstante esse ser o propósito último da instituição, os membros 
também reconheceram desde o princípio do acordo que em algumas situações 
conjunturais, determinado membro poderia se valer de barreiras as suas 
importações, dando lugar ao famigerado “protecionismo”. 
Podemos dizer que com a desgravação tarifária promovida ao longo das 
rodadas do GATT (compromissos multilaterais), por acordos regionais e iniciativas 
unilaterais, reduziram-se as barreiras tarifárias. Dessa forma, tivemos uma 
liberalização do comércio promovida por essas reduções tarifárias, 
especialmente na década de 90, quando do desfecho da Rodada Uruguai. 
Por outro lado, na década de 80 tivemos um recrudescimento (aumento) 
do “neoprotecionismo” em virtude do contexto recessivo herdado da década 
anterior. Com as sucessivas rodadas do GATT que foram rebaixando as tarifas, os 
membros passaram a empreender uma forma de protecionismo com outra 
roupagem (não-tarifário), ou seja, por meio de exigências administrativas (ex. 
licença de importação, certificado de origem), padrões técnicos (ex. selos de 
órgãos de metrologia) e de controles relativos às características sanitárias (ex. 
certificado sanitário) dos bens transacionados, uso abusivo de medidas de defesa 
comercial como direitos antidumping, ampliação de programas de subsídios à 
exportação, etc. 
Vejamos cada uma delas... 
 
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Modalidades de tarifas 
A primeira pergunta que devemos ter a noção precisa é o que é uma tarifa? 
A tarifa, no comércio internacional, é um encargo financeiro exigido na 
forma de tributo, para bens transferidos de uma área aduaneira para outra. No 
Brasil, o termo não deve ser confundido com as tarifas exigidas pelas 
concessionárias prestadoras de serviço público, mas sim identificadas com o 
Imposto de Importação (II). Também não se confunde instrumentos de 
política comercial como medidas antidumping e compensatórias, tampouco com 
os demais tributos devidos na importação (ex. IPI, ICMS, PIS/COFINS 
importação, AFRMM, taxa de uso do SISCOMEX) ou ainda os custos do serviço de 
importação (ex. despesas com despachante aduaneiro, capatazia, armazenagem, 
etc). 
Embora o termo se aplique também à exportação, usamos a expressão 
quando nos referimos ao imposto de importação, uma vez que o interesse 
primordial do GATT e da OMC é regular esse direito na importação de 
mercadorias, certo? 
De modo geral, a sua imposição confere uma vantagem para o produtor 
doméstico ao inserir um custo ao produto importado, além de aumentar a 
arrecadação para o governo. 
Na sua aplicação em geral, identificamos diversas roupagens que suas 
alíquotas podem assumir, evidenciando-se diferentes modalidades de tarifas: ad 
valorem, específica, mista, composta ou “técnica”. 
A tarifa ad valorem é um percentual aplicado sobre a base de cálculo. 
Por exemplo, 35% de imposto de importação sobre o Valor Aduaneiro da 
mercadoria. 
A tarifa específica (ad mensuram) é calculada em unidade de medida, tal 
como peso, volume, par, etc. Por exemplo, podemos ter a alíquota do imposto de 
importação em bebidas à base de R$ 12,00/garrafa ou ainda, R$ 5,00/litro. A 
tarifa ad valorem, por sua vez, é calculada um percentual sobre o valor da 
mercadoria. Por exemplo, 35% de tarifa para veículos importados. Assim, um 
veículo que possui como valor aduaneiro R$ 20.000,00, teria uma tarifa de R$ 
7.000,00. 
Já a tarifa mista é calculada como alternativa entre o direito ad valorem 
e específico. Dessa forma, se tivéssemos 7% ou R$ 5,00/quilo o que for menor. 
 
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Podemos também ter uma espécie de tarifa composta, que conjuga uma tarifa ad 
valorem adicionada ou subtraída de uma tarifa específica. 
Por fim, a tarifa técnica é calculada com base em conteúdo específico do 
produto importado, ou seja, leva em conta seus componentes ou faz referência 
aos direitos aplicáveis a determinados itens (ex. R$ 0,40/kg de cloreto de sódio). 
Seja em qual modalidade for, o efeito da tarifa é aumentar o custo do 
envio de bens para um país (KRUGMAN, 2010, p. 140). Sendo a forma mais 
antiga de política comercial, as tarifas têm sido utilizadas como fonte de renda 
governamental. Até a introdução do imposto de renda, o governo norte-
americano aumentou sua receita sobretudo graças às tarifas. 
No entanto, destacamos que essa finalidade é mais relevante para países 
menores, que não possuem seu sistema de arrecadação interna bem 
desenvolvido. Na verdade, a tarifa tem finalidade extrafiscal, ou seja, o fator 
arrecadação deve ser secundário, pois o Estado não deve se preocupar com 
essa fonte de receita, mas sim, com a necessidade de estimular ou não 
determinada indústria nacional. Para tanto, precisar ter agilidade e liberdade para 
alterar suas tarifas sem se preocupar com questões de segunda ordem, como o 
caráter arrecadatório. 
A importância das tarifas diminuiu nos tempos modernos, já que os 
governos preferem proteger as indústrias domésticas por meio de outras formas 
de proteção tais como barreiras não tarifárias, cotas de importação (limitações à 
quantidade) e restrições à exportação (limitações à quantidade de exportações). 
No entanto, elas ainda são preferíveis a esses mecanismos pelas seguintes razões 
(BACCHETTA, Marc. Overview of the economics of international trade, economic 
research and analysis, WTO:Geneva, 2001): 
a) A tarifa gera renda para o governo enquanto a cota não gera 
renda, mas apenas ganhos para os detentores de licenças de 
importação; 
b) com as cotas o aumento da demanda representa aumento de 
custos de sua administração, enquanto que na tarifa o aumento de 
importações representa apenas aumento na demanda e 
arrecadação; 
c) enquanto as tarifas seguem procedimento único e regular, as 
cotas impõem custos de administração e conformidade a elas. 
Vejamos um item sucinto para fechar este assunto: 
 
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(Inédita) São modalidades de tarifas as “ad mensuram” e mistas. 
Tarifa é sinônimo de Imposto de Importação (II) e, no Brasil, se trata do 
único tributo que é passível de utilização discriminatória no Comércio 
Internacional. E de fato, tarifas com base em unidade de medida (ad men-
suram) 
ou que mesclem percentuais com essas unidades são perfeitamente possíveis. 
Aliás, a OMC não proíbe que os Estados, desde que respeitado este teto, 
formulem tarifas sobre modalidades diferentes da “ad valorem” (ex. específica, 
mista, composta ou técnica). 
Correto, portanto, o item. 
Mas... e se o Brasil, por exemplo, subir o II acima de 35% para veículos, 
sendo que este percentual é o teto consolidado na OMC... 
Isso pode Arnaldo? 
A regra é clara. Se o país exceder sua tarifa acima do que se 
comprometeu na OMC estará incorrendo emilícito internacional, passível de 
acionamento no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC. Não pode! 
Passamos então a forma residual de protecionismo: as BNTs 
Formas de Protecionismo Não Tarifário (BNTs) 
As “Barreiras Não Tarifárias” (BNTs) são formas não tão transparentes 
empregadas pelos países para restringir o fluxo comercial. Para este objetivo, os 
países se valem de controles ou exigências que constituem obstáculos 
desnecessários ao comércio internacional. O aumento de sua utilização se deu 
com a diminuição das tarifas ao longo das rodadas de negociação do GATT. 
 
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Os países então passaram a buscar outros subterfúgios para protegerem 
suas indústrias, criando barreiras de feições preponderantemente não-tarifárias, 
como procedimentos administrativos, padrões técnicos e sanitários aos bens 
importados. Justamente para conter seu uso indiscriminado, alguns desses 
padrões ganharam contornos em acordos multilaterais da OMC. 
Agora uma pergunta vem à tona... 
Apesar de a OMC pregar o livre comércio ela também permite a adoção de 
barreiras protecionistas? 
De certa forma sim! 
Vejam que os acordos da OMC – como TBT e SPS – admitem que em 
situações excepcionais um membro possa adotar alguma restrição para proteger 
outro interesse compartilhado pelos membros da organização. No entanto, há 
diversas obrigações para a imposição dessas barreiras. Nestes acordos também 
não há a definição do que sejam essas restrições, mas tão somente diretrizes de 
como fazê-las. 
Ainda sobre a ideia de “Barreira Não Tarifária” (BNT), podemos dizer que 
seu uso se intensificou na década de 80 e tem sido entendida então de forma 
residual, ou seja, quaisquer medidas que restritivas ao comércio que não sejam 
tarifas. Apesar da diferença conceitual, tem propósito semelhante às tarifas ao 
encarecer o produto importado, ou por vezes, inviabilizar sua entrada no 
território aduaneiro de determinado membro. Nesse caso, a BNT é extremamente 
gravosa ao comércio, pois muitas vezes se torna um impeditivo à importação. 
Como é uma forma diferente da tarifa para se praticar o protecionismo, as 
BNTs são identificadas como elementos de um “neoprotecionismo”. 
Dentre os exemplos de BNTs, temos: 
a) restrições quantitativas (tais como cotas); e, 
b) medidas de defesa comercial 
c) formalidades aduaneiras 
 
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d) exigências de qualidade, metrologia, etc. 
A cota é uma das medidas mais eficazes para se barrar a importação de 
determinados produto, razão pela qual as rodadas multilaterais buscaram 
tornálas em tarifas (“tarificação”), que era mais transparente e menos impedit-
iva ao comércio internacional. 
Isso porque as cotas são barreiras mais restritivas possíveis ao comércio, 
pois quando no formato de cota física, elas literalmente impedem a entrada da 
mercadoria no país. Isso ocasiona uma elevação o preço doméstico do produto 
importado, além de não conferir nenhuma receita ao governo. Eventualmente, 
quando o governo promove o leilão destas cotas ou as empresas detentoras 
desses direitos o f azem, pode se auferir alguma receita com as mesmas. Por 
outro lado, algumas cotas são vinculadas a f aixas de tarifas aplicáveis (cotas 
tarifárias). 
Mais um exemplo da “vida como ela é”: Sobre esta modalidade, temos o exemplo 
recente das cotas negociadas no marco do ACE-55. Tratam-se de “cotas tarifárias” 
aplicadas tanto para o Brasil como para o México. Neste caso, acima de determinado 
volume estipulado para as vendas anuais, as partes e peças automotivas passam de 0% 
para 35% de II (Portaria SECEX nº 10, de 2 de Abril de 2012). 
Há diversos outros dispositivos do GATT (ex. artigo XX) e acordos do 
anexo 1A da OMC (ex. TBT e SPS) que dispõem sobre o uso legítimo de barreiras 
não tarifárias, de modo a minimizar seus efeitos ao comércio. Para tanto, como já 
dissemos, a BNT precisa seguir diretrizes como estar fundamentada num objetivo 
legítimo como a proteção à saúde humana e o meio ambiente, além de ser 
compatível com as regras da OMC. 
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 
exemplifica então algumas dessas diversas outras barreiras: 
- estabelecimento prévio de preços mínimos como referência 
para a cobrança das tarifas de importação, sem considerar a 
valoração aduaneira do produto; 
- produtos cuja importação é efetuada pelo Estado, em 
regime de monopólio; 
- condicionamento de importações à exportação casada de 
determinados produtos; 
- tratamento favorecido aos produtos nacionais em 
concorrências públicas (Compras Governamentais); 
 
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- exigência de uso de navios ou aviões de bandeira nacional 
para o transporte das importações. 
Podemos destacar no cenário atual o uso distorcido da Licenças de 
Importação. Exemplo recente f oi o abuso por parte dos nossos “hermanos” 
argentinos que impuseram licenciamento de importação para os produtos 
brasileiros (ex. carnes), suspendendo sua análise e impedindo que esses produtos 
cruzassem a f ronteira entre os dois países. Logicamente, isso trouxe prejuízos 
irreparáveis ao comércio das duas nações e desgastou ainda mais o 
relacionamento entre os parceiros comerciais históricos. 
Destacamos ainda a imposição de barreiras por via de regulamentos 
técnicos ou sanitários, os quais ganharam diretrizes nos acordos TBT e SPS da 
OMC. No entanto, da mesma f orma, seu uso distorcido tem prejudicado 
o comércio. 
Exemplo disso são as exigências absurdas que a União Europeia já exigiu 
no passado: 
Da série, a “vida como ela é”: Em 1994, a União Europeia determinou que as bananas 
importadas deveriam ter, pelo menos, 14 centímetros de comprimento e 2,7 centímetros 
de largura; obviamente, o tema acabou sendo ironizado por diversos jornais, como o 
britânico “The Sun”, que publicou um molde em papel e disponibilizou uma linha 
telefônica exclusiva para quem encontrasse um exemplar fora das especificações. 
Outro exemplo de restrição se trata do art. XVIII do GATT que permite a 
imposição de barreiras para levar à cabo a política de proteção às indústrias 
nascentes, que f alamos na 1ª parte da aula. A OMC permite, então, em 
determinadas condições, a imposição de barreiras tarifárias às importações de 
mercadorias para dar fôlego a um ramo de indústria que precisa de proteção para 
se desenvolver. 
Barreiras não tarifárias amplamente disseminadas são as medidas para 
combater as práticas desleais de comércio de dumping e subsídios. 
Seguindo o procedimento delineado no Acordo Antidumping e Acordo de 
Subsídios e Medidas Compensatórias, os membros da OMC podem, após a 
condução de um procedimento de investigação, aplicar sobretaxas na importação 
de produtos originários de determinadas origens, neutralizando assim os efeitos 
nocivos dessas práticas. 
Podemos resumir brevemente que o dumping consiste na exportação 
a preços menores que o praticado nas vendas internas de determinando membro, 
e a prática de subsídios consiste no auxílio f inanceiro governamental a 
uma indústria ou ramo de indústria. Para impor sobretaxas nas importações a 
preços 
 
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