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N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula Demonstrativa Salve, salve concurseiros de todo o Brasil... Tão logo encerrou o concurso da RFB 2012 e já temos fortes indícios que um novo certame para Receita em 2013! Portanto, quem ficou na “fila de espera”, essa é a hora de acelerar os estudos... já quem ainda nem começou, não há mais tempo a perder! A presidenta está “abrindo a porteira” e a hora é agora de conquistar aquela tão almejada vaga nesta carreira! Antes, aquela breve introdução de praxe para quem não me conhece... Meu nome é Thális Andrade. Sou mestre em Direito Internacional e integro a carreira de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Desde 2009, atuo como professor de DIP e Comércio Internacional em cursos de Pós Graduação pelo Brasil, além de ministrar cursos preparatórios presenciais e aqui no ponto dos concursos. Sobre minha passagem profissional, fui investigador no DECOM/SECEX em processos de defesa comercial e atuei na Secretaria-Executiva da CAMEX com negociações internacionais. Atualmente estou lotado no DECEX, na Coordenação de Normas e Assuntos Econômicos (CONAE), atuando nos contenciosos relativos ao tratamento administrativo das operações de comércio exterior sob anuência do DECEX. Posso dizer que em todas essas tarefas a interação entre MDIC e RFB é muito próxima, quase “simbiótica” diria! Mas além do contato entre as carreiras, o cargo de AFRFB possui um enorme vínculo com a nossa matéria de Comércio Internacional. Em exemplos curtos, podemos citar: (1) nos procedimentos de defesa comercial, vocês cuidarão da arrecadação dos valores pagos à título de medida de defesa comercial; (2) podemos mencionar ainda a classificação aduaneira/fiscal que vocês farão sobre as mercadorias que entram e saem do país; (3) ou ainda, destacar o controle aduaneiro que vocês exercerão sobre as mercadorias N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 2 submetidas a regimes aduaneiros especiais, em que os tributos estão suspensos e o rigor na sua fiscalização, portanto, é imprescindível. Tudo isso é só para demonstrar a vocês o quanto é f ascinante a f utura carreira de vocês e como é apaixonante a disciplina de Comércio Internacional. Minha tarefa aqui será, além de lecionar o conteúdo, aproximar vocês ao máximo da disciplina, pois se trata de pedra f undamental para o concurso de vocês. Não a subestimem, pois seu conteúdo é deveras importante para qualquer futuro AFRFB que se preze, ok? Antes de vermos nosso cronograma, vamos fazer um “CSI” nas inovações na matéria de Comércio Internacional trazidas pelo edital de AFRFB/2012 em relação ao último certame de 2009. Primeiro destaquemos as inclusões: 1º - o edital/2012 trouxe de forma explícita os temas “políticas comerciais estratégicas”, “modalidades de tarifas” e “formas de protecionismo não tarifário”. Ao meu ver, isso demonstrou o claro propósito de atualizar o programa com o momento protecionista que o país e o cenário internacional estão passando. 2º - foi incluído na parte de integração, as regras específicas do “artigo XXIV do GATT” e da “Cláusula de Habilitação”. 3º - o bloco do “CARICOM” apareceu como mais uma possibilidade entre os vários que já eram exigidos pela banca. 4º - apareceu também o tópico chamado “exportações” e “incentivos fiscais às exportações”. Além disso, apareceu o item “importações” e “CIDE-combustíveis”. Esses temas, ao meu ver, f oram equivocamente inseridos em nossa matéria! Equivocamente?? Isso mesmo pessoal. A ESAF também erra, e erra muuuito! Não foi à toa que na prova de ACE-MDIC 2012 anulamos 6 questões de um total de 20!! N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 3 Além disso, percebam que no edital da RFB/2012 foi resgatada a matéria de Legislação Aduaneira. Era lá que este assunto deveria estar... Também vejam que o tópico “Regimes Aduaneiros” aparece novamente em nossa matéria, ao mesmo tempo em que aparece com grande nível de detalhamento na matéria de Legislação Aduaneira. Nestas horas, vamos recorrer ao nosso oráculo para questões de ”ética do certame” rsrs Pode isso, Arnaldo? Veja bem... A banca é o juiz do certame e, em princípio, pode tudo ao criar as regras do edital! Mas que é feio uma redundância desta natureza é... Aaahhh tá! Nos últimos certames, a ESAF tem parecido um pouco “confusa” na sua elaboração, como foi o edital de Analista de Comércio Exterior de 2012. Mas tudo bem, não é por isso que deixamos de falar nestes assuntos, afinal, eles fazem parte de nosso conteúdo programático ;) De outro lado, o tema Valoração Aduaneira foi totalmente deslocado para a matéria de Legislação Aduaneira, o que ao nosso ver, também foi equivocado, pois a Valoração Aduaneiro é baseada num Acordo Internacional de Comércio. Passada essas “primeiras impressões”, vamos então ao que interessa. Para cobrirmos nossa empreitada, dividi nossas aulas em 8 encontros, da seguinte forma... N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 4 AULA 0 – 1. Políticas comerciais. Protecionismo e livre cambismo. Políticas comerciais estratégicas. 1.1. Comércio internacional e desenvolvimento econômico. 1.2. Barreiras tarifárias. 1.2.1 Modalidades de Tarifas. 1.3. Formas de protecionismo não tarifário. AULA 1 – 2. A Organização Mundial do Comércio (OMC): textos legais, estrutura, funcionamento. 2.1. O Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT-1994); princípios básicos e objetivos. 2.2. O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). Princípios básicos, objetivos e alcance. AULA 2 – 6. Práticas desleais de comércio. 6.1. Defesa comercial. Medidas Antidump- ing, medidas compensatórias e salvaguardas comerciais. AULA 3 – 3. Sistemas preferenciais. 3.1. O Sistema Geral de Preferências (SGP). 3.2. O Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) 4. Integração comercial: zona de preferências tarifárias; área de livre comércio; união aduaneira. 4.1 Acordos regionais de comércio e a Organização Mundial de Comércio (OMC): o Artigo 24º do GATT; a Cláusula de Habilitação. 4.2. Integração comercial nas Américas: ALALC, ALADI, MERCOSUL, Comunidade Andina de Nações; o Acordo de Livre Comércio da América do Norte; CARICOM. AULA 4 – 5. MERCOSUL. Objetivos e estágio atual de integração. 5.1. Estrutura institucional e sistema decisório. 5.2. Tarifa externa comum: aplicação; principais exceções. 5.3. Regras de origem. AULA 5 – 10. Exportações. 10.1 Incentivos f iscais às exportações. 11. Importações. 11.1. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Combustíveis: fato gerador, incidência e base de cálculo. 7. Sistema administrativo e instituições intervenientes no comércio exterior no Brasil. 7.1. A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). 7.2. Receita Federal do Brasil. 7.3 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). 7.4. O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). 7.5. Banco Central do Brasil (BACEN). 7.6. Ministério das Relações Exteriores (MRE). AULA 6 – 8. Classificação aduaneira. 8.1. Sistema Harmonizado de Designaçãoe de Codificação de Mercadorias (SH). 8.2. Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). AULA 7 – 9. Contratos de Comércio Internacional. 9.1. A Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias. 12. Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS 2010). AULA 8 – 13. Regimes aduaneiros. Nossa ideia aqui neste curso é explanar a teoria de cada item, além de resgatar apenas os exercícios recentes realizados pela, seguidos dos respectivos comentários. Agora, para quem pretende já tem nossos cursos anteriores ou pretende adquirir este curso, atentem-se a este detalhe: N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 5 Diferente de nossos cursos anteriores, que esmiuçávamos questões antigas da ESAF (a partir do ano 2000), optamos por fazer u m curso só com questões recentes e inéditas. No entanto, a nossa matéria, nos últimos 4 anos, só apareceu nas provas RFB/2009, ACE-MDIC/2012 e RFB/2012! Portanto, resolveremos questões de 2009 em diante, recheando com questões inéditas de modo a nos alinharmos com a tendência recente da ESAF, ok? Excepcionalmente, pode aparecer u ma questão mais antiga, devida- mente adaptada! Belezura? Continuando nossa explanação, teremos nosso bom e velho f órum “tirateima”! Ou seja, leu os comentários das questões e ainda f icou com dúvidas? Mandem-nas no fórum que responderei o mais breve possível. Para f acilitar a vida de vocês, desde já relaciono bibliografia utilizada na confecção deste material, que serve também de auxílio para quem quiser se aprofundar nos temas abordados em nosso curso ok? Também trouxe sugestão de bibliografia complementar, para quem quiser aprofundar ainda mais sobre o tema... Bibliografia Básica BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual prático de defesa comercial. São Paulo: Aduaneiras, 2006. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: <www.mdic.gov.br>. FOSCHETTE, Mozart. Relações Econômicas Internacionais. São Paulo, Aduaneiras, 2001. KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: Teoria e Política. 7ª ed. Addison Wesley, 2006. MAIA, Jayme de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior. 9ª Edição. Editora Atlas. São Paulo, 2004. VAN DEN BOSSCHE, Peter. The Law of the World Trade Organization, Cambridge: Cambridge University Press, 2005. THORSTENSEN, Vera. OMC - As Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. Aduaneiras, 2003. World Trade Organization, Understanding the WTO, 2008. Disponível em: <www.wto.org>. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 6 Bibliografia Complementar AMARAL JUNIOR. Alberto. OMC e o Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2004. ANDRADE, Thális. O Regionalismo na Fragmentação do Sistema Multilateral de Comércio. Ijuí: Unijuí, 2011. BACCHETTA, Marc. Overview of the economics of international trade, economic research and analysis, WTO: Geneva, 2001. BARRAL, Welber (Org.). O Brasil e a OMC. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2006. CHANG, Ha-Joon. Chutando a Escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Editora UNESP, 2004. CORREA, Carlos. Acuerdo Trips: Regimen Internacional de La Propriedad Intelectual, Buenos Aires: Ciudad Argentina, 1998. GABILONDO, Jose Luis Perez. Manual Sobre Solucion de Controversias En La Organizacion Mundial del Comercio (Omc). Ed. Eduntref, 2004. HOEKMAN, Bernard M.; KOSTECKI, Michel M. The political economy of the world trading system: the WTO and beyond. 2 ed. Oxford University Press, 2001. HOWSE, Robert; TREBILCOCK, Michael J. The regulation of International Trade. New York: Routledge, 1999. JACKSON, John H. The jurisprudence of GATT & the WTO. New York: Cambridge University Press, 2002. JACKSON, John. The World Trading System: Law and policy of International Economic Relations. 4a ed., Cambridge: MIT Press, 2000. JACKSON, John H. World Trade and Law of GATT, Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1969. LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul. São Paulo: Aduaneiras, 2001. PEREIRA, Celso de Tarso et al. 100 casos OMC: A experiência brasileira em solução de controvérsias. Revista Política Externa, vol. 20, nº 4, Mar/abr/mai de 2012. São Paulo: Editora Paz e terra, 2012 PRAZERES, Tatiana Lacerda. A OMC e os Blocos Regionais, São Paulo: Aduaneiras, 2009. PRAZERES, Tatiana Lacerda. Comércio internacional e protecionismo: as barreiras técnicas na OMC. São Paulo: Aduaneiras, 2003. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 11ª ed. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2006. SEN, Amartya Kuman, Desenvolvimento como liberdade; tradução Laura Teixeira Motta; revisão técnica Ricardo Doniselli Mendes, - São Paulo: Companhia das Letras, 2000. THORSTENSEN, Vera. OMC - As Regras do Comércio Internacional e a Rodada do Milênio. Aduaneiras, 1999. WORLD TRADE ORGANIZATION. Legal Texts. Marrakesh Agreements, 2008. Disponível em: <www.wto.org/english/docs_e/legal_e/06-gatt_e.htm>. Acesso em: 30 set. 2008. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 7 Para fechar essa apresentação e seguirmos para nossa aula “degustativa” propriamente dita, encerro com um pensamento de um grande cara que, sem dúvida, se aplica ao nosso universo concurseiro. “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. (Albert Einstein). Portanto, a hora de por em prática os estudos é agora, meus amigos. O estudo de qualidade exige sacrifícios, ausência do lar, dos amigos, de festas, etc... Mas isso é passageiro, e todo esforço será recompensado! Vamo que vamo! Prof. Thális Andrade Janeiro/2013 Facebook: Thális Andrade E-mail: thalis@pontodosconcursos.com.br N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 8 Sumário – Aula 0 Políticas Comerciais . .......................................................................................................................................9 Liberalismo x Protecionismo: Considerações iniciais . ...................................................................... 11 Características do liberalismo ............................................................................................................... 13 Características do protecionismo ......................................................................................................... 14 Comércio e desenvolvimento econômico ............................................................................................. 16 Políticas Comerciais Estratégicas ......................................................................................................... 20 Teoria da indústria nascente ................................................................................................................. 22 Substituição das importações (deterioração dos termos de troca) . ....................................... 24 Industrialização voltada para as exportações . ............................................................................... 28 Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias .......................................................................................................29 Modalidades de tarifas ............................................................................................................................. 30 Formas de Protecionismo Não Tarifário (BNTs) . ............................................................................ 32 Questões . ......................................................................................................................................................... 39 Questões Comentadas ................................................................................................................................. 48 Gabarito . ........................................................................................................................................................... 61 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 9 Políticas Comerciais Para esquentar os motores, nesta aula, vamos tratar do tema Políticas Comerciais constantes no edital de AFRFB 2012. É um tema mais simples que as demais aulas, mas preferímos começar por ele, pois se trata da base de tudo que virá adiante... Em editais da ESAF de 1996 até 2005, era praxe a cobrança de uma série de teorias e questões pesadas sobre cada uma das políticas comerciais indicadas no edital. No entanto, em 2009, observamos um redução drástica deste assunto na prova da RFB e, em 2012, nem sequer caiu uma questão sobre o assunto. A própria descrição deste tema no edital de 2012 ficou bem mais enxuta, de modo que a infinidade de teorias de comércio ficou no passado; agora busca-se “direto e reto” do futuro AFRFB a percepção sobre as políticas comerciais passíveis de implementação! Tendo portanto a ESAF modificado seu foco e, buscando ficar o mais próximo possível da nova tendência da ESAF, nosso curso (e especialmente esta aula), como já falamos anteriormente, terá inúmeras questões inéditas ;) Portanto, aproveitem que elas acabaram de sair do forno... Chega de conversa fiada então meus amigos. Para início de conversa, busquemos definir alguns conceitos. Afinal, o que é Comércio Internacional? Podemos dizer que o comércio é uma via de “duas mãos”, em que ocorre a compra e venda de bens e serviços, bem como dos fluxos financeiros correspondentes, entre os diversos países do planeta. Trata-se de processo resultante da divisão internacional do trabalho, da diferente dotação dos fatores de produção, bem como da diversidade das habilidades adquiridas por seus participantes. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 10 Na atualidade, esse fenômeno cresceu vertiginosamente com os avanços da produção industrial, logística, tecnologia nos meios de pagamento, enfim, pelo fenômeno da globalização que acelerou os processos de trocas entre os países. A expressão “Comércio Internacional” difere um pouco de “Comércio Exterior”; enquanto a primeira trata desse processo no contexto de todos os países comerciando entre si, num ambiente global, a expressão comércio exterior se vincula as trocas de um determinado país com o resto do mundo. Por isso geralmente usamos a expressão Comércio Exterior Brasileiro, quando queremos falar do nosso Brasil como ponto de partida para todas as análises de importações e exportações com nossos parceiros comerciais. A ideia que reside por detrás dessa necessidade de se intercambiar produtos e serviços deriva do fato de que nós não somos capazes de produzir tudo o que consumimos. Imaginem se precisássemos fabricar nossos sapatos, costurar nossas camisas, cultivar nosso alimento, desenvolver nosso “videogame”, e assim por diante. Não dá né galera! Não temos cabeça pra isso... Pode até existir algum “professor pardal” que consiga essa autossuficiência, mas eles seriam extremamente ineficientes, pois os custos são altos para essa empreitada. Isso porque eles teriam que desenvolver aptidões físicas e intelectuais para aprender cada ofício (fator mão-de-obra), gastar dinheiro em máquinas, fábricas ou equipamentos diferenciados para produção desses produtos (fator capital), além de eventualmente ter que buscar terras cultiváveis e urbanas ou recursos naturais para produzir os alimentos (fator terra). E por falar nesses três elementos, eles são os nossos queridos fatores de produção. Felizmente (ou não), o ser humano “percebeu que era difícil produzir tudo o que precisava. Era mais fácil fazer dez coisas iguais do que sete diferentes. Assim, nasceu a divisão do trabalho: um indivíduo produzia apenas um tipo de objeto em quantidade superior as suas necessidades e trocava o excedente. A divisão do trabalho não só aumentou a produtividade como também permitiu a melhora da qualidade. Esses dois fatos proporcionaram maior oportunidade de trocas”. (MAIA, Jaime Mariz. Comércio Exterior e Economia Internacional, Atlas, 2004, p. 20). Portanto meus caros, desde que os povos pré-históricos passaram a realizar trocas de produtos (escambo) entre habitantes de uma mesma tribo, podemos dizer que existe comércio. A diferença é que hoje realizamos essas trocas não sob N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 11 a base “produto x produto”, mas sim com base em papel-moeda ou simplesmente por meio eletrônico de pagamento de modo que as fronteiras daquelas tribos da antiguidade hoje foram extrapoladas para fronteiras entre países! Quando essa troca ocorre sem a ingerência dos Estados, temos o chamado liberalismo (livre-cambismo). No entanto, a defesa do liberalismo, não é uma unanimidade, sofrendo um contraponto constante com o “lado negro da força”: o protecionismo. Na verdade, como bem colocam os professores Barral e Brogini, o discurso a favor do liberalismo pode ser comparado com a evocação da ida para o plano divino, pois todos são a favor do livre comércio, mas o mais tarde possível. (BARRAL, Manual Prático de Defesa Comercial, 2007). É meio que “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Lembrem-se dessa máxima ao longo do curso... Ela é um “dogma” quer permeia as relações comerciais internacionais! rs Liberalismo x Protecionismo: Considerações iniciais Como dissemos, vamos abordar brevemente aqui o embate entre a corrente liberal (livre-cambismo) e a corrente protecionista (intervencionista) que permeia toda a história do pensamento econômico. Muito se defende o liberalismo, mas é difícil encontrar algum país que sustente essa bandeira hoje em dia e não tenha se valido de medidas protecionistas no passado (ou ainda as utilize no presente). Todos têm um passado “negro” rsrs Inclusive, podemos afirmar que se as grandes potências, em seu primeiro estágio de desenvolvimento, tivessem mesmo adotado as políticas que recomendam aos países em desenvolvimento, não seriam a pujança econômica que são hoje. Isso porque muitos desses países, ao longo de sua trajetória de desenvolvimento, recorreram a políticas comerciais e industriais protecionistas, atualmente consideradas políticas "ruins". Como bem define Ha-Joon, os países desenvolvidos, ao pregarem hoje políticas ortodoxas estariam “chutando a N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 12 escada” para que os paísesem desenvolvimento não consigam seguir os mesmos caminhos trilhados por eles para se desenvolver. Por exemplo, de 1820 até 1931, os EUA e alguns outros países hoje desenvolvidos adotaram políticas altamente protecionistas para defender a sua indústria nascente, mas eles alegam que fizeram o contrário; disseram que liberalizaram seus mercados. É verdade isso Arnaldo? É só meia verdade! De fato os EUA possuem uma das menores tarifas médias da OMC, sendo 3,7% seu imposto de importação médio, enquanto o Brasil aplica em torno de 32%. De outro lado, os EUA são um dos maiores aplicadores de medidas de defesa comercial, bem como possuem diversos programas de subsídios para sua ineficiente agricultura como a famosa lei “Farm Bill”, que perdura até os dias de hoje! (lembrem-se do dogma... Quero ir por último para o liberal- ismo...) Portanto, alguns países desenvolvidos alimentam sob outras f ormas seu espírito protecionista mais do que a gente imagina!! Aliás, outros países desenvolvidos também usaram e abusaram desses “pecados” contra o livre comércio no passado. A Alemanha, por exemplo, se utilizou no passado de espionagem industrial patrocinada pelo Estado e a cooptação de trabalhadores da Inglaterra, práticas nada “recomendáveis” nos dias de hoje. Para entender esses dois mundos, vejamos as características da primeira corrente: o liberalismo. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 13 Características do liberalismo São características do liberalismo: - Mercado livre: Estado não intervém na economia, seja tabelando preços ou criando barreiras alfandegárias; - Livre Concorrência: preços se formam em função do próprio mercado, o que faz com que somente as empresas eficientes sobrevivam; - Iniciativa Individual: qualquer indivíduo pode exercer a função que quiser, o que não ocorre no regime corporativista; - Desregulamentação: Estado deve remover todos os obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica. - Divisão Internacional da Produção: países devem produzir somente o que for economicamente mais conveniente, exportando seus excedentes, gerando diminuição de custos e maior bem-estar social. Dentre os argumentos a favor do liberalismo temos: - Divisão internacional da produção: o liberalismo prega a divisão internacional da produção, pois cada país se especializa naquilo que é mais eficiente. - Melhor uso dos recursos naturais: os recursos naturais pesam bastante na formação do custo, mas a natureza não é igual para todos os países, de modo que o clima e o solo são fatores que determinam produções diferentes. - Economia de escala: O uso dos dois argumentos anteriores permite a produção em escala, reduzindo-se custos. Diz-se que temos economia de escala quando a expansão da capacidade de produção de uma empresa causa um aumento dos custos totais de produção menor que, proporcionalmente, os do produto. A liberalização do fluxo comercial, em ambos os sentidos (exportação e importação) é benéfica para os países, pois as exportações auxiliam o Produto Interno Bruto (PIB) dos países, aumentando o nível de emprego e renda; por N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 14 outro lado, as importações estimulam a competitividade por melhores preços e qualidades, difundindo o uso de novas tecnologias (“spill over”). Vejamos agora os argumentos contrários ao liberalismo: Liberdade escraviza – ocorrem combinações entre particulares como trustes, carteis, oligopólios e dumping, o que influencia a f ormação de preços. Os benefícios gerados também não são distribuídos de f orma igualitária, podendo haver concentração entre as grandes empresas. Conflitos de interesses – Estado se preocupa com a defesa do emprego, meio ambiente, balanço de pagamentos ao passo que as empresas visam tão somente o lucro, não se preocupando com qualquer valor de interesse público; Colonialismo – Como as metrópoles precisavam de matéria- prima e as tinham em quantidades insuficientes para seus processos de industrialização, as colônias f oram por muito tempo pressionadas a exportar para os países com os quais tinham laços de dependência. Vejamos agora as características do contraponto à teoria liberal. Características do protecionismo Como o próprio nome diz, o protecionismo trabalha com uma lógica de intervenção do Estado na economia, geralmente impondo barreiras à importação de mercadorias ou f azendo aportes governamentais à exportação de seus produtos. Portanto, um país é protecionista quando realiza, em qualquer grau, intervenção na economia. São argumentos a favor do protecionismo: - perigos decorrentes da divisão da produção: com a divisão da produção, o país não produz tudo que precisa e, em eventual guerra, pode ficar suscetível ao desabastecimento, tal como ocorreu na crise de 1929. No entanto, com a remota N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 15 possibilidade de haver outra guerra, essa motivação fica prejudicada; - dumping: país fica vulnerável a essa prática desleal de comércio, podendo acabar sua indústria nacional; - indústria nacional e economia de escala: a intervenção do Estado inibe a formação de trustes, carteis e oligopólios. Além disso, como as multinacionais trabalham com economia de escala, seu baixo custo tende a suplantar a indústria nacional, de modo que só a intervenção do Estado é capaz de dar fôlego aos produtores para concorrerem com essas grandes empresas; - esgotamento dos recursos naturais: como muitos recursos são limitados, a exploração desenfreada compromete o futuro. Estamos vivenciando este tipo de situação com a exportação de minérios da China para o resto mundo, e o Brasil pode também passar por isso no futuro; - bens de natureza estratégica: alguns bens como energia, água, e até alguns serviços como telefonia, transporte aéreo, demandam intervenção estatal, pois em condições desfavoráveis, o Estado pode ficar dependente e até vulnerável; Por outro lado, são argumentos contrários ao protecionismo: - Divisão da produção: Como já dissemos, a divisão da produção garante eficiência na produção de bens, gerando maior oferta e, consequentemente, escala, baixo preço, e bem estar do consumidor. - Acomodação da indústria nacional: Como a indústria tem mercado cativo, não precisa melhorar a qualidade do produto. Esse foi o caso típico do setor automobilístico no Brasil que, até o início da década de 90, estava protegido, porém sem inovação, escala e eficiência, foi “engolido” pelo corte de tarifas promovido pelo governo Collor. Esse era o caso da Gurgel (alguém lembra dessa marca nacional, ou só eu? rsrs). Essa companhia foi “engolida” N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 16 quando o mercado brasileiro se abriu para concorrência externa. - Reserva de mercado e monopólios: No Brasil tivemos na década de 80 a lei de informática que criou uma reserva de mercado para os computadores nacionais, mais prejudicando do que ajudando. Como o protecionismo afasta a concorrência estrangeira, acaba incentivando empresas quesão únicas produtoras nacionais de determinado produto. Isso tende a gerar elevação de preços, uma vez que só a empresa passa a ser a única fornecedora nesse cenário. Isso tem ocorrido muito com a indústria química. Portanto, as tarifas impostas pelo governo para fechar o mercado nacional à concorrência externa não dão competitividade à indústria nacional. Feita essa breve comparação entre os dois regimes, temos o aporte teórico necessário para resolver quaisquer questões genéricas sobre essa dicotomia. No entanto, a última prova da RFB focou em políticas comerciais específicas, não se ocupando, como já foi dito, das teorias de comércio que antigamente eram largamente cobradas. Vamos às principais políticas então... Comércio e desenvolvimento econômico No edital AFRFB/2012, apareceu explicitamente a relação entre comércio e desenvolvimento econômico e as interações entre esses dois assuntos foi alvo de ampla literatura. No entanto, o último edital não mais explicita as diferentes teorias de comércio, razão pela qual veremos brevemente as principais relações apresentadas sobre o assunto. Neste cenário de crise que os países desenvolvidos (especialmente os países europeus e os EUA) o principal problema macroeconômico contemporâneo é a questão do emprego. Da mesma forma, para a maioria da população mundial, que vive na periferia, essa relação é ainda mais importante. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 17 Então, o primeiro e mais importante almejado numa política que preze o crescimento/desenvolvimento econômico. Logicamente, esse crescimento passa pelo aumento do Comércio Internacional. Não foi à toa que Adam Smith (1776) é tido como o patrono dessa relação, conjugando a ideia do crescimento econômico baseado no trabalho produtivo. Com ele foi cunhada a expressão “mão invisível” do mercado, apregoando que o mercado se auto regularia, não necessitando da intervenção estatal. Para Smith, cada país deveria alocar essa capacidade de trabalho no produto que era mais eficiente (teoria das vantagens absolutas). Neste caso, para haver comércio entre dois países, cada qual precisava ser mais eficiente do que o outro na produção de determinado produto. Ainda, para o economista, o trabalho é que dava prosperidade econômica ao produzir excedente de valor sobre seu custo de produção mediante a distribuição do trabalho. Aperfeiçoando as ideias de Adam Smith, David Ricardo, quando tratou de princípios de economia política e tributação em 1817, adicionou a noção de vantagens comparativas e investigou a distribuição desta riqueza produzida entre capitalista, trabalhadores e proprietários de terras. Segundo Ricardo, o comércio entre dois países pode ocorrer ainda que um país seja menos eficiente que o outro em ambos os produtos comparados. Ele buscou assim a justificar o comércio internacional em qualquer situação produtiva, eliminando a ideia de que o comércio seria um jogo de “soma-zero”, isto é, que um ganha e outro perde. Na verdade, no comércio internacional, todos podem ganhar com ele, ainda que não sejam em igual medida! Esse modelo continua sendo empregado de alguma forma até hoje, justificando as rodadas de negociação da OMC. Completando a teoria econômica dos fatores de produção, Stuart Mill propalou o desenvolvimento como fenômeno econômico vinculado ao progresso técnico de distribuição do produto entre capitalistas, trabalhadores e proprietários de terras. Com a introdução do pensamento marxista, o crescimento econômico dos capitalistas foi justificado pelo aumento do desemprego dos trabalhadores e concentração de renda e riqueza. Para Marx, este empobrecimento da maioria da população acarretaria uma diminuição do consumo e agigantaria a mão-de-obra disponível (exército de reserva), aumentando os conflitos sociais e propendendo para a autodestruição. Por isso, suas ideais seguiram na contramão do liberalismo, devendo o Estado intervir para garantir essa distribuição de riqueza. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 18 Adiante, Joseph Schumpeter trouxe as funções do crédito e do capital na promoção do desenvolvimento econômico, fazendo também a distinção entre crescimento e desenvolvimento. A partir do século XIX, o contraste de desenvolvimento entre os países mais industrializados e os demais países suscitou o debate acerca da distribuição de renda entre os mesmos. O liberalismo incontido refletiu-se na quebra da bolsa de Nova York no ano de 1929, fato que desencadeou uma profunda crise na década seguinte e mudança nos rumos da economia. O fato reclamou uma atuação mais efetiva do Estado no campo econômico, com vistas a suavizar as flutuações do capital e complementar os investimentos da iniciativa privada. Este pensamento, cujas lições reverberam até hoje, foi desenvolvido por John Maynard Keynes na sua teoria geral do emprego, do juro e da moeda de 1936. Até a segunda guerra mundial a moderna teoria do desenvolvimento econômico aliava-se a ideia de crescimento econômico. No pós-guerra, ele foi adquirindo novo sentido de modo que os instrumentos analíticos da teoria econômica ortodoxa eram rebatidos pela revolução keynesiana dos anos 30. Keynes disse então que havia duas tradições econômicas: a ortodoxa (em que a economia estava plenamente empregada) e outro sistema muito diferente de proposições analíticas e prescrições de políticas, que se aplicava quando havia desemprego de recursos humanos e materiais. A partir dessa ruptura, ao final da Segunda Guerra Mundial, os países subdesenvolvidos começaram a pleitear na esfera internacional uma maior ajuda dos países desenvolvidos. Assim, as origens e os termos do subdesenvolvimento assumiram o centro dos debates em detrimento dos motivos do desenvolvimento. Neste contexto, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) teve grande influência no diagnóstico dos obstáculos ao desenvolvimento dos países. Com base num conceito de centro-periferia, Raúl Prebisch procurou explicar a forma que os países em desenvolvimento se vinculam economicamente aos países desenvolvidos. A propagação destas ideias ensejou uma batalha dos países periféricos à sua industrialização e desenvolvimento para que lograssem exportações tão competitivas quanto à dos centros industrializados. Não obstante as ideias “cepalinas” terem sido encampadas na América Latina, como sabemos a previsão de crescimento não se concretizou. O que a América latina experimentou foi um aprofundamento do abismo entre o crescimento econômico (instrumento) e o desenvolvimento (finalidade). N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 19 Já nos anos 90, o economista Douglass C. North atribui suma importância às instituições, colocando-as no centro do processo de desenvolvimento ou evolução da sociedade. O ganhador do Prêmio Nobel da Economia de 1993 defendeu que as instituições são mais importantes que as inovações tecnológicas, pois aquelas reduzem as incertezas e limitam as escolhas dos indivíduos. Na mesma década, outro prêmio nobel foi para o economista hindu Amartya Sen que trouxe uma perspectiva inovadora em Desenvolvimento como Liberdade, descrevendo um conceito de desenvolvimento que extrapola a noção simplista de crescimento econômico, abrangendo a liberdade comoum fim e um instrumento para o próprio desenvolvimento. Para Sen devem ser removidas as principais origens de privação de liberdade como a pobreza. Estas limitam as escolhas e oportunidades das pessoas, impedindo-as de obterem capacidades e exercerem efetivamente sua condição de agente do próprio destino. Nesta perspectiva, a renda também é um importantíssimo meio de obter capacidades na medida em que auxilia na conquista e incremento das liberdades substantivas dos indivíduos, permitindo-os imprimirem sua condição de agente na vereda do desenvolvimento. Na busca deste ideal, Amartya Sen distingue cinco liberdades instrumentais que se inter-relacionam e se complementam. Dentre elas, destaca-se a liberdade da facilidade econômica assim traduzida: Facilidades econômicas são as oportunidades que os indivíduos têm para utilizar recursos econômicos com propósitos de consumo, produção ou troca [...] À medida que o processo de desenvolvimento econômico aumenta a renda e a riqueza de um país, estas se refletem em intitulamentos econômicos da população. Deve ser óbvio que na relação entre a renda e a riqueza nacional, de um lado, e, de outro, os intitulamentos econômicos dos indivíduos (ou famílias), as considerações distributivas são importantes em adição às agregativas. O modo como as rendas adicionais geradas são distribuídas claramente fará a diferença. Essa última teoria então se dissocia bastante da ideia de simples pleno emprego provocado pelo comércio, aliando outra noção de liberdade na relação com desenvolvimento econômico. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 20 Em poucas palavras: Comércio e desenvolvimento econômico buscam a geração emprego, renda e progresso técnico. Vários teóricos então pregam ou o liberalismo ou protecionismo no desenvolvimento desta relação. Essa relação também teve como passou pela f unção do crédito, substituição das importações, aperfeiçoamento das instituições, ou ainda incremento das liberdades. Vejamos então as políticas comerciais específicas que põem em prática esta relação entre comércio e desenvolvimento. Políticas Comerciais Estratégicas Na década de 1980 surgiu nos países desenvolvidos um conjunto novo de argumentos sofisticados a favor da intervenção governamental no comércio, num movimento chamado de neoliberalismo. Esses argumentos se concentravam, por exemplo, em setores de alta tecnologia, que haviam se tornado importantes após a criação do chip de silício. Alguns desses argumentos tentavam justificar a intervenção estatal diante de uma f alha de mercado, surgindo a chamada política comercial estratégica. Por essa teoria, por exemplo, uma f alha de mercado existente nas indústrias nascentes como a dificuldade de apropriação dos conhecimentos justifica a intervenção governamental (ex. subsídio à pesquisa). Isso porque se a indústria de alta tecnologia gera conhecimento que outras possam se utilizar sem pagar por isso, há um benefício marginal ao se incentivar esse setor, há uma externalidade positiva que se irradia sobre as demais empresas. Por outro lado, ao se entrar nesse debate sobre política comercial estratégica estamos também nos afastando, de mundo onde o instrumental teórico das teorias clássicas e neoclássicas, mostra-se eficiente. Nessa política, a escolha dos instrumentos de política econômica dependem dos objetivos que se pretende atingir com esses instrumentos. Por exemplo, se um governo entende privilegiar como objetivo nacional ser (ou se manter) uma potência mundial, a proteção e estímulo de setores industriais ligados à indústria bélica será uma política razoável. As diversas políticas de governo nos EUA protegendo, subsidiando e apoiando setores industriais militarmente sensíveis são exemplos práticos desse tipo de opção política. No Brasil, isso ocorreu no governo JK em que se buscou estimular uma indústria de bens duráveis, entendendo-se que reduziria os níveis absolutos de pobreza. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 21 Podemos dizer, ainda, que no Brasil as taxas de juros mais competitivas (subsidiadas) para o f inanciamento ao desenvolvimento e construção de aeronaves (Ex. Embraer) é uma política comercial estratégica que merece ser incentivada, pois resulta em bens de alto valor agregado, bem como “espalha” know-how e conhecimento para outras empresas. Por outro lado, o simples aumento do IPI para o setor automotivo com vistas a encarecer o carro importado e protegendo a indústria automotiva aqui instalada pode ser entendido como de legitimidade questionável se não promover inovação no setor, pois não promove P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), mas apenas cria uma barreira para as montadoras instaladas no país de modo a desestimular o investimento e a concorrência externa para setor. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência ;) Vejamos uma questão sobre esse assunto: (ESAF/AFRFB-2009) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de alto valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica e tecnológica a serem destinados f undamentalmente para os mercados de exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas. Ficou moleza né pessoal? Observem que o item traz exatamente o conceito que foi descrito... Uma política comercial estratégica do Estado é justamente uma escolha acertada sobre bens de alto valor agregado. Ora, se o Estado vai intervir num segmento, que este setor seja então bem escolhido (estratégico), de alto valor agregado e com bom potencial de difusão tecnológica. Ao atuar desta forma, o Estado incentiva a competitividade num segmento capaz de disputar eficientemente o mercado internacional. Correto, portanto, o item! Além desta política, outros f ormatos importantes de intervenção estatal ganharam respaldo no passado e ainda perduram até hoje. Vejamos onde tudo começou... N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 22 Teoria da indústria nascente Essa tese f oi desenvolvida pelo economista alemão Friedrich List, para justificar a proteção às indústrias nascentes da Alemanha no século XIX, por meio da imposição de barreiras às importações, para que não concorressem com as já maduras indústrias inglesas. Aplicada aos países periféricos, o argumento da indústria nascente se baseia na ideia de que os países em desenvolvimento têm uma vantagem comparativa potencial na manufatura, porém os novos setores manufatureiros desses países não podem, em princípio, concorrer com aqueles setores mais sólidos e firmados nos países desenvolvidos. Com o objetivo de proteger a indústria nacional da concorrência dessas empresas já estabelecidas, dando ao menos fôlego para tentarem se desenvolver e “ir atrás do prejuízo”, os governos impõem barreiras ao comércio nesses setores nascentes, até que eles ganhem musculatura suficiente para enfrentar a concorrência estrangeira. Dessa f orma, a indústria nacional ganha tempo para aprender f azendo (learn by doing), o que permite justificar a proteção a tais indústrias por um longo período, para que o setor se desenvolva e gere inovação, condição indispensável à manutenção da sua competitividade industrial após a abertura do mercado. Segue um exemplo da “vida como ela é”: Até 31 de agosto de 2012 vigoraram salvaguardas(tarifa de 55%) no Brasil para proteger a indústria nacional fabricante de coco seco. Desde 2000 vigora esta proteção, tendo sido prorrogada diversas vezes para que esta indústria pudesse reverter a situação de prejuízo grave que enfrentava. No entanto, hoje se encerrou essa proteção voltando a vigorar a tarifa de apenas 10% sobre o produto. Desse modo, faz sentido, de acordo com esse argumento, usar tarifas ou cotas de importação como medidas provisórias/tempo determinado para dar início à industrialização. Vale destacar que a cota (ou contingenciamento) é uma das medidas prediletas para esse intento, pois são as mais eficazes para se barrar a importação de determinados produto, pois podem limitar a quantidade do produto importado e não somente encarecer a importação. Essa f oi a f orma como três das maiores economias do mundo iniciaram sua industrialização no século XIX. Os EUA e Alemanha tinham elevadas alíquotas de imposto de importação sobre as manufaturas, enquanto o Japão manteve controles de importação amplos até a década de 60. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 23 Hoje em dia, com o impasse da Rodada Doha (veremos nas aulas seguintes) e com a proliferação de acordos regionais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, a presença da cláusula da indústria nascente tem sido frequente para se evitar a súbita enxurrada de produtos e quebra de determinada indústria decorrente da liberalização promovida por esses acordos. É importante reiterar que essa proteção (seja de natureza tarifária ou não tarifária) não faz nenhum bem a não ser que a proteção em si ajude o setor a se tornar mais competitivo. No entanto, a simples proteção do setor sem incentivar a pesquisa e resolver outras questões estruturais que aumentam o custo de produção como carga tributária, previdenciária, logística, custo financeiro, só adiam o problema da falta de competitividade. Vejamos um item sobre o assunto: (ESAF/ACE-MDIC/2002) O argumento em favor da proteção às indústrias nascentes ganhou força com a publicação do “Report on Manufactures”, de Alexander Hamilton, que defendeu o desenvolvimento nos Estados Unidos da América e o uso de tarifas para promovê-lo. A respeito dos instrumentos de proteção a indústrias nascentes é correto afirmar que o argumento que analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, baseado no princípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção a tais indústrias por tempo indeterminado, preferencialmente longo, já que a inovação é condição necessária à manutenção da competitividade industrial. Percebam, meus caros, que o item estaria perfeito se não fosse o fato da questão inserir que a proteção é por tempo indeterminado. Ora, se a proteção fosse para sempre, não haveria nem sequer motivo para se justificar a proteção no estágio inicial da indústria, uma vez que ela sempre vai gozar desta proteção, certo? Errado, portanto, o item! Por vezes, a questão usa um palavreado “bonito”, “cheiroso”, mas não se enganem! Uma casca de banana pode estar envolvida e acaba passando batido pelo candidato. Esse tipo de enunciado requer atenção redobrada, ok? Passamos agora a uma política comercial que, com base na ideia das indústrias nascentes, teve muito espaço em países em desenvolvimento, tendo sido implementada, inclusive, no Brasil! N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 24 Substituição das importações (deterioração dos termos de troca) No âmbito da Comissão Econômica da ONU para a América Latina (CEPAL), o economista argentino Raúl Prebisch trouxe em 1959 problema da Deterioração dos Termos Internacionais de Troca. Para Prebisch, os países produtores agrícolas iriam ao longo do tempo perder com o modelo liberal, uma vez que a procura por produtos primários – geralmente ofertados pelos países em desenvolvimento – tem uma limitação maior (inelástica) que a de produtos industrializados. Em outras palavras, uma vez que o consumidor tenha satisfeito suas necessidades básicas, consumindo alimentos e roupas, o aumento de sua renda não refletirá na procura por esses itens, mas sim, por produtos industrializados de maior valor agregado. Esse é o tipo de produto ofertado pelos países ricos industrializados (conforme colocamos na teoria do ciclo do produto), ou seja, uma vez atendida a necessidade básica do trabalhador, o aumento de sua renda impulsionará o consumo de bens industrializados e supérfluos e não a procura por mais alimentos. A demanda por produtos agrícolas, portanto, estaciona, ao passo que a por produtos industrializados aumenta. Assim, a corrente da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) defendeu a tese de que os países em desenvolvimento deveriam se industrializar ou estariam fadados a uma crescente deterioção dos valores de troca, pois os industrializados aumentariam de preço em razão da procura enquanto o preço dos produtos primários estacionariam. Trocando em miúdos, com o passar do tempo, seria necessária a exportação de mais quilos de soja para a China para se comprar o mesmo número de aparelhos de telefone celular. Entre as décadas de 1960 e 1970 a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) defendia que o desenvolvimento das economias do terceiro mundo passava pela adoção da política de substituição de importações. Esta política permitiria a acumulação de capitais internos que poderiam gerar um processo de desenvolvimento auto-sustentável e duradouro. Esse argumento embasou o modelo de Substituição das Importações na América Latina. No entanto, pode-se dizer que essa política foi um fenômeno dos anos 30 e do período de guerra, em que a contração da capacidade para importar permitiu que se utilizasse intensamente um núcleo industrial surgido na fase anterior. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 25 A substituição baseava-se na limitações das importações (protecionismo), dando fôlego à indústria nacional para que pudessem concorrer com os produtos fabricados por suas indústrias incipientes. Um dos problemas dessa teoria é que para que o processo ganhe continuidade e atinja seu objetivo, é necessário que o país tenha passado pela primeira fase de industrialização induzida pela expansão das exportações primárias. Além disso, é preciso que essa primeira industrialização tenha alcançado uma certa importância relativa a fim de que o processo de substituição ponha em andamento a segunda fase da industrialização. Isso não tem ocorrido porque os países pobres não contam com trabalho qualificado nem com empreendedores ou competência gerencial; para completar, têm problemas de organização social que tornam difícil manter ofertas confiáveis de tudo, desde de peças de reposição até eletricidade. Sobre a teoria, vale destacar interessante artigo da revista Veja (edição de 7 de outubro de 2009), em que o economista Mailson da Nóbrega bem sintetizou sua implantação no Brasil: [...] à moda dos planos da era Geisel, criados após a crise do petróleo de 1973-74. As empresas que recebessem incentivos fiscais não podiam importar equipamentos com similar nacional. Resultado: aumento de custos e de prazos de entrega. Ainda que de forma ineficiente, o Brasil se industrializou via substituição de importações. O impulso inicialfoi a dificuldade de importar na I Guerra e na Grande Depressão dos anos 30. Na década de 50, substituir importações virou objetivo nacional. No governo Geisel, tornou-se obsessão. No período Figueiredo, atingiu o auge com a insensata reserva de mercado para a informática. A industrialização por substituição de importações foi bem-sucedida na Europa e nos Estados Unidos, no século XIX. A estratégia era alcançar rapidamente, sob orientação do estado, a posição dos ingleses, cuja Revolução Industrial havia sido gestada em pelo menos seis séculos de evolução institucional. Casos de insucesso foram os de países incapazes de identificar e eliminar defeitos do modelo. Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, a estratégia era prolongada de maneira insustentável, sob influência de grupos e deficiências do governo. No Brasil, os problemas maiores parecem ter sido a busca da autossuficiência a qualquer custo e o descaso pela educação. Além disso, os vencedores eram escolhidos pela burocracia, que N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 26 podia ser capturada pelos beneficiários da política. Estudos recentes provam que a substituição de importações foi claramente concentradora de renda. A Coreia do Sul é uma história diferente. Como o Brasil, adotou o modelo nos anos 50, mas soube mudá-lo. Expôs suas empresas à competição internacional, o que criou incentivos à inovação. Seu êxito não decorreu de políticas industriais, como muitos pensam, mas essencialmente da revolução na educação e do legado do domínio japonês (1910-1945), traduzido na formação de recursos humanos, na pesquisa e nas técnicas organizacionais. Aqui, o apoio à substituição de importações se enraizou por três razões: (1) a cultura favorável à intervenção estatal; (2) a influência intelectual da Cepal, cujos estudos diziam que a América Latina perdia com o comércio exterior (a tese se provou errada); e, (3) o suposto êxito econômico da União Soviética, que viria a entronizar o planejamento estatal nos países em desenvolvimento. Pois bem! Analisada essa crítica ao modelo e resumida sua perspectiva histórica, vamos ao aspectos positivos da ação desse modelo: - produção já possui o mercado cativo do próprio país; - força produtores estrangeiros a se instalarem no país, atraindo assim investimentos estrangeiros; - soluciona déficit do balanço de pagamentos na medida em que diminui as importações. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 27 Dentre os aspectos negativos temos: - produtor protegido tende a ineficiência, pois não investe em tecnologia, dificultando o progresso do seu produto; - produção voltada ao mercado interno não se beneficia dos ganhos da economia de escala; A substituição de importações, portanto, acaba por f inanciar um setor econômico, distorcendo os fluxos comerciais e a alocação eficiente dos fatores de produção. Não é, portanto, um regime que observa a razão econômica do livre comércio. Vejamos um item sobre o tema: (ESAF/AFRFB/2000) Para explicar a relação entre comércio de produtos primários e industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) apresentou uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se se afirmar que o comércio internacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas relações de troca (uma deterioração nas relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em desenvolvimento) tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço dos produtos manufaturados (fabricados em geral em países desenvolvidos) tendia a subir. Vejam que a ideia do item traz exatamente a ideia da deterioração dos termos de troca (exportar cada vez mais matérias-primas para importar mesma quantidade de produtos industrializados), que serviu de base para a teoria protecionista de substituição das importações. Portanto, correto o item. Vale ainda destacar que esse espírito de substituição de importações, como bem disse Maílson da Nóbrega, f oi largamente apregoado pela Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) motivando, inclusive, a criação da ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) em 1960, sendo substituída pela ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) em 1980, num processo de transição denominado phase out. As ditaduras nacionais e a indisposição de importar dos países vizinhos não permitiram que o bloco lograsse êxito, demandando-se na sua sucessora uma maior f lexibilização das regras para liberalização. Por fim, para muitos economistas, a prosperidade das economias asiáticas remonta suas origens às políticas que estimularam a substituição de importações e permitiram o desenvolvimento de uma indústria voltada para a exportação, teoria que explicitamos a seguir... N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 28 Industrialização voltada para as exportações Conhecida por muito economistas como simplesmente uma politica comercial “orientada para fora”, esse modelo refutou a crença das décadas de 50 e 60 de que os países em desenvolvimento só poderiam criar bases industriais somente substituindo importações por bens manufaturados domésticos. Em meados dos anos 60 passou-se a crer que as exportações também eram um caminho viável para a industrialização. Segundo o Banco Mundial, as economias que se valeram dessa estratégia são conhecidas como economias asiáticas de alto desempenho (EAAD), crescendo mais de 10% ao ano. Nesse rol, podemos distinguir três grupos: - o Japão (pós 2ª guerra); - anos 60, os quatro “tigres asiáticos” Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura; e, - décadas de 70 e 80, a Malásia, Tailândia, Indonésia e China. É importante ressaltar que esse não é um modelo de livre comércio, pois todas elas ainda possuem tarifas razoavelmente altas, bem como cotas de importação, subsídios à exportação, entre outras barreiras ao comércio. Há, portanto, importante intervenção governamental para que a política tenha êxito! Vejamos um item sobre o assunto: (ESAF/ACE/MDIC-2012) Considerando-se a ação governamental no modelo de industrialização orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande alcance, envolvendo o apoio ao desenvolvimento da infraestrutura, a concessão de incentivos f iscais e creditícios, o f inanciamento da produção e das exportações e invest-imentos em educação e qualificação profissional. Observem que o apoio governamental é crucial para o sucesso desta política, atuando justamente em diversos segmentos como f orma de garantir competitividade à indústria. Essa ajuda se dá nas mais diversas esferas, estando, portanto correto o item em questão! Como último comentário, podemos dizer que esse modelo teve mais sucesso que a substituição de importações. No entanto, a alta dependência do comércio internacional torna essas economias mais vulneráveis a crises internacionais que outras como a do Brasil, por exemplo. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 29 Belezura até aqui pessoal? Não deixem de acessar o nosso fórum, ok? Passamos então aos mecanismos indicados no edital AFRFB/2012 para selevar adiante essas políticas... Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias Vimos antes a dicotomia entre liberalismo e protecionismo; depois verificamos as políticas comerciais que empreendem intervenções do Estado; nesta última parte da aula, falaremos das duas vias para se praticar o protecionismo: as barreiras tarifárias e não tarifárias (BNTs). O Acordo Geral de Tarifas de Comércio de 1947, assim como seu sucessor (GATT/1994) apregoam há décadas o livre comércio por meio de suas regras. Não obstante esse ser o propósito último da instituição, os membros também reconheceram desde o princípio do acordo que em algumas situações conjunturais, determinado membro poderia se valer de barreiras as suas importações, dando lugar ao famigerado “protecionismo”. Podemos dizer que com a desgravação tarifária promovida ao longo das rodadas do GATT (compromissos multilaterais), por acordos regionais e iniciativas unilaterais, reduziram-se as barreiras tarifárias. Dessa forma, tivemos uma liberalização do comércio promovida por essas reduções tarifárias, especialmente na década de 90, quando do desfecho da Rodada Uruguai. Por outro lado, na década de 80 tivemos um recrudescimento (aumento) do “neoprotecionismo” em virtude do contexto recessivo herdado da década anterior. Com as sucessivas rodadas do GATT que foram rebaixando as tarifas, os membros passaram a empreender uma forma de protecionismo com outra roupagem (não-tarifário), ou seja, por meio de exigências administrativas (ex. licença de importação, certificado de origem), padrões técnicos (ex. selos de órgãos de metrologia) e de controles relativos às características sanitárias (ex. certificado sanitário) dos bens transacionados, uso abusivo de medidas de defesa comercial como direitos antidumping, ampliação de programas de subsídios à exportação, etc. Vejamos cada uma delas... N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 30 Modalidades de tarifas A primeira pergunta que devemos ter a noção precisa é o que é uma tarifa? A tarifa, no comércio internacional, é um encargo financeiro exigido na forma de tributo, para bens transferidos de uma área aduaneira para outra. No Brasil, o termo não deve ser confundido com as tarifas exigidas pelas concessionárias prestadoras de serviço público, mas sim identificadas com o Imposto de Importação (II). Também não se confunde instrumentos de política comercial como medidas antidumping e compensatórias, tampouco com os demais tributos devidos na importação (ex. IPI, ICMS, PIS/COFINS importação, AFRMM, taxa de uso do SISCOMEX) ou ainda os custos do serviço de importação (ex. despesas com despachante aduaneiro, capatazia, armazenagem, etc). Embora o termo se aplique também à exportação, usamos a expressão quando nos referimos ao imposto de importação, uma vez que o interesse primordial do GATT e da OMC é regular esse direito na importação de mercadorias, certo? De modo geral, a sua imposição confere uma vantagem para o produtor doméstico ao inserir um custo ao produto importado, além de aumentar a arrecadação para o governo. Na sua aplicação em geral, identificamos diversas roupagens que suas alíquotas podem assumir, evidenciando-se diferentes modalidades de tarifas: ad valorem, específica, mista, composta ou “técnica”. A tarifa ad valorem é um percentual aplicado sobre a base de cálculo. Por exemplo, 35% de imposto de importação sobre o Valor Aduaneiro da mercadoria. A tarifa específica (ad mensuram) é calculada em unidade de medida, tal como peso, volume, par, etc. Por exemplo, podemos ter a alíquota do imposto de importação em bebidas à base de R$ 12,00/garrafa ou ainda, R$ 5,00/litro. A tarifa ad valorem, por sua vez, é calculada um percentual sobre o valor da mercadoria. Por exemplo, 35% de tarifa para veículos importados. Assim, um veículo que possui como valor aduaneiro R$ 20.000,00, teria uma tarifa de R$ 7.000,00. Já a tarifa mista é calculada como alternativa entre o direito ad valorem e específico. Dessa forma, se tivéssemos 7% ou R$ 5,00/quilo o que for menor. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 31 Podemos também ter uma espécie de tarifa composta, que conjuga uma tarifa ad valorem adicionada ou subtraída de uma tarifa específica. Por fim, a tarifa técnica é calculada com base em conteúdo específico do produto importado, ou seja, leva em conta seus componentes ou faz referência aos direitos aplicáveis a determinados itens (ex. R$ 0,40/kg de cloreto de sódio). Seja em qual modalidade for, o efeito da tarifa é aumentar o custo do envio de bens para um país (KRUGMAN, 2010, p. 140). Sendo a forma mais antiga de política comercial, as tarifas têm sido utilizadas como fonte de renda governamental. Até a introdução do imposto de renda, o governo norte- americano aumentou sua receita sobretudo graças às tarifas. No entanto, destacamos que essa finalidade é mais relevante para países menores, que não possuem seu sistema de arrecadação interna bem desenvolvido. Na verdade, a tarifa tem finalidade extrafiscal, ou seja, o fator arrecadação deve ser secundário, pois o Estado não deve se preocupar com essa fonte de receita, mas sim, com a necessidade de estimular ou não determinada indústria nacional. Para tanto, precisar ter agilidade e liberdade para alterar suas tarifas sem se preocupar com questões de segunda ordem, como o caráter arrecadatório. A importância das tarifas diminuiu nos tempos modernos, já que os governos preferem proteger as indústrias domésticas por meio de outras formas de proteção tais como barreiras não tarifárias, cotas de importação (limitações à quantidade) e restrições à exportação (limitações à quantidade de exportações). No entanto, elas ainda são preferíveis a esses mecanismos pelas seguintes razões (BACCHETTA, Marc. Overview of the economics of international trade, economic research and analysis, WTO:Geneva, 2001): a) A tarifa gera renda para o governo enquanto a cota não gera renda, mas apenas ganhos para os detentores de licenças de importação; b) com as cotas o aumento da demanda representa aumento de custos de sua administração, enquanto que na tarifa o aumento de importações representa apenas aumento na demanda e arrecadação; c) enquanto as tarifas seguem procedimento único e regular, as cotas impõem custos de administração e conformidade a elas. Vejamos um item sucinto para fechar este assunto: N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 32 (Inédita) São modalidades de tarifas as “ad mensuram” e mistas. Tarifa é sinônimo de Imposto de Importação (II) e, no Brasil, se trata do único tributo que é passível de utilização discriminatória no Comércio Internacional. E de fato, tarifas com base em unidade de medida (ad men- suram) ou que mesclem percentuais com essas unidades são perfeitamente possíveis. Aliás, a OMC não proíbe que os Estados, desde que respeitado este teto, formulem tarifas sobre modalidades diferentes da “ad valorem” (ex. específica, mista, composta ou técnica). Correto, portanto, o item. Mas... e se o Brasil, por exemplo, subir o II acima de 35% para veículos, sendo que este percentual é o teto consolidado na OMC... Isso pode Arnaldo? A regra é clara. Se o país exceder sua tarifa acima do que se comprometeu na OMC estará incorrendo emilícito internacional, passível de acionamento no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC. Não pode! Passamos então a forma residual de protecionismo: as BNTs Formas de Protecionismo Não Tarifário (BNTs) As “Barreiras Não Tarifárias” (BNTs) são formas não tão transparentes empregadas pelos países para restringir o fluxo comercial. Para este objetivo, os países se valem de controles ou exigências que constituem obstáculos desnecessários ao comércio internacional. O aumento de sua utilização se deu com a diminuição das tarifas ao longo das rodadas de negociação do GATT. N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 33 Os países então passaram a buscar outros subterfúgios para protegerem suas indústrias, criando barreiras de feições preponderantemente não-tarifárias, como procedimentos administrativos, padrões técnicos e sanitários aos bens importados. Justamente para conter seu uso indiscriminado, alguns desses padrões ganharam contornos em acordos multilaterais da OMC. Agora uma pergunta vem à tona... Apesar de a OMC pregar o livre comércio ela também permite a adoção de barreiras protecionistas? De certa forma sim! Vejam que os acordos da OMC – como TBT e SPS – admitem que em situações excepcionais um membro possa adotar alguma restrição para proteger outro interesse compartilhado pelos membros da organização. No entanto, há diversas obrigações para a imposição dessas barreiras. Nestes acordos também não há a definição do que sejam essas restrições, mas tão somente diretrizes de como fazê-las. Ainda sobre a ideia de “Barreira Não Tarifária” (BNT), podemos dizer que seu uso se intensificou na década de 80 e tem sido entendida então de forma residual, ou seja, quaisquer medidas que restritivas ao comércio que não sejam tarifas. Apesar da diferença conceitual, tem propósito semelhante às tarifas ao encarecer o produto importado, ou por vezes, inviabilizar sua entrada no território aduaneiro de determinado membro. Nesse caso, a BNT é extremamente gravosa ao comércio, pois muitas vezes se torna um impeditivo à importação. Como é uma forma diferente da tarifa para se praticar o protecionismo, as BNTs são identificadas como elementos de um “neoprotecionismo”. Dentre os exemplos de BNTs, temos: a) restrições quantitativas (tais como cotas); e, b) medidas de defesa comercial c) formalidades aduaneiras N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 34 d) exigências de qualidade, metrologia, etc. A cota é uma das medidas mais eficazes para se barrar a importação de determinados produto, razão pela qual as rodadas multilaterais buscaram tornálas em tarifas (“tarificação”), que era mais transparente e menos impedit- iva ao comércio internacional. Isso porque as cotas são barreiras mais restritivas possíveis ao comércio, pois quando no formato de cota física, elas literalmente impedem a entrada da mercadoria no país. Isso ocasiona uma elevação o preço doméstico do produto importado, além de não conferir nenhuma receita ao governo. Eventualmente, quando o governo promove o leilão destas cotas ou as empresas detentoras desses direitos o f azem, pode se auferir alguma receita com as mesmas. Por outro lado, algumas cotas são vinculadas a f aixas de tarifas aplicáveis (cotas tarifárias). Mais um exemplo da “vida como ela é”: Sobre esta modalidade, temos o exemplo recente das cotas negociadas no marco do ACE-55. Tratam-se de “cotas tarifárias” aplicadas tanto para o Brasil como para o México. Neste caso, acima de determinado volume estipulado para as vendas anuais, as partes e peças automotivas passam de 0% para 35% de II (Portaria SECEX nº 10, de 2 de Abril de 2012). Há diversos outros dispositivos do GATT (ex. artigo XX) e acordos do anexo 1A da OMC (ex. TBT e SPS) que dispõem sobre o uso legítimo de barreiras não tarifárias, de modo a minimizar seus efeitos ao comércio. Para tanto, como já dissemos, a BNT precisa seguir diretrizes como estar fundamentada num objetivo legítimo como a proteção à saúde humana e o meio ambiente, além de ser compatível com as regras da OMC. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior exemplifica então algumas dessas diversas outras barreiras: - estabelecimento prévio de preços mínimos como referência para a cobrança das tarifas de importação, sem considerar a valoração aduaneira do produto; - produtos cuja importação é efetuada pelo Estado, em regime de monopólio; - condicionamento de importações à exportação casada de determinados produtos; - tratamento favorecido aos produtos nacionais em concorrências públicas (Compras Governamentais); N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális Andrade Prof. Thális Andrade www.pontodosconcursos.com.br 35 - exigência de uso de navios ou aviões de bandeira nacional para o transporte das importações. Podemos destacar no cenário atual o uso distorcido da Licenças de Importação. Exemplo recente f oi o abuso por parte dos nossos “hermanos” argentinos que impuseram licenciamento de importação para os produtos brasileiros (ex. carnes), suspendendo sua análise e impedindo que esses produtos cruzassem a f ronteira entre os dois países. Logicamente, isso trouxe prejuízos irreparáveis ao comércio das duas nações e desgastou ainda mais o relacionamento entre os parceiros comerciais históricos. Destacamos ainda a imposição de barreiras por via de regulamentos técnicos ou sanitários, os quais ganharam diretrizes nos acordos TBT e SPS da OMC. No entanto, da mesma f orma, seu uso distorcido tem prejudicado o comércio. Exemplo disso são as exigências absurdas que a União Europeia já exigiu no passado: Da série, a “vida como ela é”: Em 1994, a União Europeia determinou que as bananas importadas deveriam ter, pelo menos, 14 centímetros de comprimento e 2,7 centímetros de largura; obviamente, o tema acabou sendo ironizado por diversos jornais, como o britânico “The Sun”, que publicou um molde em papel e disponibilizou uma linha telefônica exclusiva para quem encontrasse um exemplar fora das especificações. Outro exemplo de restrição se trata do art. XVIII do GATT que permite a imposição de barreiras para levar à cabo a política de proteção às indústrias nascentes, que f alamos na 1ª parte da aula. A OMC permite, então, em determinadas condições, a imposição de barreiras tarifárias às importações de mercadorias para dar fôlego a um ramo de indústria que precisa de proteção para se desenvolver. Barreiras não tarifárias amplamente disseminadas são as medidas para combater as práticas desleais de comércio de dumping e subsídios. Seguindo o procedimento delineado no Acordo Antidumping e Acordo de Subsídios e Medidas Compensatórias, os membros da OMC podem, após a condução de um procedimento de investigação, aplicar sobretaxas na importação de produtos originários de determinadas origens, neutralizando assim os efeitos nocivos dessas práticas. Podemos resumir brevemente que o dumping consiste na exportação a preços menores que o praticado nas vendas internas de determinando membro, e a prática de subsídios consiste no auxílio f inanceiro governamental a uma indústria ou ramo de indústria. Para impor sobretaxas nas importações a preços N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 N o m e 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Comércio Internacional em Teoria e Exercícios para AFRFB Prof. Thális
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