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Universidade Federal de Campina Grande Centro de Saúde e Tecnologia Rural Medicina Veterinária Histologia e Embriologia Prof. Fernando Borja TECIDO ADIPOSO I. INTRODUÇÃO Por se formar a partir do tecido conjuntivo reticular, o tecido adiposo pode ser considerado como uma forma especial de tecido reticular. O tecido adiposo se forma a partir de agrupamentos de células do tecido conjuntivo reticular altamente vascularizado, no qual ocorrem depósitos de gordura. A gordura se acumula no interior do citoplasma das células reticulares que posteriormente perdem os prolongamentos citoplasmáticos e se tornam esféricas. II. CLASSIFICAÇÃO A classificação do tecido adiposo se baseia na função exercida pelo tecido, na sua localização e principalmente pela forma de organização e pigmentação dos grânulos de gordura intracitoplasmáticos. Assim sendo encontramos dois tipos diferentes de tecido adiposo: o tecido adiposo branco ou unilocular e o tecido adiposo pardo ou multilocular. II.1. TECIDO ADIPOSO BRANCO OU UNILOCULAR A célula adiposa deste tecido é de formato esférico ou poliédrico, apresentando a quase totalidade do interior da célula ocupada por uma gotícula de gordura. Desta forma, encontramos o citoplasma e o núcleo deslocados excentricamente, com o citoplasma reduzido a uma fina camada contendo o núcleo achatado. Caracterizado por um rico suprimento sanguíneo e diferenciando-se de outros tipos de tecido conjuntivo por apresentar como seu principal componente as células com e escassa quantidade de substância fundamental. Circundando as células encontramos uma densa rede de fibras reticulares. Sua cor varia entre o branco e o amarelo escuro, dependendo em parte da dieta. Essa coloração deve-se principalmente ao acúmulo de carotenóides dissolvidos na gordura. O tecido unilocular é dividido em lóbulos incompletos por septos de tecido conjuntivo, os quais contém vasos e nervos. Desses septos partem fibras reticulares que vão sustentar as células adiposas. Nos cortes histológicos comuns, cada célula mostra apenas uma delgada camada de citoplasma como se fosse um anel em torno do vacúolo deixado pela gotícula lipídica removida (pelo álcool e pelo xilol). O tecido adiposo unilocular distribui-se por todo o corpo e seu acúmulo em certos locais depende do sexo e da idade do indivíduo. Forma o panículo adiposo, camada disposta sob a pele. Este tipo de tecido atua como reserva energética para o organismo, bem como isolante térmico e mecânico (amortecedor de choques mecânicos). Nota: o importante papel que o tecido adiposo pode interpretar na economia hídrica de um organismo é demonstrado espetacularmente pelas gibas do camelo e dromedário, nos quais o citoplasma das células adiposas é um local de armazenamento de água. A capacidade das células adiposas absorverem água é preservada durante certo tempo após a morte do organismo, um fenômeno mais óbvio nos animais recém abatidos, nos quais a lavagem freqüente produz uma aparência edematosa do tecido adiposo superficial. II.2. TECIDO ADIPOSO PARDO OU MULTILOCULAR As células deste tecido são menores do que as do tecido adiposo branco e tem forma poligonal. Sua característica mais notável é a presença de múltiplas e pequenas gotículas lipídicas individuais, distribuídas por todo o citoplasma. Entre as células há pequena quantidade de substância fundamental amorfa e uma rede de fibras reticulares associadas a uma abundante malha reticular. A elevada concentração de pigmento respiratório citocromo é responsável pela cor do tecido adiposo pardo. É particularmente comum e abundante nos roedores e nos animais que hibernam, onde está localizado especialmente nas regiões axilar e do pescoço (corpo adiposo intercapsular), ao longo da aorta torácica e no mediastino, nos mesentérios e ao redor da aorta e da veia cava dorsalmente ao rim; contudo, também pode ser encontrado nestas mesmas localizações nos mamíferos domésticos. Também é encontrado no rato e em muitos outros mamíferos principalmente na cintura escapular, onde forma duas massas simétricas. No feto humano e no recém-nascido, encontra-se, nessa mesma localização, pequena quantidade de tecido adiposo multilocular cuja persistência no adulto é duvidosa, pois não ocorre neoformação desse tecido após o nascimento. No tecido adiposo pardo as células tomam um arranjo epitelióide, formando massas compactas em associação com capilares sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas. Septos de tecido conjuntivo dividem o tecido em lóbulos mais bem definidos do que no tecido adiposo unilocular. O tecido multilocular é especializado na produção de calor, tendo um papel importante na fisiologia dos animais que hibernam. Na espécie humana, a quantidade deste tecido só é significativa no recém-nascido, tendo aqui função auxiliar de termo-regulação. Nas espécies que hibernam, o despertar da hibernação é devido à ação dos estímulos nervosos sobre o tecido multilocular que funciona como um “acendedor” dos outros tecidos por distribuir para estes o sangue aquecido. No homem sua função parece estar restrita aos primeiros meses de vida pós-natal. Durante este tempo ele produz calor protegendo o recém-nascido contra o frio excessivo. Nota: as células adiposas do tecido adiposo branco não se dividem e as novas que surgem no adulto são originárias das células mesenquimais indiferenciadas do conjuntivo. No adiposo pardo não há neoformação após o nascimento e nem ocorre transformação de um tipo adiposo em outro.
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