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(Aula 2) O desenvolvimento do História do Direito como Disciplina Científica UFRJ – FND Prof.a Hanna Helena Sonkajärvi 2017/2 1 Da uma matéria auxiliar à uma disciplina acadêmica com uma metodologia própria (s. XIX) Serviu aos teólogos e juristas como uma reserva de exemplos No século XIX, a História tornou-se uma disciplina acadêmica com uma metodologia própria Usa a metodologia da história: baseia-se em documentos e fontes históricas 2 A escola do Historismo (Historismus) alemã Nasceu tanto inspirada pelo positivismo como por reação a ele Representantes famosos: Johann Gustav Droysen e Leopold von Ranke A “realidade” só pode ser entendida no seu desenvolvimento histórico Desenvolveu uma metodologia propria da história 3 1) A pesquisa da história é fundamentada pelos documentos históricos. 2) Os documentos devem ser examinados com um espirito crítico. 3) O individualismo é a categoria determinante da História. 4) Os processos e as estruturas históricas não são comparáveis entre si. 4 Princípios do Historismo 5) A história deve descrever eventos singulares e não buscar modelos abstratos de explicação. 6) conhecimento histórico consiste não numa leitura sobre o objeto de estudo, mas ele apresenta o objeto como ele “é”. 7) A ciência histórica deve ter uma ambição literária. Historismo foi história dos eventos e dos grandes homens, privilegiou fontes históricas do tipo “oficial”. 5 A Escola francês de Annales A partir de anos 1930, desenvolvimento da uma historia das estruturas / da longa duração / das pessoas comuns Introdução das fontes “não-oficiais” (diversificação) Representantes famosos: Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel O historiador não pode revelar aquilo que “realmente se passou”, mas somente tentar se aproximar de uma realidade histórica como ele foi vivenciada pelos atores históricos de determinado tempo. Influenciou a História do Direito, a partir dos anos 1970) 6 História do Direito tradicional Procedeu ao estudo histórico do ponto de vista contemporâneo. A história servia para entender e construir o direito contemporâneo e futuro. A Escola Histórica alemã (Friedrich Carl von Savigny; Rudolph von Jhering, século XIX) estudam o Direito Romano de uma maneira linear, procedendo a uma reconstrução do passado jurídico desde os romanos até o direito atual. 7 A Escola Histórica (alemão) Século XIX, contexto de grandes codificações Um vertente (Savigny) voltado para o estudo do direito do povo alemão, o espirito do povo (Volksgeist): rejeitava a codificação, estudava os costumes e a tradição jurídica, incluindo o Direito Romano. Um outro vertente dos Pandectos (Jhering): A pandectistica estudava o Direito Romana com o objetivo de extrair do passado conceptos que serviriam para jurisprudência atual. Vocação de conceituar e ordenar institutos jurídicos. Influenciava fortemente o Código Civil alemão de 1900. 8 Uma “nova” História do Direito (a partir dos anos 70) Inspirado pelos desenvolvimentos na história geral, é a percepção de que a história não pode ser a descrição do que “realmente se passou” Na Alemanha (Michael Stolleis), em Portugal, Antônio Manuel Hespanha, na Itália (Paolo Grossi), na Espanha (Carlos Petit) Estudo do Direito no seu contexto social e temporal Sublinhada das rupturas em oposição às grandes continuidades da História do Pensamento Jurídico 9 Algumas correntes atuais “História dos conceitos”: A ideai da contextualização do discurso dos autores políticos / jurídicos “Comparação histórica”: Estudos comparativos não só entre dois países ou sistemas jurídicos, mas em um nível global Transferências (ou melhor: traduções) culturais: Estudo das trajetórias das palavras, conceitos e teorias, como eles foram não só transferidas em um lugar, mas também rejeitadas, adaptadas ou reinventadas pela sociedade receptor (Na historia do Direito se fala de “transplantes jurídicos”.) 10 Conclusão A História do Direito: como História do pensamento jurídico; como História da magistratura e do sistema jurídico; Ou como História das práticas e interações sociais ligados ao sistema normativo e às ações jurídicas Inspira-se dos desenvolvimentos no campo da Historia geral. Entretanto, ela favorece certas “conceitos” ou correntes que possibilitam, sobretudo, o estudo da História do pensamento jurídico. 11 Literatura HESPANHA, António Manuel. Panorama Histórico da Cultura Jurídica Européia. Lisboa: Publicações Europa-América, 2002. DUVE, Thomas. Von der Europäischen Rechtsgeschichte zu einer Rechtsgeschichte Europas in globalhistorischer Perspektive. Rechtsgeschichte / Legal History, v. 20, p. 18- 71, 2012. FONSECA, Ricardo Marcelo. Introdução teorética à Historia do Direito. Curitiba: Juruá, 2009. REVEL, Jacques. Micro-Historia, Macro-Historia: O que as Variações de Escala ajudam a pensar em um Mundo Globalizado. In: Revista Brasileira de Educação, v. 15, n. 45, p. 434-444, 2010. 12
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