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A História Evolutiva dos Primatas

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A História Evolutiva dos Primatas
Adriana Schmidt Dias
UFRGS
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Lóris
 Existem hoje 194 espécies de primatas que compartilham certas caracteríticas, indicando ancestralidade comum: 
pés e mãos com capacidade preênsil e polegar divergente;
presença de unhas na maioria dos dedos (sem garras); 
ossos do calcanhar alongados;
olhos próximos, direcionados para a frente, com certo grau de rotação (visão estereoscópica); 
cérebro grande em relação ao volume corporal; 
gestação longa e desenvolvimento fetal lento em relação ao volume corporal; 
história de vida prolongada. 
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O Lugar Taxonômico do Homo sapiens sapiens no Mundo Biológico e sua Provável Cronologia evolutiva
Classe: Mamífero – Origem: Cretáceo (136-65 milhões de anos)
Ordem: Primatas – Origem: Paleoceno (65-53 milhões de anos)
Sub-Ordem: Antropóides ou Haplorríneo (primatas superiores) – Origem: Oligoceno (35-23 milhões de anos).
Infra-ordem: Catarríneos (macacos de Velho Mundo) – Origem: Oligoceno (35-23 milhões de anos).
Super-família: Hominóides (macacos sem rabo) – Origem: Mioceno (23-5 milhões de anos) 
Família: Hominídeos (macacos bípedes) – Origem: transição Mioceno-Plioceno (7-4 milhões de anos).
Gênero: Hominíneos (macacos de cérebro grande) – Origem: Plioceno (2,5 milhões de anos)
Espécie: sapiens – Origem: Pleistoceno (200.000 anos)
Sub-espécie: sapiens – Origem: Pleistoceno (200.000 anos). 
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 A Ordem dos Primatas surgiu no Paleoceno (65-53 milhões de anos), período com condições climáticas quentes e úmidas e florestas tropicais se extendendo até o norte da Europa. 
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O ancestral comum dos primatas possivelmente viveu nas florestas Africanas do Paleoceno (65-53 milhões de anos) e pertencia a infra-ordem dos Plesiadapiformes (extinta), formada por espécies diurnas e arborículas. 
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A Sub-ordem dos Prossímios ou Estrepsirrinos (também chamados Primatas Inferiores) é seu ramo mais antigo, surgido no Eoceno (53-35 milhões de anos) e divide-se atualmente em 3 Infra-ordens: Lemuriformes, Tarsioformes e Loriformes.
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No Oligoceno (35- 23 milhões de anos) a deriva continental mantém a África e a América do Sul isoladas geograficamente, estimulando a especiação. Surge neste período a Sub-ordem dos Antropóides ou Haplorrínos (também chamados de Primatas Superiores).
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Os Antropóides dividem-se em 2 Infra-ordens: os Platarrínos (Macacos do Novo Mundo) e os Catarrínos (Macacos do Velho Mundo).
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O termo Platarríno refere-se a forma das narinas dos Macacos da América do Sul e Central que são “largas e lateralmente direcionadas”. 
Possuem 36 dentes, são arborículas e possuem cauda proeminente (por vezes, preênsil e utilizada como um membro adicional na locomoção). 
Originam-se de uma população fundadora que chegou a América do Sul a 25 milhões de anos, por meios desconhecidos (deriva, flutuação?)
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Os Catarrínos ou Macacos do Velho Mundo possuem “narinas estreitas e voltadas para baixo” e 32 dentes. Em função de diferenças anatômicas, dividem-se em duas Super-famílias : Cercopithecóides (Macacos com Rabo) que surgem no Oligoceno (35-23 milhões de anos) e os Hominóides (Macacos sem Rabo) que surgem no Mioceno (23-5 milhões de anos). 
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A Super-família dos Hominóides tem em comum a ausência de rabo, a presença de apêndice intestinal e a estrutura articulada do cotovelo (capaz de girar 360 graus e sustentar peso). Dividem-se hoje em 2 grupos: a) Asiático – gibão (18 espécies; peso entre 4-13 kg) e o orangotango (peso entre 40-140 kg); e b) Africano – gorila (peso entre 75-180 kg), chimpanzé (2 espécies; peso de 50-40 kg) e humanos. 
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A Super-família dos Hominóides dividem-se em 4 Famílias: Hylobathidea, Pongídea, Panídea e Hominídea (Macacos Bípedes). A radiação adaptiva dos Hominóides deu-se no Mioceno (23-5 milhões de anos), originando pelo menos 40 Gêneros distintos, divididos em um grande número de espécies hoje extintas. 
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No Mioceno a deriva continental se encerra, assumindo os Continentes a posição atual e formando-se o istmo que une África à Arábia. Embora ainda não seja clara a relação evolutiva entre as espécies do período, sugere-se que os Hominóides tenham se originado na África, a partir do Proconsul e do Afropithecus, e colonizado a Eurásia a 17 milhões de anos. 
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Os fósseis mais antigos de Hominóides conhecidos pertencem ao Gênero Proconsul, com datações de 19 milhões de anos, encontrados na ilha Rusinga, no Quênia. Suas espécies apresentavam grande variação de tamanho (entre 3 a 80 kg), eram arborícolas e provavelmente se deslocavam nas 4 patas, justificando a ausência de rabo, adaptação mais vantajosa para deslocamentos por braqueação, pois serve de contrapeso.
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O registro fóssil dos Hominóides sugere que ao longo do Mioceno ocorreram fluxos e contrafluxos migratórios contínuos entre os continentes. As 18 espécies modernas de gibões que vivem no sudeste Asiático pertencentes a Família Hylobatidea surgiram destes ramos ancenstrais a 18 milhões de anos.
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No final do Mioceno mudanças climáticas em direção a um clima mais temperado no norte e mais seco no sul diminuiram as extensões de florestas tropicais na Eurásia, levando a extinção da maioria das espécies de hominóides. Duas linhagens sobreviventes, representadas pelo Dryopithecus e o Sivapithecus, deslocaram-se para para os trópicos africanos e o sudeste asiático, dando origem aos ramos ancestrais das Famílias Panídea e Hominídea Africanas e da Família Pongídea Asiática.
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A partir de 13 milhões de anos o Sivapithecus sofreu radiação adaptativa na Ásia, dando origem a várias espécies entre elas o Gigantopithecus que viveu até 300.000 anos na China e Sudeste Asiático. Seu único descendente atual é o orangotango (Pongo pygmaes) de Borneo e Sumatra
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É possivel que o Dryopithecus tenha dado origem às Famílias Panídea e Hominídea no final do Mioceno. 
Embora o registro fóssil africano entre 14 e 7 milhões de anos não apresente fósseis do período, as estimativas dos estudos moleculares indicam que uma primeira separação de um ancestral comum deu-se a 9 milhões de anos, originando os gorilas. Humanos e chimpanzés são os “primos evolutivos” mais próximos, apresentando 98% de genes idênticos, sugerindo uma separação de um ancestral comum a 7 milhões de anos. 
 
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No Plioceno (entre 5 e 1,75 milhões de anos) inicia-se o gradual esfriamento global que culminará nas glaciações do Quaternário. A redução das chuvas e florestas equatoriais na África estimulou a irradiação adaptativa da Família Hominidea (Macacos Bípedes), surgindo os Gêneros Australopithecus e Homo. 
A Família Hominidea apresenta uma estrutura distinta de bacia que os demais Panídeos, com joelhos e pés que suportam um centro de gravidade mais posterior. Também, a implantação da coluna no crânio é basal nos Hominidas. 
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A posição de ancestral comum a Panideos e Hominidas tem sido disputada na última década por três “candidatos” africanos. 
O Sahelanthropus tchadensis, com datações de 7 milhões de anos, foi definido a partir de um crânio incompleto encontrado no Chade, com dentes semelhantes aos de australopithecus. 
O Orrorinpithecus tugenensis, com 6 milhões de anos, foi encontrado no Quênia. Fragmentos de ossos das pernas parecem indicar uma tendência a bipedia parcial.
O Ardiopithecus ramidus, encontrado na Etiópia, tem datações de 5,8 milhões de anos. Fragmentos dos ossos dos pés parecem indicar bipedia (ao lado).
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Ao longo do Plioceno-Pleistoceno, os dados paleontológicos sugerem que Australopithecus afarensis, com datações de 3,8 milhões de anos teria dado origem a pelo menos 9 espécies de Hominidas, tendo sobrevivido apenas o último destes ramos evolutivos representado pelo Homo sapiens sapiens.
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O Gênero Homo (Macacos de Cérebro Grande)
surgiu a 2,5 milhões de anos. O Homo habilis possuia estrutura corporal assemelha-se a dos Australopithecus, porém seu cérebro é maior e apresenta uma estrutura semelhante a moderna. A encefalização só tornou-se possível em termos evolutivos se associado a um padrão social coeso, pois os filhotes passam a nascer antes do tempo (neotenia), e ao consumo de alimentos mais calóricos, como a proteína animal.
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As mudanças climáticas do Pleistoceno levaram a extinção dos Australopithecus e do Homo habilis. O Homo erectus (1,9 milhões-300.000 anos) surge no inicio do período e dá origem a espécie sapiens, subdividida em 2 sub-espécies: Homo sapiens neanderthalenses (135.000-27.0000 anos) e Homo sapiens sapiens (150.000 anos). 
“O Homo sapiens não é o produto de uma escada que desde o início sobe diretamente em direção ao nosso estado atual. Constituímos tão somente a ramificação sobrevivente de um arbusto outrora exuberante” 
(Stephen Jay Gould, 1992: 55)

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