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O ENSINO JESUÍTICO NO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO

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O ENSINO JESUÍTICO NO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO E SEU
 LEGADO 
 Andréia Martins RIBEIRO
 UNINTER
Resumo
O método pedagógico jesuítico no Brasil iniciado em 1549, aponta os primeiros indícios da formação educacional brasileira, que ocorreu com a chegada do primeiro grupo de jesuítas no Brasil, um dos objetivos dos jesuítas era levar o catolicismo para as regiões recém descobertas no século XVI, alfabetizando e catequizando os habitantes do local. A hegemonia jesuítica educacional no Brasil durou até 1760 quando o Marquês de Pombal alegou que os jesuítas estavam conspirando contra o reino português, expulsando-os e confiscando os bens da ordem. Ainda hoje encontramos resquícios do sistema educacional jesuítico no Brasil, sendo no método de ensino do Ratio Studiorum, como nas políticas públicas.
Palavras- chave: Educação jesuítica. Brasil colonial. História da educação.
 A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola, em 15 de agosto de 1534, tendo como objetivo levar o catolicismo a novos povos e de fazer frente à expansão da reforma protestante. Os primeiros jesuítas a chegarem em solo brasileiro em 1549 vieram junto com o primeiro governador geral, Tomé de Souza. À frente dos jesuítas estava o padre Manoel de Nóbrega. O primeiro professor foi Vicente Rodrigues, porém o mais conhecido e atuante foi o padre José de Anchieta. Deve-se hoje aos jesuítas a abertura dos primeiros colégios no Brasil, o hábito de estudar e grande parte do registro da cultura indígena. A ordem era contra a exploração dos índios pelos colonos, pois argumentavam que os nativos tinham alma e podiam ser convertidos a fé católica. Conforme teve o aumento significativo do número de alunos fez-se sentir a necessidade de uma normatização do trabalho em colégios, o que exigiu a criação do plano de estudos da Companhia de Jesus – o Ratio Studiorum -, submetido a várias análises e alterações, até ter sua forma definitiva em 1599, após 15 anos de estudos. Integram a hierarquia os Reitores de Colégios, os Prefeitos de estudos auxiliados pelos Prefeitos de disciplina. Ressaltando que a hierarquia organizacional reflete a estrutura piramidal da Igreja. A ordem “tinha um reitor, subordinado ao provincial, auxiliado por um prefeito de estudos, que, também tinha auxiliares para tarefas menores” (FRANCISCO FILHO, 2004, p. 31). Percebemos, então, que era um tipo de educação “cuja organização, conteúdoe distribuição adaptava-se ao tipo de sociedade teocrática da época, dominada pelo clero, em sua maioria jesuítico” (TEIXEIRA, 1969, P. 290). Os jesuítas não se limitaram à alfabetização, além do curso básico, eles ofereciam os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidade e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área de medicina. Para afastar os índios dos interesses dos colonizadores, os jesuítas criaram as missões, estas, no interior do país, nessas missões, os índios além do processo de catequização, também foram orientados no trabalho agrícola, que garantia a todos uma fonte de renda. A pedagogia de Anchieta através de sua obra (o teatro, a poesia e o catecismo), era uma estratégia que ia além de ensinar os fundamentos da fé aos seus alunos. Desta forma conseguiu realizar a dominação dos povos nativos. Assim pode-se supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas, que pretendia formar um modelo de homem, baseados nos princípios escolásticos, era coerente com as necessidades de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro. Raymundo (1998, p. 43) afirma que “ a ordem dos jesuítas é produto de um interesse mútuo entre a Coroa de Portugal e o Papado. Ela é útil à Igreja e ao Estado emergente”. Assim pode-se supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional, que, apesar estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil, tinha determinada autonomia, teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o governo português atingissem seus objetivos no processo de colonização e povoamento da colônia brasileira. Os jesuítas formularam seu Projeto Educacional, sendo este o alicerce da nova estrutura social e educacional da colônia brasileira. Ao analisarmos o Projeto Educacional Jesuítico para o Brasil Colônia, devemos ter em mente que o mesmo, apesar de ter atingido satisfatoriamente seus objetivos iniciais, foi sendo conquistado gradativamente, com muitas dificuldades e esforços de seus membros. Mattos (1958, p. 37-38), afirma que “o analfabetismo dominava não somente as massas populares e a pequena burguesia, mas se estendia até a alta nobreza e a família real. Saber ler e escrever era privilégio de poucos, na maioria confinados à classe sacerdotal e a alta administração pública”. Os padres jesuítas contribuíram para conservar a unidade lingüística e cultural da colônia, procuravam controlar a influência das culturas indígenas e africanas, substituindo-as pela cultura européia. As crianças negras não tinham acesso as escolas, tanto os sacerdotes quanto os senhores consideravam desnecessário educá-las e até mesmo evangelizá-las. Apenas os mulatos, já no século XVI, por ordem expressa do rei de Portugal, deveriam ter direito à educação escolar. A influência da ação educacional dos jesuítas no Brasil ultrapassou os limites do período que se encontravam aqui, essa ação marcou muito nossa cultura e não só na propagação do catolicismo, mas pela orientação religiosa que imprimiram ao ensino, um ensino que caracterizava-se por uma orientação rígida, dogmática, anti-científica, voltada quase que exclusivamente para os interesses religiosos e políticos. . A educação jesuíta no Brasil predominou até 1759, quando o Marquês de Pombal expulsou todos os religiosos da Companhia de Jesus de Portugal e de suas colônias , seus bens são apreendidos e seus livros e manuscritos destruídos. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional. O ensino regular não é substituído por outra organização escolar de imediato e Marquês de Pombal só inicia a reconstrução do ensino uma década mais tarde, provocando o retrocesso de todo nosso sistema educacional brasileiro. A expulsão dos jesuítas momentaneamente nos trouxe a falsa ilusão, no contexto da história da educação, que a partir da ruptura cristã de catequização se faria uma educação brasileira diferente, mas, o sistema ficou a deriva sem nenhum apoio organizacionalde ensino que substituísse o trabalho dos padres. Algumas medidas de implantação para tentar reconstruir o ensino brasileiro foram realizadas, porém, apenas uma década mais tarde, precisamente em 1772, foi estabelecido o Ensino Público Oficial. Dessa época vem o modelo atual, embora muito se fale em interdisciplinaridade. Ainda não há integração entre as disciplinas e parece que continuamos distantes de encontrar uma solução que permita maior articulação ente elas. Quando olhamos para a realidade educacional brasileira, constatamos que o que parece-nos ser um conjunto de ideias inovadoras, na verdade ainda carrega uma herança que vem desde os tempos da colonização. Começando, uma boa parte das medidas tomadas na educação brasileira é influenciada por agentes externos, especialmente instituições financeiras internacionais que condicionam empréstimos a determinadas medidas para cortar gastos e equilibrar as finanças públicas o que se parece bastante com a forma como a coroa portuguesa determinava ações no Brasil para atingir seus objetivos, como a própria presença e a expulsão dos Jesuítas, e se notarmos veremos que os países que controlam estas instituições são os mesmos países colonizadores de antes. No que diz respeito a educação a lei mais significativa de todas e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação(1996), que serve de referência assim como, o Ratio Studiorum servia no Brasil Colônia, no que diz respeito a infra-estrutura ainda hoje tem escolas assim como havia na época dos jesuítas sem o mínimo possível para implementar um bom ensino. As mudanças também vieram na forma de tratamento no tipo de ensino, que antes voltava-se para catequizar e instruir pouco, hoje visa mais o lado cidadão e técnico. Concluindo o processo educacional teve grande progresso, desde a chegada dos jesuítas até os dias atuais. Na época o documento que existia para a regularização da educação era o Ratio Studiorum. Hoje vemos que existem vários documentos que regularizam a educação do Brasil, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que norteiam as leis para cada estado do país na qual sejam exercidas. Entretanto, mesmo com todo esse avanço, percebemos que ainda existem várias semelhanças nos nossos dias. A valorização da formação dos professores, da educação profissional, atividades culturais e físicas são bons exemplos de bons valores herdados de nossas tradições. Mas é importante perceber os grandes avanços na educação dos negros que pouco a pouco vêm vencendo o preconceito, das mulheres e crianças que foram incluídas no processo educacional, além da abolição da prática de castigos em salas de aula.
Referências
FALCON, Francisco José Calazans. História Cultural e História da Educação. In: Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 32, maio/agosto. 2006.
SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de História da Educação Brasileira. 17 ed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1994.
TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. São Paulo. Ed. Nacional, 1969.
FRANCISCO FILHO, GERALDO. A Educação Brasileira no Contexto Histórico. 2. Ed. Campinas/SP. Alínea, 2004.
GONÇALVES, Nadia Gaiofatto. Constituição Histórica da Educação no Brasil. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520 : 2002: Informação e documentação: citações em documentos. Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002, 07 p.

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