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CULTURA DA CANA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL 
 
 
 
 
 
 
 
Guia de Acompanhamento das Aulas 
de Cana-de-açúcar 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Antonio Tomaz 
CCA/UFES 
2013 
 
 
 2
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A cana-de-açúcar é originária da Ásia Meridional e encontra-se difundida em uma ampla faixa 
de latitude, aproximadamente 35º N a 30º S, sendo plantada em altitude variando do nível do mar 
até 1.000m. É cultivada em todas a regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo o Brasil o 
maior produtor mundial com 6,9 milhões de hectares plantados, acompanhado da Índia e China 
(Tabela 1). 
No Brasil a cana-de-açúcar é matéria prima básica utilizada para fabricação de açúcar, álcool, 
aguardente, rapadura, açúcar mascavo e vem ocupando cada vez mais espaço para alimentação 
animal. 
Até 1925 a agroindústria açucareira do Brasil foi sustentada pelas variedades “nobres” ou 
“tropicais”, todas pertencentes a espécies Saccharum officinarum L.. A partir daquela data, devido a 
grande incidência do Mosaico nessa espécie, essas variedades passaram a ser substituídas por 
híbridos. 
A estimativa da produção nacional de cana-de-açúcar destinada à indústria sucroalcooleira 
segundo a CONAB (2012) é de 595,13 milhões de toneladas, com aumento de 6,2% em relação à 
safra 2011/12, que foi de 560,36 milhões de toneladas, significando que a quantidade que será 
moída deve ser 34,76 milhões de toneladas a mais que na safra anterior. Esse aumento de produção 
deve ser verificado ao longo dos próximos anos, como demonstrado na Tabela 2. A produção de 
cana-de-açúcar da Região Centro-Sul deve ser de 535,43 milhões de toneladas, 8,2% maior que a 
produção da safra anterior. 
A produtividade média brasileira está estimada em 69.846 kg/ha, 4,2% maior que na safra 
2011/12, que foi de 67.060 kg/ha. Já a área cultivada que será colhida e destinada à atividade 
sucroalcooleira na safra 2012/13 está estimada em 8.520,5 mil hectares, distribuídas em todos 
estados produtores conforme suas características. O estado de São Paulo é o maior produtor com 
51,87% (4.419,46 mil hectares), seguido por Goiás com 8,52% (725,91 mil hectares), Minas Gerais 
com 8,47% (721,86 mil hectares), Paraná com 7,17% (610,83 mil hectares), Mato Grosso do Sul 
com 6,37% (542,70 mil hectares), Alagoas com 5,23% (445,71 mil hectares) e Pernambuco com 
3,84% (327,61 mil hectares). Nos demais estados produtores as áreas são menores, com 
representações abaixo de 3%. 
A previsão atual de produção de açúcar na safra 2012/13 é de 37,66 milhões de toneladas, 
4,72% a mais que na safra anterior, que foi de 35,97 milhões de toneladas. Deste total 69,46% 
produzido na Região Sudeste, 11,32% na Região Nordeste, 10,95% na Região Centro-Oeste e 
8,13% na Região Sul. 
O percentual de ATR destinado à produção de açúcar total na média geral, nesta safra está 
estimado em 48,93% do total. A cana-de-açúcar equivalente a esta produção de ATR é estimada em 
294,4 milhões de toneladas dos 595,13 milhões de produção. A distribuição do mix por estado 
indica que os estados do Paraná, São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e 
Amazonas, são mais açucareiros, e os demais têm sua produção de cana-de-açúcar com maior 
destinação para produção de álcool. 
A produção de etanol total está estimada em 23,62 bilhões de litros, 5,22% menor que a 
produção da safra 2011/12. Deste total, 9,66 bilhões de litros serão de etanol anidro, e 13,96 bilhões 
de litros serão de etanol hidratado (Tabela 4). Assim, o etanol anidro deverá ter uma redução de 
0,88% na produção, e o etanol hidratado terá redução de 8,01%, quando comparados com a 
produção de etanol da safra anterior. 
 3
 
Tabela 1. Principais países produtores de cana-de-açúcar – 2010 (Fonte: FAOSTAT ) 
 
País Produção (1.000 US$) Produção (t) 
Brasil 23.450.773 719.157.000 
India 8.482.043 277.750.000 
China 3.456.697 111.454.359 
Tailândia 2.259.441 68.807.800 
México 1.655.694 50.421.600 
Paquistão 1.459.132 49.372.900 
Austrália 1.032.953 31.457.000 
Argentina 952.273 29.000.000 
Filipinas 950.093 34.000.000 
Indonesia 870.180 26.500.000 
Estados Unidos 760.852 24.820.600 
Colômbia 665.691 20.272.600 
Guatemala 601.629 18.391.700 
África do Sul 525.904 16.015.600 
Vietnã 517.884 15.946.800 
Egito 469.265 15.708.900 
Cuba 343.376 11.300.000 
Peru 317.234 9.660.900 
Venezuela 311.951 9.500.000 
Myanmar 307.943 9.715.430 
 
Observa-se na Tabela 2, que a produção de cana-de-açúcar no Brasil teve crescimento 
expressivo a partir de 1975 com a criação do PROÁLCOOL. Atualmente, o Brasil é detentor do 
maior programa mundial do uso de energia alternativa renovável. 
Também é importante ressaltar que o Proálcool revelou uma multiplicidade de benefícios 
muito além dos aspectos puramente econômicos. Uma série de transformações de caráter 
tecnológico, ambiental e social foram desencadeadas. 
O consumo do álcool hidratado vem diminuindo bastante ao longo dos últimos anos. Já o 
álcool anidro, que é misturado à gasolina, tem aumentado seu consumo. 
A legislação atual determina que 24% de álcool anidro seja misturado à gasolina. Entretanto, 
este percentual tem sido alterado mediante medidas provisórias conforme interesse político do 
governo federal. 
 
 
 4
 
Tabela 2 - Evolução da área, produção e produtividade Brasileira da cana-de-açúcar a partir de 
1975. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: MAPA, 2011. 
 
 
2. VANTAGENS DO USO DO ÁLCOOL 
 
a) Combustível renovável 
 
• Suas reservas não podem ser extintas em horizonte próximo, pois se trata de um combustível 
líquido derivado de biomassa sem sacrificar a produção dos alimentos. O mesmo não se pode 
dizer dos motores movidos a diesel, gasolina, gás natural, os quais poluem muito mais o meio 
ambiente. São de origem fóssil e emitem grande quantidade de CO contribuindo para o efeito 
estufa. 
 
 
 5
 
b) Socialmente vantajoso 
 
• O setor sucroalcooleiro emprega diretamente cerca de 1,2 milhões de pessoas, sendo 770 mil só 
na produção de álcool. 
• A produção nacional de petróleo atendeu em 2000, praticamente 68,7% da demanda, ou seja, se 
importou os outros 31,3%. Isso significa perda de divisas e geração de emprego em outros 
países, gerando muito mais empregos no Brasil se houvesse uma política séria para o programa 
álcool. 
 
c) Meio ambiente 
 
• Utilizam-se todos resíduos agroindustriais na própria produção agrícola. 
• Geração de energia elétrica para consumo próprio na produção de açúcar e álcool e venda de 
excedente para empresas distribuidoras de energia (co-geração). 
• O álcool é um combustível que emite menor quantidade de gases poluentes formadores do efeito 
estufa. 
• A utilização de 24% de álcool anidro em mistura com a gasolina eliminou a necessidade do 
Brasil de utilizar o MTBE (metil-tercil-butil-éter, derivado da indústria do petróleo) como 
aditivo. Este produto é altamente tóxico e cancerígeno. 
 
d) Economicamente competitivo 
 
• Há tendência de em 2010 a 2020 ocorrer forte substituição dos derivados de petróleo por 
energias oriundas de biomassa especialmente aquelas que empregam tecnologias em toda cadeia 
produtiva. 
• As perspectivas a curto, médio e longo prazo são de aumento de preço do petróleo. Nos últimos 
20 anos, houve uma redução de 45% no custo de produção de álcool e segundo a 
COPERSUCAR há potencial para se reduzir mais 22%. 
• Existe grande potencial para a exportação do álcool, inclusive com diversas ações internacionais 
no sentido de tornar o álcool uma commodity ambiental e ser produzida em váriospaíses. No 
entanto, não existe empenho por parte dos governos, os quais tem apresentado ações políticas 
extremamente tímidas face a importância nacional do álcool. 
• O Brasil exporta atualmente cerca de 600 milhões de litros de álcool por ano. 
• Atualmente tem aumentado o interesse dos países latino-americanos pelo álcool carburante. No 
caso dos Estados Unidos, em menos de oito anos, passaram de uma produção de quase zero para 
sete bilhões de litros de álcool, utilizando como matéria prima o milho, batata e resíduos 
orgânicos. Esta produção representa quase a metade da produção brasileira de álcool. 
 
3. PRODUTOS E SUBPRODUTOS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO 
 
Os dois principais produtos da indústria sucroalcooleira são o açúcar e o álcool. A partir da 
produção destes, uma série de subprodutos podem ser obtidos. 
 
 
 
 6
 
3.1. Açúcar 
O carboidrato conhecido quimicamente como sacarose é comercializado na forma sólida e 
líquida. Existem aproximadamente 30 tipos de produtos diferentes, sem considerar as subclasses 
com características próprias. 
Um mercado em expansão no Brasil é o açúcar invertido líquido concentrado que visa atender 
principalmente a indústria alimentícia e de refrigerantes. Há também o açúcar mascavo que tem 
sido cada vez melhor cotado, tanto no mercado interno como externo. As expectativas para o 
mercado de açúcar são boas, uma vez que há previsão de aumento da produção seguida também do 
consumo (Figura 1). 
 
Figura 1 - Produção, Consumo e Exportação de Açúcar de 2011 a 2022. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2. Álcool 
No Brasil se produz o etanol ou álcool etílico a partir da fermentação de substâncias 
açucaradas. Os dois tipos principais, utilizados como combustível, são: o álcool hidratado, aquele 
utilizado diretamente da bomba do posto para o tanque dos veículos e o álcool anidro, que tem sido 
misturado na proporção de 24% à gasolina. 
Além do uso como carburante, o álcool tem sido utilizado na forma líquida ou gelificada 
como germicida na assepsia doméstica, industrial e hospitalar. A indústria alcooquímica no Brasil 
produz a partir do álcool, os seguintes produtos: ácido acético, butanol, octanol, poliestireno, 
polietileno (PVC), cloreto de etila, clorofórmio, éter e plástico biodegradável. 
 
3.3. Bagaço 
É o resíduo fibroso da extração do caldo pelas moendas. É constituído por material fibroso 
composto principalmente de água (48% a 52%) e sacarose. As principais aplicações para uso do 
bagaço são: combustível para as caldeiras, matéria prima para diversas indústrias (fabricação de 
papel, papelão, entre outros), bagaço hidrolisado para alimentação animal e compostagem para 
adubação orgânica. 
Considerando a variação de fibra das variedades de cana-de-açúcar existentes, tem-se uma 
geração média de 200 a 300 kg de bagaço para cada tonelada de matéria-prima processada. 
Dependendo da variedade utilizada, podem-se obter valores maiores. 
 
 
 7
 
3.4. Resíduo da colheita 
Após a colheita da cana-de-açúcar os resíduos constituídos por folhas e ponteiros ficam no 
campo. Esse palhiço auxilia o controle de ervas daninhas, minimizando o uso de herbicidas, bem 
como também melhora as características física, química e biológica do solo. 
 
3.5. Óleo fúsel 
É uma fração extraída na coluna retificadora, sendo constituídos de álcoois. O principal 
componente do óleo fúsel é o álcool isoamílico. O óleo fúsel se constitui em matéria prima para a 
extração de álcoois com diversos graus de pureza e de outras substâncias produzidas pela indústria 
química. 
 
3.6. Vinhaça 
A vinhaça conhecida também como vinhoto, é o resíduo da destilação do vinho visando a 
produção de álcool ou cachaça. É o resíduo orgânico mais rico em nutrientes, principalmente em 
potássio, possuindo também cálcio, magnésio, fósforo, manganês e nitrogênio orgânico e sua 
relação C/N é igual a 15. Sua principal utilização é na forma de adubo (fertirrigação). Pode-se 
também utilizá-lo na alimentação animal na forma líquida (xarope) ou pó. Presta-se também para 
produção de proteínas e produção de gás metano (biogás) gerado por processo de fermentação. 
 
3.7. Torta de filtro 
É um resíduo proveniente do tratamento do caldo pelo processo de filtragem, é rica em 
fósforo e possui elevada umidade. Sua produção varia de 20-40 kg por tonelada de cana processada. 
A torta de filtro é utilizada como adubo, sendo sua aplicação realizada com caminhão provido de 
caçamba, o qual distribui em cobertura na soqueira ou em área total nos canaviais em renovação, 
podendo também, na maioria das vezes, ser aplicada com carreta sulcadora/distribuidora no sulco 
de plantio. 
 
4. Melaço 
É o líquido que se obtêm como resíduo de fabricação do açúcar cristalizado, do melado ou da 
refinação do açúcar bruto. No Brasil devido o seu elevado teor de açúcares totais tem sido usado 
como matéria prima na produção de álcool etílico, acetona, butanol, glicerol e outros. 
 
 
4. BOTÂNICA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Classe: Monocotiledônea 
Ordem: Cyperales 
Família: Poaceae 
Gênero: Saccharum 
Espécies: somam 30 sendo que as mais importantes são 6: 
 
� Saccharum officinarum L., é a espécie que compreende as chamadas “canas nobres” ou 
“tropicais”, caracterizadas pelos seus altos teores de açúcar, porte elevado, colmos grossos, 
pouco teor de fibras. Pertencem a essa espécie as antigas variedades cultivadas no Brasil até 
 8
1925, tais como: Preta, Rosa, Riscada, Roxa, Cristalina, Creoula, Manteiga, Caiana, Sem-Pêlo e 
outras. Essas espécies são muito exigentes quanto ao clima, solo e muito sensíveis às doenças. 
 
� Saccharum spontaneum L., abrange plantas de colmos curtos e finos, fibrosos, praticamente sem 
açúcar, sistema radicular bem desenvolvido, perfilhamento vigoroso e abundante. São muito 
rústicas, vegetando bem nas mais diversas condições de solo e clima e apresentando notável 
resistência ao mosaico. Pertencem a esta espécie as canas da Índia conhecida por “Kans” e a 
cana “Glagah”, de Java. 
 
� Saccharum sinensis Roxb., espécie que compreende as variedades da China e do Japão, 
caracterizadas por alto porte, colmos finos e fibrosos e teor regular de açúcar, raízes abundantes 
e fortes. A variedade típica da espécie é a chamada “cana de Ubá”. 
 
� Saccharum barberi Jesw., as variedades desta espécie apresentam como características baixo ou 
médio porte, colmos finos e fibrosos, e pobres em açúcar. São muito rústicas, embora 
suscetíveis ao mosaico. São conhecidas como “canas indianas”. A variedade “Chunee” é uma 
representante da espécie. 
 
� Saccharum robustus Jesw., a cana desta espécie tem colmos muito altos (de até 10m), 
relativamente grossos, muito fibrosos e bastante pobres em açúcar. São variedades suscetíveis 
ao mosaico. 
 
� Saccharum edule Hask., espécie que abrange algumas poucas variedades da Nova Guiné e de 
ilhas vizinhas. Caracterizadas por apresentarem inflorescência empregada na alimentação 
humana. 
 
5. MORFOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
5.1. Características da Planta 
 
Como a maioria das gramíneas a cana-de-açúcar se 
desenvolve formando uma touceira. A touceira é constituída por 
uma parte subterrânea (raízes e rizomas) e por uma parte aérea 
(colmos, folhas e inflorescências). É propagada vegetativamente 
utilizando-se os próprios colmos que possuem gemas laterais. 
É perene sua forma natural, mas o cultivo extensivo é semi-
perene, ou seja, usualmente requer novo plantio após quatro a cinco 
colheitas. Isto porque, o pisoteio por máquinas e veículos no 
cultivo e, principalmente, na colheita, além de prejudicar 
diretamente o restolho, compacta o solo. Isto prejudica tanto a 
brotação como o crescimento normal do sistema radicular; então a 
gradual diminuição do número de plantas, e o menor crescimentodas restantes, como o avançar dos ciclos (socas), leva à queda na produção até um nível 
antieconômico. 
Convencionou-se denominar de cana-planta as primeiras produções de colmos após o plantio. 
A produção de colmos nos demais cortes denomina-se de cana-soca. 
 9
 
 
5.2. Raízes 
 
É do tipo fasciculado ou cabeleira e se constitui dos seguintes tipos: raízes adventícias e raízes 
permanentes. 
As raízes adventícias ou superficiais se originam da zona radicular dos toletes, e que têm a 
função primeira de absorver água para facilitar a hidrólise dos carboidratos de reserva, ação esta 
inicialmente necessária para a atividade do novo broto em formação a partir da gema. 
As raízes permanentes se formam a partir dos primórdios radiculares do próprio broto em 
crescimento, e são basicamente de dois tipos: de sustentação (ou de fixação, de suporte ou ainda 
raízes em cordão) e de absorção. As de sustentação são aquelas que crescem se direcionando 
verticalmente no solo e que também auxiliam na absorção de água das camadas mais profundas, 
especialmente no período da seca. As de absorção são aquelas mais superficiais, que crescem 
horizontalmente ou com leve inclinação, e são as que têm a função maior de absorção de água e 
nutrientes necessários para síntese dos carboidratos. 
Nas soqueiras, as raízes remanescentes da vegetação anterior suprem inicialmente de água e 
nutrientes os novos brotos, e são mais tarde substituídos pelas raízes próprias dos novos colmos. 
O desenvolvimento do sistema radicular tem influência direta sobre algumas características 
da planta, tais como: 
• Resistência à seca; 
• Eficiência na absorção dos nutrientes do solo; 
• Tolerância ao ataque de pragas do solo; 
• Capacidade de germinação e/ou brotação; 
• Porte (ereto ou decumbente); 
• Tolerância à movimentação de máquinas, etc.; 
 
5.3. Colmos e perfilhos 
 
A cana-de-açúcar tem a característica de formar perfilhos, os quais, crescendo, se 
transformaram em colmos (órgão de reserva). Estes podem ser eretos ou decumbentes, de diâmetro 
variando de cerca de um centímetro a vários centímetros, e ralos ou densos, conforme o número em 
cada touceira. 
Num canavial comercial, com plantio em linha, as diversas touceiras competem entre si, de 
forma que o perfilhamento ocorre num crescendo até cerca de 6 a 8 meses, para depois ocorrer o 
desbaste natural, e o canavial se estabilizar com cerca de 12 colmos por metro linear, com variações 
de acordo com a característica varietal. 
A partir da gema do tolete-semente cresce o broto. Inicialmente, este forma, sob o solo, 
inúmeros nós adjacentes, cada um com uma minúscula gema, como uma espécie de rizoma. A partir 
daquelas primeiras gemas formadas na base do broto crescem novos brotos (perfilhos), todos eles 
repetindo o processo. 
O primeiro perfilho recebe a denominação de primário; aqueles que se originam do primário 
são chamados de secundários, enquanto os que se originam destes são os terciários, e assim por 
diante. Isso vem a ser o perfilhamento, que pode se contínuo ou determinado: contínuo, quando a 
emissão de perfilhos ocorre durante grande parte do período de desenvolvimento da touceira; 
 10
determinado, quando ele ocorre só no período inicial do desenvolvimento da planta, tanto da cana-
planta como da soca. 
O crescimento do colmo em altura sempre se dá pelo meristema apical, que fica protegido 
pelas folhas em formação, no cartucho foliar. 
O rizoma anteriormente mencionado é a parte subterrâneo dos colmos. Tal como na parte 
área, os rizomas apresentam nós e entrenós, porém mais curtos. Em cada nó existe uma gema. As 
gemas do rizoma originam os perfilhos que formam a touceira. A cada corte do canavial novos 
perfilhos são formados a partir das gemas do rizoma. Cada perfilho, originará um colmo com 
sistema radicular próprio. 
Os colmos podem apresentar-se em diversas cores, de creme, quase branca, o vermelho 
escuro, passando pelo verde, cuja cor também varia de acordo com a quantidade de cera que a 
recobre, e em função da maior ou menor exposição à luz. O diâmetro varia de cerca de 1,5 a 
próximo de 4 cm, nos atuais híbridos, enquanto o comprimento pode atingir 3 a 4 m. 
 
5.4. Internódios e gemas 
 
Um colmo é constituído de internódios, cada um apresentando uma gema. Os internódios 
podem apresentar-se em disposição reta ou em ziguezague em relação ao eixo principal do colmo, e 
podem ter formatos variáveis: cilíndricos, em barril, formato de carretel, conoidal, obconoidal, 
côncavo-convexo, entre outros, com cor característica para cada cultivar, da mesma forma que a 
ausência ou presença de quantidade determinada de cera. 
Cada internódio possui uma cicatriz foliar, resultante do secamento e queda da folha 
correspondente. Outras regiões morfológicas, que se constituem em características descritivas e são 
usadas inclusive para distinção de variedades comerciais, são: anel de crescimento, banda de cera, 
canaleta, primórdios radiculares e gema. 
 As gemas se dispõem no colmo de forma alternada em posição oposta a outra do 
internódio adjacente. Possuem diferentes formatos, de ovaladas a arredondadas, passando por 
formas pontudas, embutidas ou salientes, sem ou com asas de diferentes formatos e tamanhos, etc. 
As características das gemas e de seus pêlos, bem como sua posição na zona dos primórdios 
radiculares, também são usadas como descritores dos genótipos. 
 
5.5. Folhas 
 
 As folhas da cana-de-açúcar têm forma lanceolada e se dispõem de forma alternada no colmo, 
cujo comprimento varia de menos de meio metro a mais de um metro e meio. A largura pode variar 
de um centímetro a mais de sete centímetros. 
 As folhas são constituídas basicamente de limbo ou lâmina foliar e de bainha. Esta é a parte 
basal, tem forma cônica e envolve internódio. O limbo possui bordo serrilhado, com uma nervura 
central bastante desenvolvida, que o divide ao meio, longitudinalmente, e várias nervuras 
secundárias dispostas paralelamente de ambos os lados. 
 No ponto de união entre a lâmina e a bainha, internamente, ocorre uma película chamada 
lígula, que tem formato característico em cada variedade; da mesma forma, externamente, pode 
possuir um apêndice denominado aurícula, de variados formatos, também característico dos 
diferentes genótipos. 
 11
 Ainda externamente, no ponto de junção da lâmina com a bainha, forma-se uma estrutura 
denominada cotovelo ou colar, cujo formato e cor é característica descritiva, como também são 
descritivos os tipos de pêlos que ocorrem nas diferentes partes da folha como um todo. 
 A bainha sustenta e fixa a folha no colmo. Existem variedades de despalha natural até aquelas 
onde a bainha não se desprende facilmente do colmo. Em algumas variedades a bainha esta coberta 
por pêlos vulgarmente chamados de joçal. Eles podem ser ausentes, escassos ou abundantes, longos 
ou curtos, firmemente aderidos ou decíduos. 
 As folhas se originam de meristema apical. No início do desenvolvimento elas estão 
encartuchadas, isto é, formam um cartucho foliar; à medida que vão atingindo pleno tamanho, vão 
se desprendendo do cartucho para formar o capitel. Este, contendo as folhas dispostas 
alternadamente, de um lado e de outro, pode ter geometria variada, conforme as folhas sejam longas 
ou curtas, espetadas ou curvadas, além de variações na quantidade e ângulo de aberturas delas. 
Como já foi dito, a cada folha corresponde um internódio, de forma que, quando este atinge pleno 
tamanho, a folha correspondente entra em estado de senilidade. Mas, a bainha seca fica ainda 
aderida ao internódio, envolvendo-o com intensidade e tempo variável, conforme a variedade, 
ocorrendo, até mesmo, formas com despalha natural. 
 
5.6. Flor 
 
 A cana-de-açúcar possui flores hermafroditas que se apresentam numa inflorescência terminal 
tipo panícula, bastante ramificada e comformato conoidal. Essa panícula recebe o nome vulgar de 
flor, flecha ou bandeira, cuja cor, forma e tamanho são específicas de cada variedade. A 
inflorescência origina-se do meristema apical e apresenta um eixo principal ou ráquis. Destes 
originam-se as ramificações secundárias e terciárias conferindo o aspecto piramidal da panícula. Ao 
longo das ramificações localizam-se as espiguetas, dispostas alternadamente aos pares sendo uma 
séssil e outra pedicilada. Cada espigueta contém uma flor hermafrodita com um só óvulo. 
 A semente da cana-de-açúcar é na verdade um fruto tipo cariopse. 
 A viabilidade do pólen e receptividade dos estigmas são extremamente influenciadas pelas 
condições climáticas. O estímulo anteriormente referido é condicionado por fatores genéticos e 
ambientais (fotoperíodo, temperatura e umidade, passíveis de variações nos diferentes anos 
agrícolas). Em função das variações genéticas e ambientais é possível prever somente os meses 
onde existem maior probabilidade de florescimento. Para o hemisfério sul, os meses onde haverá 
estímulo e diferenciação do meristema seriam fevereiro, março e abril e o florescimento dar-se-ia 
nos meses de abril, maio e junho. Para o hemisfério norte, o estímulo e a diferenciação ocorreriam 
em agosto, setembro e outubro e florescimento de outubro a janeiro. 
 
5.7. Fatores de manejo exercidos pelo homem visando minimizar ou impedir o florescimento da 
cana-de-açúcar 
 
 O principal método de manejo visando minimizar os efeitos decorrentes do florescimento é o 
emprego preferencial de variedades não floríferas. 
 Se o plantio no centro-sul do Brasil for de cana de ano jamais plantar variedades floríferas 
porque com 3 a 4 internódios já formados a planta já está apta a receber o estímulo para florescer. 
Neste caso a produção de massa verde ainda não atingiu todo o seu potencial. Após a formação da 
inflorescência a planta paralisa o crescimento podendo ocorrer inclusive brotações das gemas 
laterais. 
 12
 Se o plantio for de cana de ano e meio, o uso de variedades floríferas não é problema, pois nas 
condições do centro-sul já se passou o período indutivo. Entretanto, caso seja uma variedade que 
floresce nestas condições de latitude, deverá ser observado a perda de peso e açúcar devido o 
chochamento à medida que a safra ocorre. A intensidade da perda em produtividade dependerá de 
uma série de fatores, dentre eles, o genético e o ambiental, que atuam conjuntamente. Neste caso se 
deve-se empregar inibidores de crescimento como descrito abaixo. Porém se a cana for colhida 
precocemente em abril ou mesmo maio o florescimento em si da variedade não é problema porque o 
manejo destas variedades precoces é feito no início da safra e neste caso não há tempo hábil para 
que ocorram perdas agroindustriais na qualidade da matéria prima devido o florescimento. 
 Outro método de controle de florescimento é o uso de inibidores de crescimento e 
florescimento. 
 O uso de reguladores de crescimento parece ser a única estratégia de manejo capaz de inibir a 
indução floral. No entanto, há de se questionar a viabilidade econômica do seu emprego. Isso não é 
prática usual nas usinas e destilarias. 
 Neste caso destacam-se as substâncias químicas à base de etileno (ethepon) como as mais 
eficientes quanto à inibição do florescimento. Com esse objetivo o produto deve ser aplicado na 
primeira quinzena de fevereiro (antes do período fotoindutivo) para que haja tempo de serem 
absorvidas e translocadas pelas plantas atingindo internamente a gema apical e reduzindo o 
comprimento dos internódios que continuam a se desenvolver em menor intensidade. Mais uma vez 
é importante mencionar que o uso de inibidores de crescimento tem sido feito com o objetivo 
principal de aumentar o teor de açúcar e auxiliar no planejamento de corte das áreas. 
 
6. CLIMA E SOLO PARA A CANA-DE-AÇÚCAR 
 
A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 
35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O 
clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a 
brotação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover 
a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos. 
O início de desenvolvimento vegetativo necessita de períodos de intensa umidade e 
temperatura elevada. Nestas condições não ocorrerá acúmulo de açúcar expressivo nos colmos. 
Somente quando cessa o crescimento vegetativo da planta é que seu teor de açúcar começa a se 
elevar nos colmos. Este acúmulo é favorecido quando os fatores de temperatura e água são 
reduzidos, sendo a água o fator prevalecente. 
 
6.1. Parâmetros climáticos atuantes na produtividade de cana-de-açúcar: 
 
� Deficiência hídrica anual; 
� Temperatura média anual; 
� Precipitação na colheita; 
� Evapotranspiração anual; 
 
As exigências climáticas da cultura podem variar segundo a finalidade: açúcar de usinas, 
álcool, aguardente ou forragem. 
A precipitação pluviométrica anual deve estar em torno de 1.200mm. Todavia, é de máxima 
importância a distribuição das chuvas durante o ciclo de cana-de-açúcar. 
 13
 
 
 
OBS: 
• Lavoura para produção de açúcar são mais exigentes em clima; 
• A disponibilidade térmica, em termos de evapotranspiração potencial, corresponde a cerca de 
850 mm anuais; 
• O limite mínimo para as exigências térmicas anuais é de 19º C; 
• A cana-de-açúcar apresenta melhor comportamento nas regiões quentes; 
• Ideal para a cultura da cana: 
 
♦ uma estação quente (20-24º C) e úmida (1200 mm), para proporcionar a germinação, 
perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, e uma estação fria e seca, para promover a 
maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos; 
♦ para ocorrer maturação é necessário ----- estação seca ou períodos de temperaturas médias 
inferiores a 21º C; 
 
• A cana tolera temperaturas muito elevadas desde que o solo seja profundo e com boa 
disponibilidade de água; 
 
• Deficiências hídricas maiores que 200 mm anual reduzem seriamente o desenvolvimento da 
cana; 
 
6.2. Zoneamento climático para cana-de-açúcar 
 
►Temperaturas anuais (Ta) médias maiores que 21º C são ótimas para o cultivo de cana para 
produção de açúcar apresentando condições térmicas satisfatórias; 
 
� (Ta) médias entre 19º C e 21º C apresentam restrições térmicas moderadas para cana para 
indústria açucareira, portanto são aptas para a produção de aguardente e forragem; 
 
� (Ta) médias entre 18º C e 19º C são inaptas para açúcar, no entanto são marginais para 
aguardente e forragem; 
 
� (Ta) médias inferiores a 18º C são inaptas para qualquer empreendimento; 
 
 
► deficiências hídricas anuais (Da) menores que 200 mm são ótimas para o cultivo da cana; 
 
� (Da) entre 200 a 400 mm apresentam deficiências hídricas sazonais pronunciadas. No entanto 
deve ser empregada irrigação suplementar; 
 
� (Da) = 400 mm a irrigação é imprescindível; 
 
� Excedente hídrico anual (Ea) = 800 mm pode ocorrer excesso de umidade na estação vegetativa. 
 
6.3. Exigência edáfica 
 
 14
Em relação ao solo, é sempre bom considerar o tipo (arenoso ou argiloso), e sua riqueza em 
matéria orgânica e mineral, componentes que atuam decisivamente na produção e na maturação. 
Normalmente a cana-de-açúcar desenvolve-se bem em uma ampla faixa de solo, porém torna-se 
necessário fazer as correções em função das características do solo em que se vai implantar o 
canavial para obtenção de melhores resultados, em termos de qualidade e quantidade. 
Solos muito pesados, ou seja, argilosos, mal drenados, caso não se faça um sistema adequado 
de drenagem, podem prejudicar bastante o desenvolvimento da cultura. 
 
OBS: 
 
� Solos profundos, pesados,bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os 
ideais para o cultivo da cana-de-açúcar; 
� solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado a cana pode ter desenvolvimento 
satisfatório; 
� solos rasos com camadas impermeáveis superficiais ou mal drenados, não devem ser indicados 
para a cana-de-açúcar; 
� sistema radicular profundo é fundamental para o acréscimo de produtividade em solos de baixa 
fertilidade e baixa retenção de umidade; 
� apesar da exigência em água a cana não se adapta em solos de baixadas úmidas (solos 
encharcados); 
� deve-se evitar baixadas em áreas sujeitas a geadas; 
� solos de textura média e argilosa, de estruturação granular e com profundidade efetiva acima de 
1,50m são dos mais recomendados ao bom desenvolvimento da cultura 
 
6.4. Declividade 
 
� Culturas semi-mecanizadas de cana-de-açúcar a declividade máxima deverá estar em torno de 
12% pois a declividade acima desse limite pode apresentar restrições às práticas mecânicas; 
 
� Culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de 
declividade cai para 8 a 10%; 
 
7. ECOFISIOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 A ecofisiologia é o estudo da fisiologia da planta sob contexto da interação planta-ambiente. 
O termo ambiente refere-se ao conjunto de bióticos (organismos patogênicos ou não às plantas) e 
abióticos, isto é, os fatores edafoclimáticos. A produtividade da cultura é regulada pela interação 
entre fatores ambientes e aqueles inerentes à planta, genéticos e fisiológicos. Desta forma o 
processo produtivo canavieiro visa três objetivos básicos: 
� Produtividade: alta produção de fitomassa por unidade de área. Isto é, elevado rendimento 
agrícola de colmos industrializáveis, em cujas células parenquimatosas é armazenada a 
sacarose; 
� Qualidade: riquesa em açúcar dos colmos industrializáveis, caracterizando matéria-prima de 
qualidade. Quando associada à produtividade, reflete-se na produção por unidade de área; 
 15
� Longevidade do canavial: visa aumentar o número de cortes econômicos, refletindo-se num 
prazo maior de tempo entre as reformas do canavial, resultando em melhor economicidade do 
empreendimento. 
 Segundo Gascho & Shih (1983) a cana-de-açúcar apresenta quatro diferentes estádios em sua 
fenologia, isto é, o estudo dos fenômenos periódicos da vida de uma planta ou cultura em relação às 
condições ambientais. São eles: 
 
 
 
 
 
 
 
7.1. Brotação e emergência dos brotos 
 
 Após o plantio inicia-se o processo de intumescimento das gemas. As primeiras raízes se 
originam dos primórdios radiculares. A emergência dos brotos ocorre dentro de 20 a 30 dias após o 
plantio. 
 Durante aproximadamente 30 dias da brotação das gemas a planta vive das reservas contidas 
no tolete e parcialmente pelo suprimento de água e nutrientes provenientes das raízes dos toletes. 
Após este período inicia-se o desenvolvimento das raízes dos perfilhos primários e posteriormente 
dos secundários e assim sucessivamente. 
 A medida em que essas raízes vão se desenvolvendo as raízes originadas dos primórdios 
radiculares (zona radicular do tolete) vão perdendo sua função e por volta de 90 dias após o plantio 
a cana vai depender exclusivamente das raízes oriundas diretamente dos perfilhos. 
 
7.1.1. Fatores que afetam a brotação 
 
� Umidade: é talvez o principal fator que afeta a brotação da cana. A umidade no solo é muito 
importante durante o estabelecimento inicial da cultura. Exemplos de manejo: 
a) no plantio de inverno é muito comum em usinas e destilarias utilizar a torta de filtro no sulco 
de plantio para garantir maior umidade e temperatura para brotação inicial da cana; 
b) em plantios tardios, nos meses de abril e maio no centro-sul, poderá ocorrer podridão abacaxi 
se ocorrer falta de umidade e demora na brotação da cana; 
1º estádio - brotação e emergência 
dos brotos (colmo primário) 
2º estádio: perfilhamento e 
estabelecimento da cultura (da 
emergência dos brotos ao final do 
perfilhamento) 
 
3º estádio: período de intenso 
crescimento (do perfilhamento ao 
início de acumulação de sacarose) 
Ocorre o estabelecimento inicial das plantas em campo 
(brotação, enraizamento e emergência dos brotos), a 
base de uma boa cultura reside neste estádio. 
Ocorre, nestes estágios, o estabelecimento definitivo da 
cultura. O número de perfilhos por unidade de área 
associada ao início do acúmulo de sacarose nos colmos 
determinada a futura produtividade ou fitomassa 
(ton/ha) da cultura. 
4º estádio: maturação (intensa 
acumulação de sacarose nos colmos) 
Principalmente neste período determina-se a qualidade 
da matéria-prima dos colmos industrializáveis. 
 16
c) em solos mal drenados o plantio poderá ser mais superficial. 
 
� Temperatura do solo: abaixo de 20º a germinação é lenta (se deve evitar plantios de inverno em 
condições de muita umidade e baixa temperatura pois favorecerá o ataque de podridões). Entre 
26º e 33º C a germinação é ótima e acima de 40º C a germinação é prejudicada. 
 
� Variedade: sob as mesmas condições ambientais há resposta diferenciada das variedades quanto 
à brotação tanto em cana planta como soca. Exemplos: 
a) a germinação ou brotação inicial é muito influenciada pela variedade. Para a RB855156 a 
germinação é problemática e para a SP80-1816 a germinação é muito boa. 
b) considerando a variedade mais cultivada atualmente no Brasil, a RB72454, verifica-se que, se 
a condição de umidade for baixa a rebrota será muito ruim podendo comprometer o estande 
final se o corte for realizado no meio da safra. Este efeito pode ser acentuado caso ocorra outras 
condições de manejo inadequados como compactação do solo. 
 
� Presença de bainha (palhada): a presença de palha exerce apenas um efeito desfavorável à 
velocidade de brotação das gemas. No caso a palha funcionaria como um obstáculo mecânico ao 
contado da gema com a umidade do solo bem como atuando como isolante à condutividade 
térmica do solo para a gema. O custo da retirada da palha não compensa. Portanto, não há 
necessidade de retirar a palhada para plantio. 
 
� Intervalo de tempo entre o corte da muda e a distribuição no sulco de plantio: preferencialmente 
se deve plantar a muda logo após seu corte. Se houver necessidade de armazenar as mudas, 
deve-se considerar o seguinte: se o armazenamento for em condições ambientais não ultrapassar 
7 dias, empilhar o maior volume possível da cana inteira para haver sombreamento e se possível 
cobrir a cana empilhada com camada de palha ou bagaço evitando assim a ação direta dos raios 
solares. 
 
� Intervalo de tempo entre a distribuição da muda no sulco e sua cobertura com terra: o ideal é 
que uma vez distribuídos no sulco de plantio os toletes sejam cobertos o mais rápido possível 
para se evitar perdas de umidade dos toletes por ação dos raios solares. 
 
� Tempo em que os sulcos ficam abertos: evitar perda de umidade no interior do sulco. 
Geralmente sulca-se no mesmo dia do plantio e mais uma pequena área para não atrasar o início 
do plantio no dia seguinte. 
 
� Tratamento térmico: em linhas gerais o tratamento térmico afeta a porcentagem de gemas 
brotadas. As reduções podem variar de 40 a 60% conforme a variedade. Deve-se aumentar a 
densidade de gemas em viveiros tratados termicamente. 
 
� Estado nutricional dos toletes: viveiros instalados em solos mais férteis da propriedade e 
adubados corretamente produzirão mudas de melhor qualidade. 
 
� Profundidade de plantio: para as condições ideais de sulcação ela deve ser profunda e a 
cobertura por terra não superior a 10cm de terra. Aração de 30 a 40cm, sulcação de 25 a 30cm e 
cobertura com terra de 8 a 10cm. 
 17
 
 
7.2. Perfilhamento 
 
Os rebentos originários das gemas dos toletes são denominados de materno ouprimários. Por 
sua vez, esses perfilhos primários possuem gemas que se desenvolverão em perfilhos secundários e 
assim sucessivamente. 
No caso da cana-de-açúcar, o perfilhamento é limitado levando a planta a formar uma moita 
ou touceira. Entretanto, para Saccharum spontaneum o perfilhamento é ilimitado como pode ocorrer 
para a maioria das gramíneas. 
O processo de rebrota da soqueira é semelhante. Basta imaginar o corte dos colmos na altura 
da superfície do solo e posterior rebrota das gemas situadas abaixo da superfície do solo. 
Para a cana-planta, o número máximo de colmos por metro linear foi obtido nos meses de 
setembro, outubro e novembro. A partir daí, esse número decresce, mais bruscamente até janeiro, e 
mais lentamente até a colheita em julho. Como se observa o padrão de perfilhamento depende da 
variedade. O mesmo ocorre na soqueira, isto é, por competição natural há morte de perfilhos. 
Observa-se em média que para cada gema plantada são obtidos no momento do corte cerca de 1 a 2 
colmos. 
 
7.2.2. Fatores que afetam o perfilhamento 
 
� Variedade: o perfilhamento pode variar de acordo com a variedade. Em linhas gerais se deve 
considerar o padrão de perfilhamento da variedade para decidir pelo uso ou não de espaçamento 
reduzido, como por exemplo, 1,10m entre sulcos de plantio. De modo geral, para as variedades 
que perfilham muito se pode empregar espaçamento maior e as que perfilham menos 
espaçamento menor. Entretanto é importante lembrar que a escolha do espaçamento é função 
também da adequação à mecanização da lavoura. 
 
� Luminosidade: é um dos fatores mais importantes. Normalmente a baixa luminosidade reduz o 
perfilhamento. Para se verificar isto basta observar plantas cultivadas em baixo ou próximo a 
árvores e arbustos. Após um bom perfilhamento se estabelece um equilíbrio entre a quantidade 
de luz recebida e o número de brotos vivos. De modo geral o perfilhamento será melhor nas 
épocas e regiões de forte insolação, pois o fluxo de auxinas do ápice para a base é menor, 
consequentemente a inibição das gemas laterais é menor resultando em maior número de 
perfilhos. 
 
� Temperatura: o perfilhamento é reduzido quando a temperatura se situa abaixo de 20º C ou 
acima de 35º C. o ideal é de 25º a 30º C. 
 
� Nutrientes: dentre os elementos minerais, a maioria dos pesquisadores cita que o nitrogênio e 
fósforo são os mais importantes para o perfilhamento. De modo geral, se tem observado que em 
solos de baixa fertilidade o perfilhamento tem sido menor, exigindo do agricultor um gasto 
maior de mudas. 
 
� Espaçamento: o espaçamento com que a cana é plantada, isto é, a distância entre as linhas de 
plantio e também a quantidade de gemas por metro linear podem influenciar no perfilhamento. 
 18
No Brasil o espaçamento entre linhas mais utilizado é de 1,40m e 1,50m (para colheita 
mecânica). A densidade de plantio era de 8 a 10 gemas por metro linear de sulco, passando-se a 
utilizar 12 gemas/m e atualmente emprega-se mais ou menos 16 a 18 gemas/m. O que se 
observa é que a diminuição do espaçamento, até um determinado ponto, levará a um aumento de 
produtividade, embora ocorra, devido ao efeito de competição, uma diminuição no peso dos 
colmos o que pode ser compensado pelo número deles. 
 
7.3. Maturação 
 
 A maturação é o processo fisiológico de transporte de glicose e frutose e armazenamento de 
sacarose nas células parenquimatosas dos colmos. A concentração de açúcares é maior no sentido 
da base dos colmos para o ápice e da parte externa dos colmos para a parte interna. 
 A maturação é uma característica inerente à planta, podendo ser estimulada por fatores 
ambientais e de manejo. 
 De maneira geral a cana-de-açúcar requer 6 a 8 meses com temperaturas elevadas, radiação 
solar intensa e precipitações regulares, para que haja pleno crescimento vegetativo, seguidos de 4 a 
6 meses com estação seca e ou baixas temperaturas, condições essas desfavoráveis ao crescimento e 
benéficas ao acúmulo de sacarose. Sob condições climáticas favoráveis ao rápido crescimento não 
há armazenamento significativo dos fotossintetizados inclusive em internódios maduros. 
 
7.3.1. Fatores que afetam a maturação 
 
7.3.1.1. Fator genético 
 
� Variedade: a maturação é um processo regulado geneticamente. As variedades podem ser 
classificadas quanto à maturação da seguinte forma: 
Variedades precoces: apresentam teor de sacarose superior a outras variedades no início da 
safra (abril e maio). Considerando somente a maturação, normalmente possuem longo período 
útil de industrialização (PUI). 
Variedades médias: apresentam teor de sacarose superior a outras variedades no meio da safra 
(junho, julho, agosto) possuindo PUI médio. 
Variedades tardias: apresentam elevado teor de sacarose de meados para o final da safra 
possuindo PUI curto (70 a 120 dias). 
 
7.3.1.2. Fatores ambientais 
 
� Umidade: veja a seguir algumas situações para compreender os efeitos da umidade na 
maturação. Observe as interações entre os fatores ambientais afetando a maturação. 
a) Em regiões tropical quente e úmida como o norte do Brasil a maturação é deficitária, porque 
não há repouso vegetativo. 
b) No nordeste do Brasil, em regiões tropicais do semi-árido, há estação seca definida. 
Portanto, ocorrerá boa maturação. 
c) Em regiões sem estação seca definida, como é o caso de Santa Catarina, é necessário que a 
temperatura média diária seja inferior a 21º C para que ocorra repouso vegetativo da planta e 
conseqüente maturação. 
 19
d) Em regiões com estação seca prolongada deve-se empregar o uso de irrigação. 
Consequentemente, basta suspender a irrigação para que ocorra maturação. 
e) Solos de textura mais arenosa, porosos e mais secos, favorecem o armazenamento da 
sacarose. Solos ricos em matéria orgânica que retêm muita umidade, tendem a atrasar a 
maturação de colmos. Da mesma forma, solos com elevado teor de argila com problemas de 
compactação e de drenagem, permitem a vegetação por mais tempo, prejudicando a 
maturação dos colmos. 
 
� Temperatura: decréscimos na temperatura são favoráveis à maturação e desfavorável ao 
crescimento vegetativo. Em geral, a maturação é favorecida em regiões com temperatura média 
mensal do mês mais frio abaixo de 21º C. a geada é um evento que pode ocasionar perdas 
qualitativas da matéria prima. 
 
� Geada: as áreas mais afetadas pelas geadas são aquelas localizadas em baixadas e depressões do 
terreno, onde o ar frio se acumula. As partes da planta mais atingidas são os tecidos das folhas 
verdes, do cartucho, das gemas superiores e dos entrenós superiores. As variedades precoces, 
com teor de açúcares mais elevado, não sofrem tanto as conseqüências das geadas, devido o 
deslocamento do ponto de congelamento. Os canaviais precisam ser inspecionados para 
quantificar os prejuízos. As melhores avaliações são aquelas realizadas após uma semana da 
ocorrência do fenômeno. Os efeitos provocados pela geada dependem de fatores climáticos que 
ocorreram antes, durante e depois da geada. 
 
7.3.1.3. Fatores de manejo 
 
� Adubação: aplicações exageradas de nitrogênio, principalmente em cobertura, podem estimular 
demasiadamente a atividade vegetativa das touceiras, retardando o processo de maturação dos 
colmos. A matéria orgânica proveniente de excessivas aplicações de vinhaça pode também 
contribuir para menor maturação além de afetar a qualidade da matéria prima por elevar teor de 
cinzas interferindo no processo de cristalização do açúcar. 
 
� Matudadores: O uso de maturadores em cana-de-açúcar é prática rotineira nas usinas e 
destilarias. Os principais objetivos para seu uso são: aumentar o teor de sacarose por tonelada de 
cana e auxiliar no planejamento de áreas de cortes. 
A classe de maturadores são: 
 
• Inibidores de crescimento: geralmente são herbicidase têm ação letal sobre a gema apical. 
Paralisam o crescimento, o que em certos casos, pode significar perda de biomassa se esta 
não estiver totalmente formada. 
A recomendação é aplicá-los em cana-planta (ano e meio) acima de 14 meses de idade e 
em socas acima de 12 meses de idade. 
Normalmente a aplicação é feita com um mês de antecedência do corte. Se não for 
cortada dentro destas época (30 dias) haverá prejuízo na qualidade da matéria-prima 
devido o surgimento de brotações laterais e inversão de sacarose. 
 
• Reguladores de crescimento: atuam de forma diferenciada aos herbicidas. Os reguladores 
não matam a gema apical, portanto a planta continua seu crescimento só que de uma 
 20
forma muito lenta. Isso permite uma maior flexibilidade de tempo para o corte. 
Geralmente as aplicações têm sido feita a partir da segunda quinzena de fevereiro até abril 
e a colheita realizada entre 60 a 90 dias após a aplicação aérea do produto. 
 
 
8. PREPARO DO TERRENO E PLANTIO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
8.1. Preparo do terreno 
 
Em primeiro lugar, antes de você pensar em plantar, é primordial que se faça análise do solo 
da área. 
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo (até 1,0 m), um ciclo vegetativo 
econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse 
longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. 
Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de preparo do 
solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo 
predominante e da disponibilidade de máquinas e implementos. 
 
8.1.1. A cana vai ser implantada pela primeira vez 
 
Nesse caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à 
destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com 
o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma 
camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou 
pelo penetrômetro. 
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é 
aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da 
superfície e com solo seco. 
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno 
e à eliminação de plantas daninhas. 
 
8.1.2. O terreno já se encontra ocupado com cana 
 
O primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa 
operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de 
gradagem ou através de gradagem pesada, visando incorporar os restos vegetais ao solo. 
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do 
plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-
se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio. Devido à 
facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma tendência 
das grades pesadas substituírem o arado. 
Hoje em algumas áreas de cana já se emprega o cultivo mínimo, sendo comumente utilizado o 
herbicida (Glifosate - 4 a 5 L/ha) em jato dirigido sobre a linha brotada de cana com 50 a 60 cm de 
altura. Feita a dessecação, em seguida procede-se o sulcamento e adubação nas entre linhas e o 
novo plantio. 
 
 21
 
8.2. Sistemas de plantio 
 
Há três técnicas de plantio no Brasil (manual, semi-mecanizada e mecanizada), sendo 
predominante nas áreas de usinas e destilarias o sistema manual pelo sistema de banqueta. 
 
8.2.1. Plantio manual pelo sistema de banquetas 
 
Neste sistema a operação é realizada a partir da carroceria do caminhão com lançamento 
manual da cana inteira no sulco. Abrem-se seis sulcos e deixam-se dois sem abrir, por onde o 
caminhão vai passar. Seis pessoas, de cima do caminhão, distribuem as mudas, sendo que os sulcos 
próximos ao caminhão recebem o dobro da quantidade de mudas que são utilizadas no sulco que 
será feito no local da passagem do caminhão. Levam oito sulcos por vez. Com carroça, dois sulcos 
por vez. 
 
 
8 sulcos de plantio 
 
 1 2 3 4 5 6 7 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A 
 
P 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
 
P 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
L – Lançam a cana no sulco, A – Acertam a cana no sulco, P – Picam a cana no sulco, F – Fiscal 
L L 
TRATOR 
 22
 
 
8.2.2. Plantio semi-mecânico 
 
• Utiliza-se neste sistema plantadora com dois operadores; 
• O plantio é feito com cana inteira introduzida manualmente por um operador em dispositivo da 
plantadora para picar as mudas; 
• Os toletes são distribuídos no sulco e cobertos mecanicamente com terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8.2.3. Plantio mecânico 
 
• O corte das mudas é feito com colhedora auxiliada pelo caminhão; 
• Feito por plantadoras próprias que sulcam, adubam, distribuem os toletes (densidade 17 a 20 
gemas / metro), aplicam cupinicidas e cobrem as mudas; 
• O rendimento: plantadoras Sermag é de 1,5 hectare/hora; 
• As plantadeiras são tracionadas por trator e comandadas por 1 operador. 
 
 
 
 23
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8.3. Observações importantes no plantio da cana-de-açúcar: 
 
� Aração se possível de 30 a 40cm. 
� No caso de cultivo mínimo o plantio poderá ser realizado de 10 a 15 dias após aplicação do 
herbicida. 
� Em áreas declivosas recomendam-se plantio direto e os sulcos devem ser abertos em nível. 
� A cobertura dos toletes devem ser de aproximadamente 8 a 12 cm; 
 
 
 
 
 
� Espaçamento entre sulcos podem variar de 0,90 a 1,5 dependendo da variedade, topografia, 
fertilidade do solo, e mecanização do sistema. Para colheita mecânica recomenda-se 
espaçamento de 1,5 m entre fileiras. 
� A distribuição da muda pode ser pé com ponta em fila dupla ou cruzadas, sendo as mesmas 
distribuídas inteiras no fundo do sulco fazendo posteriormente o corte em toletes de duas ou 
três gemas; 
� A picação é feita com o objetivo de quebrar dominância apical; 
� Geralmente as gemas da base tendem a germinar mais que as da parte superior; 
� No caso de utilizar cana inteira (sem picar): 
o Se cana-planta deve-se usar mudas com idade inferior a 10 meses; 
o Se cana-soca pode-se usar mudas com idade inferior a 9 meses. 
 
8.4. Épocas de plantio 
 
 O Ciclo da cana plantada pela primeira vez, isto é oriunda de muda e que receberá o primeiro 
corte, recebe o nome de ciclo da cana-planta.8 a 10 cm 30 a 40 cm 25 a 30 cm 
 24
A época de plantio ou estabelecimento dos canaviais e o período de desenvolvimento 
(cronologia) resultam em distintas designações, limitações e potenciais para a cultura da cana-de-
açúcar. A cultura canavieira pode ser estabelecida quando existe umidade (água disponível) no solo, 
advinda das chuvas ou irrigações, e as temperaturas médias mensais do solo não sejam baixas 
(menores que 20ºC), pois neste caso a germinação poderá ser prejudicada pela elevada incidência 
do fungo que ocasiona a podridão “abacaxi”. 
Para o centro-sul do Brasil há três épocas distintas para o plantio da cana-de-açúcar: 
 
 
 
8.4.1. Plantio de cana de ano e meio 
 
Estabelecida no período de Fevereiro a Maio que corresponde do meio para o fim da estação 
chuvosa em direção ao outono, será colhida com o maior período cronológico de crescimento. A 
cana-de-açúcar, nestas condições passa por um período de crescimento inicial curto (3 meses), 
depois passa em repouso pela estação do inverno e entra em fase de maior desenvolvimento 
(outubro a abril), sendo cortada na segunda estação do inverno. Tem-se, então, aproximadamente 10 
meses de desenvolvimento vegetativo, o que resulta em maior produção. Considerando o início da 
safra a partir de abril do ano seguinte, o tempo de crescimento deverá variar entre 13 e 20 meses, o 
que justifica a designação “ano e meio”. Supondo um tempo mínimo de crescimento de l2 meses, 
poderão ser adotadas variedades precoces, médias ou tardias. Ainda em função do elevado tempo de 
crescimento, em média 15 a 18 meses, ajustam-se solos de fertilidade baixa, média ou alta, já que, 
mesmo nos solos de menor fertilidade, devido ao elevado tempo de crescimento, adotando-se as 
devidas correções e adubações, podem-se obter boas produtividades. 
 
 
 Cronograma 1. Épocas de colheita x variedades (precocidade) para Cana de ano e meio. 
 
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre colocando 
as canas paralelamente, e picados, com podão, em toletes com duas a quatro gemas. 
A densidade do plantio é em torno de 15 a 18 gemas por metro linear de sulco, que, 
dependendo da cultivar e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 13-15 
toneladas por hectare. Se o plantio for realizado com cana picada, a densidade de plantio e o gasto 
de mudas por hectare devem aumentar. 
Após o corte da cana-de-açúcar, inicia-se um novo ciclo de aproximadamente 12 meses, é o 
ciclo das soqueiras ou cana-soca. 
 
8.4.2. Plantio de cana-de-inverno 
 
É assim designada por desenvolver-se em período de ocorrência de menores temperaturas, 
poderá ser adotada com segurança quando houver disponibilidade de irrigação com água ou 
 25
resíduos, podendo-se citar esta disponibilidade como sua maior limitação. Com relação às 
variedades, poderão ser adotadas precoces, médias e tardias. Devem ser ressaltados dois aspectos 
extremamente positivos na adoção do plantio de inverno: a grande viabilidade financeira e o 
elevado controle de erosão. A primeira vantagem justifica-se pelo menor período de utilização da 
terra, 12 a 14 meses, em média, com produtividades elevadas, bastante próximas às produtividades 
obtidas com o plantio de cana de ano e meio. Lembre-se que tanto a cana de ano e meio como a 
cana de inverno, ao chegarem as chuvas, no período de Setembro a Novembro, estarão germinadas 
e perfilhadas e, portanto, prontas para um rápido desenvolvimento nos meses de maior temperatura 
e precipitação, ou seja, Setembro/Outubro, do ano de plantio, a Maio/ Junho, do ano da colheita. 
 
 
 Cronograma 2. Épocas de colheita x variedades (precocidade) para Cana de inverno. 
 
8.4.3. Plantio de cana-de-ano 
 
Estabelecida a partir de Setembro, no início da estação chuvosa e quente, na Região Centro-
Sul, a cana-de-açúcar apresenta ciclo de duração média de 12 meses. A cana-de-ano tem seu 
máximo desenvolvimento de novembro a abril, diminuindo após esse mês devido às condições 
climáticas adversas, com possibilidade de colheita a partir do mês de julho dependendo da 
variedade. Caracteriza-se por apresentar uma série de limitações, a saber: devem ser adotadas 
variedades de precocidade média a tardia ou precoces de rápido crescimento, porém para colheita 
em meados para final de safra. Os solos a serem adotados deverão caracterizar-se por baixo 
potencial de erodibilidade. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade e expõe a 
lavoura à maior incidência de invasoras, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima 
colheita. Além disso, é a época utilizada para plantio da cana que se destina a produção de forragem 
e de aguardente. 
 
 
 Cronograma 3. Épocas de colheita x variedades (precocidade) para Cana de ano. 
 
8.4.4. Cana de ano bis ou bisada 
 
Este termo é utilizado nos casos em que a lavoura não sendo colhida em determinado ano por 
algum motivo, será então, colhida no próximo ano com mais de 20 meses de idade. Geralmente 
quando se tiver que fazer a opção por deixar cana sem colher, em linhas gerais, se deve considerar 
para a tomada de decisão o seguinte: 
 
1. Preferível bisar socas de 3º e 4º cortes que estavam previstas para reforma. 
2. Se não houver soca boa então é preferível bisar cana de ano plantada tardiamente em dezembro. 
3. Preferível bisar talhões que serão colhidos mecanicamente, pois o rendimento do corte manual 
em cana bisada de modo geral aumenta o custo do corte em 50%. 
4. Preferível bisar variedades de porte ereto. 
 
 26
9. FORMAÇÃO DE VIVEIROS DE MUDA 
 
Existem dois sistemas propostos de tratamento térmico de toletes: a) sistema 
PLANALSUCAR que consiste do tratamento térmico de toletes com 3 a 4 gemas e b) sistema 
COPERSUCAR que consiste do tratamento térmico de gemas. Este último sistema não tem sido 
mais utilizados pelas empresas. Algumas empresas ainda usam o sistema PLANALSUCAR como 
originalmente proposto. 
 O que se procura fazer atualmente é o tratamento térmico de toletes ou mini-toletes com uma 
gema. Em termos práticos e de eficiência econômica este último sistema é o mais indicado. 
O tratamento térmico foi proposto para controlar principalmente o raquitismo da soqueira. Em 
linhas gerais o tratamento consiste em colocar as mudas de cana em água quente por determinado 
tempo. Este tratamento controla também alguns fungos, como o carvão, no entanto o tratamento 
tem sido empregado principalmente para controle do raquitismo como já mencionado. 
 
• Idade da muda: preferencialmente se deve usar canas com 14 a 15 meses de idade para obter os 
mini-toletes com uma gema para instalação do viveiro primário e mudas de 12 a 13 meses de 
idade para viveiro secundário. Se usar mudas de soca colher as canas com idade de 12 meses. A 
preferência deve ser dada às canas de soqueira de viveiros tratados termicamente, de maneira 
que cada tratamento se obtenha mudas de melhor qualidade sanitária. 
• Corte e preparo dos mini-toletes: as canas devem ser cortadas sem despalha e com facões 
desinfectados a fogo ou com solução de amônea quartenária. Se for empregar toletes com 3 a 4 
gemas então gasta-se em torno de 20 toneladas de mudas que após preparadas obtêm-se 
aproximadamente 15 toneladas para plantio de um hectare. Se for usar o sistema de mini-toletes 
com uma gema seriam necessários cerca de 30 a 35 toneladas para que após o preparo de mini-
toletes se obtenha cerca de 12 a 15 toneladas para um hectare. 
• Banho térmico: a unidade de tratamento térmico consiste de um tanque com bomba para 
circulação forçada de água e um termostato. Pode-se utilizar a banheira do sistema 
PLANALSUCAR ou mesmo a banheira menor do sistema COPERSUCAR. Neste último caso, 
é necessário que se substituaas bandejas com células para uma gema por uma cesta onde serão 
depositados todos os mini-toletes com uma gema. 
• Duração do banho térmico: é de 52º C por 30 minutos. 
• Tratamento com fungicida: pode ser feito após o banho térmico com Benlate 25PM na 
proporção de 60g por 100 litros de água. 
• Preparo do solo, plantio e tratos culturais: o preparo do solo é o convencional. Deve-se escolher 
uma área de melhor fertilidade e com facilidade para irrigar caso necessário. Os mini-toletes são 
colocados em sacos e distribuídos no sulco de plantio. Geralmente são usados cerca de 25 a 35 
mini-toletes por metro. Há também sugestões para plantio de dois mini-toletes a cada 30 ou 40 
cm no sulco. Entretanto, este tipo de distribuição no sulco é mais trabalhoso e proporciona 
muitas falhas no estande e necessidade maior de controle de mato. 
• Rouguing: consiste do arranquio ou eliminação através de herbicidas das plantas com qualquer 
tipo de anomalia. Normalmente pode ser feito mensalmente até mais ou menos o 7º mês. 
• Viveiros primários e secundários: o viveiro primário é aquele oriundo dos mini-toletes tratados 
termicamente. O viveiro secundário é aquele proveniente das mudas do viveiro primário. 
 
 
 
 27
9.1. Sistema de multiplicação rápida da cana-de-açúcar 
 
 Uma das técnicas utilizadas para multiplicação vegetativa da cana é a micropropagação. Esta 
técnica tem sido empregada pela COPERSUCAR para distribuir junto à suas cooperadas mudas de 
variedades e de clones que estão em fase de avaliação no programa de melhoramento. No entanto, 
em nível comercial são poucas as usinas que empregam essa técnica com o objetivo de formar 
viveiros de muda. 
 Com relação a outros sistemas de multiplicação rápida da cana-de-açúcar pode-se dizer em 
linhas gerais que estes se baseiam na quebra de colmos ainda jovens com cerca de 5 internódios 
formados. Desta forma plantam-se estes colmos jovens para formar novo viveiro. Normalmente no 
sistema de multiplicação convencional com mudas de 12 a 13 meses deidade, um hectare produz 
mudas para plantio de outros 10 hectares aproximadamente, isto é, uma relação de 1:10 em 
aproximadamente 12 meses. Nos sistemas de multiplicação rápida estas taxas podem ser elevadas 
para 1:40 ou 1:50 em 12 a 14 meses ou até de 1:270 em 18 meses. O método é conhecido como 
quebra-quebra. 
 Outra forma de acelerar a multiplicação é a divisão de touceiras. Na fase de pós-perfilhamento 
as touceiras podem ser arrancadas, divididas e replantadas a cerca de meio metro cada. Necessita de 
irrigação até a pega das plantas. Atinge taxa média de 1:5 sem completar o ciclo da planta, ou vários 
ciclos por ano. 
 Essas técnicas de multiplicação rápida têm de estar associadas a uma criteriosa escolha de 
variedades a multiplicar, pois existe o risco de descarte dessas mudas antes do plantio comercial. 
Podem ser descartadas em virtude de alguma deficiência da própria variedade ou, surgir novas 
variedades com maior potencial produtivo. 
 Não se pode esquecer de identificar adequadamente cada variedade e fazer os “rouguing” para 
eliminar misturas e focos de doenças, bem como iniciar o processo de multiplicação rápida com 
mudas tratadas termicamente. 
 
10. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
A adubação é um dos fatores que determinam a produtividade. Muitas vezes, quando se pensa 
em adubação, a maior preocupação ocorre em relação às dosagens e aos custos dos fertilizantes. 
Entretanto, as práticas agrícolas estão todas interligadas. Uma adubação perfeita pode ir por água 
abaixo se o agricultor não observar a presença de pragas ou a concorrência de mato, ou a 
compactação do solo ou a época de plantio, enfim, todas as variáveis. Também o modo de aplicação 
do fertilizante, a regulagem dos implementos e a época de aplicação podem ser determinantes do 
sucesso das adubações no aumento da produtividade, ou seja, aumentos significativos de 
produtividade são obtidos com a melhoria de todas as práticas agrícolas, conjuntamente. 
 
10.1. O cultivo contínuo da cana pode diminuir a fertilidade dos solos? 
 
O preparo do solo induz a maior atividade microbiana e conseqüente ocorre queda no teor de 
matéria orgânica. No entanto, palhada, e resíduos, como vinhaça, torta, entre outros, têm 
acrescentado matéria orgânica aos solos, possivelmente minimizando esse problema. Os 
fertilizantes também induzem a maior produção de massa vegetal gerando mais raízes e colmos 
subterrâneos, além de mais folhas e mais palha podendo aumentar a matéria orgânica do solo. 
 
 28
10.2. A cana-de-açúcar é tolerante à acidez do solo? 
 
 Embora a cana-de-açúcar seja uma cultura muito tolerante à acidez, deve-se dar a devida 
Atenção à correção do pH do solo. Além dos efeitos na neutralização do alumínio e manganês e na 
diminuição da fixação de fósforo do solo, a calagem fornece cálcio, elemento bastante exigido pela 
cana, e magnésio, dependendo do calcário utilizado. A correção do pH é a lição número 1 para a 
manutenção da fertilidade e, portanto, da sustentabilidade do solo. Tem-se que considerar também 
que a calagem é uma prática bastante econômica, com boa relação custo/benefício, e que, no caso 
da cana, a melhor oportunidade para a calagem ocorre apenas a cada 5 ou 6 anos, uma vez que, 
durante o plantio, tem-se a única oportunidade de incorporar bem o calcário. 
 
Cálculo da necessidade de calagem pelo método da saturação por bases 
 
 (V = 60%) em amostras retiradas na profundidade de 0 a 20 cm, utilizando-se uma dose máxima de 
3,0 t/ha para cana-soca. 
 
10.3. A cana-planta responde à adubação nitrogenada? 
 
Apesar da revisão de Azeredo et al. (1986) ter indicado que, de 135 experimentos analisados, 
houve resposta ao N em apenas 19% deles, sabe-se que a extração do elemento pela cultura é muito 
grande, cerca de 100 a 130 kg ha-1 de N, e as doses aplicadas como fertilizante são de apenas 30 a 
60 kg ha-1 de N. Além disto, a eficiência de utilização do N do fertilizante é baixa. 
De onde vem então todo esse nitrogênio? 
A cana-planta utiliza outras fontes de N além do fertilizante. A taxa de mineralização do N da 
matéria orgânica do solo, após o preparo, é alta, e certamente contribui com grande parte do 
fornecimento desse nutriente, pois a movimentação do solo ocorre em épocas quentes e chuvosas, 
que favorecem a mineralização. Estimativas feitas por Morelli et al. (1987) revelam alto estoque de 
N contido nos restos culturais que a cana deixa no solo (raízes, rizomas); existe ainda o N contido 
na muda da cana a ser plantada, que pode fornecer por volta de 12 kg ha-1 de N (CARNEIRO et 
al.,1995); possivelmente pode-se contar, ainda, com certa contribuição da fixação biológica de N. 
Outra fonte que pode concorrer para o total de N da cana-planta, cuja contribuição está sendo ainda 
pesquisada, é a absorção de amônia da atmosfera pelas folhas (HOLTAN-HARTWING e 
BOCKMAN, 1994). 
 
• fixação biológica de N; 
 
o A bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus além da fixação de nitrogênio produz 
hormônios de crescimento, como o ácido indol acético (AIA), e possui atividade 
antagônica a alguns patógenos do solo; 
 
o Alguns trabalhos da equipe da Dra. Johanna estimaram que a cana poderia conter mais 
que 50% do N acumulado proveniente da fixação biológica; 
 
 29
10.4. Adubação da cana-de-açúcar 
 
Na prática da agricultura, a adubação é calculada usando-se a seguinte equação matemática: 
 
Adubação = ( necessidade da Planta – estoque do solo ) x f , Onde f é o fator de aproveitamento 
do fertilizantes 
 
 Média de aproveitamento de nutrientes 
 
 
 
Erosão: ocorre um arrasto dos nutrientes pela água e pelo solo removido no processo erosivo, 
sendo as perdas quantitativamente equivalentes paraos macronutrientes primários. 
 
Lixiviação: é a percolação (descida) dos elementos no perfil do solo seguindo para partes mais 
profundas, “fugindo” do sistema radicular. 
 
 
Fixação: é a indisponibilização do nutriente, principalmente de fósforo, devido à sua interação com 
os colóides, tirando-o da solução do solo 
 
 
Volatilização: é a perda química da amônia da uréia, principalmente quando se aplica uréia em 
superfície sobre a palhada de cana. 
 
 
• Desnitrificação biológica do NO3 - : nitrato de amônio sobre a palhada em condições de excesso 
de umidade. 
 
 
 
 30
• Queima da palhada: volatilização de N e de SO2-. 
 
 
 
 
 
Tabela 1. Extração e exportação de macronutrientes para a produção de 100 t 
de colmos (ORLANDO F.º, J., 1993) 
Partes da plantas N P K Ca Mg S 
 ------------------------- Kg / 100 t ----------------------- 
Colmos 83 11 78 47 33 26 
Folhas 60 8 96 40 16 18 
Total 143 19 174 87 49 44 
 
 
 
 Adubação Mineral de Plantio 
 
Produtividade esperada Nitrogênio 
P resina, mg/dm³ 
0 - 6 7 - 15 16 - 40 >40 
t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha 
<100 
100 - 150 
>150 
30 
30 
30 
180 
180 
* 
100 
120 
140 
60 
80 
100 
40 
60 
80 
 
Produtividade esperada 
K+ trocável, mmolc/dm³ 
0 - 0,7 0,8 - 1,5 1,6 - 3,0 3,1 - 6,0 >6,0 
t/ha K2O, kg/ha 
<100 
100 - 150 
>150 
100 
150 
200 
80 
120 
160 
40 
80 
120 
40 
60 
80 
0 
0 
0 
 
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996 
 
• Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; 
 
o em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade 
em setembro - outubro. 
 
• Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e 
o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril. 
 
 31
• Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os 
lados da linha de cana; 
 
• Quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a 
profundidade de 15 cm; 
 
Adubação Mineral da Cana-Soca 
P resina, mg/dm³ K+ trocável, 
mmolc/dm³ Produtividade 
esperada Nitrogênio 
0-15 > 15 0 – 1,5 1,5-3,0 >3,0 
t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha 
< 60 
60 - 80 
80 - 100 
> 100 
60 
80 
100 
120 
30 
30 
30 
30 
0 
0 
0 
0 
90 
110 
130 
150 
60 
80 
100 
120 
30 
50 
70 
90 
 
 
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996 
 
• Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo 
a 10 cm de profundidade. 
 
• Se constatada deficiência de cobre ou de zinco ---- aplicar os nutrientes com a adubação de 
plantio, nas quantidades indicadas a seguir: 
 
Zinco no solo Zn Cobre no solo Cu 
mg/dm³ kg/ha mg/dm³ kg/ha 
0-0,5 
> 0,5 
5 
0 
0-0,2 
> 0,2 
4 
0 
 
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996 
 
 
10.5. Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira 
 
• adubação das socas com vinhaça ---- quantidade depende da composição química da vinhaça e 
da necessidade da lavoura em nutrientes; 
 
• A torta de filtro (úmida) 
o área total (80-100 t/ha); 
o em pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha); 
o nas entrelinhas (40-50 t/ha); 
 
10.6. Adubação verde/rotação de culturas 
 
• Utilizado em reformas do canavial ---- Crotalaria juncea, soja e amendoim; 
 
A Crotalaria juncea, como adubo verde, apresenta as seguintes vantagens: 
 
 32
• Controla a erosão; 
• Diminui o assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação; 
• Recicla nutrientes percolados; 
• Dispensa a adubação nitrogenada de plantio; 
• Diminui a incidência de ervas daninhas; 
• Aumenta a produtividade. 
 
11. MELHORAMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 A escolha da variedade é um dos fatores que irá decidir o sucesso do empreendimento. Em 
função das características próprias de cada variedade, em relação ao meio em que será implantado o 
canavial, o produtor tem que ter o cuidado de procurar utilizar as variedades mais indicadas para 
atender a sua necessidade de produção agrícola e industrial, não havendo espaço para erros na 
definição das mesmas. 
 Uma variedade hoje cultivada que apresenta qualidade desejada, com o passar do tempo tende 
a ser substituída. Pode ser por outras variedades colocadas à disposição dos produtores com melhor 
potencial produtivo e mais resistente a doenças e pragas, ou pela sua degenerescência em função da 
perda da resistência a doenças e queda na produção. Serve como exemplo a variedade NA56-79, foi 
uma variedade utilizada comercialmente em todo Brasil nas regiões canavieiras e pelo complexo de 
doenças apresentado está sendo substituída por outras variedades. 
 
11.1. Características desejáveis nas variedades de cana-de-açúcar 
 
• Produtividade elevada 
Avaliar a adaptabilidade e estabilidade de produção das variedades em diferentes condições 
edafoclimáticas. 
 
• Elevado teor de sacarose por unidade de área 
A variedade deve apresentar elevado teor de sacarose por unidade de área. 
 
• Boa brotação e longevidade das socas 
80% dos canaviais são socas verifica-se a importância desta característica para as variedades. 
Como se sabe a produtividade reduz a cada ano de corte devido especialmente aos problemas 
de compactação do solo. 
 
• Perfilhamento e características dos colmos 
É desejável que as variedades apresentem: rápido crescimento inicial com bom 
perfilhamento; adequado fechamento de entrelinhas aumentando com isso a competição com 
plantas daninhas; não apresente brotações tardias pois compromete a uniformidade de maturação; 
tenha padrão ereto facilitando a colheita mecânica; tenha baixo acamamento e despalha fácil. 
 
• Não florescimento excessivo 
O florescimento pode acarretar perdas na qualidade da matéria prima devido aos efeitos da 
isoporização dos colmos, aumento da percentagem de fibra, brotação das gemas dos colmos em pé, 
diminuição do caldo extraído pelas moendas e paralisação do desenvolvimento vegetativo dos 
colmos floridos o que poderá acarretar perda em produtividade de colmos. 
 
 33
• Tolerância satisfatória às principais pragas e doenças como a Ferrugem, carvão, escaldadura ..... 
 
11.2. Cana-de-Açúcar para fins forrageiros --- aspectos fitotécnicos desejáveis: 
 
• Capacidade de brotação no período de seca; 
• Capacidade de perfilhamento; 
• Velocidade de crescimento e fechamento das entrelinhas; 
• Porte ereto das touceiras; 
• Despalha espontânea dos colmos; 
• Uniformidade de diâmetro dos colmos; 
• Uniformidade de altura dos colmos; 
• Resistência às principais doenças e pragas de importância econômica; 
• Ausência de florescimento; 
 
♦ A Cana ideal é aquela que associa alto teor de açúcar (Pol%) e menor valores de fibra (FDN) 
 
Quadro 1. Ganho de peso por dia e conversão alimentar de bovino alimentados com volumoso da 
variedade IAC 86-2480 e com volumoso da variedade RB 72454. 
 
GANHO DE PESO DE BOVINO GDPV1 CA2 
IAC86-2480 0,89 7,64 
RB72454 0,76 9,32 
VALOR RELATIVO 
(IAC86- 2480 / RB72454) 1,17 0,82 
1 GPDV (kg/animal/dia) = ganho de peso vivo 
2 CA (kg MS/kg de ganho) = conversão alimentar 
Fonte: Rodrigues et al, 2002. 
 
 
Quadro 2. Características agroindustriais de variedades de cana-de-açúcar 
Características RB 835486 RB72454 RB855536 SP79-1011 SP 80-3280 SP81-3250 
Precocidade Precoce Média Média Semi pre Média Média 
Pro. Agrícola Alta Alta Alta Média-Alta Média-Alta Alta 
Colheita Mai-

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