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Síntese A Constituição Dirigente e a Constituição de 1988

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A CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE E A CONSTITUIÇÃO DE 1988[1: Síntese do artigo do Procurador Federal, Pós-graduado pela UERJ e Mestrando em Direito UNESA, Marcelo Barroso Mendes]
Telma Coêlho de Freitas[2: Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Estácio do Amapá]
Latente que a Constituição Brasileira de 1988 carrega lastro da fonte doutrinária portuguesa, podendo ser citado dois ícones que nortearam a produção, Jorge Miranda e Joaquim Gomes Canotilho.
Canotilho destacou-se com a Teoria da Constituição Dirigente, que contribuiu sobremaneita no texto da Lei Maior Brasileira de 1988. Contudo, o jurista surpreendeu os doutrinadores brasileiros, na virada do século, quanto anunciou a sucumbência da constituição dirigente. Com efeito, o ideal constituinte brasileiro de 1988 foi atingido e houve a necessidade de clarificar tal afirmativa. Assim, foi promovido um encontro entre juristas brasileiros, denomidado “Jornadas sobre Constituição dirigente em Canotilho”, realizado nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2002, que se deu por videoconferência, trazendo à tona reflexões sobre esse posicionamento trazido à baila na 2ª edição da obra Constituição Dirigente e Vinculação ao Legislador, de Joaquim José Gomes Canotilho.
Para Canotilho, a abordagem se depara sobre o confronto existente entre entre a constituição e a lei. Sob esta ótica, aponta para o centro da discussão se as normas constitucionais exercem um poder imperativo do legislador sob os órgãos legiferantes.
Na esteira dessa discussão, o jurista defende que a as normas programáticas jurídico-constitucionais carrega um caráter impositivo, significa a vinculação positiva do legislador sob os órgãos concretizadores, na qualidade de limites materiais negativos dos poderes públicos. Esclarece que Constituição dirigente e vinculação são instituto jurídicos diferentes. 
Cumpre ressaltar que tais ponderações de Canotilho foram produzidas na década de 80, quando a realidade histórica-cultural de Portugal era outra. Daí a importância do entendimento do Direito como produto da história, para compreender a Teoria da Constituição Dirigente de Canotilho. Conquanto na produção da obra, Portugal passava por uma situação econômica pobre e agrícola e historicamente o país carregava marcas de atrazo decorrente do período salazarista, decorrente da falta de investimentos em infraestrutura e indústrias, apesar de possuir grandes reservas minerais.
A partir da Revolução dos Cravos em 1974, a história de Portugal mudou, adveio as primeiras eleições democrátivas, que culminou com a promulgação da Constituição de 1976, que apesar de várias revisões, rege o país até a atualidade.
Portanto, Portugal passou a uma nova era, de realidade social, política e econômica bem diferente dos anos passados, com nova fonte normativa oriunda dos Tratados da União Européia. Assim, analisando o contexto histórico da realidade lusitana, é possível compreender que a morte do dirigismo constitucional não ocorreu e reconheceu-se que sua existência prossegue enquanto for útil e historicamente necessária à sociedade.
Para a elucidação de que a Constituição dirigente não morreu no Brasil, é necessário analisar o contexto histórico em que se deu a Carta Magna de 1988, em que o país ressurgia de uma fase ditatodial, que assim como Portugal, a base econômica era a agricultura. Portanto, a Nação passava por uma grande crise econômica-financeira, diante de um processo de redemocratização.
Hodiernamente, o Brasil assumiu o Estado Democrático de Direito, em contrapartida a desigualdade social ainda assola o país, apesar de ter evoluído em outros aspectos.
Assim, diante do contexto histórico de Brasil e Portugal, observa-se que atualmente apresentam patentes diferenças. O que se abstrai dessa análise é que as boas ideias sobrevivem ao tempo e a Constituição dirigente é uma delas, enquanto útil aos ideais da sociedade.

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